I am incomplete

Capítulo 12 - O robô megalomaníaco


Ferrada. Estou completamente ferrada.

Era tudo que eu conseguia pensar enquanto era levada para Deus sabe onde por aquele robô do Ultron. Sério, eu devo ter um contrato com o Diabo para ter essa sorte maldita de me meter em cada merda.

Melhor de tudo era que esse passeio não ajudava nada em minha regeneração, que funcionava mais lentamente que o normal.

Eu deveria arrancar o braço desse robô e voltar correndo para ajudar os Vingadores, ajuda-los a tirar meu irmão maluco de lá... Mas não tenho forças pra quase mais nada, só seria de alguma ajuda depois de regenerar esse maldito buraco no meu estômago. E isso deve levar um dia e meio para curar no mínimo.

O robô diminui a velocidade, parece que eu vou entrar no covil do vilão. Entramos em um lugar subterrâneo, vejo máquinas funcionando, construindo mais daqueles robôs.

Gentilmente o robô me larga no chão e some. Tento levantar, porém a dor me faz voltar ao chão. E assim eu fico, deitada no chão empoeirado enquanto máquinas trabalhavam.

Passos metálicos soam, alguém para a minha frente. Tento olhar para cima, mas isso seria esforço demais para mim:

—Que estado deplorável você está. –a voz robótica ri, se ajoelhando e me deixando ver o rosto dele –Seu irmão fez um grande estrago em você...

—Ah claro, era óbvio que devia ter sido você que mandou o sinal. –bufo, sentindo dores pelo simples fato de falar –O que você quer de mim, Ultron?

—O que quero? Já não lhe disse antes? –ele soou confuso, como raios ele conseguia simular sentimentos?

—Ah sim, destruir os Vingadores. –reviro os olhos, o que era engraçado considerando que estou deitada no chão tentando soar corajosa:

—Não só isso, proteger o mundo, fazê-lo evoluir.

—Certo, se você começar com discurso sobre a evolução humana, poderia pular essa parte e me matar? –meu comentário arranca umas risadas dele:

—Lhe matar? Como se fosse possível. –ele aproxima sua mão de minha cabeça –Um experimento feito para ser indestrutível, imortal. Mesmo que eu tente incinerá-la, você apenas regeneraria. –ele começa a mexer nos meus cabelos... Espera, ele está fazendo cafuné em mim?!

—Ah, não sou imortal, sou só dura na queda. Pode crer, posso morrer. –tento tirar minha cabeça desse gesto de carinho bizarro dele, porém apenas consigo grunhir de dor com minha tentativa frustrada:

—E mesmo falando isso estamos aqui conversando enquanto você está com um buraco enorme em sua barriga. –ele ri:

—Tá, e vai ser o que agora? Vai continuar falando?

—Adoraria continuar conversando com você, porém tenho... Assuntos urgentes para tratar. –ele se levanta e antes que eu me mexa, sou erguida no ar, ele havia me pego em seus braços robóticos:

—O que está fazendo?! –tento sair dali, porém ele continuava me segurando, caminhando em direção a uma cela:

—Apenas lhe dando um pouco da hospitalidade que um “vilão” pode oferecer. –ele ri, me largando dentro da cela e a fechando –Aproveite enquanto dou uma lição nos seus amigos. –e com isso ele vai embora.

Respiro fundo, não tinha como eu me levantar, e tenho certeza que Ultron sabia disso, por isso ele me deixou aqui. Pelo menos parece que os Vingadores sobreviveram ao meu irmão pelo jeito que ele falou, mas como?

Tudo que posso fazer agora é deixar a cura agir, recuperar as forças e então sair dessa cela.

—------

Estava sentada no chão da cela encarando a parede. A parede era muito interessante, melhor que ficar olhando aquelas máquinas criando mais robôs. O ferimento estava parcialmente fechado, então o máximo que consegui foi me sentar, mas agora que estou sentada, não tenho como me deitar sem sentir dor. Adoro me botar nessas situações...

Ouço passos metálicos em direção a minha cela:

—Vejo que está melhor. –Ultron fala, contente:

—Se com melhor você quer dizer com se sentar e ficar encarando uma parede por cinco horas porque é incapaz de se virar ou deitar de novo sem sentir como se arrancassem suas tripas e as devorassem enquanto conectadas ao seu corpo, então sim, estou melhor. –falo, ainda encarando a parede superinteressante:

—Seu senso de humor sempre me diverte. –Ultron começa a rir –Respostas sagazes, afiadas, estou começando a adorar.

—Que bom! –reviro os olhos. Ouço a porta abrir e ele fica na minha frente, não me deixando mais ficar encarando a parede superinteressante:

—Você está bem abatida... –eu realmente queria continuar olhando a parede. Ultron move as mãos, vejo que ele tem um pedaço de pão e um copo de água em uma bandeja –Isso vai deixa-la melhor. –ele se ajoelha e coloca a bandeja na minha frente. Encaro ela e então ele:

—Tá, qual é a pegadinha? –isso arranca risadas dele:

—Por que tanta suspeita? Não posso ser gentil?

—Primeiro, você é o vilão. Segundo, somos inimigos e isso faria com que me curasse mais rápido. Terceiro, se eu me curar, com certeza eu chutaria seu traseiro de metal. Quarto, você é o vilão, o que raios eu estou falando, por que você se importaria comigo?!

—Então eu não posso ser legal porque sou o “vilão”? –mais risadas –Que tal fazermos assim, você aceita este gesto de carinho como um de meus “planos maléficos”, pode ser?

O encaro fixamente, era assombroso como Ultron conseguia soar como o Stark as vezes, porém acho que não acabaria bem se eu mencionasse o nome do Tony. Com um grunhido, levo a mão até o pão e o pego, dando uma boa mordida enquanto encarava Ultron, que sorria.

Termino o pão e ele me alcança a água, que pego com suspeita e bebo, lhe dando o copo em seguida:

—Obrigada. –resmungo e ele ri:

—Ultron, tudo pronto para partirmos. –um cara e blusa azul aparece no meio do nada:

—Finalmente. –Ultron se levanta e vai até a porta da cela –Desculpe-me, mas terei que me ausentar novamente. Quando eu voltar, estarei em meu novo corpo. –ele me encara:

—“Novo corpo”? Vai fazer o que? Ter quatro braços e uma capa? –levanto uma sobrancelha:

—Não, mas não seria uma má ideia. –ele ri –apenas estarei em meu corpo perfeito.

—Perfeito? E como vai fazer isso? Usar diamante pra fazer garras?

—Não, usarei sua amiga. –ele fecha a porta da cela. Minha mente dispara, tentando ligar os pontos. Um corpo novo, alguém que conheço, quem seria... Não me diga que...

—O berço. Por isso você não atirou na Helen Cho... –faço um enorme esforço para encará-lo:

—Garota esperta. –ele tranca a cela, e com uma risada, vai embora, o cara indo junto.

Eu tenho que me curar logo e alertar os Vingadores, ou melhor, eu tenho que parar esse robô antes que ele resolva explodir a Terra.