Hurricane

We were finally together.


Pov. Ally

– Por que você tá me olhando assim ? - Perguntei a Austin. Estávamos em alguma lanchonete estranha,e estávamos agindo como estranhos. E eu nem sabia por que tínhamos vindo pra cá. Mas ele me olhava curioso,e mal tocava no seu lanche,ficava apenas me olhando. - E por que a gente tá aqui,afinal ?

Austin endireitou o corpo na cadeira.

Você tá diferente. - Ele disse. Larguei meu hambúrguer na mesa e o olhei,incrédula.

– Eu ? Diferente ? Você que está agindo assim. E sei lá por que fez aquela cena na escola depois das aulas. Foi ridículo.

Ele riu,sarcástico.

– Não parecia tão ridículo enquanto você me beijava.

Você me beijou. - Corrigi.

– E você não fez nada pra impedir isso.

Estava com a minha resposta na ponta da língua,quando suspirei,me dando conta de o quanto aquilo era idiota. O que estávamos fazendo,afinal ? Isso parecia um jogo. Um jogo que nunca teria um ganhador.

– Tá. Eu não fiz nada. Quem se importa ? Eu só quero saber por que me arrastou pra cá. - Não mudei o tom hostil na minha voz e estava pensando sinceramente em pegar meu copo de coca-cola e jogar na cara dele.

Isso me confunde. Eu só queria poder entender por que somos assim. E por que eu meio que gostava disso. Tantos "Por que" ...

– Porque eu não entendo isso. - Ele falou. Franzi a testa.

– Eu é que não estou entendendo nada. - Murmurei de mau humor,tirando meus olhos de cima dele e passando por toda a lanchonete. Tentando não ficar ainda mais brava.

– Por que você o beijou ? - Perguntou com as mãos em punhos em cima da mesa. Austin estava falando baixo,como um sussurro,mas irritado. E talvez eu preferisse que ele gritasse.

– Porque eu quis. - Respondi,ainda sem o olhar.

– Olha pra mim. - Ele pediu,e sua voz parecia mais tranquila.

– Não.

– Olha. Pra. Mim. - Ele falou,pausadamente.

Balancei a cabeça negativamente e cruzei meus braços. Eu tinha contado exatamente 60 segundos quando descruzei os braços e olhei para ele,tentando estar zangada o bastante para ainda ter vontade de jogar o refrigerante na cara dele. Mas eu não estava mais. Ele parecia honesto demais,e isso me irritava ao mesmo tempo que eu gostava.

– O que ? - Perguntei.

– Eu te amo.

Me mexi na cadeira para não parecer desconfortável com aquilo,mas a verdade é que eu estava. Simplesmente por ele fazer isso.

– Eu odeio quando você faz isso. - Falei,um pouco constrangida.

Garotas normais ficariam felizes,eu não. Só me deixa ainda mais preocupada.

– Faço o que ? Falo a verdade ? - Austin perguntou.

Me senti como uma formiga agora. Eu estava me sentindo pequena demais até mesmo para olhar pra ele. E estava tentando desviá-lo o máximo possível. Tá,isso sim era ridículo. Mas era como eu estava.

– Você sabe o que eu sinto por você - comecei a sussurrar,como ele estava fazendo - , e parece querer jogar isso contra mim. - Suspirei,me recostando no assento e me sentindo cada vez menor. - Isso é maldade.

Austin riu, e passou as mãos no cabelo loiro como se estivesse prestes a arrancá-lo. Talvez eu devesse começar a gritar,sozinha no meu quarto,para ver se alivia toda essa tensão que estava sendo encará-lo todos os dias depois de o ter visto beijando a Cassidy.

– Você está complicando as coisas pra mim. - Ele disse,ainda rindo.

– E por que isso é engraçado ?

– Porque eu gosto de coisas complicadas. São mais interessantes.

– Você é maluco. - Disse,tentando estar séria. Mas acabei rindo,e ele me acompanhou. - Por que somos assim ? As coisas eram mais fáceis antes.

– Ally - ele começou - , você não confia em mim. Está me castigando por causa daquilo. - Austin disse,se referindo ao beijo com a Cassidy. - Tem que acreditar em mim,eu disse a verdade. - Ele suspirou. - Nessas últimas semanas,eu estive esperando o momento certo pra falar com você ... Mas não existe um momento certo. Eu sinto muito por ser assim,eu ... Eu não sou o cara certo pra você,mas eu quero você.

Eu ri. Enquanto pensava nas suas palavras. Éramos mesmo estranhos,de qualquer maneira. E eu acredito nele,mas sou muito orgulhosa. Eu precisava fazer aquilo, precisava que ele estivesse no meu lugar para pelo menos perceber tudo o que eu sentia.

Mas ele me queria. E só isso importava agora. Só isso. Porque eu também o queria. E acho que isso não iria mudar tão cedo.

– Você está errado em tudo o que disse. - Falei. - Eu não estava castigando você,estava tentando fazer com que você entenda o meu lado,e eu acredito em você. Só sou orgulhosa demais para deixar apenas assim. Não existe mesmo um momento certo. E você ... Eu não me importo com certo ou errado, e acho que isso não existe agora.

Passei os dedos por cima da mesa assim que acabei de falar, eu precisava me distrair com alguma coisa. Olhar pra ele naquele momento,era torturante.

– Você é muito mais inteligente do que eu. - Ele murmurou,baixo.

– Eu sei. - Disse, com um sorriso enorme no rosto.

Isso é estranho,mas era o nosso momento. Porque éramos assim,aquele era o nosso jeito. E sempre acabávamos assim.

( ... )

Juro por Deus que quando acordei de manhã,imaginei que tudo aquilo tivesse sido um sonho. Mas não era.

Os lábios dele eram bem reais,quando eu me lembrava do nosso beijo na sala de aula,e a sua expressão carrancuda e raivosa enquanto íamos até a lanchonete também. Mas o que realmente me fez acreditar que não era um sonho, foi a maneira como acabou. Apenas nós dois,rindo um do outro como fazíamos a três anos atrás.

Me arrumei para a escola com a mesma animação de todos os outros dias: nenhuma. Mesmo assim,estava pronta em 15 minutos. Meus pais não estavam em casa,e Maria já tinha saído,ela havia deixado um bilhete dizendo que tinha que resolver umas coisas com sua família,e que havia preparado um bolo pra mim,que estava dentro da geladeira.

Já estava terminando o café da manhã,quando recebi uma mensagem. Era de Austin.

"Olha na janela." Dizia.

Fui correndo até a sala e olhei pela janela da frente. Austin estava encostado em um carro,que deveria ser do seu pai. Ele estava com as mãos nos bolsos das jeans e sua pose era até engraçada.

Ri enquanto ia pegando minha mochila para sair de casa,e encontrar com ele.

– O que está fazendo aqui ? - Perguntei enquanto me aproximava. O loiro sorriu quando me viu.

– Vim te buscar. Vai recusar uma carona ?

– Eu deveria. Você não é confiável.

Austin riu,e me puxou pela cintura até ficarmos completamente colados.

– Você está certa. - Ele sussurrou,com seu hálito quente no meu pescoço.

Meu corpo estremeceu.

Ele beijou meu pescoço com suas mãos ainda em volta de mim. Não havia absolutamente nada entre nós dois a não ser a tensão que sempre existia. Hoje,agora,era bom.

Senti suas mãos dentro da minha blusa,e seu toque era quente,e minha pele parecia fria. Seus dedos pareciam extremamente habilidosos enquanto brincavam com minha pele nua. Eu estava arrepiada,dos pés a cabeça. Mas isso não era praticamente nada, comparado as coisas que passavam pela minha mente.

Suspirei pesado quando suas mãos deslizaram da minha cintura,por todo o meu corpo até chegar nas minhas pernas. Isso sem falar que seus lábios ainda estavam encostados no meu pescoço,e honestamente,eu nunca imaginei que isso fosse tão bom.

Austin apertou minhas coxas, e eu suspirei de novo. Ele levantou sua cabeça para mim,e sorriu malicioso,antes de me beijar. Uma de suas mãos continuava na minha coxa,a apertando com força,e a outra,voltou para a minha cintura,passando por dentro da minha blusa novamente. Dessa vez,ele a deixou parada na minha barriga.

– Austin - murmurei separando nossos lábios -, ainda é só de manhã.

– Isso foi bom dia. - Ele disse,sorrindo e o puxei para outro beijo.

– Precisamos ir pra escola. - Falei. Ele se afastou um pouco de mim,mas continuou com uma de suas mãos na minha cintura descoberta,e com um sorriso no rosto,ele abriu a porta do carona pra mim.

– Tem certeza de que quer ir pra escola ? - Austin perguntou, com a expressão retorcida assim que deu a partida no carro.

– Sim,eu tenho.

– Mesmo ? Existem lugares melhores ...

– Austin !

– Foi mal.

Ele ligou em uma rádio qualquer e fomos cantando até a escola. Eu sentia falta disso. Eu tinha sentido falta dele. De tudo o que ele me proporcionava. E eu já estava condenada,de qualquer jeito. Não tem mais volta. Quem mandou eu me apaixonar pelo meu melhor amigo ?

Estava me preparando para tudo o que iam falar quando chegássemos na escola juntos. Afinal,o Austin,ainda era o Austin. E todo mundo naquele inferno parecia observar cada passo que ele dava.

Não foi tão ruim.

Austin colocou um dos braços em volta dos meus ombros e entramos na escola como se tivéssemos em uma cena de filme. Ele parecia não ligar pra isso. Mas eu ligava. E muito. Pude ver a Cassidy,com sua cara de sempre de quem comeu e não gostou. E eu ri disso. Mas também não podia exagerar,somos instáveis,então,nunca se sabe o que pode acontecer no dia seguinte.

Dessa vez, Cassidy estava completamente sozinha. Do outro lado do corredor, podia ver a Kira e o Dallas. Nunca havia falado com eles,mas faziam parte do ex-grupinho de populares idiota do Austin. Mas eles não estavam mais falando com a Cassidy. Talvez isso fosse bom.

E quando já estávamos no final do corredor,pude ver o Nick encostado em alguns armários,eu sorri para ele,o cumprimentando. Mas ele parecia triste. Me enviou um sorriso fraco e voltou a olhar para o chão.

Durante o intervalo,sentei em uma mesa junto com o Austin, Dez e a Trish. Nick estava do outro lado,em uma outra mesa,com alguns alunos de intercâmbio e me perguntei por que ele não vinha sentar com a gente,como nos outros dias.

Só então percebi que,nos outros dias, Austin não estava aqui,sentado conosco.

Em alguns momentos, o loiro me beijava. E ele parecia tão atencioso comigo que quase me esqueci que estava preocupada com o Nick.

Mesmo assim, eu estava bem agora. Finalmente completamente bem com o Austin,e nada podia estragar ou mudar isso. Estávamos,enfim,juntos.