INTRUSA EM THE MAGICIANS

Capítulo 10 - Bravery is on the same line as stupidity


Sua expressão de agradecimento foi mudando sutilmente para uma desinteressada e vazia. Olhou para o céu encarando as nuvens que cobria o sol que tanto lhe irritava, com a grossura dos tecidos que vestia era justificável o porquê da irritação.

— Aquela reverencia no final foi ridícula. – Bufou Elena em quanto pisava em cima das folhas caídas no chão. Breakebills não era o local que conhecia muito bem, então estava perdida na floresta da propriedade.

— Vai me dizer que não deixou a cena muito mais dramática? – Perguntou o outro lado da Elena.

Depois de andar por alguns minutos finalmente encontrou a saída da floresta, seus pés doíam e seu humor estava péssimo. Um dos alunos da universidade lhe encarou com um olhar nenhum pouco descente em sua opinião.

— Se continuar a me olhar assim, irei arrancar seus olhos e farei você comê-los. – Os olhos do rapaz se arregalaram e sua face ficou pálida, sem perder tempo saiu correndo para longe da maluca que o ameaçou.

Deu de ombros e foi procurar o alojamento do Coldwater e Elliot. Como sempre o lugar estava cheio de homens e mulheres enchendo a cara com uma música ao fundo, por ser uma festa todos os dias e por estarem muito embriagados, ninguém percebeu sua presença ou se importou com ela, subiu as escadas e foi procurar o quarto da maga Margo, ela era a única mulher que tinha senso de moda no grupo de Quentin Coldwater. Presenciou cenas bem íntimas até achar o quarto da mulher, mas não se importou, duvidava que eles também tivessem se importado, estavam ocupados demais.

Revirou o armário da maga, não demorou muito para achar um look para vestir. Um vestido vermelho simples sem decote, acompanhado de um sobretudo rosa e um par de salto alto, com algumas pulseiras cobrindo seus pulsos. Colocou tudo o que havia bagunçado no lugar e deixou como se ninguém houvesse mexido, ou esperava que parecesse.

Ao deixar os dormitórios, foi direto para o bar da casa, que foi prontamente servida por um universitário, ele olhava para o seu corpo com desejo.

— Tire os olhos, queridinho, sou uma mulher comprometida. – Piscou atrevida.

— Quem é o sortudo? – Perguntou o moreno.

— Martin, ele é um mago muito poderoso. – Pegou a taça de líquido transparente e tomou um gole. – Ele me ensinou muitos feitiços.

O moreno deixou a malicia de lado e lhe encarou, analisando suas feições com uma expressão que indicava reconhecimento.

— Algum problema?

— Você parece com a garota da estátua. – Respondeu ao beber um gole da sua própria bebida.

— Que estátua? – Perguntou sem prestar muito atenção, a música alta interfere sua concentração.

— Fizeram no começo do ano, uma aluna que se sacrificou para tentar defender sua turma de uma besta. – As palavras do universitário lhe chamaram a atenção, a garota de quem ele falava era sem duvida a própria Elena.

— Já andei várias vezes por Breakebills e não vi a estátua, gostaria de me mostrar? – Sorriu Elena, usando a beleza de seu corpo ao seu favor.

Com destreza, a jovem maga atravessou o campos com aqueles saltos finos, grama e salto alto não combinavam, mas dava seu jeitinho, em alguns minutos encarou a famosa estátua.

Elena Haining, em memória da sua bravura e lealdade.— Leu a garota.

— Tem que admitir, ficou parecido. – disse sua voz interior.

— Realmente, é bem parecido. – Concordou Elena. – Bravura anda na mesma linha que a estupidez, mas não me arrependo da minha escolha, aprendi tanta coisa com aquilo.

— Err... Como assim? Fala como se fosse ela. – Comentou confuso.

Elena deu as costas para sua estátua e bebeu mais um pouco da sua bebida, ao engolir encarou o mago.

— Eu sou ela, eu sou Elena Maia-Haining, a aluna que foi jogada para a dimensão da Besta. – Sua expressão ficou vazia, para o mago pôde parecer sombrio.

— Como voltou? – Perguntou transtornado.

— A pergunta certa é: Como eu sobrevivi? E a resposta é... – fez um suspense dramático. – Não é da sua conta! vou encher a cara e meter a porrada no primeiro engraçadinho que sentar ao meu lado, licença!

O que fez foi exatamente o que disse, bebeu todo o drink que lhe prepararam e dançou junto dos universitários. Quando a música parou de tocar e as bebidas pararam de ser servidas, já era de madrugada. Muitos dos alunos foram para os seus quartos, outros estavam jogados pelo cômodo. A aprendiz da Besta estava encostada em uma garota no sofá, depois de terem um momento no armário.

— There's something about the sunshine, baby; I'm seeing you in a whole new light; Out of this world for the first time, baby; Ohhh it's alright.. – Cantarolava em tom desafinado e tropeçando nas palavras, mas a morena atrás de si não se importava, a mesma a acompanhava na musica.

— There's something about the sunshine..

— Senhorita Haining? – Chamou o Heitor Fogg acompanhado da professora Sunderland.

A maga parou de cantar e encarou o homem de pele escura a sua frente. Deu um suspiro ao reconhecer a figura, a festa havia acabado.

— Não sei se reparou que estou bêbada, não vou responder qualquer pergunta que fizer. – Respondeu tomando o controle antes que a conversa se iniciasse.

— Não deixe o campus sem passar na minha sala antes. – disse o Heitor antes de se retirar.

— Você fez alguma coisa errada? – Perguntou à morena.

— Muitas, mas ele não me chamou por elas, ele quer saber porque estou aqui. – Respondeu Elena para Natasha.

— Você estuda aqui, não é?

— Não vamos falar sobre isso, estou suada e morrendo de sono, e nem vou comentar sobre a ressaca que terei amanhã. – Nenhuma pergunta foi respondida depois do seu ultimato, a maga se levantou e subiu as escadas e entrou no quarto de Alicie Quinn.

*

A ressaca que sentiu no dia seguinte não era nada com a dor que sentia com a marca da ouroboros na sua pele. Tinha esperança que a dor sumiria quando tomasse a água da nascente de Fillory.

Por conta da ressaca e da dor da marca, não havia como se concentrar para usar o teleporte, ainda teria a incerteza se funcionaria afinal estava em Breakebills, a única falha que tiveram na segurança foi causada por quatro magos curiosos.

Fez o que precisava ser feito, tomou um longo banho, se livrando do suor causado pela dança e euforia da noite passada.

— Vou precisar pegar mais roupas. – jogou os braços para cima gritando. – Para o armário de Alice!

O desgosto no seu rosto era evidente ao abrir o armário da loira. Respirou fundo. – Fechou o armário. – E foi para o quarto da Kady, a namorada do Penny.

— Que mau gosto Alice, que mau gosto.

*

Saiu da enfermaria deixando a enfermeira em choque, quando foi jogada para junto da besta, todo mundo havia imaginado que não sobreviveria, e aqueles que conheciam seu rosto e estavam vivos pensaram que estava vendo um fantasma, o que fez a maga ter que se conter para não gargalhar.

— Heitor. – Chamou ao entrar na sala, seus olhos curiosos observaram o cômodo, analisando todos os objetos estranhos.

— Senhorita Haining. – Cumprimentou o Heitor. – Sente-se, por favor.

Elena puxou a cadeira e se sentou, cruzou as pernas e esperou a pergunta de Fogg.

— Imagino que já saiba o porquê de eu tê-la chamado.

— Meio difícil não saber. – Respondeu com deboche. – Eu sobrevivi a Besta, os detalhes não importam. – Tentou desconversar, não seria uma boa ideia dizer que havia se unido a Besta, não saberia qual seria a reação dele a revelação.

- É um fato curioso que eu não fui capaz de conter a Besta, mas uma aluna que só tinha um dia de aprendizado em magia foi capaz de sobreviver ao um confronto direto.

Aquela conversa estava lhe cansando, seria muito ruim se matasse todo mundo? – Elena, querida, isso seria muito problemático, não quer cortar sua relações com Breakebills, podem ser úteis. – Não gostava de ouvir muito o seu eu interior, mas precisava ser cautelosa e não faltava muito para ir embora.

— Foram os quinze segundos mais aterrorizantes da minha vida. – Começou a jovem maga. – Saber que vai morrer e que não conseguirá se defender. – Respirou fundo e continuou. – Mas fui esperta, a maneira mais fácil de lidar com um vilão é ganhar tempo para formular um plano, foi o que eu fiz, joguei elogios e fiz um acordo com ele, foi assim que eu sobrevivi. – Deu um sorriso amarelo. – Perdi meu espectro no processo, um dano pequeno comparado à morte eminente.

O Heitor suspirou pesado, era ótimo que sua aluna havia sobrevivido, mas a perda de um pedaço de sua alma era lastimável, como o Heitor de Breakebills era o seu dever proteger seus alunos e havia falhado, e um inocente pagou caro por isso.

— Não fique triste, perder meu espectro foi a melhor coisa que me aconteceu. – Empurrou a cadeira para trás, se levantou e deu as costas para o Heitor. – Eu precisava ser forte para as decisões que teria que tomar.

Aquela palpitação em seu peito latejava mais forte. Ela se apoiou na cadeira e respirou fundo.

— Você está bem? – Perguntou o Heitor preocupado.

— Achei que seria menos doloroso dessa vez. - Agarrou a blusa em quanto tentava respirar fundo.

— Dessa vez? – Perguntou saindo de trás da mesa.

Tentou evitar um gemido de dor, mas não suportou. O Heitor se assustou e se apressou para chegar até a jovem, mas não conseguiu chegar antes dela cair no chão, inconsciente.