Thomas Harry Potter - POV's

O Expresso estava realmente lotado de estudantes. A fumaça saia a todo vapor e flutuava acima dos vagões, enquanto eu observava tudo através da janela. Estávamos a caminho da Estação de King Cross em Londres para as tão esperadas férias de natal. Mantive os olhos fixos no céu acinzentado de inverno e desejei que nevasse, há tempos não via neve de verdade nessa época, mesmo morando em um país frio. O inverno não era mais o mesmo e essa tradição não podia ser quebrada.

Ao meu lado estavam Patrícia e Malina enquanto a nossa frente Lary e Marie. Havíamos pegado o mesmo vagão que elas porque gostaríamos de contar-lhes algo, mais precisamente a uma delas e, felizmente, elas não se importaram até porque sua melhor amiga, Leny, estava como monitora, e Coraliny se encontrava com Luke Harrintong em outro vagão.

—Bem, queríamos falar uma coisa... - Pati começou - Amanhã é véspera de Natal e... A mamãe vai nos levar mais tarde para A Toca, talvez cheguemos só na hora da ceia e da troca de presentes.

—Vocês e as Potter sempre são os primeiros a chegar... Porque isso? - Lary perguntou estranhando enquanto abria delicadamente um pacote de feijõezinhos de todos os sabores e jogava um azul marinho garganta abaixo.

Patrícia colocou a mão dentro do casaco de inverno marrom que colocara após entramos no Expresso de Hogwarts e apertou algo dentro com muita força antes de levantar o olhar para encarar a loira e continuar.

—Mamãe quer passar o natal o máximo de tempo com o Max.

—Mas... Ele está internado... Não tem como levá-lo - Marie concluiu, enquanto roubava um dos feijões da amiga: um verde limão.

—Por isso vamos passar no hospital - Finalmente, declarei e ambas se encararam confusas e surpresas.

Lary pareceu se alterar um pouco. Ela parou de mastigar o doce e mordeu o lábio inferior, por fim se voltou apressada para nos encarar. Marie apertou a mão dela apertado contra a sua para acalmá-la. Tiça, então, retirou o punho cerrado de dentro do bolso.

—Antes gostaríamos de lhe entregar algo, Lary - As duas se entreolharam mais uma vez - Quando papai foi no dormitório pegar as coisas do Maxwell, ele encontrou isso.

Minha irmã abriu a palma da mão direita e revelou um objeto bastante familiar. Era dourado e brilhante, continha uma correntinha e no dentro um medalhão enfeitado por alguns desenhos semelhante a espirais ao seu redor. Lary entreabriu a boca e colocou a mão involuntariamente sobre a região do pescoço. Malina apenas nos observava enquanto Marie encarou a amiga confusa.

—O seu pingente! - A ruiva com os cabelos entrelaçados em uma espinha de peixe de lado exclamou e a garota mais velha, ao seu lado, apanhou o colar pela corrente e observou-o flutuar no ar - Você sempre está com ele... É verdade que faz um tempo que não o vejo... Mas porque ele estava com o Max?

—Ele tinha arrebentado... - Ela respondeu tranquilamente quase como se estivesse hipnotizada, uma vez que ainda observava o colar - Então, Maxwell concertou para mim... Ele realmente o fez. Mas porque será que não entregou antes?

A ruiva deu de ombros e todos concordamos. Não fazíamos ideia. Apenas havíamos encontrado o objeto e entregado a dona. Lary parecia realmente encantada com o seu pingente de volta. Ela abriu o medalhão e observou o que havia dentro: duas fotos, uma ao lado da outra. Eram ambas de dois casais distintos. Na primeira, uma mulher jovem e sorridente ao lado de um homem de idade semelhante com cabelos tão platinados naturalmente que pareciam brancos. Os dois sorriam um para o outro e mantinham ambas as mãos dadas enquanto o rapaz piscava para a moça. Eu não sabia tanto sobre a vida de Draco Malfoy, porém consegui distingui-lo e aquela seria, então, a sua falecida esposa, que morrera quando Scorpious era um menino. A segunda continha um casal encarando a câmera enquanto acenavam com uma das mãos e seus dedos da outra estavam entrelaçados. Eram ambos consideravelmente jovens. A mulher possuía cabelos castanhos e levemente armados enquanto o homem possuía cabelos brancos semelhantes ao do homen na foto ao lado. Eram seus pais: Scorpious e Rose Malfoy, a diretora.

—Hey, Pati, Tom - Lary desviou lentamente o olhar do colar - Vão amanhã quando?

—Acho que depois do almoço - A morena respondeu antes que eu pudesse - Por que?

—Eu também vou.

Marie encarou-a surpresa e igualmente eu e Malina nos entreolhamos. Por fim, a ruiva abriu a boca:

—E-eu também, então. Vou avisar a mamãe que vamos ter que nos atrasar para a ceia e iremos para o tio James e a tia Georgia.

—Amanhã bem cedo a gente se encontra. No St. Mungus?

Lary jogou a caixinha de feijõezinhos para o lado e cerrou o punho ainda segurando o pingente. Marie e Malina apenas observavam onde a loira estava querendo chegar com aquele assunto. Não era do seu feitio querer passar um tempo com o Max. Eles normalmente discutiam e mesmo estando próximos era estranho, principalmente por se tratar da véspera de Natal e todos estarmos animados e querermos rever nossas famílias. Contudo a sextanista parecia realmente decidida e determinada a nos acompanhar até o hospital bruxo mais famoso na Inglaterra para visitarmos meu irmão mais velho no feriado.

—Papai gosta de ir como bruxo e ele acha arriscado atravessarmos a cidade ou aparatarmos. Usamos a rede de flu.

—Vou dormir na Marie porque minha mãe só chega amanhã de Hogwarts... De manhã nos encontramos na sua casa, então.

—Combinado - Tiça finalizou e se jogou de forma desajeitada na poltrona enquanto fechava os olhos, provavelmente querendo descansar pois a viagem era longa e ainda faltavam muitos minutos pra chegarmos à estação.

Malina começou a beber um suco de abóbora que comprara da moça do carrinho de doces do Expresso e as amigas permaneciam sem se falar. Lary concentrada no chão e Marie intercalando o olhar entre a amiga e suas próprias mãos, pousadas em seu colo. Desviei a atenção de volta para a paisagem através da janela e como que por mágica, meu desejo se tornou realidade e tão finos quanto a própria água, flocos brancos, pequeninos e cintilantes começaram lentamente a cair do céu nublado e irem de encontro com o vidro e o teto do trem. O tempo, logo, esfriaria ainda mais e teríamos um inverno bastante gelado.

~*~

No dia seguinte, alguns raios solares ultrapassaram uma pequena abertura nas persianas verdes bebê da janela do quarto que dividia com minha irmã gêmea desde que havia nascido, e atingiram meu rosto. Quando espreguicei, bocejei e abri os olhos lentamente, percebi que os cobertores da cama de cima – uma vez que divido uma beliche com a Tiça em casa – estavam bagunçados, mas ninguém jazia na cama.

Empurrei meu edredom e me coloque de pé. Já estava quase na hora do almoço, eu dormira demais. Arrumei minha cama e tratei de vestir uma roupa apresentável para descer e ir encontrar com minha família no andar de baixo. Coloquei uma calça qualquer, um suéter verde com um livro estampado que a vovó Ginny havia tricotado para mim há 2 anos – ela sempre estampava algo que nos representasse, no meu caso, era porque eu amava ler e aprender e tinha vários livros apesar de não ser um estudioso e competitivo Ravenclaw – e tênis. A temperatura havia caído, assim como previra, devido à leve nevasca do dia anterior.

Agora, o céu estava nublado e uma pequena camada de neblina dominava toda a cidade de Londres, mesmo nos arredores mais distantes, onde ficava minha casa, próxima à um pequeno lago e afastada da estrada à leste. Assim como normalmente fazia, ajeitei o edredom da cama de minha irmã e estiquei as cortinas para que os frios raios solares pudessem iluminar o cômodo.

Por fim, caminhei em direção a cozinha. Senti um aperto no coração quando passei pela porta aperta do quarto vazio ao lado. Podia sentir a presença de Maxwell em cada um de seus pôsteres do Cuddley Cannons, ou da foto na mesinha de cabeceira onde estávamos todos junto de papai em um de seus torneios de Quadribol há 4 anos, ou em seu edredom azul com estampa de várias Goles, Balaços, bastões de batedores e Pomos de Ouro, ou em seu malão de Hogwarts deixado sobre o carpete por papai quando chegamos no dia anterior. Tudo me fez sentir uma imensa falta de meu irmão mais velho, apesar de poder garantir que ele estava vivo e apenas em um estranho coma, de acordo com os Medibruxos que investigavam o caso com o Ministério.

Desviei esses pensamentos tristes da minha mente e desci os lances da escada de madeira. Quando me coloquei na sala de estar, percebi que não estávamos sozinhos e agradeci mentalmente por ter me lembrado de trocar o pijama logo cedo. Uma garota ruiva e outra loira estavam sentadas no sofá juntamente de uma Patrícia sorridente vestindo um suéter cor de rosa – também feito pela vovó Ginny e estampado com uma coroa de diamantes porque ela era a princesinha da família pois mesmo que Malina também fosse uma das caçulas, a tia Lily não a tratava como minha mãe tratava Pati por isso o suéter dela era diferente – uma calça jeans com florzinhas e sandálias, provavelmente escolhidos por minha mãe.

—Bom dia flor do dia! - Minha irmã exclamou - Quer biscoito de centeio?

Ela me estendeu um biscoitinho com gotas coloridas, a especialidade de mamãe. Ela amava fazê-los quando estávamos em casa e os chamava de biscoitinhos arco-íris.

—Vocês chegaram cedo - Apanhei um biscoito e mordisquei.

—Vamos almoçar daqui alguns minutos, mamãe acabou de dizer que está só esperando a comida esfriar um pouco, ou seja, ela vai usar o famoso feitiço e nos chamará daqui 5 minutos.

—Já? Quanto tempo eu dormi?

—Acho que só uns 100 anos, bela adormecida - Ela caçou usando do famoso conto trouxa, que Malina e Violet tanto amavam, como referencia.

—Acho que você repôs todo o sono em dia - Lary respondeu. Ela estava com uma touca azul na cabeça que deixava seus cabelos ainda mais curtos.

—Esse é o bem dos feriados - Marie riu.

Não demorou nem mesmo um minuto para escutarmos uma conhecida voz ecoar por toda a casa:

—Patricia! Vem ajudar a mamãe a colocar a mesa!

—Ai... Irritante - Pati resmungou enquanto se levantava - Odeio quando ela nos obriga a fazer isso sabendo que não podemos usar a magia fora da escola.

Eu e as meninas nos entreolhamos e rimos quando a garota saiu desgostosa em direção da sala de jantar. Me sentei ao lado das duas e petisquei alguns biscoitinhos antes do almoço enquanto elas conversavam entre si, normalmente e de assuntos aleatórios, como por exemplo, sobre a neve ou os presentes que ganhariam hoje a noite.

~*~

Cerca de uma hora e meia depois já havíamos deixado minha casa. Todos passamos pela lareira da sala usando o pó de flu e aterrizamos em uma sala escura e levemente úmida no subsolo do hospital. Estava praticamente vazio e quando subimos até o térreo percebemos que quase ninguém circulava nos corredores. Isso era devido ao natal e as pessoas estarem quentinhas em suas casas.

—Com licença - Minha mãe se dirigiu até o balcão da recepção - Queremos visitar o paciente Maxwell Thorton Potter.

—Hum... O horário de visitas termina daqui quatro horas... - A mulher de pele escura e cabelos cacheados e armados olhou no relógio que jazia na parede oposta - É melhor irem de três em três... - Ela nos analisou e contou que éramos seis - Não queremos atrapalhar a paz e a movimentação pelas alas do hospital. O quarto dele é o 403.

Uma vez que as meninas eram visitantes minha mãe deixou com que elas fossem primeiro e pediu para que eu as acompanhasse. Ela queria ficar com a sua princesinha, porque puxou Patrícia para seu colo e ficou esperando na sala de espera com meu pai ao seu lado. A morena me lançou um olhar de discordância por ter que ser tratada como uma bebezinha e me virei para atravessar o corredor até o elevador com as amigas ao meu lado. Notei que em todas as portas haviam sido colocadas guirlandas de natal e algumas luzinhas piscavam nas janelas, além de uma árvore ter sido levemente enfeitada à oeste da recepção.

Não demorou muito para que alcançássemos o quarto andar onde Maxwell havia sido colocado. Soubemos que as meninas foram postas no quarto ao lado e Jean dividia com Max. Os quatro estavam em completa observação e tomavam uma espécie de soro mágico diretamente na veia para que se mantessem hidratados devido ao coma.

—E ai maninho? - Coloquei a mão em seu ombro - Fique bom logo, viu? Sentimos sua falta... A mamãe está louca por sua causa. Devia ver o quanto ela estava nervosa ontem. Errou a maioria dos feitiços e a Patrícia me disse que ela teve que refazer o ensopado no almoço porque exagerou na poção. Bem, e o papai... Ele queria muito que você falasse com ele sobre ser o capitão da Gryffindor em Quadribol... Ele encheu de orgulho por isso - Sabia que Max não me responderia, mas não pude deixar de conversar com ele. Eu sentia como se ele estivesse ali comigo, me ouvindo. Sentia sua presença - Não vamos desistir de descobrir como te tirar dessa. Pode apostar que não. Bem... Boas festas. A Toca vai ficar mesmo sem graça sem você.

Dessa forma, desviei o olhar para as meninas. Elas estavam com os braços entrelaçados e nos observavam. Sorri de boca fechada e me senti corar pela vergonha de me expor na frente delas, então, me afastei e dei lugar a elas enquanto me dirigia até a cama de Jean. Queria lhe dar um oi também e claro um feliz natal.

Enquanto me sentava ao lado da cama do loiro, continuei observando as garotas. Parte de mim queria entender porque Lary agira dessa maneira e fora visitá-lo.

—Hey, agora que percebi... Porque esta sem o pingente? - Marie perguntou para a amiga quando ela se inclinou sobre Max e colocou sua mão sobre a dele.

—Ah... Não é nada demais... Eu guardei na minha caixinha de joias... Bom, viemos aqui ver o Max, né?

—Claro. Foi só uma curiosidade - A ruiva respondeu e se virou para meu irmão - Melhore e aguente firme. Eu sei que você é mais do que capaz, você é forte. Bem, devia ter visto o jogo da Slytherin contra a Ravenclaw, teria amado... Eles arrasaram com a Slytherin... - Marie riu fraco e soltou um leve suspiro - Viemos te desejar um feliz natal e a AH vai continuar lutando e ainda mais agora, por você. Você é muito importante, Max. Seja forte.

A garota finalizou e acariciou o rosto pálido do moreno com a mão esquerda. Enfim, ela se afastou um pouco para deixar com que Lary o visse melhor, porém continuou encarando-o e começou a fazer um cafuné de leve em seus cabelos pretos e quase sem brilho.

—Oi, Max... Ahn, sou eu, Lary... Eu só queria agradecer por ter concertado meu colar e desejar boas festas... Queria que você estivesse bem e pudesse ir n'A Toca hoje - Estranhamente seus olhos começaram a se encher de água e ela apertou bem forte a mão de meu irmão entre as suas - E-eu não sei o que vou fazer sem você... Percebo agora o quanto é especial para mim, você é meu melhor amigo... Por favor, fique bem. E eu não vou desistir de você. A AH vai lutar por você. Eu vou lutar por você.

A loira fechou os olhos e uma pequena lágrima salgada rolou por sua face direita até o queixo, finalmente, pingando sobre os lençóis que cobriam Maxwell. Marie continuou acariciando os fios negros do garoto enquanto observava a amiga choramingando.

Mais alguns segundos e ela franziu a testa e largou o moreno para se aproximar de Lary e abraçá-la pelos ombros. A loira continuava inclinada sobre o garoto e mantinha os olhos fechados e as mãos apertadas. Marie sussurrou algo em seu ouvido enquanto acalentava-a.

Não entendia o porquê de tanto desespero. Eu também sentia falta de Max porém não me sentia tão mal quanto elas, especialmente Lary. E olha que eu que era irmão dele. Nunca imaginaria que uma garota tão durona e ambiciosa quanto ela pudesse ser tão frágil assim. Marie parecia mais segura e ponderada, contudo sabia que ela também estava sofrendo, ela só queria parecer mais forte para a amiga se espelhar nela. Virei o rosto para Jean e sussurrei rindo fraco:

—Garotas... Não consigo entendê-las.

Jessie Potter - POV's

Toda véspera de Natal praticamente nem colocamos os pés em casa. Meus pais acordam eu, Julia e Hazel bem cedo para aparatarmos até A Toca e ajudarmos a vovó e vovô a prepararem a casa toda para a ceia. Somos sempre os primeiros a chegar, e normalmente a tia Georgia e o tio James também são bastante adiantados, porém depois de Max ter sido atacado eles serão os últimos dessa vez.

Como sou a única que pode usar magia fora de Hogwarts, ajudei a vovó e a mamãe no almoço enquanto as meninas ajudavam o papai e o vovô a enfeitarem e arrumarem toda a casa. Depois almoçamos todos juntos. Foi bastante harmonioso e me senti bem em estar em casa novamente. Eu me sentia realmente contente por poder rever meus pais e avós. Já a tarde pudemos descansar um pouco. O papai, a mamãe e o vovô ficaram conversando na sala. Hazel havia se sentido cansada de ter acordado cedo e trabalhado tanto e por isso foi tirar um cochilo no quarto antigo do tio avô Percy, ao qual normalmente dividíamos com Patrícia, Malina e Violet quando dormíamos todos n'A Toca. Júlia foi até o quintal com nossa coruja, Whistle, porque queria poder escrever uma carta calmamente para Raimond desejando um feliz natal. Me sentei na mesa da cozinha fazendo companhia a vovó enquanto ela tricotava um suéter vermelho para alguém e esperávamos que a torta de abóbora e o Peru saíssem do forno, eram os únicos pratos que faltavam para ficarem prontas.

Logo, a tia avó Mione, o tio avô Rony, a tia Luna e o tio Rolf chegaram juntos. Elas haviam preparado um suflê de maracujá juntas e por isso chegaram na mesma hora. Rolf e Ronald foram falar com o vovô e meus pais na sala enquanto Luna e Hermione vieram passar um tempo junto da vovó. Fiquei observando-as conversarem sobre as últimas notícias do Profeta Diário, sobre a ceia e a volta dos netos em casa, depois encarei a toalha vermelha e verde de mesa e meus pensamentos navegaram pelo labirinto de confusão que me envolvia e tive que abrir o jogo. Elas pareciam mulheres experientes e bastante gentis. Eu amava conversar com elas e embora não fosse alguém que gostasse de pedir conselhos, resolvi que precisava de uma opinião diferente.

Julia já me dissera para confiar nela e em Haz, contudo elas eram mais jovens que eu e apesar de a Ju ter namorado duas vezes antes de Raimond e eu apenas tivera um pequeno romance com um antigo Hufflepuff que saíra de Hogwarts dois anos antes, preferi não incomodá-la e já sabia bem o que ela me diria. Ela repetiria o que havia sussurrado para mim quando chamei Klaus para o baile e voltei nervosa para perto delas em Hogsmead: "Siga seu coração. Não tenha medo. Se ele não perceber o quanto você é incrível, ele que sairá perdendo e outra, você já tem o não, o máximo que pode fazer é continuar com ele".

—Ahn... Vovó, posso te perguntar uma coisa?

A mulher de cabelos atualmente alourados desviou a atenção do tricô para me encarar e as duas senhoras a acompanharam. Ela assentiu com a cabeça e esperou minha resposta.

—Bem... Eu só estava pensando... Vocês são ótimas conselheiras e eu estou com uma dúvida - Suspirei e deixei com que as palavras despejassem de mim como água em uma represa aperta - Se vocês gostassem de um garoto e não tivessem certeza se ele gostasse de você, mas soubessem que outro, provavelmente, sim... O que vocês fariam? Ficariam com o garoto que gosta de você... Ou arriscariam perder a amizade com ambos por causa do que você sente?

As três mulheres se entreolharam pensativas. Aposto que elas não imaginavam que a minha pergunta se referisse aquele tipo de assunto, porque nunca fui aberta dessa maneira. Eu sempre fui a garota durona, que tentava ao máximo controlar todas as emoções e me preocupava com minhas irmãs e cuidava delas. Sempre fui mais fechada e, talvez, madura antes da hora para determinadas aéreas e realmente imatura em outras, como por exemplo a área do amor. Se me deixei levar uma vez por um garoto foi porque ele insistiu em me perseguir.

Milo Schneider. Um garoto alemão de olhos e cabelos tão claros quanto o sol e o céu em um dia no auge do verão. Ele estudara em Hogwarts desde que seus pais se separaram e ele mudou com a mãe para a Irlanda, para morarem com seus avós maternos irlandeses. Eu o conheci em meu terceiro ano quando comecei a ser monitora e ele era monitor chefe da Hufflepuff, porém dois anos mais velho, ou seja, estava no quinto ano. Ele me ajudou muito a conseguir pegar o ritmo e passar o tempo com alguém além de meus primos e especialmente minhas irmãs era algo meu, algo particular, que apenas eu o tinha. Ele me fez sentir especial porque sempre estava atrás de mim e tentava me ajudar mesmo que eu insistisse que não precisava de ajuda porque me achava durona e suficiente demais, mas ele... Milo me via como uma dama frágil e sensível. Ele conseguiu ver além do que eu tentava esconder... E isso fez com que eu permitisse que ele se aproximasse aos poucos. Essa foi a única vez que comentei com Minhas irmãs sobre meninos, naquela época Hazel apenas riu e ficou debochando com seu sorriso inquebrável do rosto: "Jess ta namorando... Jess ta namorando... Jess ta namorando...", uma vez que a caçula tinha apenas 10 aninhos e não sabia muito bem com lidar com essa situação. Foi um ano antes do seu primeiro ano em Hogwarts. Já Júlia, estava namorando pela primeira vez, mas a distância. Nosso antigo vizinho, mas ele não estudava em Hogwarts, ele estudava na Beauxbatons porque passava quase todas as férias na Espanha, onde moravam sua família, apenas sua mãe se mudará para Inglaterra e casará com um inglês por isso ele nascera aqui, porém acabou por se mudar para lá quando ingressou na escola. Não durou muito. Eles namoraram seis meses e depois ela descobriu que ele a traíra com uma francesa qualquer e terminaram.

A ruiva me dera o concelho de seguir meus instintos e meu coração. Se ele estivesse aberto ao Milo, eu conseguiria ficar com ele normalmente. Mas se eu ainda não estivesse pronta, deveria seguir meus limites e esperar a pessoa e o momento certo. Foi o que fiz, eu deixei acontecer e um dia que estávamos em uma ronda juntos, depois de passarmos por todo o castelo, mesmo que eu tivesse olhando os andares 7, 6, 5 e 4 e Milo estivesse olhando os andares 3, 2, 1, porão e masmorras, nos encontramos depois no saguão principal e ele me disse que queria me levar até um lugar. Eu deixei porque sabia que se nos pegassem poderíamos dizer que estávamos fora da cama por conta das rondas. Então, o loiro me levou até uma sala afastada do quarto andar que eu não fazia ideia do para que servia e na verdade não tinha nada, a não ser uma escrivaninha antiga. Ele me dissera que aquele era o Baú de Adísseia, uma antiga rainha que guardava todos seus tesouros ali, mas que quando ela morreu colocaram aquilo na cidade e todos depositavam seus tesouros, segundo uma lenda bruxa e por isso que ele amava ir lá e ficava pensando sobre o que as pessoas tinham de mais precioso. Ele retirou três coisas do bolso e me mostrou. Eram seus bens mais precisos. Um anel que herdara seu pai dera a sua mãe e ela jogara fora quando se separaram, mas Milo guardará. Aquilo era o símbolo de que eles um dia se amaram e o tiveram como prova desse amor. O outro eram duas folhas de papel meio antigas: sua carta para Hogwarts, grampeada a seu certificado de ter estudado em uma escola trouxas antes disso. Era o símbolo de que ele possuía ao mundo bruxo e tinha magia, apesar de ser nascido trouxa, ou seja, aquele era o símbolo de que ele pertencia aos dois mundos. E o último... Era uma foto... A minha foto. Uma foto onde estávamos todos os monitores juntos e rindo, enquanto confetes caiam sobre nossas cabeças. Era uma festa de comemoração que tivemos no fim do ano anterior, quando era meu primeiro ano naquela turma, uma vez que nesse encontro com ele eu já estava no quarto ano. Ele me disse que o símbolo de uma ligação ainda maior que a do mundo bruxo e do trouxa, ainda maior que seus pais agora separados... A ligação de uma amizade intensa, um relacionamento peculiar: o nosso. Por isso, ele rasgara a foto, apenas deixando o cantinho onde eu estava sentada ao lado dele com as mãos esticadas tentando apanhar um confete dourado enquanto ele me olhava e ria para mim, não de mim. Eu nunca reparara que ele também me olhava naquela época, que ele me notava. Eu acabara de conhecê-lo e só agora estava percebendo que ele era alguém que eu gostaria de dar uma chance. Naquele dia demos nosso primeiro beijo, e depois o nosso segundo e o terceiro, até que tivemos que voltar antes que nos descobrissem.

Depois não tive coragem de contar a ninguém, ao não ser Minhas irmãs, sobre a gente e ficamos assim por um mês, meio que escondidos, porém não havíamos oficializado nada. Tratávamos aquilo como ele dissera, por enquanto: a ligação de uma amizade intensa, um relacionamento peculiar. Contudo antes que ele pudesse tomar uma atitude diferente, a mãe dele sofreu um acidente e ele teve que sair de Hogwarts para ir vê-la na Irlanda, infelizmente ela não aguentou e faleceu e ele teve que ir morar com o pai novamente na Alemanha e começou a estudar em outra escola bruxa. Eu nunca mais ouvi falar dele ou pelo menos consegui resposta para Minhas cartas... Ele sumira e deixara um buraco dentro de mim. Por isso, tinha tanto medo de tentar de novo e também me dediquei a votar a ser aquela garota coberta por uma armadura, uma que agora estava prestes a se romper se eu desse mais um passo.

—Hum... Minha querida, isso só você pode decidir, mas eu tenho que te dizer que não me arrependo de ter tido meu primeiro romance com o ex famoso jogador de Quadribol que todos conhecem, Victor Krum, mas... Eu não gostava dele... É só quando confessei meus reais sentimentos ao tio Rony pude ser feliz de verdade. Não seria tão feliz quando agora se tivesse passado minha vida toda com o Krum e... - Hermione suspirou e levantou o olhar para os meus - Seria tortura ver Rony com alguém como eu o vi com a Lavander.... Diria que aquela tortura me fez ter a iniciativa de finalmente confessar a ele, mesmo que ele pudesse não gostar de mim... Mas não acho que você precise esperar isso, não queria sentir essa tortura. Você é forte - Ela pegou a minha mão sobre a mesa - Saiba disso.

Sorri de boca fechada para ela. Sempre admirei a ministra. Ela era uma Gryffindor assim como eu e uma inteligente, feminista, bonita, estudiosa e, assim como Milo, nascida trouxa mas com ótimo potencial. Logo, Luna tomou a palavra:

—Concordo plenamente. Comigo foi semelhante. Eu não peguei o Rolf com uma Lavander, mas percebeu que ele era o certo para mim porque por mais que o meu breve romance que não chegou a ser um namoro com o nosso grande amigo Neville tenha sido bom e eu gostasse dele, não era o certo é eu não seria feliz como sou hoje se continuasse. Mas foi algo meio esperado, uma vez que nosso grupo era praticamente dois outros casais e a gente, que sobrávamos - Ela riu ao se lembrar e com seus grandes olhos azuis piscou para mim - Mas você fará uma boa decisão.

Sorri agora normalmente para ela é minha avó tomou a frente. Estava presente com três mulheres poderosas, maravilhosas, admiráveis e experientes. Era intimidador.

—Como elas bem disseram, você vai saber o que fazer e é a única que pode fazê-lo.... Mas você é forte e vai saber - Ela disse e colocou o tricô na mesa para apanhar Minhas mãos - E minha experiência também foi mais ou menos assim. Na verdade, acho que sei exatamente o que você está passando. Quando eu gostava do vovô Harry e achava que ele não gostava de mim optei por aceitar sair com outros dois caras só porque eles gostavam, mas mesmo sendo amigos... Eu não era feliz com eles e só quando fiquei com Harry, é que fui feliz de verdade. Então, acho que você quem deve decidir, mas se está tão preocupada com o não ou sim da questão. Não desista de alguém porque tem medo de que não goste de você. Você é incrível e sei que ele estará perdendo se não sentir o mesmo e também que os medos são feitos para serem superados.

Meu sorriso se estendeu a ponto de atravessar minhas bochechas ao máximo. Elas foram tão gentis. Mesmo não sendo algo familiar para mim, me abrir com os outros, me senti realizada e honrada de ter me aberto com mulheres tão incríveis e inspiradoras. Elas saberiam completamente meus caminhos e me ajudaram a carregar a enorme pedra que me impedia de enxergar o final do labirinto de dúvidas da minha vida sentimental. Levantei, de repente, e tinha real certeza do que fazer hoje a noite.

—Obrigada... Vocês são incríveis. Eu já sei o que fazer - Fiz sinal de positivo em direção a elas e dei as costas, estava disposta a avisar as meninas do que fazer.

Essa noite eu iria até ele e diria o que realmente sentia. Não me importava se eu receberia um não, porque como diz a Jú: o não eu já tenho. Eu não gostaria de passar um longo tempo com outro garoto, embora ele gostasse de mim, por apenas ter medo de confessar ao que eu realmente era apaixonada. Eu não gostaria de me sentir mal vendo ele com outra garota ou de sentir que eu poderia ter ficado com ele antes, mas havia perdido tempo dando chance para outro, mesmo que eu seja grande amiga e goste de ambos.

Frederich Norman Malfoy - POV's

A véspera de natal é sempre a mesma: meus pais passam o dia todo comprando ingredientes para o famoso chester recheado e a salada natalina da minha mãe. Nesse natal não fora diferente. Eu e Klaus fomos dormir assim que chegamos do Expresso, porque como sempre a viagem havia nos deixado realmente exaustos. Eu me sentara com meu irmão e Brendan em uma cabine e também Violet, mas enquanto conversávamos a garota simplesmente deitou a cabeça em meu ombro e cochilou. Continuei acordado a viagem toda porque mesmo que quisesse não conseguiria dormir, a adrenalina dominou todo o meu corpo e meu coração se agitou com a proximidade da garota, porém consegui me controlar o suficiente para lhe fazer um cafuné e me concentrar na conversa dos meninos, ao mesmo tempo que no quão bonita e serena Vi estava com os olhos fechados e o sono profundo. Me senti, também, honrado por ela confiar em mim o suficiente para isso.

Depois de acordarmos, encontramos com nosso pai na sala. Ele estava organizando todos os presentes em um saco vermelho grande assim como o do velhinho gordo Papai Noel, para que pudêssemos levá-los até A Toca e minha mãe jazia na cozinha preparando seus pratos deliciosos. Eles já haviam saído as compras sem a gente, enquanto Lary estava com Marie. Ela dormira na casa da ruiva na noite anterior e avisara mamãe que chegaria com James e Georgia Potter porque iria visitar Maxwell no hospital. Fomos, então, tomar nosso café da manhã para depois ajudarmos com o que quer que nossos pais precisassem para a festa.

~*~

Agora, já fazia cerca de uma hora que chegamos n'A Toca. Praticamente ninguém faltava para chegar. A maioria dos jovens estavam nos quartos, os adultos na sala enquanto esperávamos pela ceia e a troca dos presentes à meia noite. Foi ideia de Júlia que todos fôssemos até o quintal, a fosca luz das estrelas e das duas lanterninhas presas uma de cada lado da porta dos fundos.

—Não aguento mais esse lugar abafado! - Ela exclamou - Vamos lá fora! Nem estás nevando e podemos passar um tempo todos juntos.

Todos nos encaminhamos juntamente da ruiva até o terreno, por onde nos ajeitamos um ao lado dos outros em um círculo perfeito: Júlia, Hazel, Jessie, Patrícia, Tom, Malina, Violet, eu, Klaus, Lary, Marie, Leny, Coraliny e Brendan. Jess e Haz ameaçaram tremer de frio quando se abraçaram apertado com seus suéteres tricotados pela tia avó Ginny – o de Jessie, vermelho fosco com o desenho de estrelas brilhantes e ofuscantes, devido a ela ser a responsável e admirável mais velha da família, primeira neta; já o de Hazel, bege com o desenho de um quadro onde estava pintado uma pessoal utilizando varinha de um lado da tela e do outro havia simplesmente uma pessoa dirigindo um automóvel, ou seja, ambos mundos trouxa e bruxo juntos em uma pintura, uma vez que ela era a garota artista fascinada em ambos mundos – assim, Brendan teve a ideia de acendermos uma fogueira para nos aquecermos no grande frio do inverno. Ele juntamente de mim, Tom e Klaus, os únicos meninos, apanhamos alguns galhos e pedaços de madeira que encontramos ao redor do jardim.

Accio galhos - Conjurei o feitiço e vários pedaços de madeira voaram até nós.

Depositamos no centro da roda de adolescentes e, como Brendan podia usar magia fora de Hogwarts, utilizou do feitiço Inflamare para acender o fogo e rapidamente estávamos todos nos sentindo muito mais quentes e aconchegantes. Era quase uma tradição nos sentarmos juntos na noite da véspera e fazermos algumas brincadeiras. Primeiramente, jogamos um jogo de tabuleiro bruxo conhecido como Avada, uma vez que o objetivo era conseguir eliminar todos os jogadores até sobrar apenas um, quase como a maldição imperdoável Avada Kedavra. Nas cartas do jogo a uma série de feitiços e contrafeitiços, que assim que jogadas são descartadas no monte e a cada jogada compramos mais uma, e apenas uma carta curinga da "Avada Kedavra", dessa forma, quem conseguir vencer um duelo ganha as cartas da mão do perdedor, que sai do jogo. Cada jogador tem a chance de escolher um outro para duelar na sua vez, mas se ele tiver a carta "Recusar" não é obrigatório participar do duelo e ele pode recusar e jogar a carta no monte. tabuleiro serve para encenar a cena. Cada participante escolhe um dos avatares que simulam o jogo em tempo real conforme as jogadas. Essa é a mágica do jogo, diferentemente de um jogo qualquer trouxa.

Na primeira partida, eu estava quase prestes a ganhar assim como Klaus, Hazel e Jessie. Éramos os finalistas. Na vez de Klaus eu tinha certeza que ele me escolheria, mas ele encarou as Potter levemente inseguro. Rapidamente, me lembrei de que ele ainda não resolvera nada com elas. Eu sabia que ele gostava da morena e já lhe dera muitos conselhos sobre o que deveria saber, além de que ele me contara todo o problema da noite de Halloween entre as irmãs. Ele estava confuso. Com receio de dar um paço em vão. Observei suas jogadas como se fosse exatamente a vida real. Ele estava evitando as duas desde o início do jogo, por isso não conseguira eliminá-las ainda e por isso tive a certeza de que ele o faria novamente. Me eliminaria ou seria eliminado por mim, mas não se arriscaria com elas enquanto pudesse. Contudo, dessa vez me enganei.

Klaus encarou Jess e, logo, desviou para Hazel. Seus olhos se forçaram a fixar na garota mais nova e ele, desesperadamente, atirou as palavras desafiadoras sobre ela:

—Eu desafio a Hazel - Ela encarou-o perplexa.

Jessie olhou para a irmã e, em seguida, para o garoto. Parecia assimilar a situação assim como eu estava fazendo. A menor engoliu em seco e levantou uma carta virada de costas para nós. Ela estava prestes a atirar sua jogada.

—Desafio aceito - Fixou o olhar em Klaus quase que o penetrando - Preparar, apontar: 1, 2 ,3.

Ambos jogaram suas cartas sobre o tabuleiro e, assim, a avatar, de cabelos azuis cintilantes e armadura prateada, de Hazel se preparou para atacar o avatar, de longos cabelos loiros e vestes romanas, de Klaus. A garota lançara um curinga para cima dele. Ele fora eliminado. Ambos se encararam. Ela mantinha seu olhar fixo, embora parecesse se segurar para permanecer séria, e Klaus, logo, lhe estendeu todas as suas cartas e deixou o restante do jogo por nossa conta. Hazel deveria estar guardando aquela carta para a cartada final, mas de alguma maneira decidira jogá-la agora. Algo me fez acreditar que isso era decorrente de o garoto ser seu oponente, talvez antes algo dentro dela pensasse que ele nunca iria desafiá-la, que ele estaria evitando-a. Não poderia afirmar, com certeza, porém de certa forma sempre foi fácil para mim ler as pessoas, apesar de ser tão complicado de ler a mim mesmo, por isso demorei tanto a perceber que Violet era a minha garota. Aquele pensamento me fez abraçá-la ao meu lado e lhe dar um beijo na bochecha corada pelo frio.

—Para que foi isso? - Ela sorriu corando ainda mais e me encarando.

—Nada - Mergulhei em seus olhos profundos - E tudo.

~*~

Hazel acabou por ser a vencedora da partida e, depois, jogamos mais três vezes, sendo que, respectivamente, os vencedores foram: Marie, Patrícia e Violet. Obviamente, como o número de meninas era extraordinariamente maior, havíamos perdido. Maxwell como era competitivo devido ao Quadribol provavelmente teria vencido alguma vez, ao menos, infelizmente ele não estava aqui... Senti meu coração se apertar ao me lembrar do meu melhor amigo deitado em coma numa cama de hospital em pleno natal.

Por fim, Klaus sugeriu um jogo trouxa que ele havia pesquisado a achado bastante interessante, onde nos dividíamos em dois grupos. Um grupo sentava em cadeiras em um círculo e o outro ficava atrás das cadeiras e tentava proteger os que estavam sentados em suas cadeiras, o segundo grupo possuía uma pessoa a mais que deveria ficar com a cadeira vazia e piscar para uma das pessoas sentadas para que ela passasse para sua cadeira sem que o seu "protetor" a segurasse pelos ombros e impedisse que levantasse e mudasse de lugar, por isso tivemos que deixar uma pessoa sem jogar me cada rodada já que éramos 14, ou seja, nossos dois grupos seriam de 7 e não teria nenhum com uma pessoa a mais. O nome do jogo é Pisca. Fizemos esse jogo por uns quinze minutos até que resolvemos inverter os grupos, de que estava sentado e quem estava em pé e jogar por cerca de mais quinze minutos.

Tratei de observar a brincadeira e as pessoas que estavam jogando. Malina e Violet já o conheciam por serem criadas como trouxas, apesar de serem bruxas e terem a família toda da mãe sendo bruxos, a maioria puro sangue. A primeira pessoa que acidentalmente ficou sem ninguém em sua cadeira foi Klaus. Estávamos divididos da seguinte maneira: Maria na cadeira de Leny, Lary na cadeira de Coraliny, Hazel na cadeira da Violet, Malina na cadeira da Patrícia, Tom na cadeira do Brendan, Jessie na cadeira da Júlia, e Klaus foi quem sobrara. Claramente, eu havia me oferecido para ficar apenas observando a primeira rodada, primeiro porque gostava de me concentrar em todas as regras sem me confundir, depois porque gostaria de analisar as pessoas, sempre foi incrível para mim viver atrás de um livro, analisando e compreendendo os fatos e as personagens, por isso me sentia confortável apenas observando-os.

Durante as risadas dentre as rodadas acabei por analisar algumas repetições. Primeiro, Klaus analisou cada um dos que estavam sentados afim de piscar para algum deles, mas acabou se detendo mais uma vez nas Potter, ele ameaçou piscar para elas, mas obviamente Violet e Júlia se prepararam para protegê-las. Elas sabiam que ele tentaria com uma delas, por isso ele acabou piscando para Tom e como Brendan estava distraído acabou por não segurar o garotinho antes que ele se sentasse na cadeira de Klaus. Percebi que durante o jogo, Patrícia quase sempre piscava para Malina e Tom, provavelmente por serem tão próximos. Violet costumava piscar para Hazel e sua irmãzinha Malina. Brendan para Jessie, Marie e Lary. Coraliny e Leny piscavam mais para Marie e Lary. Júlia obviamente para suas irmãs e Klaus acabava por tentar piscar para as Potter, consegui perceber especialmente uma, justamente aquela que ele ainda não conseguira se declarar. Era óbvio que todos normalmente piscassem para seus amigos mais próximos. E quando eu entrei no jogo e os times se inverteram – dessa vez, quem se ofereceu para ficar de fora foi Júlia - comecei a piscar para Violet ou Klaus na maioria das vezes.

Talvez, tivéssemos jogado por mais um bom tempo se Harry não aparecesse no portal e chamasse a todos nós para participarmos da ceia e a abertura dos presentes. Faltavam só dez minutos para à meia noite segundo ele. Todos nos encaminhamos para dentro da casa, primeiro nos reuniríamos na sala para os presentes e depois que iriamos a ceia. Antes que meu irmão adentrasse a casa, eu o segurei pelo braço. Estávamos sozinhos no quintal. Eu tinha que dizer a ele. Ele tinha que atravessar aquela barreira e eu já estava farto de ver o quanto ele estava demorando para tomar alguma atitude.

—Hey, Klaus. Eu vejo como você olha para ela... Não perca ela. Essa é a sua chance, você tem que falar com ela antes que seja tarde - Ele me olhou e, em seguida, encarou a garota caminhando pela janela em direção aos adultos ao redor da árvore de natal - Ouça seu coração, faça como me disse para fazer com a Violet. Esse é seu último ano... Não deixe ela ir embora. Vá atrás da Hazel, Klaus. Vá até ela.

O garoto permaneceu um tempo observando-a da janela. Ela estava sorridente e as mãos juntas com as mangas do suéter até a metade das palmas. Acho que ele estava olhando para ela com tanta intensidade que Haz sentiu estar sendo observada e se virou para nos encarar. Eles fixaram o olhar um no outro. Nenhum parecia querer desviar, contudo eu pousei a mão no ombro de meu irmão mais velho e o fiz me encarar. Apontei para a janela com a cabeça e ele mordeu o lábio e comentou, antes de sair em disparada até a sala:

—Valeu, Freddie. Você tem razão. Eu tenho que ir até ela.

Observei-o, ainda do lado de fora, até que ele apontasse no cômodo e algo roubou minha atenção no fundo da sala. Não era apenas Klaus que resolvera tomar uma atitude essa noite. A mais velha das Potter, caminhava decidida até um garoto. Por um instante, parecia que ela encontraria com Hazel e Klaus quando ele estivesse a ponto de falar com ela, porém ela nem sequer olhou para ele quando caminhou até o fundo. Era Brendan. Era o moreno quem ela realmente gostava. Sorri e suspirei levemente debochado, enquanto adentrava a casa harmoniosa e quente em comparação com o gélido quintal, ainda mais agora com a fogueira apagada. Meus pensamentos foram de encontro a conclusão óbvia que aparecia no momento: aquele círculo incompleto e vicioso – Brendan, Jessie, Klaus, Hazel – estava prestes a ter um fim.