No dia seguinte...

P.O.V Da Sam

Acordei bem cedo, precisava encontrar o Gibby para tratarmos de negócios. Meu sócio estava me esperando na Queen Bee Cafe, uma cafeteria com o menu bem caseiro, eu amava o bacon crocante que eles faziam ali. Gibby também estava casado, tinha um filho de 3 anos, assim como Brad e Wendy que casaram também e já eram pais de duas meninas.

— Uou, Sam! Você está incrível! - Me recebeu alegre.

— E aí, sócio? Que saudades, cara! Eu ainda nem acredito que vamos mesmo comandar uma loja de doces juntos! - Nos abraçamos.

Quando tínhamos 13 anos, não éramos tão amigos e eu costumava pegar no pé dele, fazia até piadas desagradáveis com o seu peso. Mas o Gibson realmente nunca ficou com raiva de mim e nem nada do tipo.

— Quando me fez a proposta, achei que fosse brincadeira. Já aluguei o estabelecimento, só precisa de uma boa reforma. Você veio de Uber? Tô com o meu carro, podemos passar lá depois, quero te mostrar tudo para acertamos sobre a reforma. - Disse empolgado.

Eu tirei o casaco, pendurando no espaldar da cadeira e nos sentamos um de frente para o outro.

Era uma mesinha redonda com cadeiras com assentos acolchoados.

— Estou ansiosa para ver tudo. Já tenho algumas ideias em mente. Até fiz alguns esbolços, dê uma olhada... Espere um segundo, vou pegar meu tablet... - Minha bolsa estava sobre minhas coxas, rapidamente abri procurando meu tablet, achei e desbloqueei o aparelho.

Mostrei os esbolços em 3D do design que fiz por um aplicativo. Eu sabia um pouco sobre arquitetura, e sempre amei desenhar. Não foi difícil criar os esbolços do lugar que eu tinha em mente.

— Nossa, que legal! Você é realmente boa. Por quê não é uma arquiteta famosa, Puckett? - Se impressionou com os desenhos da loja que montei, ampliei a imagem. - Colocaremos as máquinas de doces bem aqui... - Mostrei o local.

— Teremos bastante espaço, você viu pelas fotos que mandei ontem. Mas você precisa ver pessoalmente. O local é incrível, a loja ficará localizada bem no centro, com a via principal e com aquela travessa que dá para o colégio Hastings, dá para colocar máquinas de sorvete, algumas mesas debaixo da fachada, teremos os estudantes como uma boa clientela. - Gibson sugeriu.

— Que ótima ideia, Gibby! Quem resiste à doces e sorvete? Genial! Não tem como o nosso negócio dar errado. Também estive pensando nos funcionários. Vamos abrir vagas para aqueles que estão precisando de dinheiro para a faculdade. Meio período, é claro. Não será um bom atrativo contratar alguém da nossa idade, jovens lidam com jovens, sabemos como funcionam essas coisas... - Olhei o menu.

Já tínhamos 33 anos na cara.

Ele concordou e fizemos os nossos pedidos.

Depois que tomamos café-da-manhã juntos, fomos em seu carro para o ponto que ele alugou. Gostei demais. Um lugar perfeito para transformarmos na nossa loja de doces.

— Sua esposa está em casa cuidando do bebê? - O filho deles só tinha 3 anos.

Era uma gracinha, um lindo garotinho que herdou a pele cor de chocolate da mãe e os olhos esverdeados do meu amigo.

— Nosso pequeno ainda usa fraldas e mama antes de dormir, a Melissa está ficando cada vez mais cansada com a rotina, ela ainda não voltou a trabalhar e não quer deixar o Ethan nem com a minha mãe... Estamos tendo alguns problemas, quero mandá-lo para a creche e ela não concorda comigo. Não confia em babás após ver aqueles vídeos na internet onde babás são agressivas, isso deixou ela meio paranóica... - Desabafou frustrado.

— Sinto muito... Eu também tinha medo de deixar o Alex com babás. Até instalei câmeras para monitorar tudo... Espero que resolvam isso. Se quiser, posso conversar com ela e dar alguns conselhos... - Falei quando ele estava me levando para a minha casa.

— Isso seria bom. Você é mãe e talvez ela te ouça. Por quê vocês mulheres são tão teimosas assim? - Me fez rir.

— Como se os homens não fossem também... - Revirei os olhos.

— Vai matricular o Alex na Middle School? - Perguntou.

— Sim. Ele gosta de estudar, coisa que sempre odiei e você sabe. Nunca vi ele reclamar ou querer faltar um dia, o meu filho é um...

— Pequeno nerd... - Mordeu o lábio quando eu o olhei. - Desculpa. - Ficou sem jeito.

— É o que ele é, um pequeno nerd mesmo... - Confirmei em voz baixa.

O silêncio tomou conta do carro.

Gibby sabia apesar de eu nunca ter contado sobre o pai do Alex...

[...]

1 semana depois...

— Olha a lancheira, você já ia esquecendo. - Entreguei a lancheira azul enfeitada com adesivos, ele gostava de adesivos com figuras geométricas, então personalizava suas coisinhas.

— Tchau, mãe! - Acenou e já queria entrar, estava ansioso.

— Volta aqui, amor, cadê o meu beijo? - Me abaixei.

Ele piscou parado me olhando, depois olhou ao redor, vários pais deixavam seus filhos na porta da sala.

— Não baba o meu rosto, mamãe... - Estava coradinho.

Segurei o riso e o puxei para um abraço apertado.

— Own, você está crescendo tanto, príncipe! Agora quero te colocar de volta no meu ventre! - Meu menino logo entraria na fase de se envergonhar com bobagens.

Ele beijou meu rosto e entrou na sala correndo.

Saí da frente da porta, eu me afastei dali com o coração meio apertado, ele era o meu mundo e sempre foi muito apegado a mim... Me tornei o tipo de mãe coruja, chorei no primeiro dia que o deixei na creche.

Ele tinha só 2 anos. Voltei pra casa aos prantos.

Alex tem 6 anos agora e para mim continua sendo o meu bebê de olhos brilhantes e sorriso fofo.

Andando distraída, eu acabei dando quase de cara com alguém, ele derrubou tudo que carregava, livros e pastas, rapidamente me abaixei para ajudá-lo com as coisas que o fiz derrubar...

— Me desculpe, eu sou uma estabanada e...

— Ei, nos conhecemos? Sam Puckett? - Me fez olhá-lo, ficamos cara a cara.

— Acho que... - O encarei bem. - Shane Peters? - Ele estava um pouco diferente, mas é claro... Todos nós mudamos um pouco.

— Lembro de você... A garota durona, amiga da Carly Shay! - Fechei o sorriso.

— Oh, falei algo errado? - Juntou as coisas com a minha ajuda.

— Passei alguns anos morando em L.A, Carly e eu perdemos o contato... - Não iria entrar em detalhes.

— Certo... Entendo. Você... - Me analisou. - Que bom rever você. - Nunca fomos amigos, apenas conhecidos.

Sorri para ele. De repente, fiquei um pouco tímida.

Ele até chegou a sair com a Shay quando tínhamos 15 anos.

— Então, professor Peters... Qual matéria você leciona? - Fiquei curiosa.

— Dou aulas para o 4° ano, ensino espanhol. - Uou, professor de linguagem.

Sempre fui boa em espanhol assim como o... Não importa mais.

— Que legal. Caramba, tenho coisas para resolver agora. Só vim deixar o meu filho. Você deve estar com pressa também. Foi um prazer rever você. Nos veremos com mais frequência agora, já que você dá aulas aqui e... Hasta la vista! — Me despedi antes que me atrapalhasse toda.

Ele sorriu e eu me senti uma completa idiota.

Hasta la vista! - Acenou para mim.

Fui embora dali apressada, nem sei porque, mas rever o Shane me deixou um tanto... Sei lá... Ele estava tão bonito. Charmoso.

Shane e o Benson eram amigos, será que continuam sendo hoje em dia?

Merda... Tantos anos já se passaram desde que deixei Seattle para viver em L.A.

Não vi o Shane no aniversário do Benson naquela noite...

Apenas, Brad, Griffin, Gibby e outros desconhecidos por mim.

[...]

— Já pensou o que vai falar quando o pai do Alex for te confrontar? Porque você não é tonta, sabe muito bem que uma hora o pai dessa criança vai conhecer ele...

— Ele não tem nada que me confrontar, até porque o Alex é somente meu filho, eu o criei sozinha. Nunca deixei faltar absolutamente nada para o meu filho e...

— Samantha, não seja tão cabeça-dura, porque ele pode exigir o teste de DNA, e vamos ser francas, basta olhar para o menino, nem vai precisar confirmar mais nada. É a cara do Benson! - Pam jogou na minha cara.

Eu até rezei para o bebê em meu ventre nascer com minhas características. Que tivesse os traços iguais aos meus, mas Deus não ouviu minhas preces, assim que Alex foi colocado em meus braços, vi que ele não havia herdado nenhum sinal meu, ele até nasceu com o mesmo sinalzinho no pescoço igual o do Nerd.

— Cacete, mãe! Eu sei. Olho para o Alex todos os dias! Até o Gibby sabe, apesar de não ter questionado nada até agora. Mas assim que ele viu a foto do Alex, percebi que ele se tocou que o Benson é o pai... E só para não causar nenhuma confusão, porque prefiro evitar ir ao tribunal... Ele não seria nem louco de ir exigir a guarda do meu filho, ou até mesmo me processar, vou agora mesmo atrás desse idiota e dizer que fui embora grávida dele! - Falei decidida.

— Você quer abalar a vida desse homem? Ele está casado e é pai de uma menina, um bebê! Porque se voltou pra Seattle com a intenção de acabar com o casamento dele assim como fez com a festa que a Carly preparou naquela noite, é melhor arrumar as suas coisas e voltar para Los Angeles! - Minha mãe se irritou.

— Eu não voltei pra Seattle para acabar com o casamento dele. Eu já o superei, mãe! É melhor que ele saiba que o Alex é filho dele, antes tarde do que nunca, que ouça da minha boca para que não...

— VOCÊ É BURRA, MINHA FILHA? ELE VAI FICAR COM RAIVA DO MESMO JEITO E AINDA PODE LUTAR PELOS DIREITOS DELE E TE TOMAR O MENINO! - Seu grito me assustou.

Ela se preocupava, temia por mim...

— E o que quer que eu faça, mãe? - Senti um bolo se formar em minha garganta.

Era o medo me golpeando.

— Devia ter contado a verdade desde o dia que soube que estava grávida, se tivesse me ouvido, evitaria toda essa situação! - Disse me encarando.

Claro que ela tinha razão.

— Vou contar a verdade, e vai ser agora! Não me importo se ele vai ficar com raiva! Vou arcar com as consequências, cansei de guardar esse segredo! Cansei! - Minha decisão estava tomada.

Sempre que meu filho perguntava pelo pai, eu dizia que o pai dele tinha outra família e que morava longe... O que nunca deixou de ser verdade.

Saí de casa indo pegar o endereço do Benson com a mãe dele. Eu precisava conversar com a Marissa antes de ir bater de frente com o Freddward.