I'm Not the Enemy

Capítulo 23- Essência Familiar


Sorrio totalmente sem graça, porque Klaus realmente despertava algo em mim. Seu sorriso era sedutor e eu não conseguia desviar o olhar.

–Você chegou quando? -perguntou se aproximando.

–Agora. Deve fazer apenas meia hora.

–Como foi a viagem?

O que eu deveria responder? Ainda namorávamos? Provavelmente, eu devia ter o largado antes de ir para Nova York, ainda mais pelo jeito que ele perguntava desconfortável. Quer dizer, estávamos sete meses distantes e eu nunca entrei em contato!

–Foi bom, mas nada se compara a aqui certo?

–Certo. -ele riu pelo nariz. -Você esta de moletom! -ficou surpreendido e depois riu lindamente. -Estou brincando, não quero causar briga por causa do seu Juice Croutre.

Parecia ser uma piada pessoal nossa e acabei rindo, apenas para acompanha-lo e ver seu sorriso de novo.

–E você? Como esta? -achei correto perguntar, queria conhecer mais sobre ele.

–Trabalhando bastante. Minha irmã também voltou.

Franzi a testa. Eu lembrava que ele estudava engenharia e que estava trabalhando em algum lugar de aviões, mas não sabia de sua irmã. Klaus deve ter percebido.

–Minha meia irmã? Irina? Sua melhor amiga?-falou obviamente.

Irina? Segundo a SHIELD, éramos melhores amigas desde o jardim de infância. Mas não constava nada lá que eles eram meio irmãos.

–Claro.

–Eu fiquei extremamente preocupado quando soube dos terremotos, quer dizer, nós ficamos. –ele rapidamente corrigiu constrangido. Sim, era óbvio que terminamos. –Irina está uma fera porque você ficou incomunicável. Sua mãe quase subia pelas paredes, Gabrielle que conseguiu controlá-la.

–Sim, tive alguns problemas. Roubaram minhas coisas, meu celular, computador, fiquei meio que desorientada lá. E os terremotos agravaram as situações. Mas estou bem. -falo de forma confusa e me arrependo. –Está tudo bem. –reafirmo sorrindo confiante.

Klaus me olha de maneira preocupada e se aproxima demais de mim, um curto espaço para ex-namorados.

–Tem a ver com a sua missão? Esta tudo bem? Parece confusa...

–Como você sabe sobre isso? -olho assustada. -Eu-eu estou bem.

Ele sabia sobre a ALRS e porque eu estive nos Estados Unidos? E se ele fosse membro da organização? Fiquei tensa, qualquer erro poderia gerar desconfiança. A porta da minha casa se abre e minha mãe aparece tentando enxergar quem está ao meu lado. Ela tirou o avental que usava e abriu o sorriso quando identificou Klaus.

–Klaus! Querido, quanto tempo. Venha jantar conosco.

–Obrigada Sra. Morozov, já jantei. Deixe para próxima.

Mamãe mandou um beijo no ar e entrou de volta. Aproveitei a chance e criei uma bela desculpa.

–Tenho que ir, minha mãe e Gabrielle devem estar esperando.

–Espere, amanhã vamos sair? -ele pegou em minha mão. -Podemos ir onde você quiser.

–Eu não sei... -hesitei.

Meu coração batia como nunca, gritando para eu aceitar. Meus pés tinham o forte desejo de beijá-lo e sentir seu cheiro. É uma loucura. Então eu finalmente falo sugestiva:

–Você deveria propor o local.

–Está bem. Te pego amanhã em um horário surpresa.

–Horário surpresa?

–Sim. Quando eu aparecer você deve estar pronta. Lembra dos nossos velhos jogos?

Assenti e puxei levemente minha mão de volta. Acenei para ele cada vez me afastando e entrei em casa me arrependendo em seguida. Eu não podia ter criado esperanças a Klaus, mas meu coração derretia por ele. E ainda mais, havia Steve, que também me levava a loucura.

–Esta tudo bem Flyer? -estranhou minha mãe servindo a comida.

–Sim.

–E o Klaus? -perguntou Gabrielle maliciosa enquanto eu me sentava.

–É muito, obrigada mãe. -ignorei minha irmã e dei atenção a minha mãe que colocava comida no meu prato. -E quais foram as notícias que eu perdi?

A comida estava maravilhosa. Como é possível uma simples mulher cozinhar tão bem?

–Eu voltei com Ty! -suspirou Gabrielle apaixonada e eu revirei os olhos. -E Nova York? Aposto que se tornou a vadia de lá.

Olhei assustada para ela, mas seu olhar era que nada estivesse fora do normal. Talvez ela estava querendo que eu a subestime, como eu percebi que fazia com ela antes de viajar.

–Gabrielle! Isso é uma casa de família. -resmungou minha mãe. -Klaus é um ótimo rapaz, ele vivia perguntando sobre você.

A campainha tocou e franzi a testa para minha irmã e mãe. Eu só esperava que não fosse Klaus e que ele viesse sentar a nossa mesa, ou se fosse alguém tentando nos matar. Gabrielle levantou bruscamente e colocou uma mão dentro do casaco. Ela tinha um canivete! Então fiquei terrivelmente assustada.

–Eu atendo.

–Esse peixe está ótimo! -tento chamar a atenção da mamãe.

–Obrigada, você deve ter sentido falta de casa não é? Nunca elogiou minha comida. O que andou comendo lá? Não era você que vivia reclamando que Estados Unidos era o lar da obesidade? -era muita pergunta para responder e ainda prestar atenção na minha irmã abrindo a porta.

Ela se aproximou do olho biônico e depois suspirou aliviada. Eu também relaxei na cadeira. Sua mão abriu a porta.

–Ei Wraz! -cumprimentou ela.

–Olá! Consegui sair da clínica mais cedo.

Um homem alto, de cabelos grisalhos, olhos castanhos, vestido de branco entrou. Mamãe levantou alegre e o abraçou.

–Wraz! Que bom veio! Essa é Flyer, Flyer esse é Wraz meu namorado. -apresentou.

Levanto da minha cadeira educadamente e estendo minha mão para ele em um firme aperto. Seus olhos se enrugaram quando sorria, mas tinha cada de uma boa pessoa.

–É mais assustador ver as duas juntas pessoalmente do que em foto! -brincou e todas rimos.

–Você trabalha com o que?

–Sou paramédico.

Voltei a comer normalmente, assim como Gabrielle e minha mãe. Wraz serviu sua própria comida e sentou. Ele dormia aqui todas as noites?Esta bem que ele parecia ser um cara legal, mas não era confiável. E quando minha irmã – é estranho acostumar com isso- disse que minha mãe –mais estranho ainda- estava namorando, pensei que não fosse algo tão sério.

–Amanhã irei a casa da sua tia. -avisou minha mãe.

–Eu tenho um compromisso importante. Posso faltar? -pedi permissão e ela me olhou de uma forma estranha, como "repete?".

–Você sempre brigou comigo para não ir a casa da sua tia. Estava pensando em ir?

–Não! -quase engasgo. -Claro que não! Eu apenas estava confirmando que não ia.

–Amanhã, Ty e eu vamos ao cinema.

–Sem problemas. Wraz e eu iremos sozinhos. De vez em quando vocês precisam ir la... Sua tia sente falta de vocês.

Abaixei a cabeça observando meu prato. Eu provavelmente devia ser grossa e ignorante. Segundo minha mãe, nunca elogiei sua maravilhosa comida ou ficava feliz por ir a casa da minha tia! Se eu não tivesse marcado nada com Klaus, até que iria vê-la, mesmo não lembrando dela, mas talvez me ajudaria a entrar no clima familiar.

–Vou me retirar, estou cansada. -finjo e pego meu prato.

–Boa noite querida.

O coloco na cozinha e subo as escadas. Na realidade, eu simplesmente queria explorar minhas coisas. Tudo! Cadernos, roupas, câmeras, computador, a curiosidade é a minha inimiga no momento. Fecho a porta sem provocar barulhos e conserto meu óculos partido ao meio com uma fita crepe. Procuro nos frascos do meu banheiro algo suspeito.

–Amanhã você vai no Centro? -Gabrielle entrou no meu quarto abruptamente. -Esta procurando remédio?

Olho para os frascos em minha mão, eles não eram de remédios ou nada tão suspeito e anormal. Todos eram fórmulas para cuidar da pele criada por dermatologista. Eu deveria ser vaidosa...

–Sim. Para cólica. Estou sofrendo horrores. -me faço de arrogante.

Ela suspira, entra na minha frente pegando um frasco pequeno e me entrega. Sorrio amarelo. Prendo meu cabelo apenas para enrolar o tempo e Gabrielle ir logo.

–E o que é isso na sua cara? Não era você que achava óculos ridículos? E essa fita crepe? Isso sim é ridículo. –ela tapou a boca para abafar o riso tentando me ridicularizar.

–Sim. Mas em Nova York eu não podia usar lentes e acabei me acostumando a isso. –fechei a cara ajeitando o óculos.

–Ah sim. Um Dolce Gabbana para os prisioneiros? –ela arqueou a sobrancelhas.

–Eu não tinha percebido.

–Você foi para Nova York e parece que esqueceu tudo. -lançou um sorriso maldoso e saiu.

Talvez seja coisa da minha cabeça, mas comecei a me preocupar se ela tiver descoberto algo. Fecho a porta e pego todos os meus cadernos colocando no chão.

Depois um bom tempo folheando coisas inúteis, vasculho os livros de literatura da minha estante. Eram apenas quatro e entre eles, um era estranho. Não havia título na lombada ou nome de autor. Pego ele e vejo que não é um livro. É uma capa para notebook! Abro o zíper e deparo com o computador, a solução dos meus problemas.