Hurricane

Your lips are mine alone, ok?


Pov. Ally

Apenas alguns segundos. Dizia aquilo a mim mesma enquanto beijava o Nick. Bem,aquilo foi tudo desajeitado. E era errado. Eu sentia isso. Eu me sentia errada. E depois quando nos separamos,me senti mal. Porque eu não deveria ter feito isso.

A quanto tempo eu o conheço ? Duas semanas ? No máximo,eu acho. Talvez para algumas pessoas,isso fosse tempo suficiente de se conhecer alguém o bastante para sentir vontade de beijá-lo.

E bom,nos filmes as coisas acontecem rápido demais. Então,nem preciso citar esse exemplo.

E eu sei que o Austin viu. E na verdade,fiz isso de propósito. Justamente para que ele visse. E me senti ainda pior por isso.

Talvez ele possa entender exatamente como eu me senti naquele outro dia,ou talvez não. Nesses dias que se passaram,eu sinceramente duvidei de que tudo o que aconteceu nas férias tenha sido real. Ele poderia estar mentindo,fingindo,e me fazendo de boba.

Mesmo assim,alguma coisa dentro de mim,me alertava de que meus pensamentos estavam errados. Exagerados e idiotas. Não poderia ter sido tudo uma farsa. E eu não poderia ter sido tão ridícula a tal ponto de acreditar cegamente naquilo.

Eu estava errada.

Desisto oficialmente de tentar entender alguma coisa. Não sei se foi real,se foi mentira,não sei se devo acreditar no loiro ou em alguma coisa que ele diga. E também não sei se devo acreditar na possibilidade dele ... dele me querer.

Eu apenas saí correndo.

E me senti mais idiota ainda.

Corri até a esquina de alguma rua,tenho certeza de que já tinha dado várias voltas e de que estava cada vez,mais distante de casa. E provavelmente,estava também confusa demais para tentar achar o caminho de volta.

Era fácil, pensei.

Só dobrar a próxima rua e seguir reto. Um novo caminho,sem tem que passar na frente daquela lancheria,e chegaria em casa mais rápido ainda. Mas eu não queria isso. Então,andei na direção oposta percebendo então,que o mesmo parque qual eu havia feito aquele piquenique com meus pais ficava naquele caminho.

Me sentei em baixo de uma árvore grande. Tinha bastante sombra e era um lugar quase vazio. As crianças não conseguiriam escalar uma árvore tão alta,e o parquinho não ficava desse lado. O mais perto que tinha de mim,era uma velha gorda comendo um salgadinho enquanto seu cachorro louco estava correndo por aí. Eu sabia que era seu cachorro porque ela gritava pra ele,e o cão voltava,ela lhe dava um salgadinho na boca e ele voltava a correr em disparada sem nenhuma direção.

E mesmo assim,ainda era um pouco longe.
Suspirei,meio que me encostado na árvore. Precisava me desculpar com o Nick. O garoto deve ter ficado até assustado. Tipo : O que essa louca tá fazendo ?

E eu ainda fugi.

Deveria estar vermelha assim que encarei seus olhos azuis,incapaz de falar ou fazer nada,enquanto pelo canto do olho,via apenas as costas de Austin,indo embora. Não vi exatamente a reação dele. Mas um lado meu,queria que ele ficasse pelo menos bravo.

Eu deveria ensaiar um pedido desculpas convincente para o Nick.

Idiota! Idiota! Bati na minha própria testa.

O cachorro da velha gorda correu em círculo bem próximo a mim e depois voltou para pegar mais um petisco da mão da dona.

– Os cachorros não deveriam comer esse tipo de coisa. - Alguém disse,o som vinha de trás da árvore. E logo um par de olhos azuis me encaravam. Nick fez a volta até se sentar ao meu lado e continuou: - Ração fortalece muito mais,principalmente para um cão daquele porte. Ela só está estragando a saúde do animal.

Esse era o momento perfeito para mim ficar vermelha,pelo simples fato de que eu tinha o beijado. Mas a sua companhia ainda parece confortável pra mim. Porque ele era assim,por mais que as vezes ele me irritasse por saber mais fatos bobos - mas,interessantes - do que eu.

Pensei em começar a me desculpar,mas só o que consegui dizer,foi :

– Como você veio parar aqui ?
Isso pode ter saído um pouco exaltado da minha parte.

– Eu segui você. - Ele deu um sorriso de canto. - Estava muito apressada,por isso não me viu.

Franzi a testa.

Eu não estava apenas apressada,estava atordoada. E ainda não acredito que estava distraída o bastante para não vê-lo em nenhum momento.

– Me desculpa. - Falei. - Eu não deveria ter te beijado. - Sussurrei a última parte,como se fosse um palavrão. Mas a verdade é que percebi o quanto falar aquilo era estranho. Ao meu lado,ele ri.

– Não precisa se desculpar. - Ele disse,sem olhar pra mim. - Você deu o troco nele. E não foi tão ruim assim.

Não,não foi tão ruim assim. Digo,ter o beijado. Não me arrependo exatamente disso,quer dizer,eu não deveria ter beijado um garoto por causa de outro garoto.

Mas a ação em si,não foi ruim.

– Não,é que,foi errado naquela situação. - Murmurei,olhando para cima,nos galhos mais altos da árvore.

– É,talvez.

– Me sinto uma idiota. - Murmurei,mais uma vez.

– As vezes fazemos coisas que não conseguimos explicar. Quero dizer,o real motivo. É como nossos medos,alguns não podemos explicar. E outros nem sabemos que temos antes de enfrentá-los.

Nick parecia algum tipo de doutor falando assim. Ele olhava para a frente,como se tivesse tendo algumas lembranças e pra mim,aquilo parecia engraçado. Parecia até uma cena de filme.

– Acha que ele ficou bravo ? - Perguntei,me referindo a Austin.

– Ele deve ter enlouquecido. - Nick disse no meio de um suspiro. - Acha que tenho que tomar cuidado ?

Eu ri.

– Até que essa é uma boa ideia.

( ... )

Podia sentir o olhar dele em cima de mim.

Nas poucas vezes que me arrisquei a fitá-lo de volta,meu coração parou. Não podia ser possível que Austin ficasse ainda mais bonito daquele jeito. Sim,tinha algo de estranho nele. Seus olhos estavam pretos de novo,e ele parecia mais uma vez exatamente do mesmo jeito que estava quando o encontrei em Miami de novo.

Aquilo me assustou.

Mesmo assim,ele não parava de me encarar. E minhas mãos já começavam a tremer. O professor estava falando grego na minha mente,porque eu não entendia absolutamente nada. Queria chegar na frente do loiro e o bater. E o engraçado seria que depois disso,eu provavelmente o beijaria.

Era aula de biologia agora.

Até me assustei um pouco quando o sinal tocou e vi todo mundo saindo correndo da sala. Eu estava sozinha nessa aula,digo,sem Trish, Dez ou Nick. Peguei minhas coisas as enfiando embaixo do braço.

Austin passou por mim,e minhas coisas todas caíram no chão com o esbarrão que ele me deu. Nem me olhar,ele olhou,apenas correu até a porta e a fechou. O professor já tinha saído,e todos os alunos também.

Estávamos a sós,eu e ele,e aquilo no seu olhar e na maneira de agir,me dava medo.

– Austin, o que ... - Minhas coisas caíram no chão de novo. Dessa vez,ele realmente as jogou,sem querer se importar em ter pelo menos uma desculpa pra fazer aquilo.

Seus lábios atacaram os meus. Foi provavelmente o beijo mais rápido e quente que nós dois já tínhamos compartilhado. Eu deveria odiar aquilo,e o afastar. Mas não fiz isso. Apenas o agarrei desejando ter a mesma força que ele.

– Eu vi você com aquele cara ontem. - Ele falou,quase ofegante. - Seus lábios são só meus,ok ? - Ele pronunciou rapidamente,quase sem parar o beijo. Eu não fiz nada para impedí-lo. E agora eu me sentia uma tola por gostar tanto daquilo.

E pronto,eu estava condenada novamente.