Fazia algumas semanas desde que Rosa não saía da prisão de Diamante Azul. E mesmo depois de voltar ao seu quarto, ela não queria sair dali.

Ela sentia raiva e uma culpa descomunal de si mesma. O que ela havia feito? Ela nem sabia que poderia causar tanto estrago assim.

Não vira mais Pérola. E sinceramente, ela achava melhor assim. Não conseguiria mais olhar para ela. Olhar o que ela havia feito com sua amiga, uma das razões para continuar ali, naquele palácio que odiava...

Amiga... De repente, a voz de Espinela soou em sua mente: “Sua nova melhor amiga!”. Rosa suspirou e virou para o teletransportador de seu quarto. Sentiu uma pontada de culpa por só ter lembrado dela depois de semanas desde a última vez que se viram.

Rosa apareceu no Jardim em questão de segundos. Espinela a esperava no lugar de sempre: ao pé da escada, com as mãos dadas e com um sorriso que cresceu ao vê-la aparecer.

— Minha melhor amiga Diamante Rosa! - ela esticou seus braços elásticos em torno de Rosa e puxou a si mesma para um abraço - Como está? O que fez lá no palácio? - Ela analisou ao seu redor de repente – Onde está Pérola?

Rosa suspirou. - Espinela, vamos só... Nos divertir hoje, está bem? Pérola já vem - forçou um sorriso, que para a outra pareceu convincente.

— Ok! Dessa vez, você procura! - Espinela virou Rosa para ficar de costas para o Jardim e colocou as mãos dela nos olhos dela - Até 30! Sem olhar, hein? - Espinela desceu as escadas emitindo os barulhos de seu sapato que logo desapareceu, provavelmente por ela ter usado sua elasticidade para não denunciar aonde estava indo.

Rosa sorriu e começou a contar.

Estavam no meio da brincadeira quando ouviram um som surgir de um pedestal de mármore.

Espinela deixou de brincar equilibrando três pequenas bolas e virou-se para trás.

— O que é isso? - perguntou e Rosa nada disse.

De repente, suas duas irmãs, Diamante Azul e Amarelo surgiram na imagem em formato de três losangos sobrepostos e em tons de rosa.

— Rosa, temos uma notícia para lhe dar – Amarelo começou.

— E temos certeza que você vai gostar! - Azul sorriu.

As duas se entreolharam e assentiram em silêncio.

— Branco e nós decidimos te dar uma colônia. Um planeta da Via Láctea chamado Terra - contou Amarelo.

— E você tem que nos prometer que vai fazer tudo conforme nós fazemos com nossas colônias - Azul completou.

— E-eu prometo! - Rosa disparou e Espinela comemorou.

— Iupi! Um novo lugar para a gente brincar! - ela começou a pular ao redor de sua Diamante, atraindo olhares feios das outras Diamantes.

— Ótimo - Amarelo ignorou a gem menor - Te mandaremos uma nova Pérola para te acompanhar nos seus afazeres. Logo depois você já poderá ir à base que construímos em um satélite próximo do planeta.

Espinela parou de pular, seu semblante mudando para um de preocupação.

— Como assim, uma nova Pérola? - perguntou, mas foi ignorada.

— Certo! Podem deixar comigo! - Rosa disse com bravura e as Diamantes desligaram.

Ela suspirou e olhou para a gem que a acompanhava. Ela a olhava com preocupação.

— O que houve com a Pérola? Ela está bem? - perguntou.

Rosa abriu a boca para falar, mas foi interrompida pelo som do teletransportador.

Uma nova Pérola de cabelos claros e com sua gem localizada na testa apareceu. Era completamente diferente da Pérola que Espinela conhecia.

Ela sorriu levemente para as duas e cumprimentou sua Diamante com os braços cruzados formando um losango - Minha Diamante, fui encaminhada pelas Diamantes para ser sua nova acompanhante na sua missão no planeta Terra. Devo guiá-la agora à Base Lunar, onde iniciará o trabalho em sua colônia - explicou.

— Certo. Hm, Espinela... - Rosa começou e se agachou para ficar na altura da outra gem – Ela não virá. Ela... - Deu uma leve pausa, pensando em uma resposta que não envolvesse a total realidade da outra. Nem ela havia superado completamente, quiçá Espinela conseguiria - ...Não queria vir. Tivemos um desentendimento e ela resolveu ficar. Desculpe ter mentido antes...

— Ah... - A outra se surpreendeu, mas evitou demonstrar. Era sua Diamante afinal, não poderia discordar dela.

Entretanto, no fundo de si, ela não estava convencida. Aquele estranho sentimento que tinha quando Pérola estava perto se fez presente só de pensar nela, o coração acelerado, o nó na garganta toda vez que via seu sorriso, tudo junto de uma vontade imensa de sair correndo dali.

Por que sentia que Rosa não estava sendo sincera?

— Espinela – a chamou depois de vê-la sem reação por alguns segundos - Você entende que não pode sair daqui, não é? Por favor, fique aqui e não saia. Eu virei te buscar assim que possível está bem? - Rosa abriu um sorriso aconchegante.

— Tudo bem - exclamou inconscientemente. Rosa manteve o sorriso. Ergueu-se e começou a caminhar na direção oposta à pequena gem.

Sem que pudesse se controlar, Espinela a seguiu nos primeiros passos. Pelos sons que seus sapatos emitiam, Rosa sabia que ela não desistiria – e nem entenderia - tão fácil.

Não queria machucá-la do jeito que havia feito com sua antiga Pérola, e para isso, sabia o que devia que fazer, por mais que isso doesse.