I Wanna be Your BAD Lover

Ser ou não ser seu amante


Gueto de Minneapolis - 13:37 hrs

— Por que a gente tá vindo por aqui?

Prince e André estavam caminhando pelas ruas mais marginalizadas de Minneapolis, onde ficava a maior concentração de carcerários, seja em regime domiciliar, fugitivos ou ex penitentes. O jovem era um mostruário de joias e glamour, o que deixava André nervoso em acompanhá-lo naquele lugar, daquela forma.

— Cara, você não tem medo de ser assaltado, não?

— Luna mora aqui. Eu preciso saber se ela viu nossa apresentação.

— A sua boyzinha mora aqui? Pensei que ela era do bairro rico, tá sempre ostentando…

— Tem gente nesse bairro que também ostenta, André… só não posso garantir ser do jeito honesto.

Prince pouco se importava com os olhares mal encarados à sua volta, ele estava preocupado com outra coisa, havia outro objetivo em sua mente: encontrar sua amada musa e descobrir se sua investida deu certo, caso contrário, ele já tinha outra carta na manga.

— Não é ela ali?

André apontou para a frente de uma casa, onde era perceptível observar uma garota na varanda, completamente transtornada ao telefone. Prince reconheceu sua musa de primeira, mas, assim que o seu amigo atravessou a rua para se aproximar, algo dentro de si disse que aquilo não parecia uma boa ideia.

Prince puxou o seu amigo para perto e se escondeu em uma viela, onde podia observar a menina de longe.

— O que é, cara??

Prince tentou maquinar algo depressa.

— Espero que ela não lembre muito do seu rosto…

— Por quê?

O rapaz encarou o amigo nos olhos.

— Disfarça e atravessa a rua. Eu quero saber sobre o que ela tá falando.

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Casa da Luna (exterior) - 13:51 hrs

— Eu já disse que não sei como ele descobriu esse apelido, caralho!!

Luna estava gritando bastante no telefone, qualquer um que passasse na frente da sua casa perceberia isso. Ela já teve constantes discussões com o seu namorado nessas circunstâncias, a vizinhança era bem ciente, por isso sequer se esforçava mais para esconder alguma coisa. Luna estava furiosa com Prince, furiosa com o próprio namorado e furiosa com a pressão que estava recebendo.

— Ah, não vem arrumar confusão aqui! Você sabe que os tiras…

Assim que percebeu o telefone desligando, a menina bradou, furiosa, e jogou o telefone dentro de casa, sem medo do risco de quebrar. Ela levou as mãos à varanda e ficou observando a rua, tentando se acalmar da discussão que acabara de ter, quando observou um movimento estranho no seu terraço.

Desconfiada, ela desceu as escadas disfarçadamente, havia marcado um rapaz de longe.

— Ei!

— Sujou, caralho…

Sussurrou André, disfarçando um olhar pro horizonte, para que pudesse dar uma fugida, mas Luna foi mais rápida e puxou o braço do rapaz para perto de si.

— Você é um daqueles queers que andam com aquele Prince, não é??

— Depende do que é “queer” pra você...

— Tanto faz! O que você tá fazendo aqui?? Ele te mandou aqui??

André tentou disfarçar, sabia como aquela lunática era importante para o seu amigo e não queria estragar as coisas entre eles.

— Eu tenho uma mina nessa área, nem pensa que tudo só gira em torno de você não, linda.

Luna podia ser louca de raiva, mas ela era esperta e já tinha uma ideia do motivo para aquele rapaz estar ali. Ela conhecia bem o pedaço e sabia que ele não conhecia ninguém daquele bairro.

— Beleza, vai ver sua mina, mas se você se deparar com o Prince, fala pra ele que meu namorado tá vindo de outra cidade só pra comer o cu dele no seco.

Após aquela ameaça, Luna soltou o braço do rapaz alto e voltou para dentro de casa. Furiosa, bateu à porta.

André ficou um pouco chocado com aquilo, temia que o amigo estivesse se envolvendo em algo sem volta. Aquela menina estava envolvida com gente errada e podia ser uma bomba-relógio.

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Casa do Prince (quarto) - 18:28 hrs

Moon é o apelido dela?

Indagou André, acomodado em um puff da Sra. Nelson, que Prince removeu da sala de lazer e levou para o próprio quarto. Já ele estava sentado em sua cama, com o violão no colo, tocando algumas notas dispersas para afinar o seu instrumento.

— Eu conheço o código do armário dela. 28-38-20-15-21.

— Você tá ligado que isso aí já é nível insano de admiração, né?

— Eu não fico xeretando as coisas dela, André. Eu só… decorei. Eu tinha acabado de colocar um bilhete lá quando o celular dela vibrou. Era uma mensagem da mãe dela falando qualquer merda lá… foi aí que eu descobri o apelido.

— Apelido esse que o namorado dela também usa.

— Os íntimos chamam ela assim e eu quero ser íntimo dela também.

— Definitivamente você não vai conseguir desse jeito.

Prince deu ombros, jogou o cabelo pro lado e voltou a tocar notas dispensas no seu violão.

— Você quem diz…

— Cara… você foi ameaçado por um cara que tá marcado pela polícia daqui.

— Então não há perigo.

— Tu confia mesmo na polícia? Quando eles verem dois neguinhos trocando pau, vão pegar uma pipoca e começar a assistir. E se o cara for branco, ainda é capaz deles darem uma moral pra ele.

— Ah, por favor…

Prince revirou os olhos, debochando daquela conversa.

— Acabou?

— Tô avisando…

— Não esquenta, André. Eu tenho tudo sob controle. Ela tá puta com ele, não tá? Essa é a chance perfeita pra que eu entre em cena e mostre pra ela que existe um cara melhor que ele.

— E depois disso, tu vai se mudar pra onde? Hollywood?

— Palhaço…

Prince pegou um travesseiro e jogou no amigo. Os dois acabaram rindo daquela situação, embora André ainda estivesse um pouco nervoso. Prince era seu melhor amigo e ele realmente prezava por sua segurança.

— Vamos ensaiar amanhã?

— Só se for as mesmas músicas… Ainda não escrevi uma composição nova.

— Você rabiscou um monte aí, não tem nenhuma que preste?

O rapaz suspirou e balançou negativamente a cabeça.

— Só se for pra a gente cantar qualquer merda e, sinceramente, depois do show, eu não tô afim de trabalhar mais no botão “lança qualquer coisa e reza pra dar certo”.

— A gente sempre fez assim e deu certo, não deu?

— Depois de muita merda… é, deu.

André deixou uma risada escapar.

— É. Cara, tenho que ir agora. Vamos marcar pra ensaiar as mesmas então, vai que isso aflora tua criatividade.

— Sabe que eu não gosto dessa palavra.

Ele brincou, André tornou a rir. Prince era muito fechado, mas com os seus amigos ele era um rapaz muito divertido, uma qualidade que poucos tinham acesso.

— Tchau, musa queer.

Prince dessa vez deixou uma risada escapar, o que era um pouco difícil.

— Sério? “Queer”… Quem diabos chama a gente assim?

— A tua musa. Ah, vou aderir. Tchau, musa queer, até amanhã!

— Vai te foder.

André saiu, aos risos. Prince nem o levava mais para a porta, pois ele já era da casa.

Assim que ficou sozinho, colocou o violão no canto e se deitou, cansado. Olhou para o teto, pensou um pouco em toda aquela confusão. Ele não fazia ideia se estava indo longe demais com isso, mas não conseguia negar para o seu coração que estava extremamente apaixonado.

Ele não se importava de perder a guerra, desde que não tenha desistido dela.

Após esse momento de reflexão, cedeu ao sono e dormiu.

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Casa do Prince - [horário indefinido]

Ainda era noite quando Prince acordou com o toque da campainha. Ele passou a mão nos cabelos, sentindo o peso do corpo e a dor em suas pernas após horas de caminhada naquele bairro desconhecido.

Ignorou o chamado e voltou a se deitar.

— Mãããe…

Chamou, para que a mulher fosse atender. Após a campainha tocar umas 3 ou 4 vezes, Prince, já impaciente, se levantou e calçou seus sapatos.

— Porra, mãe!

Murmurou, enfurecido. O rapaz tinha uma boa vista do terraço da sua casa pela janela do quarto, então foi até a sacada conferir quem era.

Aquilo fez o seu coração bater forte.

Luna estava na porta de sua casa. Parecia com frio, triste, o que chamou muito sua atenção.

Ele ficou a observando por um tempo, em transe, até acordar após a campainha tocar pela 5ª vez. Mais do que apenas atender, o rapaz correu contra o tempo para se vestir de forma mais decente, pentear o cabelo, escovar os dentes, tropeçar no puff da sua mãe, esconder o hematoma com um xale e correr até a porta.

Já perto de desistir, Luna não parecia disposta a tentar tocar uma 6ª vez, quando de repente ouviu a maçaneta girar.

— Oi! Opa! Er… hum…

As palavras custaram a sair. Prince não sabia como devia cumprimentá-la, sequer o que ela estava fazendo ali, então apenas abriu a porta e esperou que ela dissesse alguma coisa. Ele estava chocado e seu olhar dizia muito isso, embora tentasse disfarçar.

Luna, por sua vez, tinha os seus belos e grandes olhos azuis marejados, estava com um semblante tão abatido. Ela apenas se aproximou e o abraçou, chorou em seu ombro. O rapaz ainda estava um pouco surpreso, porém não questionou os seus atos, lentamente entrelaçou os braços no corpo da garota e deu todo o seu apoio com um silêncio complacente. Sua missão agora era fazê-la bem, mostrar que ela tinha, sim, em quem confiar. Prince queria ser seu porto seguro e queria que ela fosse o seu.

Eles entraram e ele a levou para onde ficariam mais à vontade.

Prince abriu a porta do quarto com um pouco de nervosismo. Ele não teve tempo de arrumar sua bagunça e era bem provável que Luna achasse suas revistas adultas se ela olhasse bem, mas, para sua felicidade ou não, a garota não estava com cabeça para isso.

— Er… fica à vontade. Desculpa a bagunça…

O rapaz foi até a cama e pegou algumas coisas que haviam ali, como cadernos de músicas e algumas peças de roupas, e jogou no canto do quarto para que a menina pudesse se acomodar onde quisesse. Entre o puff e a cama, Luna preferiu a cama, onde se sentou na ponta e levou as mãos ao rosto. Prince começava a reparar melhor no semblante dela e isso começava a mexer consigo também.

— O que foi, Luna...?

A garota custou um pouco a falar, mas as lágrimas foram mais rápidas e, sem pedir licença, desceram por suas bochechas.

— Ele me machucou tanto…

Prince sentiu uma pontada no coração quando ouviu isso. Ele pegou muito fácil sobre quem ela estava falando, mas não sabia se essa pessoa havia a machucado no quesito físico, sentimental ou em ambos.

— O seu…

— Eu sei que… você não tem nada a ver com isso. Eu só… as minhas amigas disseram que eu errei por não ter entendido o ciúme dele, que ele só estava se sentindo traído, que eu não fui empática…

— Mentirosas.

Seu comentário fez a menina se calar imediatamente. Ela o encarou, surpresa, e Prince percebeu que ou havia dito algo muito bom, ou havia feito a pior besteira da sua vida.

— O que disse?

— Er… mentirosas. Elas são mentirosas.

Luna arqueou a sobrancelha e Prince sentiu que precisava explanar aquilo.

— Luna, eu… Eu não sei como é sua relação com esse cara, mas eu só te vejo aborrecida. Eu… meus amigos te acham muito pavio-curto, mas eu nunca vi dessa maneira. Eu nunca pensei que o problema pudesse ser você, e sim algo à sua volta. Você não parece feliz com ele, essa é a verdade.

A garota ponderou sobre aquilo. Prince prosseguiu.

— Existem pessoas… que te tratariam muito melhor…

— Prince, eu sei que você gosta de mim.

Aquilo fez o rapaz se calar, mas ele de fato não estava surpreso, afinal de contas ele descaradamente assumia isso todo santo dia.

— E…?

— Você não devia se meter com ele, ele não é flor que se cheire…

— Eu não quero ele, Luna, eu quero você.

O rapaz se aproximou da garota, sentando-se de frente para ela. Essa era a hora perfeita para ser franco.

— Me deixe amar você… Eu não sou como ele, eu não sou como ninguém que você já ficou. Me deixe mostrar pra você que é bom amar e ser amada…

— Não… Prince, por favor… Se ele souber disso…

— Ele não precisa saber.

A garota arqueou a sobrancelha, com um olhar surpreso.

— Não…? Está insinuando…

Ele suspirou.

— Luna, me deixe ser seu amante. Me deixe te fazer sentir o que é ser amada, o que é ser feliz com alguém. Ele não precisa saber… não agora. Termina com ele aos poucos… deixa essa poeira abaixar, mas me deixa mostrar pra você o que é um homem de verdade, um homem que te ama e que quer o seu bem.

A garota parecia chocada com aquelas palavras, mas Prince via, em seus olhos, dúvidas, curiosidade, vontade. Ele sabia que ela precisava largar aquele homem logo, e sabia exatamente quem iria substituí-lo.

— Eu te amo…

Ele sussurrou, mantendo os olhos nos dela, sendo o mais sincero possível. Suas mãos lentamente agarraram as dela, apertaram de forma carinhosa os seus dedos frágeis, ele só estava esperando um sinal de permissão para se aproximar e fazê-la feliz como prometera.

Luna levantou o seu rosto, ponderou um pouco, sentia que precisava disso, e então o beijou.

Prince já havia tido alguns namoricos antes, mas nem o seu primeiro beijo havia sido tão emocionante como aquele foi. O seu coração batia como um nerd apaixonado ao ser correspondido, mas ele sabia que precisava de controle, atitude e, sobretudo, de seu amor sincero para cativar o coração de sua musa.

O rapaz retribuiu o beijo, acompanhando os movimentos labiais da garota, gradativamente intensificando aquele carinho. Prince queria explorar sua boca, ele sempre havia se perguntado qual era o gosto dos lábios de sua musa, o que sentiria quando a beijasse, e enfim essa hora havia chegado. Não queria ir com muita sede ao pote, sabia bem o que uma garota como ela gostava nesses momentos, então deixou o tempo seguir o seu curso e as vontades de sua musa imperar naquele primeiro momento.

Lentamente a conduziu a deitar-se e ela prontamente obedeceu, o que o fez entender que, agora, as ações seriam guiadas por ele. Prince desceu os lábios ao seu pescoço e permitiu que ela se concentrasse em outras sensações, enquanto suas mãos passeavam pelo corpo dela. Começou com pequenos afagos em seu abdome, ele queria sentir a pele de sua musa, queria explorar as curvas de seu belo corpo. Subiu sua blusa até conseguir espiar a cor do seu sutiã. Azul turquesa, ele jamais esqueceria essa cor. Por fim, tirou a sua blusa.

Após o ato, Luna o encarou nos olhos, já estava serena, era possível contemplar a beleza do seu semblante cheio de paz. Prince sorriu e se aproximou para beijá-la mais um pouco enquanto suas mãos procuravam soltar o fecho do sutiã, mas ela o impediu, com um sorriso sapeca.

— Tira sua camisa também.

O rapaz achou o pedido um pouco “okay” demais, mas acatou. Removeu o xale e, em seguida, a blusa de frio, o que deixou evidente o hematoma que havia ganho com a queda pelo puff. Era uma marca roxa que ficava bem visível na sua pele parda, e seguia pelo tórax, alcançando um pouco do seu braço esquerdo.

— Prince…

— Foi um acidente, não é nada demais.

A garota apertou de leve aquela marca, o que provocou um gemido baixo de dor do rapaz. Ele instintivamente levou a mão à dela, a impedindo de prosseguir com aquele “exame”.

— Onw…

Disse Luna, mimando o rapaz, que estava detestando ser tratado como coitadinho. Ela se aproximou e começou a beijar carinhosamente aquele hematoma. Prince estava adorando os beijos, mas ainda um pouco aborrecido.

— Não precisa disso, sério, posso cont…

Prince calou-se, surpreso, após sentir sucções provocadas pela garota em um de seus mamilos. Eram constantes, começaram sem aviso prévio e, a cada novo ato, toda a sua pele ouriçava. Luna havia encontrado o seu ponto fraco, bastou isso para que o rapaz se entregasse e deixasse a excitação dominar o seu corpo.

— Porra...!

Sussurrou, em seguida mordeu os lábios para evitar outro comentário. Ele não esperou mais para prosseguir para o final daquela brincadeira, então levou uma das mãos até a coxa da menina e puxou o seu quadril para mais perto do dele. Em questão de segundos ela estaria consumida pelo seu prazer.