Helena narrando ~~

Eu estava sem reação, estava carente, eu precisava dele, mais evitar o beijo dele mais um vez seria impossível. Eu podia sentir sua respiração bem perto do meu pescoço, que logo depois virou um beijo. Não podia me render, mais estava difícil.

- Não Rene – disse acabando “mais uma vez” com o clima – por favor me entenda, o que eu passei hoje não foi nada fácil. Eu ainda me sinto suja depois daquele cara ter colocado as mãos em mim. Se eu ficasse com você hoje, não seria legal, eu não me sentiria bem – falei colocando a mão em seu rosto – me desculpe, por favor.

- Tudo bem. – ele pegou sua jaqueta que estava no braço do sofá e foi embora.

Me joguei no sofá me sentindo culpada o suficiente.

- Filha, você não devia ter feito isso.

- MÃE! – falei brava com ela por ter ouvido nossa conversa.

- Desculpa, mais não deu pra evitar. Eu só quero te ver feliz Helena.

- Mãe, eu acabei de voltar de um sequestro, um cara quase...

- Tá bom, não precisa falar. – ela me cortou rapidinho.

- Mãe eu vou dormir, já é tarde. Porque a senhora não faz o mesmo?

- Tudo bem.

Dei um abraço nela e fui me deitar. Cheguei no meu quarto, coloquei um pijama e me joguei na cama. Eu precisava dormir, mais não conseguia parar de pensar no Rene, e em tudo o que ele havia feito por mim. Comecei a pensar comigo mesma

“Eu sinto falta dele, sinto falta das gargalhadas dele comigo, sinto falta das nossas brincadeira, sinto falta dos nossos olhares, que dava pra entender tudo que ele estava pensando. Sinto falta dos beijos dele, falta das cócegas que ele me fazia, aquelas mãos me tocando quando estávamos com nossos corpos totalmente entregues um ao outro, sob uma cama. Eu sinto falta do abraço malicioso do meu amor, e do abraço “vem que eu quero te esquentar”. Sinto falta de poder chama-lo toda hora de príncipe, ou simplesmente “amor”. Mas sabe, deixa eu guardar essa falta comigo. Pelo menos, por enquanto”

Depois de muito tempo acordada e depois de pensar muito nele, eu finalmente consegui dormir. Pelo visto dormi demais, porque quando acordei minha mãe estava arrumando a cozinha.

- Mãe, porque me deixou dormir tanto assim?

- Ah, você estava cansada, dava pra perceber. Então deixei você descansar o tempo que quisesse.

- Não precisava. – de um beijo em seu rosto.

Peguei alguma coisa para comer, especificamente uma fruta. Estava com fome, mais meu estômago recusava qualquer coisa que eu pensasse em comer. Então fiquei na fruta mesmo. Subi para o meu quarto e me troquei. Coloquei uma regata branca e um short jeans combinando com uma rasteirinha florida. Peguei minha bolsa e desci novamente.

- Mãe, vou sair!

- Vai onde?

- Na delegacia.

- Fazer o que? – pude perceber o susto que ela levou quando disse.

- Mãe, eu fui SEQUESTRADA. – falei um pouco mais alto – entende a gravidade do problema? E outra, quem fez isso, vai pagar. Pode ter certeza.

Não esperei ela responder, peguei as chaves do carro e sai. Chegando na delegacia eu encontrei a Suzana lá.

- Helena? – ela me olha assustada.

- Eu mesma.

- Como conseguiu escapar dos sequestradores?

Parei para pensar: “Como ela sabe do sequestro se somente o Rene e minha mãe sabiam? Será que ela te algo relacionado com os sequestradores? “

- Escapando! – respondi fazendo pouco caso.

- Ah tá – ela me olha insatisfeita com a minha resposta e se vira para o delegado – até mais tarde.

“Até mais tarde” repeti para mim mesma. Eu devia estar no lugar errado, não é possível.

- O que deseja Senhorita Fernandes? – ele pergunta interrompendo meus pensamentos.

- Eu? Ah, como você pode perceber, e como a Suzana disse, eu fui sequestrada!

- Nossa, que grave. – pude sentir a falta de interesse em sua voz.

- O senhor vai falar somente isso?

- O que você quer que eu fale? – me encarou.

- Que chame alguém competente para me atender. – respondi nervosa.

- Senhorita Fernandes..

- Nada disso. Eu estou falando de um SEQUESTRO – falei quase berrando – e o senhor acha que eu estou brincando?

- Eu não disse isso.

- Mais pensou! – afirmei – olha só, eu vou pra outra delegacia. Dispenso seus serviços.

Sai da delegacia explodindo de raiva. Quando chego na porta, trombei com alguém.

- Vê se olha por onde anda. – falei abaixando para pegar as chaves do carro que haviam caído.

- Ei. – uma voz conhecida disse – desculpa.

- Ah, Rene. – fiquei envergonhada. – me desculpa, é que...

- Não prestaram atenção no que você disse não é?

- Como sabe? – fiquei indignada.

- Eu vim aqui ontem, assim que sai da sua casa.

- Rene, por ontem, eu queria me desculpar..

- Está ficando chato isso sabia? Desculpa, desculpa, desculpa... mude o disco. – ele me olhou rindo.

- Ok desc...

Ele me encarou. E depois riu.

- Me dá uma carona até o prédio? É caminho. Assim você me conta o que houve.

- Folgado você não? – falei rindo e depois entrando no carro – entra ai.

Dei uma carona para ele até o seu prédio, e no caminho lhe contei tudo o que havia visto na delegacia. Ele ficou indignado com a Suzana.

- Ela está por trás disso. – ele afirma

- Como você pode ter tanta certeza?

- Helena, liga os pontos. Aquele dia no restaurando, ela me chamou de “amor” o que fez você bufar. Depois ela diz que vai ficar na mesa com a gente. É mais uma desculpa para você ir embora sem mim. Ai você chega na delegacia e a vê conversando com o delegado.

- Tá, mais isso não prova nada. – falei sem esperanças.

- É que tem outra parte, que me dá mais certeza de que foi ela.

- O que?

- Quando estávamos no exterior...

- Estávamos? – interrompi.

- Eu a conheci em Los Angeles, e falei muito de você uma vez que saímos, e perguntei a ela se estava comprometida. Ela apenas respondeu que havia uma pessoa mais velha que ela que a interessava.

- Rene, isso continua não provando nada.

- Você vai me deixar terminar de falar?

- Desculpa. – respondi e ele riu.

- Vamos pensar agora no delegado. Ele veio para o Brasil faz uma semana. Ele ficou 1 ano fora, lembra?

- Lembro, mais como você sabe disso?

- Falei com sua mãe uma vez pelo telefone. Mais pensa bem, a Suzana mora em Los Angeles, só precisamos saber se ele realmente passou por lá quando saiu do Brasil.

- Agora faz sentido – disse aceitando o fato – mais não consegui entender os motivos da Suzana.

Olhei para ele e ele para mim.

- Vocês ...

- Não, claro que não. – ele respondeu antes que eu terminasse a frase.

- Então. O que ela quer?

- Você fora do caminho dela. – ele responde me deixando assustada.

- O que? – perguntei ainda sem acreditar.

- A Suzana vai fazer de tudo para acabar com a sua vida.

Continua...