Branco. Era tudo o que Gerard conseguia enxergar. Nada além de um forte clarão contra suas retinas. De repente um enorme par de olhos castanhos o encarava. Não era a primeira vez que ele via aqueles olhos. Tentava falar, mas sua voz não saía. Tentava andar, mas não sentia suas pernas, não sentia seu corpo, não passava de um vulto no meio do nada. Os olhos desapareceram, mas ele sentia a presença deles. Voltou a sentir seu corpo, que agora tremia, estava gelado. Aos poucos sentiu sua pele formigar, mãos quentes em seus ombros. Gerard pensou que talvez fossem as mãos do dono dos olhos castanhos.

“Gerard?” A voz era familiar, sorriu instantaneamente. “Gerard... Ger... Gerard?” Gerard tentava falar, mas havia um nó em sua garganta. Queria responder, queria dizer que estava ouvindo. A voz ficava cada vez mais próxima, tão próxima que podia sentir o hálito contra seu rosto. “Gerard, por favor. Gerard, acorde!” Gerard tentou falar novamente, mas não soltou nada além de murmúrios. Sentiu uma pressão em seus ombros e seu corpo todo sacudiu. “Gerard! Oh, Deus...” Gerard forçou os olhos e finalmente conseguiu abri-los. Sua visão estava embaçada, seu corpo estava trêmulo, estava molhado. Piscou algumas vezes e focalizou a imagem de seu irmão.

“M-Mikey?” Michael estava pálido, com os olhos arregalados.

“Gerard! Graças a Deus! O que deu em você? Você estava querendo se matar? Oh, merda. O que está acontecendo contigo? Me diz, Gerard. Que diabos está acontecendo?” Gerard se sentia tonto, com vontade de vomitar. Escutava as perguntas de seu irmão, mas não conseguia raciocinar. Olhou para suas mãos, seus dedos estavam enrugados, como se tivessem ficado na água durante horas, então deslizou os olhos para sua direita. A banheira estava transbordando.

“Droga, Mike. Aconteceu de novo.”