P.O.V Da Sam

Quando chegamos ao pronto-socorro, a bebê já estava ficando roxa e inchada. Sua boquinha estava até mesmo azulada. Benson estava em pânico, a tirei do colo dele depressa e corri pedindo ajuda. Rapidamente uma equipe médica foi convocada para atender a pequena, sua filha foi levada, não deixaram ele entrar na sala de atendimento.

Ele ficou preenchendo a ficha, estava tremendo muito. Não parava de chorar. Se culpava pelo ocorrido.

Fiquei ali ao seu lado, nervosa, tão aflita com toda aquela situação.

Eu já tinha passado alguns perrengues com o meu filho. Entendia perfeitamente como ele se sentia.

— Vou pegar um copo d'água para você. - Fui até o bebedouro.

— É minha culpa... Caí no sono... Carly nunca vai me perdoar se...

— Ei, beba isto. Crianças são assim. Se ela tivesse ingerido muito... - Me calei. - Ela vai ficar bem. Vamos sentar um pouco... Não foi sua culpa. - Fiz ele beber a água.

Ele sentou ao meu lado ali na sala de espera. Deixou a água pela metade, peguei o copo descartável. Freddie ligou para a Carly.

Segundo ele, ela estava no salão.

— Só cai na caixa postal. - Bufou frustrado.

— Responsáveis por Belinda Josie Shay Benson? - Uma médica apareceu, os dados da bebê estavam em sua prancheta.

Freddie rapidamente levantou indo falar com mulher de jaleco branco e semblante sério.

Tomei o resto de sua água, o líquido quente desceu por minha garganta. A água do bebedouro não estava tão gelada quando peguei.

Meu filho estava em casa com a minha mãe.

Quando o Benson me ligou desesperado, eu não pensei duas vezes, eu estava abastecendo a moto alugada quando recebi sua ligação. Por sorte, o posto de gasolina não ficava longe de sua casa.

Aluguei uma bela Ducati.

As minhas duas motos ainda chegariam em Seattle. Só iria demorar mais um pouco.

Vê-lo devastado na calçada com sua filhinha desfalecendo presa ao corpo dele dentro do Sling foi de partir o coração... Sou mãe, eu compreendi todo o medo e a angústia que ele sentia naquele momento.

— Como ela está? - Perguntei para ele que se aproximou de cabeça baixa.

— Está passando por uma lavagem gástrica agora... Ela terá que ficar em observação. Preciso falar com a Carly. Um de nós dois terá que passar a noite aqui com ela. - Dizendo isso, se afastou tentando ligar para a esposa.

E finalmente foi atendido, observei ele andar de um lado para o outro enquanto contava o que havia acontecido com a filha deles.

— Ela já está vindo... Deus! Carly pirou. - Estava tenso.

Imaginei ela gritando com ele durante a ligação. Coitado. Benson já estava abalado demais.

Demorou menos que 20 minutos, Carlotta chegou surtada, chorava e gritava querendo ver a menina.

— Calma! Não podemos vê-la ainda, ela está passando por um procedimento e...

— O QUE ESTAVA FAZENDO? COMO PÔDE SER TÃO DESCUIDADO ASSIM? - Ela estava enlouquecida, tentou empurrá-lo, queria atravessar o corredor.

Levantei já querendo ir embora dali. Fiz a minha parte. Ajudei ele e a criança. Chegamos à tempo. Era o que importava. O pior já havia passado.

Foi então, que Carly me viu.

— O QUE ESSA MULHER FAZ AQUI? - Me olhou com repulsa.

— A Sam nos trouxe, eu pedi ajuda...

— O QUÊ? VOCÊ ESTAVA COM ELA? DEIXOU A NOSSA FILHA DE LADO PARA SE AGARRAR COM ESSA VAGABUNDA? - Apontou para mim.

Seu escândalo chamou atenção.

Todos ali nos olhavam pasmos.

— Vagabunda não! Me respeita! Só fiz um favor...

— O que faz em Seattle? Veio atrás do meu marido? Vocês estavam juntos! SE MINHA FILHA MORRER, A CULPA SERÁ DE VOCÊS! - Carly surtou de vez.

Freddie a segurava.

— Não é nada disso! Posso explicar tudo depois. Pare de dar vexame! Tá todo mundo olhando! Quer que te coloquem para fora do hospital? - Sacudiu ela pelos ombros.

— Me solta, imbecil! - Se desvencilhou.

— Tô indo nessa... Melhoras para a bebê. - Falei para o Benson.

— SUA DESGRAÇADA! - Tentou vir com tudo para cima de mim, mas ele foi rápido a detendo.

— Isso mesmo, contenha a sua mulher! Não tô a fim de quebrar a cara dela! - Avisei deixando claro.

— Sai daqui, sua cretina! Eu que devia quebrar a sua cara! Vadia! - Carly voltou a me ofender.

Olhei bem para a cara dela.

— Já esqueceu da última surra que te dei? - Indaguei sem me intimidar.

Ela se agitou tentando se soltar.

— Quem tem filho pequeno não enfia o celular no cú quando vai para o salão de beleza! Ele te ligou umas 10 vezes e só caía na caixa postal! Só estou aqui porque sua filha precisava, uma ambulância não chegaria à tempo! Foi o seu marido que ligou pedindo ajuda. Quanto tempo demora para fazer as sobrancelhas? Sua pele está ótima. Fez esfoliação também? Hidratou o cabelo? O pacote promocional completo? Faço tudo isso em casa, e ainda consigo ficar de olho no meu filho! - Joguei na cara dela.

Ela exalava à produtos cosméticos caros.

Estava sem maquiagem e a pele reluzia, os olhos inchados de tanto chorar e também tinha os cabelos úmidos e brilhantes.

Sim, ela tinha acabado de chegar do salão.

As unhas estavam borradas. Carly passou as mãos pelo rosto nervosa.

Pelo tempo que ela ficou fora de casa, ela não devia estar naquele estado.

Alguma coisa ali não batia...

— Tchau! - Dei uma ótima olhada para o Benson.

— Obrigado por tudo, Puckett. - Me agradeceu.

— Não me toca! Saia de perto de mim! Vai pra casa! Vou passar a noite com ela... Você se descuidou dela. Se eu soubesse, teria deixado a nossa filha com os padrinhos! - Brigou com ele.

Não ousei olhar para trás.

Senti pena do Benson.

Carly continuava dando chiliques. Nem respeitava o ambiente hospitalar.

— Sam! Espera! - Ouvi sua voz rouca minutos depois.

Estava mais grave.

Me virei para ele.

— Seria abuso eu te pedir mais um favor? - Se aproximou acanhado.

Estava cabisbaixo.

— Te dou carona. Relaxa. - Ela havia mesmo o mandado embora do hospital.

— Lamento pelo surto que ela deu e por todas as ofensas...

— Deixa isso pra lá. Carly já era mesmo surtada, percebi que piorou com o tempo. Agora ela sabe que sou mãe. E sei também que ela estava muito nervosa. Vou te deixar na sua casa. Só quero ir pra minha casa também, ficar perto do meu filho...

— Nosso filho, Sam. Poderia me mostrar alguma foto dele, por favor? - Pediu.

— Claro. - Concordei.

Tirei o celular do bolso. Desbloqueei o aparelho. Abri a galeria de fotos.

— Esse é o Alexander... Alex. Meu filhote. - Sorri orgulhosa.

Mostrei uma foto do nosso garotinho.

— Ele... Ele... - Ficou embasbacado.

— Sim. Ele é a sua cara! - Confirmei.

Freddie sorriu todo bobo, estava com os olhos marejados.

O levei para casa e fui embora para a minha.