Rene narrando ~~

O sorriso dela era perfeito, pude ver seus olhos brilhando de longe. Ela estava a uns 15 passos longe de mim, comecei a andar em sua direção e ela fez o mesmo. Quando estávamos em uma certa distância ela começou correr em minha direção ficando cada vez mais perto de mim e me abraçou.

- Rene – ela pronunciou meu nome no meio das lágrimas – por favor, me tire daqui, o mais rápido possível.

Pude entender o medo e o desespero dela. Segurei suas mãos e pude ver algumas marcas em seu pulso. E um pouco mais para cima, em seus braços. Tinha alguma coisa em seus olhos que ela não havia me dito, mais não perguntei.

- Calma, a gente vai sair daqui. – respondi tentando acalmá-la.

Helena narrando ~~

- Eu preciso de um banho, estou me sentindo suja. Rene aquele homem...

- Shhh... – ele colocou o dedo levemente em meus lábios, interrompendo o que eu iria dizer – não precisa falar nada, ele nunca mais vai te machucar.

Ele me conduziu até o carro. Ainda estava muito assustada e com nojo de mim mesma, pelo simples fato daquele homem ter me tocado.

Eu estava encolhida no banco do carro, tentando me livrar dos pensamentos de algumas horas anteriores. Mas pude perceber que ele me olhava de minuto em minuto. Seu olhar era de preocupação, de quem queria me proteger, como sempre fazia. E está fazendo.

Continuei em silêncio até chegarmos em casa. Eu queria ver minha mãe, queria poder abraçá-la e dizer que estou bem. Não demorou muito e lá estávamos, na frente do portão da minha casa. Rene desceu do carro e veio abrir a porta para mim. Desci do carro e ele me abraçou.

- Ei, me desculpa. – ele olhava para mim, com as mãos segurando meu rosto.

- Rene você não teve culp... – fui interrompida.

- Tive Helena, e você sabe que tive. Não era para você ter vindo embora sozinha, não era pra Suzana ter ... – interrompi

- Shh... não fala nada, não precisa falar. Vamos entrar. – pedi, o abraçando mais forte dessa vez.

Ele apenas concordou. Entramos em casa, estava tudo apagado. Já eram quase 03:00 da manhã, provavelmente minha mãe estava dormindo. Ou tentando.

- Helena eu vou embora, você e sua mãe precisam ter um tempo para vocês. E além do mas, ela não vai querer me ver tão cedo.

Fiquei sem entender.

- Porque?

- De manhã, quando acordei, liguei para cá achando que você estava aqui, e ela me culpou pelo seu sequestro. Resolvi vir até aqui, depois quando alguns caras fizeram contato, disseram que não iriam te “soltar” tão cedo, só que dessa vez ela me deu alguns tapas no peito, chorando, desesperada.

- Me desculpa pela minha mãe.

- Ela está certa, a culpa foi minha e ...

- Rene eu não quero mais falar sobre isso, e também não quero que você vá embora, por favor. – pedi

- Tudo bem.

- Helena! – falou uma voz conhecida atrás de mim. Era minha mãe.

- Mãe! – respondi indo abraçá-la.

- Filha, mais... como você conseguiu sair de lá? Quem te trouxe? O que houve?

Ela ainda não tinha visto Rene.

- Ele mãe – respondi apontando para o sofá, onde ele estava sentado.

- Rene? – ela o olhou confusa.

- Era o mínimo que eu poderia ter feito, pela senhora, pela Helena e por mim.

- Obrigado. – minha mãe foi abraçá-lo – Ah, e me desculpa por hoje de manhã.

- Sem problemas.

- Helena, minha filha me diz ...

- Agora não mãe, eu preciso de um banho. – disse com os olhos cheios de lágrimas indo para o banheiro. Precisava tirar aquela sensação horrível do meu corpo. Pude ouvir os dois conversando enquanto tomava banho.

“ Dona Cristina, eu amo a Helena, e eu te prometo a partir de agora, que nada e nem ninguém vai colocar mais a mão nela. “

“ Não entendi a parte das mãos ”

“ Pelo o que a Helena me disse e pelo o que eu vi quando a encontrei, um dos homens que a sequestrou tentou...”

“ Rene me diz que não é verdade “

“ Infelizmente é, e mais do que qualquer outra pessoa eu estou me sentindo culpado por isso. “

“ Rene a Helena... “

- Mãe, me deixa falar com o Rene? A senhora já pode ir dormir, amanhã conversamos. – pedi a ela terminando de pentear meu cabelo e colocando a escova em cima da mesinha da sala.

- Claro. E mais uma vez Rene, obrigado.

- Não precisa agradecer.

Minha mãe o abraçou novamente e se retirou da sala.

- Rene, sei que você não vai aceitar meus agradecimentos, mais eu preciso.

- Não precisa, era o mínimo que eu podia ter feito.

- Mas mesmo assim, obrigado por tudo.

Ele não falou mais nada, só se aproximou de mim. Ele acariciou meu rosto com uma das mãos e com a outro colocou em minha cintura, me puxando para um beijo.

Continua...