I am incomplete

Capítulo 34 - O monstro que somos


A batalha já estava decidida no momento em que nossos ataques se cruzaram.

A cada ataque de meus tentáculos que chocavam contra o de Hector era óbvio que ele estava se esforçando para se equiparar.

Começo a avançar devagar e ele a recuar.

Faço meus ataques ficaram mais rápidos, ele não consegue acompanhar, corto seus tentáculos.

Ao ver os pedaços do mesmo caídos no chão, ele paralisa, aproveito para chegar mais perto e ficar em sua frente, lhe socando o estômago, fazendo-o cair de joelhos:

—Desista Hector, você viu agora que não é páreo pra mim. –o forço a ficar deitado no chão –Se junte a nós, podemos te ajudar, nos ajudar, arranjar uma cura pra isso.

—O que fizeram com a gente não pode ser desfeito. Seremos para sempre monstros, e você sabe disso. –isso me faz perder um pouco a compostura, ele nota e se levanta, me fazendo cair e agarra meu pescoço –Você só fala isso porque é o que quer, tem essa esperança idiota de que no final vai voltar a ser uma humana comum. Mas eu não quero isso, eu gosto disso, desse poder. –ele aperta meu pescoço, chegando com o rosto mais perto do meu –Eu te odeio Elise, te odeio por sempre ter sido a favorecida, por ser melhor que eu. Mas agora vou mudar isso!

Ele prepara um ataque com a mão, e antes que eu me desvencilhasse, a desce.

Arrancando meu olho direito.

Instintivamente, uso os tentáculos para perfurá-lo e jogá-lo para longe, tomando distância.

Coloco a mão no rosto, demoraria um pouco para reconstruir meu olho de volta.

Ouço as risadas de Hector, cravo meus tentáculos em suas pernas e ombro.

—Você não é uma heroína! Já perdeu! O vírus dizimará todos!

—Tem certeza? –indico algo que nos sobrevoava, era Ultron, e por onde ele passava, caía em forma de chuva o antivírus.

Ao ver e entender o que era aquele líquido, a face de Hector se retorce em ódio. Antes que pudesse falar algo, sou jogada longe.

—Isso não pode estar acontecendo… –o ouço levantar e encarar a batalha que acontecia longe. Com um grunhido, me levanto e olho na mesma direção, vendo os vingadores e os mutantes subjugando um dos Mr. X. Com certeza aquilo demonstrava que era o final, que conseguimos salvar as pessoas do vírus se espalhar e acabar com todas as ameaças.

Vendo tudo isso, ele tem que ceder e ver que podemos ajudá-lo. Viro minha cabeça para sua direção.

Não, o que era aquilo? Não, não pode ser…

—H-Hector! –grito, tentando chegar nele:

—Eu vou te matar. –é tudo que ele fala ao inserir uma seringa em seu pescoço e esvaziá-la.

—O que você fez? –pergunto enquanto ele ri e seu corpo deformava, a voz aos poucos ganhando um som gutural, e o corpo se expandindo, mais tentáculos surgindo, a pele se rasgando e dando lugar a ossos metálicos expostos, seu rosto dando lugar a carne viva e seus lábios e pálpebras deixando de existir, dando uma aparência cadavérica.

Vamos acabar com isso, aqui e agora!—ele ruge, avançando em minha direção e atacando com os tentáculos.

Os bloqueio com os meus e me desvio de sua investida, antes que conseguisse me recuperar, ele ataca sem parar com seus tentáculos e garras, consigo desviar da maioria, porém alguns me atingem.

Vejo ele preparar a garra. Ele queria terminar isso logo, e eu também.

A garra desce, perfurando meu estômago e atravessando para o outro lado de meu corpo. Cuspo sangue:

Acabou, eu venci.—ele me aproxima de seu rosto. Agarro seu enorme braço, o encarando:

—Você tem razão, acabou. –levanto e abaixo minhas garras em seu osso metálico, conseguindo com sucesso cortá-lo. Hector dá um urro, me largando. Uso meus tentáculos para cravarem em seu braço, adentrando dentro de sua carne, indo até seu ombro e então o cortando fora, fazendo-o recuar enquanto urrava de dor.

Não podia parar agora.

Invisto contra ele, usando minhas garras e tentáculos, cortando seus membros, tentáculos, tentando incapacitá-lo ao máximo. Ele tenta se regenerar, porém antes que conseguisse, já estava cortando-o de novo. Ele cai no chão, suas pernas decepadas. Quando atinge o chão, cravo meus tentáculos em seu pescoço, deixando claro que era o final de tudo:

—Acabou! No momento que eu cortar sua cabeça fora, você morre! -grito com ele, que apenas ri enquanto o sangue saia de sua boca –Por favor, podemos começar de novo, eu e você, nós somos irmãos porra!

Não, aquele Hector que você chamava de irmão morreu há muito tempo.—ele me olha nos olhos –Assim como a Elise. Não há como começar de novo, somos monstros, não somos humanos.

—Não, a gente…

Ainda quer acreditar nessa mentira?—me calo –Acabe comigo logo, não aguento mais essa tortura de estar vivo.

—Eu…

Saiba que eu te odeio, odeio por ser superior a mim.

Algo atinge seu pescoço, era um de seus tentáculos, que regeneraram enquanto falava. Grito ao ver que havia cortado a própria cabeça.

Não, não pode ter acabado assim, ainda tem como…

Ouço o som de algo como se estourasse.

Seu corpo começa a sair uma grande quantidade de sangue, isso só podia significar que aquele som era de que seus órgãos estouraram, impossibilitando de se regenerar mais.

Começo a sentir as lágrimas descendo por meu rosto.

Eu não queria que nada disso tivesse terminado assim.