P.O.V Da Sam

Nunca imaginei que pisaria de novo em Seattle. Acabei quebrando a minha própria promessa, a que fiz quando parti anos trás. Há exatos seis anos para ser bem clara. Fui embora com o coração partido, mais uma vez, como eu pude bancar a tola novamente? É como se eu gostasse de quebrar a cara. Certas coisas nunca mudam, é claro que ele iria escolher ficar com ela. Sua paixão de infância. O seu primeiro amor... Para o Benson sempre fui a sua segunda opção.

Meses após a minha partida, fiz uma descoberta. Eu nem imaginava que uma pequena coisa faria toda a diferença em minha vida.

Muitas coisas aconteceram durante esses anos todos. Isto mudou a minha vida completamente... Foi algo inesperado que me ajudou no meu amadurecimento. E de certa forma, hoje em dia sou alguém melhor.

Simplesmente tem coisas que acontecem de forma que nos fazem acreditar que era para ter sido daquele jeito e que devemos aceitar. E foi o que fiz quando estava sozinha e desamparada, uma difícil escolha, eu não podia ter feito outra escolha senão aquela que mudou a minha vida... E não me arrependo.

Nenhum pouco.

Não foi nada fácil ficar longe da minha mãe e dos meus poucos amigos que restaram em Seattle, com a minha nova realidade batendo na porta, eu tinha medo e muita insegurança, eu tive tanto receio de não poder dar conta... Mas eu fui capaz. Só a minha mãe sabia e ela me apoiou mesmo estando longe.

Pam me deu forças.

Provei a mim mesma que podia lidar com tudo aquilo... Porque sempre fui forte, e não poderia me render jamais, eu iria superar qualquer obstáculo que viesse e eu dei a volta por cima mais uma vez, eu precisava passar por cima de toda aquela merda que tanto me abalou.

Eu tinha que seguir em frente.

Nunca foi sorte, sempre foi batalha atrás de batalha. Lutei por minhas coisas com garras e dentes, conquistei mais uma vitória. Consegui abrir mais uma loja de doces carregando o meu sobrenome.

Do qual seu sempre tive muito orgulho de ser uma Puckett.

Os negócios fluíram gerando bons lucros, até que decidi fazer um acordo com o Gibson, nos tornamos sócios após diversas e longas conversas por ligações, e vamos abrir uma filial em Seattle, com metade de seus investimentos, é claro.

O Gibson já alugou o nosso estabelecimento.

Nosso objetivo é fazer a S&G Candy's se tornar a maior loja de doces de toda a Seattle. Assim como as duas outras lojas que abri em L.A, e pensando em novos planos, resolvi voltar para Seattle, comprei uma casa para morar com a minha mãe. Uma bem maior e cheia de conforto, minha mãe colocou a nossa antiga casa para alugar e se mudou para a casa nova, assim que eu terminasse de resolver as coisas pendentes, me mudaria em breve.

E é exatamente isto que estou fazendo, estou voltando casa, para a minha cidade natal, onde sempre será o meu lar... Não importa quantos anos eu passe longe de Seattle. Sempre será o meu lugar preferido de todos.

[...]

— E os meus amiguinhos da escola, mamãe? - Meu menino perguntou coçando os olhinhos.

O avião logo iria pousar. Eu não via a hora de chegarmos.

— Você fará outros amigos, mais legais que aqueles, eu prometo, filho. - Beijei seu rosto, ele deitou a cabecinha em meu ombro.

— E se não gostarem de mim? Eu tinha um monte de coleguinhas na outra escola. - Disse fazendo o meu coração se apertar.

Seria uma vida nova, numa cidade nova, ele teria de se adaptar, ainda era muito pequeno, não entendia o motivo de termos nos mudado.

— Amor, é claro que irão gostar de você. Você é o garotinho mais adorável e inteligente. Não está ansioso para rever a sua avó? Ela deve estar louca para te abraçar, comprou muitos presentes para você. - Tentei animá-lo.

Finalmente chegamos em Seattle, Alex estava um pouco enjoadinho, devia ser por conta da viagem.

Eu só estava com um pouco de dor de cabeça.

— Olha ali a vovó, filho! - Avistei minha mãe.

Continuava a mesma, Pam nunca mudava, parecia ainda mais jovem.

Só ela sabe o que passei, como foi complicado... No entanto, eu dei o meu jeito. Fiz o melhor que pude e nunca deixei nada faltar para o meu pequeno.

— Só isso de bagagem, Sam? - Minha cópia mais alta e mais velha olhou para as poucas malas.

— Como se eu fosse trazer o meu guarda-roupa todo, deixei muita coisa para trás, inclusive os móveis para serem doados. Os brinquedos do Alex foram para um orfanato. Eu só trouxe o básico! - Nos abraçamos.

Pam me apertou e eu apreciei o momento.

— E esse rapazinho aqui? - Se abaixou alegre para bagunçar os fios lisos e escuros do neto.

Alex ainda acanhado e enjoadinho, não saiu do meu lado, se ele fosse menor, teria agarrado a minha perna.

— Cumprimente a sua avó, anjo. - Fiz carinho na cabeça dele.

— Oi, vovó. - Se limitou a dar um pequeno e tímido sorriso.

— Que garoto bonito! Cresceu muito! - Mamãe o abraçou.

Sorri com a cena.

Era bom vê-los juntos... A última vez que ela foi nos visitar, Alex tinha acabado de completar 4 aninhos.

Pam nos ajudou com as malas, quatro malas para ser exata... Com o dinheiro que sempre depositei em sua conta, ela comprou um carro e mandou a lata-velha para uma sucata.

À caminho da nova casa, fomos conversando.

Sempre mantivemos contato, não havia novidades. Minha mãe fazia questão de me manter informada. Às vezes dizia mais do que deveria...

Eu sei muito bem que o Benson é casado com a Shay, e que eles tem uma bebê. E que estão casados há 5 anos... Foi como eu imaginei que seria.

— Chegamos, meu amor. Esta é a nossa nova casa, filho. - Mostrei a linda casa onde viveríamos.

— Que legal! Agora podemos ter um cachorro, mamãe? - Antes morávamos num apartamento e não era permitido Pets no prédio.

Ver seus lindos olhos castanhos brilhando e seu sorriso precioso não tinha preço.

— Amanhã iremos visitar um Pet Shop. - Prometi.

O sonho dele era ter um animalzinho de estimação.

— Nem vai ser preciso, a cadela da vizinha deu cria essa semana, ela só está esperando os filhotinhos desmamarem, são da raça Golden Retriever. - Minha mãe avisou.

Eu sempre quis um quando era pequena e ela nunca me deixou ter um cachorro. Somente um coelho.

— Nada de mimar o menino, você nunca me mimou, mãe! - Eu disse num tom brincalhão.

— Oh, minha Rolinha, irei mimar ambos daqui pra frente. É tão bom ter vocês ao meu lado. - Estava toda emotiva.

Sorri para ela abraçando-a de lado.

— Prometo que nunca mais eu irei embora. Eu vim para ficar. Também voltei por você, mãe! - Olhamos para o Alex que estava curioso, andando pelo jardim.

Seria um grande recomeço para nós dois.