I am incomplete

Capítulo 33 - Acerto de contas


Elise POV

A sensação era estranha. Em um momento, sentia como se estivesse afundando lentamente, a mente suspensa, nada mais importava, apenas aquele torpor infinito, até que uma dor me atinge e meu corpo queimou, todas as sensações voltando de uma vez, porém elas estavam muito mais apuradas, tinha certeza que podia ouvir até mesmo o batimento do coração de um gato a quilômetros de distância… Tá, posso estar exagerando, mas deu para pegar a ideia.

Me sinto presa em algo, quero me libertar… Sem nem mesmo terminar este pensamento, a pressão some e sinto a gravidade me atingir e ir ao chão.

Incrivelmente, aquilo não doeu nada, muito pelo contrário, sentia que algo que faltava finalmente havia completado.

Aos poucos me levanto, conseguindo sentir cada parte de meu corpo retomando energia, todo aquele cansaço foi embora, junto com a dor e fraqueza. Algo irrompe de minhas costas, algo mais poderoso que aqueles tentáculos de carne que usava.

E abro os olhos.

Minha visão estava mais aguçada, conseguia ver os mínimos detalhes, não era mais aquela visão vermelha quando estava fora de controle, pela primeira vez me sentia no controle.

Me sentia completa.

—Agora chegou a verdadeira Final Boss! –ouço a voz do Wade atrás de mim.

Dou uma rápida olhada para ver como estava a situação, todos prensados na parede pelos tentáculos daquele monstro.

Com um simples movimento, meus novos tentáculos cortam os dele, libertando meus amigos, que ficam ao meu lado:

Como… Você é apenas uma cobaia incompleta…—o monstro que uma vez foi aquele homem culpado por todo meu sofrimento recua um passo:

—Bem, o que posso dizer, tenho aliados muito inteligentes que estão dispostos a me ajudar. –dou de ombros –Mas está na hora de acertarmos as contas, você é o último que sobrou dos que me criaram.

Dou um passo a frente, fazendo sinal para todos que eu cuidava daquilo, ao qual eles assentem e recuam um pouco.

Sim, o grande momento havia chegado, o último dos que me fizeram ser esse monstro, bem na minha frente. Meu objetivo finalmente ia ser alcançado.

O monstro berra, atacando com seu punho enorme, o qual apenas desvio dando um passo para o lado e uso meus tentáculos, que facilmente o corta fora e o fatia.

Ele ruge, usando dos tentáculos para me agarrar, e sinto aos poucos eles grudarem em meu corpo, estava tentando me assimilar.

—Vamos ver quem vence então. –o encaro, encostando em seus tentáculos, começando uma briga em quem assimila quem.

Não sei se é porque estou completa, mas parecia tão mais fácil controlar meus poderes agora, porém, com certeza, antes eu sofreria para tentar assimilar algo, ou nem conseguiria, e agora apenas com um simples pensamento, executo aquilo que quero.

Era um poder incrível e assustador ao mesmo tempo.

O monstro tenta recuar, vendo que eu o estava assimilando, e não o contrário, porém começo a avançar, estendendo meus tentáculos a sua volta:

Não… Pare!—ele tenta se desvencilhar, meus tentáculos se enroscam em seu corpo, e aos poucos seu corpo vai se quebrando, sendo engolido por mim. Seus gritos só param no momento que se ouve um som alto de osso quebrando, acho que foi a coluna.

Termino de assimilá-lo, fazendo meus tentáculos recuarem e sumirem em minhas costas, me virando para meus amigos, que estavam parados me encarando:

—O que foi? Ficaram com medo e agora vão me matar porque fiz sopa do monstrengo? –sorrio, cruzando os braços:

—Meu, aquilo foi louco! Desde quando tu faz isso?! –Wade faz uma pose escandalosa apontando para mim, que rio:

—Eu sei lá, desde uns oito minutos atrás?

—Sabe o que isso quer dizer? Que tu é a criatura mais poderosa de todas, só vai lá e vup! Engole eles!

—Não obrigado, a sensação de assimilar alguém é horrível, não quero fazer de novo. –com isso, Snake Eyes e aquele bicho roxo que era o Birdie se aproximam de mim, abro minha boca para fazer algum comentário sarcástico.

E sou recebida por um abraço do ninja caladão.

—Hei, não me diga que achou que eu ia bater as botas. Até parece! –sinto ele concordar com a cabeça e retribuo o abraço –Obrigada.

—Odeio interromper o momento pombinhos de vocês dois, mas meio que estamos correndo contra um apocalipse. –me desvencilho do abraço, vendo Tony e Ultron entrando na sala, estavam com um grande pote de vidro com um líquido azul dentro:

—Isso é a cura do vírus?

—Obviamente. Com ela, aqueles infectados recentemente serão curados e ficarão imunes, porém aqueles que já passaram do estágio final do vírus não serão curados e provavelmente morrerão ao entrar em contato com a cura. –Ultron explica:

—Realmente não tem como curar eles?

—Você mesma já viu os efeitos que seu sangue causavam em um ser vivo, é a mesma coisa. –Tony fala –Infelizmente não temos como salvá-los.

—E quem seria esse seu amiguinho roxo? –Ultron aponta para o Birdie:

—Ah, então, ele é…

Aquele a quem foi utilizada a carcaça para me criar uma vez foi chamado de Ridley, porém prefiro o nome “Birdie”.

Todos ficamos paralisados, encarando Birdie com os olhos arregalados.

—P-pera… Cê fala?! –eu quase berro:

—Gente, acho que ele não é mais aquela bola de pelos que servia só pra mascote… –Tony recua um pouco:

—Ainda posso dar carinho nele? –Wade aponta pra ele de forma inocente:

—Hahaha, isso é incrível! Olhe só onde chegou a evolução dele! É muito mais do que havia nos arquivos deles! Simplesmente incrível! –Ultron começa a rir como um maníaco:

—Quer parar de rir que nem um vilão? –fuzilo ele com os olhos, olhando logo em seguida Birdie –Você… Gostou mesmo do nome que eu te dei?

Claro, é adorável.—ele afaga minha cabeça. O encaro, sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas, sério que aquela bola de pelos pequena virou esse bichão que fala e agora afagou minha cabeça?

—A questão é, você vai ser uma ameaça para todos? Porque sinceramente não queria ter que me preocupar com outro vilão maluco além do robô. –Tony aponta para Ultron, que ainda ria falando “incrível!”:

Não tenho a intenção de ferir ninguém, não sou como o “original”. O que quero apenas é viver calmamente, ao lado da pequena.—ele me olha:

—Sério, pequena?

Você é menor que eu agora.—bufo, não tinha como discutir essa parte.

Nossos comunicadores ligam:

Gente, eu não sei exatamente como está indo aí, mas meio que estamos precisando de uma mãozinha, aquele guri louco dos tentáculos apareceu e está indo em direção à barricada nos limites da cidade!—a voz de Clint é ouvida por todos:

—Estamos a caminho! –Tony responde, olhando para nós –Vamos acabar de vez com esse apocalipse zumbi!

—---

Realmente, apocalipse era a única coisa que podia descrever como estava o estado de tudo na cidade.

Zumbis por todos os lados, pessoas correndo gritando, lojas e casas quebradas e reviradas, eram tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, porém tínhamos um objetivo em mente, achar Hector e pará-lo:

—Bem, se me derem licença, vou começar o processo de espalhar a cura. –Ultron pega o antivírus das mãos do Tony e sai voando:

—E-Espera! Não vou deixar tu fazer o que bem entende com isso! –Tony vai atrás dele, deixando apenas eu, Snake Eyes, Birdie e Deadpool:

—Ok, vamos fazer assim, vocês ajudam a bater nos caras de chapéu, eu vou dar uma surra no meu irmão. –falo pra eles:

Tem certeza que não quer ajuda? —Snake me encara:

—Tenho, eu vou tentar fazer ele parar com essa ideia maluca de ser vilão. Agora ele não é mais forte que eu, já comprovamos isso com o monstrengo lá atrás. –eles concordam.

E em poucos minutos chegamos onde estava a grande batalha.

Os X-men batalhavam contra os Mr. X, enquanto o restante dos vingadores e Joes tentavam parar Hector, que estava subjugando o Hulk naquele momento:

—Hector! –grito, chamando sua atenção:

—Ora, estava na hora da minha irmã defeituosa aparecer… –ele me encara, e o sorriso que havia em seu rosto some –O que…

—Pare com isso! Aquele homem que te controlava se foi! Acabou! Desista dessa ideia maluca de fazer todos virarem zumbi e nos ajude a arrumar essa bagunça! –falo, tentando botar algum senso na cabeça dele:

—Como que você ficou completa? Que merda é essa? –ele pula de onde estava e para em minha frente, me fazendo recuar um passo –Me fale irmã, você acha que é mais forte que eu só porque está completa?

—Hector, por favor…

—Não! Não vou aceitar que você, a fracassada incompleta, seja superior a mim! –ele agarra meu pescoço –“Arrumar essa bagunça”? Quer que eu me junte a você? Não me faça rir! Eu nunca vou me juntar a vermes como vocês!

—Então não vai me deixar escolha…

—Nunca teve.

Encaramos um no olho do outro.

Essa seria nossa batalha final.