— Prontas ou não, lá vou eu! - Espinela anunciou, se virou e retirou suas mãos que cobriam seus olhos.

Começou a dar passos lentos e longos, emitindo o som característico de seus sapatos que ecoava no silêncio do Jardim junto da água caindo no chafariz.

Ela varria o ambiente com o olhar e vasculhava entre os arbustos e pilares de mármore. Parou para pensar. Ela poderia simplesmente usar sua elasticidade em suas pernas e poder olhar todo o ambiente de cima, mas seria trapaça. Além disso, perderia toda a graça da brincadeira.

Ouviu algo a sua direita. Abriu um sorriso e foi investigar, se aproximando lentamente e se preparando para dar um susto seja em quem estivesse se escondendo ali, atrás de um dos pilares.

— Te achei! - gritou para... Ninguém?

Deixou escapar um murmuro. Examinou ao redor para tentar descobrir se o barulho havia sido apenas coisa de sua imaginação ou uma delas havia fugido para outro esconderijo.

Tornou a olhar para a direção de onde tinha vindo e viu a ponta de uma saia de tecido transparente e levemente rosado atrás do pilar de mármore mais próximo.

Não pôde evitar de sorrir perversamente, com uma ideia em mente.

Esticou seu braço para atrair a atenção de Pérola para um lado enquanto ela se posicionava do seu outro lado.

— Surpresa! - disse assim que Pérola virou o rosto, assustando-a.

— Você e seus sustos... - Pérola revirou os olhos, como se aquilo fizesse parte de seu cotidiano – Para você. - Ela estendeu uma flor azulada para a outra.

— Por quê? - perguntou, ingênua.

— Bem... Porque o azul das pétalas contrastam com o seu tom de rosa – explicou, mas a outra admitiu uma expressão confusa – Desculpe, acho que estou passando tempo demais com a Pérola Azul.

Para ser sincera consigo mesma, nem ela sabia exatamente o porquê de ter pegado a flor. Só sentiu que queria dá-la à Espinela.

— Sem problema – deu de ombros - Quando elas poderão voltar aqui? - a gem mais baixa perguntou se referindo as outras Pérolas, começando a caminhar com Pérola a seu lado, afinal, ainda tinham que achar sua Diamante.

— Não tenho certeza. As Diamantes andam tensas em relação à Rosa – comentou baixo.

— Ué, por quê? - ela procurava pelos possíveis esconderijos por qual passavam.

— Rosa quer uma colônia, e as Diamantes já não estão tendo tanta paciência com ela como antes. Na verdade, nunca tiveram muita. E ela não está gostando disso.

Olhou para a outra e percebeu que ela estendia uma flor de miosótis rosada

— Desculpe, eu parei de prestar atenção quando falou colônia, eu não faço ideia do que significa. Enquanto você falava decidi que você merecia uma flor também. Ela... Combina com a cor da sua roupa – apontou e Pérola riu.

Adorava o jeito que a outra era. Imaginou por um curto período de segundos como seria mostrar a ela todo o Planeta Natal.

Olhe Pérola, mais gems! Vamos chamar elas pra brincar!”

Ela pegou a flor e prendeu seu caule em um dos seus coques que usava, assim como Espinela havia colocado.

— Obrigada – agradeceu e a outra se curvou exageradamente.

— Não há de quê, madame.

Elas riram. Pérola de repente apontou para uma direção e Espinela percebeu que era onde sua Diamante estava. Caminharam na ponta dos pés até ela e lhe deram um susto em dobro.

As três riram em uníssono.

— Vocês estão trabalhando em conjunto contra mim, é isso? - Rosa perguntou e Espinela lhe dirigiu um sorriso provocativo, balançando a cabeça negativamente.

— Não senhora – Rosa riu mais um pouco e bagunçou o cabelo dela, que não protestou.

- Está bem. Pérola - ela voltou seu olhar para a mesma — Temos que ir.

— Aaaah, mas já? - Espinela murmurou – Fiquem mais um pouco! - ela segurou a mão das duas, fazendo biquinho e ameaçando chorar.

— Temos assuntos para tratar, coisas que você não entenderia – Rosa explicou e Pérola a olhou. Ela não sabia se sua Diamante estava querendo parecer suas irmãs de propósito, mas se não, havia tido sucesso mesmo assim.

— Nós voltamos na semana que vem, tudo bem? - Pérola disse assim que Rosa se distanciou.

Espinela assentiu com um fraco sorriso. Pérola começou a se distanciar quando ela segurou sua mão.

— Vocês não vão me deixar, né? - perguntou como se previsse o futuro.

— Claro que não. Eu não vou te deixar. Em hipótese alguma eu faria isso – ela segurou as mãos da outra firmemente.

— Você promete? - Espinela a olhou nos olhos.

— Eu prometo – sorriu e assim seguiu sua Diamante até o teletransportador.