I'm Not the Enemy

Capítulo 22- Doce Lar


Djok entregou minha mala, as flores do Steve que estavam quase mortas e o óculos quebrado em dois, depois beijou meu rosto e disse que não podia ir comigo para Vladivostok, minha cidade natal.

–Eles não mexeram na sua mala. Apenas passaram pelo detector. Sua passagem. -entregou o check in de um avião.

–Obrigada. Mas eu vou de trem.

–Esta louca? É muito arriscado viajar durante seis dias.

É, ele tinha razão. Seriam seis dias longos se eu viajasse de trem bala.

–Não se esqueça, seus horários continuam os mesmos. -relembrou. -E desculpa, mas ainda não consegui falar com seu pai. Boa viagem.

Assenti fingindo entender. Ele não tinha percebido que eu estava com amnésia, um grande alívio. O maior alívio mesmo,foi colocar os pés para fora do edifício e retomar meu rumo. Pouco tempo atrás fui condenada a morte, mas depois de um belo discurso feito por mim, eles me deixaram ir.

–Ao aeroporto por favor. -informei ao taxista.

Em poucas horas eu já estava dentro do avião. Dei vida de volta ás flores quando o passageiro do meu lado dormiu e mais tarde, eu consegui dormir tranqüilamente até o avião. Peguei um taxi tranquilamente, entreguei o endereço e assisti as ruas da cidade. Não pude conter um sorriso. Sabe há quanto tempo eu esperava por isso?

–A senhorita é turista? -perguntou o motorista.

–Não, sou russa mesmo. Mas estive distante por um bom tempo...

–Tem sotaque.

As ruas de Vladivostok eram adoráveis, bonitas e limpas. O clima estava tão agradável, as árvores floridas e eu me senti em casa. Chegamos a um bairro residência tranquilo e o taxi parou na frente de uma casa de pedras, com um belo jardim. Peguei minha pequena mala e paguei pelo serviço. Observei a casa dos meus vizinhos e respirei fundo.

–Até mais. -acenei, porém eu estava super nervosa.

Fiquei imaginando como cumprimentaria minha mãe e principalmente minha irmã. Minha mãe seria mais fácil, ela acreditava que eu estava nos Estados Unidos a trabalho. Ela não fazia ideia do que era ALRS. Tadinha. Mas Gabrielle... Bato na porta e aguardo rigidamente.

–Quem é? -escuto a voz de uma mulher.

–É a Flyer. -quase gaguejo.

–O que? -escuto a sussurrar perplexa e o barulho do metal da porta mexendo. Abro um sorriso divertido.

Diante de mim estava uma mulher alta e redonda, com os olhos e cabelos iguais aos meus. Ela vestia um avental extremamente fofo e tive vontade de apertar aquelas bochechas vermelhas.

–Meu deus! Flyer! -ela me abraçou ou sufocou. -Pensei que fosse uma brincadeira de mau gosto da sua irmã. Eu não sabia que voltaria hoje! –ela me soltou olhando em meus olhos e depois seu rosto enfureceu. –Você! Você me deixou preocupada! Pensei que tinha morrido com os terremotos em Nova York! Nunca respondia emails ou atendia telefones. Sua irmã tentou me acalmar, mas eu não conseguia parar de acompanhar os noticiários.

–Calma mãe. -falei rindo do seu jeito. –Eu estou aqui agora. Eu estou bem. Aconteceu alguns imprevistos.

No fundo, eu queria chorar de emoção. Ela era totalmente diferente do que imaginei. Mas esta mulher era maravilhosa. A casa por dentro era tão rústica quanto por fora, a lareira estava acesa e vi alguns olhos me espiando da escada de madeira escura.

–Eu sei! Vamos conversar sobre isso mais tarde está bem? Já jantou?

–Flyer? O que faz aqui? -estranhou minha irmã, Gabrielle, da mesma forma que Djok quando nós vimos pela primeira vez.

–Ei irmã! -digo enfatizando sua falta de educação por nem me dar um oi. -Quanto tempo.

Ela me lançou um olhar "vá embora". Provavelmente, estava temendo que eu a atacasse ali ou a ameaçasse. Gabrielle não sabia dos meus últimos momentos no tribunal.

–Olá. Sim, você voltou cedo! -forçou um sorriso. -Mãe, o peru não está queimando?

–Ah, sim. Meu deus! –ela sorriu para mim desacreditada e saiu correndo para cozinha.

Gabrielle deu um passo a frente, bem próxima a mim com um olhar ameaçador. Era assustador como éramos parecidas.

–Todos sabem que se juntou a SHIELD sis. Se eu fosse você ia embora nesse exato momento ou fique aqui e vamos lutar.

–Fique calma. Já fui julgada, condenada, depois solta. Estive com Djok.

O seu rosto petrificou.

–Com o Djok? Ele está com o nosso pai? -repetiu e eu assenti. -O que ele disse?

–Não. Ele estava sozinho e não está tendo contato com o nosso pai.

–Ele é um...Estúpido! -se afastou cruzando os braços nervosa. –Nosso pai é um estúpido. Ele não dá noticias. Mamãe ainda acredita que ele está com outra.

Concordei com ela reorganizando as ideias na cabeça. Então, minha mãe não sabia nada sobre a ALRS, inclusive nem devia saber que meu pai era procurado mundialmente. Ele devia ter fugido sem falar nada.

–Ela esta namorando agora. -me olhou pelo canto do olho. -Quer dizer, pelo menos acha. Ele é um cara legal.

–Isso é bom.

Nossa mãe apareceu com um sorriso satisfeito. Ela tinha uma cara tão boa, nem parecia sofrer tanto com as loucuras do meu pai.

–Que bom as duas estão juntas! Como senti falta disso! -exclamou encantada. -Flyer, não vai subir com suas coisas?

–Sim, mamãe.

Peguei minha mala e subi as escadas. A minha sorte era que o segundo andar era pequeno, tudo se resumia em um corredor com portas. As duas primeiras, eram quartos femininos. O que tinha um computador ligado e um livro aberto na cama era o da Gabrielle. Seu quarto tinha cores claras e era bem organizado.

–Esta perdida? -brincou Gabrielle entrando em seu quarto me assustando.

–Não. Estava relembrando como seu quarto era. -menti.

Abri a porta do meu, estava bem limpo e com certeza não era usado fazia tempos. Tinha cheiro de produto de limpeza de lavanda. A parede era lotado de quadros com molduras pretas e fotos. Havia uma prateleira com varias câmeras, uma penteadeira antiga branca com maquiagem, meu armário e a porta do meu banheiro. As cores eram branco, preto e vermelho, ao contrário de Gabrielle.

–Mamãe teve coragem de limpar isso. Ela é bastante corajosa. -Gabi falou com nojo e desceu as escadas.

Tirei meu casaco e entrei no chuveiro. Eu precisava de um banho urgente! Em seguida abri meu armário. Minhas roupas eram bonitas, mas nada parecia confortável. O pijama era um curto vestido de seda com renda! Eu não usaria isso para andar pela casa.

–Flyer, o jantar está pronto.

–Estou indo!

Pego um conjunto de blusa de frio de veludo rosa com calça comprida do mesmo material e desço as escadas.

–Mãe, você viu as flores que eu trouxe? -pergunto procurando em volta.

–Sim, elas estavam secas e joguei fora. -respondeu colocando uma tabuada na mesa do jantar arrumada.

–Você o que? Onde você jogou?

–Esta na rua. É um saco azul.

Aquelas flores representavam o meu coração e o do Steve! Se eu as perdesse... Saio em disparada pela porta da frente, mesmo descalça, e sinto o terrível chão frio. Vejo o saco de lixo azul, próximo a vários outros em um canto da calçada da minha casa e a do vizinho. Não consigo desfazer o no e praticamente rasgo aquilo.

–Flyer? Flyer Morozov? -me chamam e eu me sinto deselegante por estar descalça e procurando coisas no Lixo.

–Sou eu. -levanto e giro os calcanhares. -Klaus?

Klaus era meu ex namorado ou talvez atual. Pelas fotos do meu celular, éramos extremamente felizes juntos. Parecia que meu coração não havia o esquecido,porque ele começou a bater de uma maneira absurda.