Hurricane

I would do anything for her


Pov. Ally

Duas semanas.

Duas semanas haviam se passado desde o início das aulas. Desde do dia em que vi Austin e Cassidy se beijando. E também era praticamente o tempo que eu havia conhecido o Nick.

E agora mesmo,depois de chegar da escola,não resisti a perguntar para Maria se ela sabia o que estava acontecendo para meus pais estarem sendo tão adoráveis um com o outro:

– Amor. - Ela respondeu. Cruzei meu braço,e fiz cara feia. - Que foi ? Talvez o relacionamento deles estivesse congelado,e agora,finalmente estariam se entendendo. - Sua voz era tão calma e tranquilizadora,que eu não tinha como ficar brava com ela,ou ao menos fingir.

– Isso não me convence. - Resmunguei.

Ela pareceu ofendida quando voltou a falar :

– Você nem me perguntou como que eu estava,desde que chegou. - Maria me acusou. - Deve estar vendo unicórnios voando.

– Unicórnios voando ? - Repeti. - Não,eu não faço a mínima ideia de onde tirou essa ... essa expressão. E de qualquer jeito,estou mais para ver o capeta congelar no inferno.

Ela sorriu,dessa vez,um pouco mais divertida.

– Se o inferno existir,ele com certeza seria muito quente. Não haveria como congelar lá.

– Por isso mesmo,eu falei isso. - Ela franziu a testa. - Não estou passando pela fase dos unicórnios,isso ficou lá na Austrália.

Ergui meus braços num gesto para tentar esquecer os pensamentos que me levassem de volta para aquele continente. Isso não dá muito certo,mas não custa tentar. Maria riu,enquanto dobrava as massas em cima da bancada.

– Quer me contar ? - Perguntou,gentil. Assenti,com cuidado,pensando que não seria nada ruim. - Mas vai ter que me ajudar com isso aqui. - Ela apontou para as massas. - É você que quer pizza,não é ?

Relutei um pouco,mas logo aceitei. Eu que comeria aquilo,de qualquer jeito. Contei praticamente tudo para ela,e Maria parecia uma ouvinte melhor que Trish. Talvez ela entendesse melhor,era mais velha,e já deveria ter passado por situações assim. Tipo,difícil de imaginar,mas é.

Depois de eu terminar de contar minha triste história,com momentos engraçados,e cheia de altos e baixos,ela me olhou e sorriu:

– Você está vivendo. É uma jovem,e isso é mais comum do que pensa. Todo mundo já sofreu por amor. - Ela falou. Muito experiente,essa mulher.

– Então,por que parece que é o fim do mundo ?

– Porque se trata de sentimentos. E isso pode ser o fim do seu mundo.

A voz dela ficou como um pequeno eco na minha mente,enquanto eu terminava de a ajudar a fazer as pizzas. Ficamos em silêncio,o resto do tempo,mas não era desconfortável. Até porque ela parecia concentrada no trabalho,e eu estava relembrando os últimos dias com Austin.

Digo,nesse tempo todo na escola,eu passei a ignorá-lo. Foi difícil ? Sim,muito. Mas eu queria conversar com ele. Ou melhor,queria que ele viesse falar comigo. Isso é estranho,não é ?

Mas eu posso continuar assim,eu sei ser má quando quero.

– E esse garoto que está vindo pra cá ? - Maria perguntou depois de mais uns minutos.

– Ah,o nome dele é Nick.O conheci na escola. - Respondi enquanto a via ligar o forno.

– E vocês são amigos ?

– Aham. - Respondi pensando se ela queria mesmo saber se eu gostava dele daquele jeito.

O que não era verdade. O mais legal de ter passado bastante tempo com ele,é saber que ele estava passando a mesma situação que eu. Sim,estou falando da situação do Austin. E era isso o que ficávamos conversando durante horas,as vezes. Não que não tivéssemos outros assuntos,mas eu gostava de o ouvir falar sobre a ex-namorada,qual ele ainda dizia ser apaixonado.

E eu não negava isso. Nick me contou sobre uma vez que mandou 40 buquês de flores para a garota,um dia depois que eles tinham tido uma briga.

Talvez tenha me sentido com um pouco de inveja por isso. (Embora,uma vez,Elliot tenha me dado algumas rosas no Dia Dos Namorados.) Mas eu estava fazendo pouco caso na parte das flores,na verdade,seria legal ter algum tipo de demonstração de amor.

– Hã, Maria ? - A chamei.

– Sim ? - Ergueu os olhos para encarar os meus,e pude ver as rugas debaixo deles.

– Você ainda precisa me falar sobre o romance dos meus pais. - Disse,enquanto me aproximava dela e a abraçava pelos ombros. - Por favorzinho. - Falei com a voz mais fina.

Ela balançou a cabeça negativamente,e depois riu da minha atitude quase infantil e totalmente idiota. Mas qual é,era sobre meus pais,claro que eu ia querer saber.

– Tudo bem,tudo bem. - Ela se rendeu. Sorri vitoriosa. - No mesmo dia em que vocês voltaram,eles tiveram uma briga. - Ela se afastou um pouco e ficou de costas. - Não foi nada desastroso, - garantiu - mas sua mãe falou alguma coisa sobre conhecer novas pessoas. - Ela se virou para mim de novo,com um meio sorriso. - Não havia entendido no momento,e eu não queria estar ouvindo,juro,mas foi quase impossível. E só depois,percebi que ela estava,talvez,insinuando sobre já conhecer outra pessoa e estar apenas esperando para se livrar do seu pai. E então,ele ficou apavorado. - Ela riu. - Não acredito no que sua mãe falou,mas foi um bom plano.

– Espera - falei - , meu pai ficou assustado em pensar em perder minha mãe ?

– Foi isso que entendi. - Ela falou,inocentemente.

Comecei a gargalhar, e Maria me acompanhou. Eu descobri,naquele momento,que tenho muita coisa em comum com minha mãe,de certa forma.

A campainha tocou.

– Deve ser o Nick. - Falei,tentando conter as risadas enquanto ia até a porta. Eu e ele tínhamos combinado de estudar essa tarde. Dá pra acreditar que já nas primeiras semanas de aulas os professores já estão pegando no nosso pé ? Por isso mesmo,reservamos um espaço,todas as tardes pra isso. Começando por hoje. Pelo menos, Nick queria estudar, Trish fez cara feia e riu quando falei sobre isso.

– Oi. - Ele disse,com um sorriso quando abri a porta.

– Oi. - Também falei. - Entra. - Dei espaço para ele passar.

Nick passou os olhos pela sala.

– Casa bonita. - Falou.

– Obrigado.

Sentamos no sofá com alguns livros e lápis ao nosso redor. Ficamos alguns minutos apenas fazendo pequenas anotações de coisas importantes para cada uma das matérias. Decidimos que,a cada tarde de estudos,pegaríamos algumas dessas anotações sobre cada matéria para estudar.

Éramos nerds,e felizes.

Maria apareceu com as pizzas algum tempo depois. Ela cumprimentou Nick,e sorriu,quando o mesmo falou o quanto tinham ficado boas.

– Não posso ter todo o crédito, - ela disse - Ally me ajudou.

– É,todo mundo sabe que sou uma ótima cozinheira. - Falei,mesmo não sendo verdade. Digo,eu podia muito bem me virar com um ovo mexido ou coisa assim. Nas poucas vezes que tentei fazer o almoço sozinha,a comida ficava sem gosto e aguada. Por um tempo,minha mãe havia me proibido de ficar na cozinha.

Mas estou um pouco melhor agora. Eu acho.

Nick foi embora depois de umas 2 horas. Eu tinha acabado de fechar a porta quando Maria surgiu de novo atrás de mim e falou:

– Sabe,esse garoto parece ser muito legal. - Ela sorriu,um pouco estranha.

– Como assim ? - Perguntei.

– Só estou querendo dizer,que,ele é realmente muito legal. - Ela disse,já se virando de volta para a cozinha. Parou por um segundo,e me olhou mais uma vez: - E que talvez,vingança também seja muito legal.

Não pude deixar de pensar,que,aquilo parecia meio maligno,mas que ela também parecia certa. E ela não é uma adolescente boba,e provavelmente está falando algo que realmente dê certo,ou que já aconteceu com ela.

Estava ainda pensando nisso,naquela noite,quando fui me deitar.

Pov. Austin

– Por que estamos comendo cupcake ? - Dez perguntou enquanto mordiscava o seu.

Estávamos em uma lanchonete perto da escola. As aulas tinham acabado a quase meia hora,e eu só queria fazer alguma coisa que não fosse ir pra casa e pensar em toda minha estupidez.

Eu queria falar com a Ally. Queria entender por que ela havia dito que acreditava em mim,mas continuou me ignorando.

"Somos apenas amigos."

Aquilo não era verdade. Nunca fomos apenas amigos. E isso não ia mudar agora.

– Por que sim. - Respondi,um pouco mal humorado.

– Está mal humorado por causa da vingança ? - Dez perguntou enquanto cruzava os braços em cima da mesa,como se fosse um psicólogo atendendo seu paciente.

Franzi a testa.

– Do que você está falando ? - Perguntei.

– Sobre aquilo que a Ally estava falando com a Trish um dia desses na escola. Era sobre você ... - Ele parou,e bateu na própria cabeça com uma das mãos. - Ah,claro que não era pra você saber,como eu sou idiota ! - Exclamou enquanto continuava batendo na sua cabeça.

– Dez - o repreendi. - DEZ !

A maioria das pessoas do lugar,pararam para nos olhar. Eu tive que gritar para poder chamar a atenção do ruivo,e praticamente todo mundo ali tinha ouvido.

Demorou um tempinho,mas todos voltaram a fazer suas coisas,provavelmente ainda pensando que éramos dois loucos.

– Pode me explicar sobre o que estava falando ? - Perguntei de novo.

Ele cruzou as mãos em cima da mesa de novo.

– Trish estava tentando convencer a Ally de fazer algum tipo de vingança. Mas ela não concordou. Dã. - Ele disse como se fosse óbvio.

– Isso ... - Minha fala foi cortada,na verdade,não por outra pessoa,mas por ela. Que tinha acabado de entrar no lugar, junto com aquele cara que nos últimos dias,parecia estar sempre grudado nela.

Ally passou os olhos no lugar,e parou em mim. Ela disse alguma coisa para o outro,e os dois se viraram para a porta,saindo dali.

– Dez,eu tenho que ir. - Falei rápido já me levantando dali.

Saí da lanchonete o mais rápido possível. Quase esbarrei em uma senhora, e tive que pedir desculpas por derrubar o casaco de uma mulher,que estava em suas mãos quando passei voando por ela.

Aquilo só podia ser uma vingança. Assim como Dez havia comentado.

Mas sendo ou não,agora,eu conseguia entender exatamente o que ela sentiu. E acho que,nesse momento,eu estou ainda mais bravo comigo. Não com ela. Estranho, não ? Eu fui um idiota,e eu merecia muitas coisas piores. Ela não precisava me perdoar ou qualquer outra coisa.

Ally havia me visto beijando outra garota,e agora,que a vejo na mesma situação com outro garoto,posso imaginar exatamente tudo o que passou na sua mente naquele outro dia.

Mesmo assim,doía. E acho que esse é o verdadeiro significado do amor. Uma coisa tão distante pra mim,mas que está tão perto agora.

Minha mãos estavam fechadas em punhos,e eu pouco me importava com isso. Queria poder socar minha própria cara.

Mas eu não desistiria dela. Sou incrivelmente egoísta,eu sei. Mas eu ainda precisava conquistá-la de novo,mesmo que outro cara já esteja tentando isso agora.

Eu faria qualquer coisa por ela.