Chego em casa e encontrei meu irmão jogado no sofá, assistindo Pokémon. Ele não parecia estar tão em interessado no anime, porque assim que abro a porta ele imediatamente levanta do estofado e vai logo me atropelando com perguntas:

- Ficou com ela? Ela beija bem? E demorou por quê? Hein?

Depositei meu material na mesa de jantar e respondi, pausadamente:

- Não, não fiquei com ela. Demorei porque o trabalho é grande. Okay?

Ele pareceu chateado, e voltou para a televisão. Subi ao meu quarto para tomar banho e guardar o bichinho de pelúcia. Meus pais ainda não chegaram do trabalho, o que significaria que Gerard ia fazer nosso jantar. Tomei minha ducha um pouco mais demorada. Eu começava a achar que tinha fascínio pela Stefani. É uma coisa estranha, porque garotas para mim significavam apenas o outro sexo da espécie. Apenas a terra fecunda e nada mais que uma parceira para ajudar a expandir a humanidade.

Não que eu tivesse essa visão pela minha mãe e pela as mães de meus amigos. Mas é uma coisa diferente. Uma coisa é você amar uma mulher com gratidão e ternura, pelo fato de ela ter dado tudo por você, outra é você amar uma mulher pelo simples fato de amá-la. Não porque ela te ama. Não porque você deve algo a ela. Nem porque ela pode parecer a parceira ideal para reprodução. E sim porque você acha ela linda, inteligente sensível, e não sabe como que a ama.

Se eu estou apaixonado, acredito que só eu deva saber. Mas como saber? Saí do chuveiro, vestindo rapidamente meu moletom preto, todo fofinho. Liguei meu notebook, liguei a internet do quarto do meu irmão, me joguei na cama e esperei conectar. Lá fora, havia formação de nuvens escuras. Perfeito!

Acessei logo ao Google, o site de pesquisas preferido dos nerds. E do resto do mundo. Senti-me uma garota patricinha-líder-de-torcida-riquinha-mimada ao pesquisar no Google: “como saber que estou apaixonado”. Só havia sites de revistas adolescentes, com teste e dicas de horóscopo, de qual gloss usar no primeiro encontro, e toda essa melação. Eu queria algo mais científico. Mas acho que não existe. Então fui procurar o meu irmão.

Desci as escadas não tão rapidamente quanto eu queria. Não o encontrei na sala. Então fui o procurar na cozinha. E ele estava lá, preparando cachorro quente. Estava picando cebolas para o molho.

- Gee? – era assim que eu o chamava. – Posso conversar com você?

-Nunca proibi. Qual é o assunto? Física do terceiro ano, ou química médica, de novo?

- Ga... – a palavra não queria sair.

- Galileu Galilei? Sei tudo. Ele foi personalidade fundamental na revolução científica...

- Não, ele não. É que... eu acho que...

- Abre logo o jogo, Michael. – apesar de parecer irritado, meu mano parecia se divertir.

- Acho que gosto da Stefani...

Ele largou a faca e quase caiu no chão. Depois do susto, ele ergueu as mãos e disse:

- Glória a Deus!

Eu senti meu rosto ficar ruborizado.