Marie Weasley - POV's

O brilho fosco do céu escuro e levemente nublado atravessava a janela da sala d'A Toca, que se encontrava totalmente enfeitada. Como todos os anos as irmãs Potter haviam ajudado a fazer daquela noite mais mágica. Um grande pinheiro se encontrava na lateral esquerda da lareira e seus galhos possuíam várias esferas e lacinhos coloridos, especialmente de cores voltadas para o vermelho, o verde e o amarelo. Enquanto nos tijolos marrons alaranjados da lareira estavam penduradas ao todo quinze meias tricotadas pela tia avó Ginny, uma representando cada um dos jovens e que possuíam as mesmas cores e desenhos que os suéteres. Fazia anos que as meias de Jack e Joey não eram colocadas, uma vez que eles não participavam mais da festa de natal a não ser em Hogwarts. Por fim, notei que lanterninhas coloridas tinham sido penduradas no arco da janela.

Logo que o tio-avô Harry apareceu no quintal e nos interrompeu em meio aos jogos e as conversas tradicionais do feriado, todos caminhamos juntos até o apertado cômodo. O sentimento claustrofóbico era abafado pelo natalino e todos se preparavam para abrir seus presentes. Não demorou muito para que começassem a trocar entre si e se abraçar desejando um feliz natal carinhoso. Musicas bruxas festivas faziam o papel de trilha sonora da situação enquanto as risadas e os agradecimentos acompanhavam o som, deixando uma sensação sensação no ar. Em seguida, nos reunimos em um círculo completo para participar de uma brincadeira diferente e conhecida popularmente pelos trouxas, pois na última reunião da AH, Violet sugeriu que tirássemos cada um, um Amigo Oculto. Como estava bastante curiosa, me voluntariei para ser a primeira a revelar:

—Bem, nunca participei disso antes, mas achei bem divertido... Espero que consigam adivinhar - Sorri.

Outra ideia de Vi era a de fazermos diferente da maioria, nós teríamos que fazer perguntar de sim ou não ou irrelevante para descobrirmos o amigo oculto dos outros. Seria mais interessante, dessa forma, segundo ela. A primeira pessoa a me perguntar algo foi minha melhor amiga, Lary:

—Hum... Tem cabelos loiros? - Ela coloca a mão nas madeixas claras e curtas que escapavam de seu gorro azul e neguei sorridente. Lary queria saber se eu saíra com ela.

A vovó Hermione se sentou próxima de Georgia, que estava com Patrícia bem a sua frente e brincava de fazer tranças em seus cabelos apesar de não ser do agrado da menina. Mione resolveu participar da brincadeira:

—Hum... É alguém responsável?

Encarei-a fazenEnviado do meu iPhone

—Diria que sim.

—Então, se não é loiro e é responsável... tem cabelos escuros? - Leny continuou e, dessa vez, também assenti.

Alguns se entreolharam. Deviam estar se eliminando mentalmente, quando uma das garotas Potter resolveu se pronunciar:

—Estuda em Hogwarts há muito tempo? - Jessie perguntou.

—Não - Eu ri quando ela descartou a si mesma.

Tio avô Harry coçou o queixo com uma leve barba acinzentada por fazer, ao seu lado Ginny deitava a cabeça em seu ombro. Ele foi o próximo a me indagar algo:

—Se não é a Jess... Seria um menino? - Sorridente, eu assenti, enquanto apertava o pacote em Minhas mãos.

Alguns segundos mais e, de repente, Tiça se exaltou. Ela deu um salto e fez com que a tia Georgia soltasse as suas mechas escuras. A menininha levantou a mão e exclamou:

—Eu sei! É o Tom! Ele é responsável, um menino moreno e que não estuda há muito tempo em Hogwarts.

O irmão olhou para ela surpreso e depois para mim. Sorri quando me dei conta de que ela adivinhara o meu amigo oculto, então, me aproximei do garoto e lhe estendi o presente. Ele me encarou por um tempo, antes de apanhar a caixa e começar a desembrulhar. Observei-o ansiosa para ver sua reação, quando Thomas estendeu um livro em suas mãos. Possuía q capa verde musgo e os dizeres em dourado: "Barry Higher: As Aventuras do Mago Viajante". Era um conto infantil bruxo que eu apreciava bastante.

—Gosto muito desse conto... Achei que ia ser um bom presente porque mesmo não sendo muito próxima de você, eu me lembrava que tínhamos isso em comum: o gosto por livros.

Ele sorriu para mim e segurou firme o objeto ao mesmo tempo que me agradecia. Ele foi sincero e me senti feliz por ter agradado meu amigo oculto. No começo, fiquei tão confusa. Eu não fazia ideia do que dar a ele. Não podia perguntar sugestões as meninas porque elas não poderiam saber com quem sai e também não poderia perguntar uma dica a Maxwell porque, bem... Porque ele não estava disponível no momento... Então, tive que pedir ajuda a minha mãe e foi ela quem me lembrou que como nós duas e a vovó Hermione, ele amava ler, dai me lembrei desse conto sobre um mago poderoso que dá a volta ao mundo a procura de uma maneira de encontrar um tesouro capaz de trazer-lhe toda a felicidade que almejava depois de ter sido deixado órfão em um lar adotivo bruxo e nunca ter sido acolhido. O final é surpreendente porque ele descobre que o verdadeiro tesouro era a magia que ele tinha e a magia que os outros tinham, que ele adquiria algo novo para si e sua personalidade em cada lugar que passava, que as pessoas que ele conhecia se tornavam amigos para vida toda, inclusive uma garota indiana por quem ele se apaixonou, ou um garoto egípcio que estava fugindo de casa, ou uma garota latina rebelde, além de um novo animal/amigo de estimação: um pelúcio que falava – uma vez que, o livro é infantil e mesmo grande e com um grande entendimento, também era repleto de ilustrações – e jurou lhe ajudar na jornada de encontrar o tesouro, já que os pelúcios são obcecados por ouro e pedras preciosas, porém mal ele sabia que já havia encontrado a verdadeira felicidade.

—Bem, foi um ótimo presente - Ele sorriu para mim enquanto eu deixava ele no centro e me dirigia ao lado de Lary - Minha vez, não é? - Ele colocou o livro de lado e estendeu um embrulho azul com bolinhas brancas.

A primeira pessoa a tentar adivinhar quem era seu amigo oculto fora o vovô Rony. Ele parecia querer participar dessa brincadeira mais conhecida pelos trouxas, por isso fez uma pergunta qualquer. Me concentrei para tentar adivinhar também.

—É alguém que joga Quadribol?

—Sim... - Tom respondeu. E rapidamente todos que jogavam passaram rapidamente a minha cabeça.

—É artilheiro?

Dessa vez, a pergunta veio do pai dele: o tio James, devido ao assunto ser de seu interesse e ele desejar para que fosse alguém que jogava na mesma posição que ele, porém o baixinho negou. Talvez, porque fosse óbvio ou por causa da clarividência ficasse mais fácil para mim, mas rapidamente eliminei Lary, Malina, Violet, Frederich, Hazel, Julia, Jessie, Coraliny e Leny. Porque nenhum deles jogava ou eram artilheiros. Sobrara apenas eu, Patrícia, Klaus e Brendan. A palavra simplesmente brilhou em minha mente.

—Klaus! - Exclamei - É o Klaus.

Todos me encararam, por eu ter sido tão veloz. Ri levemente e Tom estendeu o embrulho para o setimanista. Ele estava entre Hazel, à sua esquerda, e de Freddie, à direta, porém assim que apanhou o presente se colocou no meio do círculo junto de Thomas. Ele rapidamente retirou algo de dentro e estendeu em frente ao seu rosto. Era um violão, mas não um violão como o que ele tocava e, sim, um de enfeite. Ele era do tamanho do antebraço de Klaus e produzido através da reciclagem de vários objetos de plástico trouxa, obviamente o garotinho escolhera o presente certo ao combinar as duas coisas favoritas do mais velho: música e o mundo trouxa.

—Isso... É realmente incrível, Tom - Ele sorriu ao observá-lo de diferentes ângulos.

—Isso tudo é trouxa? - Os olhos de Hazel cintilaram. Ela estava vidrada no violão reciclado.

Klaus retirou os olhos do objeto quando escutou sua voz ecoar pelo cômodo claustrofóbico. Ele desviou sua total atenção para ela. Parecia surpreso de alguma forma.

—Ah, sim... Eu acho que conheço alguma coisa aqui e poderia te explicar depois... Hum, você faz Estudo dos Trouxas esse ano, né?

A morena com os cabelos envoltos em duas tranças espinha de peixe, uma de cada lado, desviou o olhar para encará-lo quando ele começou a falar com ela.

—Seria bem legal... - Ela sorriu - E, sim, faço essa aula. Se tornou minha favorita.

Eles permaneceram por alguns segundos se encarando. Parecia que uma corda invisível estava os conectando naquele momento, quando de repente o garoto se forçou a virar para o restante e apanhar uma sacola de uma nova loja bruxa conhecida do Beco Diagonal: Accessories's Address, ou seja, "endereço dos acessórios" como se lá fosse o lugar ideal para encontrar um acessório. Claramente, a primeira pergunta era óbvia:

—É uma menina, certo? - Alegou a tia Lily.

—Isso mesmo, acho que a sacola entregou tudo - Ele riu.

—Hum... Ela é da Gryffindor? - Haz tentou encontrar a pergunta ideal. Pude sentir que ela desejava em seu íntimo que ele tivesse saído com ela.

O moreno assentiu enquanto novamente se forçava a não vidrar nos olhos nela. Não sei como não reparara antes, mas era óbvio que o garoto estava apaixonado plenamente nela. E agora que eu pensava sobre isso acabava por analisar que isso fazia tempo. Ele devia gostar dela desde sempre, talvez... Mas antes não percebera porque ela era apenas uma criança. Aquele olhar que eles trocavam era o mesmo que eu os vira trocar na noite de Halloween, quando eu e Brendan fomos convidá-los para a Armada de Hogwarts e nos deparamos com aquela determinada cena: Klaus estava acompanhando Jessie, porém elogiara Hazel e causara toda a confusão que se seguira. Lógico, ele a elogiara, porque seu corpo era forçado a reparar nela a qualquer custo, não importava o quanto ele se importasse com Jess e estivesse como seu acompanhante. Hazel era quem chamava a atenção de Klaus. Sempre fora assim.

—Ela é... morena? - Minha mãe resolvera arriscar, dessa vez.

Klaus negou. Percebi que Hazel suspirou levemente com a negação de que pudesse ser ela. Assim, fazendo com que meu cérebro trabalhasse rápido para eliminar as garotas morenas e das demais casas. As que sobraram eram apenas eu, Coraliny, Júlia e Lary. O nome brilhou em minha mente e pouco antes de Lary resolver se pronunciar, eu a interrompi quase que mecanicamente:

—É a Júlia! - Ele deu de ombros quando eu acertara. Todos já se acostumaram com minha agilidade em adivinhar devido a clarividência.

A ruiva ganhara um acessório que com certeza combinava perfeitamente com ela. Eram luvas rastão pretas com os dedos de fora. A garota sorriu ao encará-las e agradeceu Klaus de forma surpresa, uma vez que ela era uma das pessoas mais difíceis de se surpreender. Jú sempre fora diferente da maioria em seus gostos e desejos e ela também era de certo modo bem independente, por isso, se não fosse uma de suas irmãs e melhores amigas acho que certamente seria complicado de saber o que dar a ela.

—Bem, vamos lá - A Potter apanhou o seu presente e esperou para que as adivinhações começassem.

~*~

Durante todas as vezes, eu permanecera quieta sem perguntar nada, porém depois de em média três perguntas ficava extremamente claro qual era a pessoa e fora sempre eu quem adivinhara. Todos já estavam ficando realmente entediados por minha causa e me senti meio sem graça por continuar sem me controlar, mas era algo mais forte do que eu, como um verdadeiro instinto. Acabou que o Amigo Oculto ficou da seguinte forma: eu > Tom > Klaus > Júlia > Brendan > Malina > Freddie > Hazel > Jessie > Patrícia > Leny > Coraliny > Violet > Lary. Até que sobrou apenas uma única pessoa. De início, não me dera conta de que ainda não havia recebido um presente até que todos me encararam e Lary falou brincalhona:^

—Bem, a minha é uma garota forte e realmente inconveniente, as vezes... Tipo agora.

—Espera? Ta falando de mim? - Eu me aproximei dela e apanhei a caixinha de veludo vermelho que ela segurava - Não tenho culpa se não consigo controlar que as respostas simplesmente saiam da minha boca.

Todos ao redor soltaram uma leve risada e me senti corar levemente enquanto abria o que estava dentre minhas mãos: era um colar, mas não um normal. Ele possuía um pingente em forma de uma pequena bola de cristal transparente e cintilante. Observei na palma da minha mãe com cuidado. Aquilo era realmente lindo e chamara minha atenção. Lary se aproximou e estendeu para colocar a joia em meu pescoço, assim que o vez, ela pendeu sobre meu suéter vermelho – feito pela tia-avó Ginny e com o desenho de uma enorme bola de cristal com alguns brilhos ao redor, que combinavam perfeitamente com meu novo pingente, e representavam minha maior característica: a clarividência.

—Hey, é lindo, mas... Onde conseguiu?

—Essa nem é a melhor parte - Ela riu - Ele não é simplesmente um colar. Ele absorve todo o seu dom de clarividência e te ajuda a se controlar - Segurei a pequena esfera curiosa - Basta se concentrar nela que você conseguirá muito mais facilmente a adivinhar as coisas e também a não ser tão inoportuna. Além de que ela é uma mini bola de cristal, então, pode ser usada por qualquer um com o eu dom para qualquer adivinhação que dependa de uma. É uma das mais novas invenções e encontrei em uma loja bastante exótica pela internet... Digamos que o mundo bruxo se reinventa a cada dia mais, talvez mais que o trouxa, embora não seja vidrado na tecnologia como eles.

—Uau - Exclamei assim que ela terminou a sua explicação - Obrigada, eu nunca imaginei que fosse ganhar isso. Você é mesmo a melhor amiga que se pode ter.

Ela sorriu para mim quando a envolvi em um abraço apertado. Lary era mesmo a minha irmã mais velha de outra mãe. Ela era tão importante e me conhecia tão bem, quando nos separávamos quando como brigamos por conta da eleição para capitão do time da Gryffindor, eu me sentia completamente desolada sem ela. Havíamos revelado todo o Amigo Oculto e o tio-avô Harry fez questão de chamar a todos para que fôssemos até a sala de jantar participarmos da ceia. Todos se dispersaram pelo corredor, porém assim que observei Lary novamente, percebi que seu pescoço estava nu, ou seja, ela não usava o famoso medalhão de sempre. Uma grande quantidade de perguntas se apossaram da minha mente e tive que pará-la.

—Hey, Lary... - Ela em encarou confusa - Por que está sem o seu colar? Mesmo depois de Max tê-lo consertado... E outra, me explica direito, por que quis visitá-lo? E qaul é a de vocês de desaparecerem de repente na festa de Halloween... E você chorou muito por ele quando foi atacado... O que ta acontecendo? Ta escondendo alguma coisa de mim?

A loira me observou surpresa, ela parecia digerir todas as minhas questões uma por uma calmamente. Ela estava misteriosa há muito tempo, eu percebia isso. Lary estava me escondendo algo. Ela guardava um segredo de mim, sua irmãzinha.

—Marie, eu... Não quis esconder nada de você... - Ela engoliu em seco - E-eu só estou muito confusa... Marie, eu não...

—Me conta, Lary. Pode confiar em mim, o que foi?

Ela olhou ao redor, provavelmente, se certificando de que ninguém estava nos observando, então, me puxou pelo pulso para que subíssemos as escadas até o segundo andar, on de ela finalmente me soltou. Encarei-a completamente confusa, contudo a loira finalmente abriu o jogo e despejou as respostas sobre mim:

—Marie, primeiramente, eu não te contei antes porque não sabia o que estava sentindo e ainda me sinto confusa... E-eu não estou usando o colar porque achei que Max gostaria de entregá-lo a mim por ele mesmo e ele concertou e tenho certeza que me entregaria... Gostaria que ele mesmo o fizesse quando acordasse... - Ela começou a mexer nas pontas dos cabeços curtos desesperadamente - Eu não sei quando percebi que o Max era mesmo importante para mim, mas mesmo sempre discutindo, ele sempre esteve lá para mim e eu sinto falta de tê-lo por perto, entende? Foi por isso que eu quis visitá-lo no natal, eu queria que ele soubesse que sinto a sua falta... E mais que tudo isso... Na noite de Halloween ele mostrou que se preocupa comigo, eu fiquei tão surpresa pelo Max ter me seguido até o Lago Negro... Eu estava tão nervosa, me senti mesmo sufocada por causa da Leny e...

Não consegui me conter e tive que interrompê-la. De alguma forma me senti estranha ao vê-la confessar o que sentia pelo Maxwell. Ela estava apaixonada por ele? Isso era uma declaração? Nunca havia os imaginado juntos e aquilo fez algo dentro do meu peito doer um pouco, porém não entendi o porquê... provavelmente me senti traída por não saber o que minha melhor amiga estava sentindo e ciúmes por poder perdê-la para ele. Todavia, quando ela tocou no nome de Leny, não consegui entender em hipótese alguma, como a nossa amiga se encaixava na história.

—Espera... O que a Leny tem haver com isso?

—Ah, bem... - Ela pareceu envergonhada em se expor daquela maneira - Ela foi para o baile com o Jespen, e eu não sei como não percebi que ela gostava dele antes... Me senti muito mal por isso... Eu quis sair de lá de alguma forma, quando vi que...

Ela deu uma longa pausa e seus olhos se tornaram úmidos, o que não era nem um pouco normal para Lary.

—O que houve, Lary?

—Quando... Percebi que eles iam se beijar me senti tonta, eu tive que sair do Salão e tomar um ar... Max só fez me seguir e quando estávamos do lado de fora ele prometeu que me acompanharia como meu acompanhante aonde quer que fosse. E ele o fez. Ele ficou comigo no Lago e me entendeu... Ele confessou que se preocupava comigo... E-eu me senti tão diferente com o Max naquela noite, tão especial, tão compreendida, que permiti que deitasse minha cabeça em seu ombro e, depois, foi tudo tão complicado a partir daí... Quando nos olhamos, eu desejei que ele não fizesse o que parecia que ia fazer - Minha boca se entreabriu enquanto analisava toda a situação. Estava perplexa - E ele se distanciou. Mas depois eu me senti de certa forma atraída por ele, não quis que ele se afastasse... Meu corpo sentiu um enorme frio por não estar mais envolvida por ele e... Tudo simplesmente aconteceu.

—Espera aí... - Eu a interrompi novamente e coloquei a mão sobre a boca - V-vocês se beijaram? Você e Maxwell?

Nunca imaginara que tivessem chegado tão longe. Eles estavam diferentes um com o outro e haviam chegado meio nervosos depois daquele passeio, na noite de Halloween, porém um beijo era algo tão profundo que não me atrevi a nem sequer imaginar isso.

—Sim... Ele me beijou, Marie... Eu estava tão confusa. Parte minha queria me afastar e voltar ao salão... mas a outra foi mais forte e eu o puxei para mais perto fazendo com que intensificássemos o beijo... Me desculpa, eu não sei o que deu em mim... Eu acabei intervindo e parando o beijo, além de insistir que aquilo não era certo e que não deveríamos ter feito, só que... Isso foi mais forte do que eu... Eu não conseguia me sentir mais a mesma perto dele, por isso me afastei e quando ele foi atacado, e-eu... - Uma lágrima salgada rolou pela face de Lary. Ela estava tão desamparada e confusa. Meu instinto foi apertá-la contra mim e deixar com que chorasse em meus ombros mais uma vez - E-eu não posso perdê-lo, Marie. Entende isso? Eu não posso deixar ele ir. Precisamos tirar ele daquele maldito coma... Eu preciso dele comigo, vivo.

Nos minutos que se seguiram, eu não me atrevi a dizer nenhuma palavra que não fosse para confortá-la e acalmá-la. Deixei que ela chorasse e me abraçasse o tempo que precisasse. Eu precisava ser forte, não podia deixar que ela percebesse que também me sentia abatida por causa dele ou daquela situação. Todos os detalhes que Lary me descrevê-la haviam me deixado muito mal e, de certa forma, enjoada. Não sentia mais nenhum apetite para participar da ceia e sentia uma sensação esquisita quando pensava em meus dois melhores amigos desde a infância juntos. Namorando. Eu não podia me imaginar como a vela que os unia. Eu queria que minha amiga se sentisse bem e confiasse em mim, queria que ela esclarecesse tudo que sentia e pudesse ser feliz, mas de maneira nenhuma queria que eles ficassem juntos. Não conseguia imaginar o porquê, porém desejava que Max e Lary não fossem para ser. Uma pequena parte de mim sabia que era errado e me punia por pensar assim, por isso apenas me calei e acariciei suas mechas loiras enquanto ela chorava e se expunha completamente para mim, nas primeiras horas do dia de Natal.

Brendan Scammander - POV's

Logo após o amigo oculto, todos se dispersaram até a sala de jantar para participarem da ceia. Já se passava da meia-noite e, já estávamos na madrugada do dia de Natal. No momento em que cheguei na mesa percebi que Klaus não estava no cômodo. Frederich acabou por me informar que o garoto iria finalmente esclarecer tudo com a Potter, ele iria de uma vez por todas tomar uma atitude.

Senti algo retorcer dentro de meu peito. Àquela noite no Salão Principal, Freddie me revelara que Klaus estava apaixonado e tinha uma inspiração para suas musicas. Ele apontara para a mesa da Gryffindor, onde estavam sentadas juntas Hazel e Jessie. De alguma forma, eu imaginei que ele se referia a mais nova, uma vez que nunca havia percebido nada de realmente interessante entre o meu melhor amigo e a Jess, e talvez porque parte de mim gostaria que ele nunca quisesse nada com a mais velha, porém eu não pudera confirmar exatamente porque os irmãos Malfoy me proibiram de falar o nome dela em voz alta. Minhas próprias conclusões se colocaram confusas depois que o garoto acabou sendo convidado para ir ao baile pela Jessie e eu estava quase convencido de que me confundira, apesar de ter visto que Klaus elogiara Hazel naquela noite.

Agora, ao escutar de Freddie que ele iria esclarecer tudo com as Potter, senti que meu coração se apertava ao máximo dentro de mim. Ele iria se declarar para Jess e esquecer da mais nova para sempre. Fora o primeiro pensamento que atingiu minha mente, contudo, assim que procurei por Hazel dentre as cadeiras, avistei uma outra Potter, com seus cabelos escuros balançando ao vendo e um sorriso encantador nos lábios. Era Jessie. Ele não estava atrás dela. Hazel não estava em nenhum lugar. Ele iria se confessar com a mais nova e eu precisa falar com Jess. Eu não poderia perder aquela chance. Depois de três anos me sentindo atraído pela morena, precisava tomar uma atitude. Eu vira ela antes com o alemão Hufflepuff, mas ainda não sabia que poderia gostar dela até vê-la tão mal depois que ele fora embora. Me senti no dever de fazê-la sorrir e por isso sempre me dediquei a tantas palhaçadas perto dela. Agora já estávamos no último ano e eu precisava agir.

—Hey, Jess... - Toquei em seu braço e senti um leve choque se propagar pelo meu corpo - Eu preciso falar com você.

—Brendan, para dizer a verdade eu também. Ia falar com você assim que começamos a receber os presentes, mas nos interromperam e... É importante.

—Ah, pode falar primeiro.

—Não - Ela riu - Você.

—Ahn... - Suspirei. Não era fácil me colocar naquelas circunstâncias sentimentais e saber como sair da melhor maneira. Resolvi aproveitar a minha coragem repentina e apanhei sua mão entre a minha - Vamos a um lugar mais calmo.

Eu atravessei com ela pela porta dos fundos até a sacada da frente da casa. Estava começando a esfriar de verdade. Quando eu abria a boca uma camada de neblina branca saia juntamente do ar que eu respirava. Estava usando um moletom por cima do meu suéter verde – tricotado pela tia avó Ginny, com o desenho dos três aros do gol do Quadribol e alguns risinhos ao redor, representando que eu era o goleiro palhaço da turma – porém assim que percebi o tempo gélido, retirei e estendi para colocar sobre os ombros da garota a minha frente. Ela sorriu de lado para mim enquanto vestia o moletom.

—O que queria me dizer...? - Ela indagou enquanto cruzava os braços para se livrar do frio.

—E-eu... - De certa forma não me sentia tão friorento. A quantidade de adrenalina que se espalhava por todo o meu corpo e a agitação do meu coração faziam com que meu corpo todo se aquecesse rapidamente e o calor me dominasse - Queria te dizer algo muito importante... É que aquilo que eu disse no baile é verdade e Jess, você é a garota mais deslumbrante, que eu já conheci... - Ela me encarou com um sorriso surpreso nos lábios. Estendi as mãos e entrelacei nas dela fazendo com ela deixasse de descruzar os braços. Seus dedos gélidos foram envolvidos pelos meus quentes - E eu gosto de você há uns três anos mas só agora... Depois que percebi que poderia te perder para o Klaus ou porque é o nosso último ano que resolvi... Te dizer... Eu realmente gosto de você, Jess.

Nos encaramos por alguns segundos. Ela parecia absorver toda a informação, contudo de repente começou a rir freneticamente. O som debochado saia de sua boca como um baque para mim. Não esperava que ela risse em uma situação melancólica como aquela. Senti que havia feito algo de errado ou de que tudo o que sentia era uma piada para ela, que não era correspondido.

—O que foi? O que eu fiz? - Minha expressão se preocupou.

—Nada... É que eu ia falar com você exatamente sobre isso... - Ela cessou o riso, mas ainda sustentava um enorme sorriso dentre os lábios avermelhados - Eu estou apaixonada por você, Brendan, desde o ano passado que me sinto diferente e por isso te ignoro ou tento não me exaltar, mas... Você faz meu corpo reagir de uma maneira diferente e eu não sei lidar com isso.

Toda a preocupação e desolação que atingira meu peito há pouco se esvazio por completo e senti como se meu corpo todo estivesse prestes a flutuar. Apertei minhas mãos ainda mais nas, agora, quentes de Jess, com o intuito de impedir que – mesmo metaforicamente – flutuasse pelo espaço a fora. Um sorriso enorme e verdadeiro surgiu dentre meus lábios e acompanhou, o ainda presente, sorriso da morena. Ela se aproximou e produziu uma enorme chama crescente a cada passo que dava para mais perto de meu corpo.

—Brendan... - Ela sussurrou. De certa maneira, aquele som rouco e baixo fluindo de seus lábios avermelhados causou uma tremulação em todo meu interior.

—Jess...?

—Acho que ainda não te dei um presente de natal, não é mesmo? - Ela ainda sorria e minhas sobrancelhas se abaixaram em sinal de dúvida.

Infelizmente, ela não havia saído comigo no Amigo Oculto e muito menos me dera algum presente durante a troca. Apenas a tia Kayla e o tio Albus me presentearam com uma nova espécie de caixa de som com fones de ouvido bruxos, ou seja, que eram capaz de produzir o som de uma conversa a distância, em que não fizéssemos parte. Era quase como espionar, mas também bem divertido, por isso era um artigo da tão famosa Zonko's, a loja de logros de Hogsmead. Contudo, Jessie não me dera nada em particular, porém não fui capaz de entender onde estava prestes a chegar com aquela pergunta.

—O-o que quer dizer? - Indaguei e a garota deu um último passo em minha direção.

Nossos corpos estavam tão próximos que a única coisa que conseguia sentir era o calor emanado dela. Meu sorriso se esvaiu quando percebi o quão encantadora ela estava. Jessie sabia exatamente o que iria fazer. Ela fora ainda mais decidida do que eu, todavia agradeci plenamente por tê-lo sido. Aquela pequenina distância de centímetros entre nossos lábios era torturante. Meus olhos começaram a se fechar levemente enquanto ela impulsionava as pontas dos pés para alcançar a minha boca com a sua. Quando selamos completamente nossos corpos, envolvi suas costas com meus braços fortes e a protegi de todo o resto do mundo. A morena apoiou as mãos em meus ombros e permitiu que intensificássemos o beijo. Não existia mais nada no planeta que pudesse atrapalhar naquele momento. Só existiam eu e ela. Unidos por aquele beijo.

—Uau... - Sussurrei assim que ela ousou se distanciar - Esse foi o melhor presente de natal que já ganhei na vida.

—Hey, não é só isso... Olhe - Ela apontou para cima.

Meus olhos seguiram a direção de seu indicador e se colocaram sobre um visgo de natal verde e vermelho. Ele brilhou a luz da lua enquanto um sorriso leve brotava em minha face. Jess não apenas me beijara como o fizera sob um visgo de natal. Ela escolhera o momento tão perfeitamente e desejara que aquela tradição fosse consumada comigo. Não conseguia expressar minha tamanha felicidade e honra de outra maneira, a não ser morder meu lábio inferior e me voltar para ela. A morena me observava. Nossos olhos penetrados um no outro. Vacilei-os até encontrar seus doces lábios e, simplesmente, puxei-a pelas costas para ainda mais perto – como se fosse capaz ultrapassarmos mais nossos corpos com aquele contato.

Dessa vez, não fora ela que me presenteara, contudo eu o fizera. Nossos lábios se encontraram e mergulhei naquela sensação. Uma das minhas mãos acariciavam seus cabelos negros enquanto a outra segurava sua cintura e impedia que nos separássemos. Jess envolveu meu pescoço com ambas mãos e deixou uma trilha de fogo por onde suas unhas delicadas passavam por minha pele. Depois de tantos anos enganando a mim mesmo aquele era o verdadeiro momento em que me sentia realmente eu mesmo. Nos braços da garota mais deslumbrante do mundo: a – agora – minha, Jessie.

Hazel Potter - POV's

A sala de estar estava completamente vazia no momento em que Klaus segurou em meu braço e me impediu de caminhar até a sala de jantar para participar da ceia como todos n'A Toca.

Meu corpo todo estremeceu quando nossas peles se tocaram. O lugar onde sua mão entrou em contato comigo – meu pulso direito – se manteve queimando, assim ele se distanciou um pouco. Me virei para encará-lo e não fazia ideia do que desejava que ele fosse falar. Ele havia me pedido para ficar porque queria me contar algo. O que realmente era estranho para mim, porque não falava com ele normalmente desde o incidente na noite de Halloween. Eu tentava não causar alguma contenta entre ele e minha irmã mais velha, embora eles também estivessem se vendo apenas nas reuniões da Armada de Hogwarts e em seu grupo de estudos para o NIEM's. Eles não haviam começado a sair de mãos dadas e nem sorriam feito bobos um com o outro como eu imaginei que aconteceria caso eles fossem juntos ao baile. Ela me dissera estar apaixonada por um setimanista e convidara o Ravenclaw para o Halloween, o que me fez duvidar que eles não ficariam juntos de uma vez por todas. Porque será que isso não ocorrera? Então, agora Klaus queria falar comigo. Torci mentalmente para que não fosse me pedir ajuda para conquistá-la. Apesar de querer a felicidade de ambos e de admirar Jess ao máximo, seria tortura ter que reivindicasse aos meus sentimentos dessa forma. Já estava sendo complicado da forma que havia escolhido.

—Ahn, então, o que queria falar comigo? - Engoli em seco e voltou minha atenção para o garoto. Ele apenas me encarava enquanto eu devaneava, a pouco.

—Bem, Haz... Você sabe que a algum tempo eu ando meio estranho... Quer dizer, tem as minhas musicas...

—Aquelas que escreveu para Jessie - Murmurei interrompendo-o.

—Como disse na noite do baile, quero falar sobre isso com você... Eu fui à festa com a Jess, mas - Ele deu uma pausa e seus olhos se fixaram nos mis castanhos brilhantes - Foi porque somos bons amigos e ela me convidou. Não ia deixá-la na mão - Estranhei aquele assunto. Isso significava que ele não estava a fim de acompanhá-la? - E... Aquela música, bem, ela foi composto para a Jess, na verdade, nenhuma das minhas musicas foram.

Fitei-o profundamente. O garoto parecia esperar pela minha reação antes de continuar. Ele estava estático apenas me fitando de volta e suas mãos estavam no bolso da calça jeans surrada, enquanto ele vestia um dos famosos suéteres da vovó Ginny – no caso dele era azul com o desenho de um violão com várias notas musicais em volta e para completar havia também um microfone e uma varinha, pois ele era o músico com amor pelo mundo trouxa. Nós bruxos nunca precisamos de microfones com nossa magia, diferentemente dos trouxas. Mordi meu lábio inferior e tentei ler sua mente. O que ele realmente gostaria me dizer. Ele estava claramente afirmando que não sentia nada pela Jessie, mesmo que indiretamente e parte de mim estava com uma enorme vontade de saltitar enquanto a maior parte desejava verificar se minha irmã estava bem. Será que ele dera o fora nela? Ela estava sofrendo esse tempo todo escondida? Eu estava mais que confusa e, certamente, curiosa.

—Contudo não é sobre isso necessariamente que eu vim te falar... É sobre uma coisa que já deveria ter te dito antes... Eu até ia finalmente dizer no final da noite de Halloween quando você foi embora enquanto eu estava tocando.

Tentei me lembrar daquela noite, todavia não foi algo realmente difícil. Minha mente estava rodeando sobre aquilo há semanas. Apenas tive de me concentrar em cada parte. Eliminei da mente toda a discussão com a Jess e me deparei apenas com a música dele. Me lembro que ela fluía em meu corpo como se tivesse sido escrita sobre meus sentimentos, porém fora sobre os de Klaus e naquela hora eu pensara que era para Jessie, mas se não foi para ela... Para quem mais? Depois não aguentei e tive de ir embora sem nem mesmo me despedir de ninguém... Porém, Klaus me seguiu, e agora podia me lembrar que pouco antes de Maxon aparecer, ele estava prestes a me contar alguma coisa. Depois que eu me falara para ele ir até a Jess e que suas musicas eram feitas para ela e que iria me deitar porque estava cansada, ele quase me contara o que quer que fosse que ele me contaria.

—É simples e eu não sei porque escondi isso por muito tempo... Na verdade, acho que realmente sei... Eu estava tentando enganar a mim mesmo e com medo da repercussão que isso daria porque somos todos muito jovens e alguns mais jovens que outro e... - Ele parecia nervoso. Estava mexendo os pés para frente e para trás e desviava o olhar de mim vez ou outra.

—Klaus! - Segurei em seus bíceps com as duas mãos e o fiz se virar de frente para mim e parar de se mexer - Relaxa... Você parece nervoso, o que realmente vai me dizer?

O nervosismo dele estava perpassando o espaço que nos envolvia e fazendo com que eu também ficasse nervosa. Meu coração estava palpitando a cada segundo mais rápido. Cada vez que ele adiava o que me contaria fazia com que a adrenalina aumentasse freneticamente em minhas veias. Quando eu o toquei foi como se ele recebesse uma descarga elétrica de realidade. O garoto finalmente se acalmou e prendeu a respiração. Ele demorou algum tempo para se recompor e continuar, mas agora me olhava fixamente.

—Certo... Foi mal, isso é meio embaraçoso... Olha, Haz, o que eu realmente quero te falar é que, aquela musica, todas as outras que eu escrevi, toda a minha inspiração não é a Jess... Ou qualquer outra garota qualquer... - Ele abaixou a voz. Ela saia quase como um sussurro. Minha mente corria veloz para captar cada palavra que ele dizia. Onde estava querendo chegar? Uma pontada de esperança me envolveu completamente e meu corpo todo estremeceu quando de seus lábios ecoou aquelas últimas frases – É apenas você, Hazel. Você é minha inspiração. E sempre foi você, Haz. Eu escondo que gosto de você desde que éramos crianças. Eu tinha uma paixonite infantil por você quando nos encontrávamos em alguns eventos de família, porque você me dava bola quando eu começava a devanear em minhas maluquices sobre os trouxas e você sempre foi tão doce, amiga, fofa... Se preocupava com suas irmãs e com o bem estar dos outros... Você era tão talentosa desenhando, que me causava admiração e um pouco de inveja - Ele riu com a última confissão, entretanto ela fora a última na minha lista das mais fofas que ele havia dito para mim naquele mesmo momento. Ele estava se declarando para mim e apenas para mim. Meu corpo rejeitava a acreditar que aquilo estivesse mesmo acontecendo, que fosse mesmo real – Hazel... E aquilo que eu disse na noite de Halloween era verdade... Você estava linda... Você é linda. Todos os dias e todas as noites. A garota mais linda que eu tive a honra de conhecer e acompanhar a crescer. Sempre foi você...

Klaus retirou a mão esquerda do bolso e estendeu-a até tocar em meus cabelos escuros. Ele colocou uma mecha atrás da minha orelha enquanto cantarolava a canção daquele dia baixinho. Só para mim ouvir, embora não tivesse mais ninguém na sala:

—"It's like the first time

I saw you just a while

Black hair and perfect smile..."

Em seguida, sua mão desceu e acariciou minha bochecha suavemente, porém assim que o fez uma trilha de fogo queimou minha pele e todos os pelos do meu corpo de arrepiaram. Ele gostava de mim. Ele sempre havia gostado de mim.

—Klaus... Isso é, ah, nossa... Incrível - Eu soltei uma leve risada - Eu nem acredito. Eu tenho uma queda por você desde que era uma criança... Eu nem sabia o que era o amor e ainda não sei, mas... Realmente gosto de você.

Eu estava nas nuvens. Realmente sentira que minha paixão de criança era ridícula. Sempre achava que aquele primo distante era um fofo e talentoso quando mais nova, mas nunca contara para ninguém, só que desde que fora para Hogwarts começara a admirá-lo ainda mais é só desejava que ele também me notasse. Porém agora tinha a Jessie... Ela estava apaixonada e eu não podia deixar com que a vida dela se atrapalhasse por minha causa.

—Mas... - Meu semblante se desfaleceu e eu apanhei a mão de Klaus, agora, do meu queixo e a empurrei para ele novamente - A gente não pode fazer nada. Por causa da Jessie. Ela vai ficar mesmo mal... E eu não quero atrapalhar a vida dela.

—Acho que isso não é um problema.

—O que? Klaus, isso é tão insensível... Ela é a minha maior admiração e minha melhor amiga, eu não posso fazer isso com...

O garoto me interrompeu e virou meu rosto levemente em direção da janela da sala de estar, que estava repleta de luzinhas de natal ao redor. Pontos de luzes coloridos jorravam sobre nós. Vermelho, amarelo, verde e azul. Um ciclo infinito de cores. Através dos vidros duas pessoas se encontravam fora d'A Toca mesmo com o forte frio de inverno e pequenos floquinhos de neve começassem a cair sobre suas peles aquecidas. Eram Jessie e Brendan. Eles estavam se beijando como se fosse a única coisa que importasse naquele momento. Um ao outro.

—Uau... Então, ela gosta do Brendan? - Sussurrei para mim mesma.

Aquele dia na comunal quando Jess confessara que estava apaixonada por um Gryffindor setimanista eu jurava que ela falava de Brendan porque eles tinham muito em comum. Eles se completavam, pelo menos na minha concepção, mas minhas irmãs me impediram de pronunciar seu nome em voz alta e, dessa maneira, estive completamente em dúvida quando ela convidara Klaus ao baile. Agora tudo fazia sentido. Ela fizera isso porque estava nervosa em convidar Brendan e como Klaus era seu amigo, ela o fizera. Ela devia ter ficado chateada com o garoto no baile porque ele estava fazendo ela passar vergonha em acompanhar alguém que estava prestando atenção em outra menina. Agora tudo estava claro. Ela w Brendan realmente se gostavam e estavam juntos e eu e Klaus... Bem, nos também sentíamos algo um pelo outro.

—Incrível - Ele sorriu para mim e me vez voltar a olhá-lo - Finalmente eu disse e não foi tão ruim quando eu pensava... Foi ótimo.

As palavras cessaram em poucos instantes e o garoto levantou a mão pra acariciar meu rosto novamente. Ele tremia levemente quando alcançou meu queixo e o levantou para mais perto do seu olhar. Eu era consideravelmente mais baixa que a maioria das pessoas na turma e por isso ele precisava me encarar de cima. Nossos olhos se encontraram e meu estômago se revirou por completo, mas a sensação de frio na barriga era diferente é muito boa. Sua outra mão pousou em minha cintura e ele me puxou levemente para mais perto. Pude sentir o que estava por vir. Nos beijaríamos. Eu teria o meu primeiro beijo agora e ele seria com o garoto dos meus sonhos, mas me deixava muito nervosa. E se eu não soubesse o que fazer? E se fosse um desastre? E se Klaus nunca mais falasse comigo? Em meio às batidas apressadas do meu coração e as dúvidas que permeavam meu cérebro, fechei os olhos e deixei que ele me guiasse.

De presente, antes que nossos lábios pudessem se tocar, algo gelado e espumoso foi de encontro com nossos pés. Eu usava pantufas azuis de gatinho se rapidamente meus pés estavam molhados. Klaus deu um passo atrás e abrimos nossos olhos. Encaramos o chão ao nosso redor e escutamos, em sequência, gritos e exclamações vindo da cozinha no final do corredor. Encaramos o local e percebemos que o andar de baixo todo estava inundado com aquela espécie de espuma grudenta.

Patrícia Ginevra Potter - POV's

O natal. A festa das minhas pegadinhas. Durante as reuniões familiares eu sempre tinha que de alguma maneira fazer algo memorável com meus primos. Era quase como uma tradição feita por mim mesma. Esse ano eu fiz um trato comigo mesma que seria diferente de todos os anos. Mais radical ainda. Esperei até que fosse a hora da ceia porque queria que a meia noite chegasse e com ela o dia de Natal.

O único problema era o de que eu não fazia ideia do que faria esse ano. Eu estava tendo uma série de sugestões, porém todas eram infantis e semelhantes as antigas. Nenhuma parecia inovadora e eu queria algo peculiar. Para minha surpresa, todas as soluções vieram embrulhadas em um papel azul com detalhes em branco e um belo laço. Assim que desembrulhei o presente me deparei com um novo produto da tão famosa Zonko's e esse chamava-se Espuma Grulenta – um trocadilho com as palavras 'lenta' e 'grude' pois como explicava nas instruções era uma espuma que grudava e a vítima da traquinagem não podia se soltar e mexia-se apenas lentamente até que conjurasse um feitiço chave.

Quando todos se reuniram para a hora da ceia eu me precipitei para puxar Malina e Thomas. Eu os levei até um cantinho deserto e sussurrei todo o meu plano para que ficassem espertos e se sentassem nas cadeiras com o objetivo de não estarem com os pés no chão e não serem vítimas.

—Pensei que não ia arriscar fazer nada esse ano - Tom parecia discordar de mim - A mamãe não vai ficar nada feliz. Você não devia fazer isso.

—E você não pode se decidir por mim - Mostrei-lhe a língua - A mamãe precisa de emoção e humor. Agora, Mal, tome cuidado. Vocês dois.

—Pode deixar - Ela concordou e imitou um soldado com a mão na testa - Vamos nos prevenir. Tom, deixa disso, vamos logo comer que estou morta de fome!

Ela puxou o garotinho que foi a contra gosto até a mesa e eles terminaram de apanhar sua comida e se sentaram à mesa antes dos demais. Corri para o banheiro e apanhei um balde de dentro do armário. Enchi-o completamente de água para depois despejar todo o produto dentro e misturar bem, assim como dizia nas instruções e como eu fizera com tudo deveria causar um efeito ainda maior. Segurei a risada quando sai correndo até o corredor.

Percebi que Jessie e Brendan estavam entrando pela porta dos fundos e Klaus e Hazel juntos na sala. Portanto, para atingir a todos eu deveria ser muito esperta. Apanhei o balde e comecei a despejar de todos os lados possíveis e de forma que desse o maior volume. Quando a água espumosa entrava em contato com os pés dos meus familiares eles logo se prendiam ao chão e não conseguiam se locomover. Era quase uma cola mágica. Todos se desesperaram e não aguentei. Minha risada começou e tive de apertar a barriga para conter a dor de tanto rir. Apenas Tom e Mal não foram atingidos por manterem os pés em cima das cadeiras.

—Feliz natal, família! - Gritei em meio aos risos.

—Patricia! Tire-nos já daqui! - Minha mãe gritou com força.

—Não... Dá... - Eu dei algumas pausas enquanto rolava de rir e tive até de me sentar na escada para me acalmar - Só... Sai... Com... O feitiço... Certo...

—O que ela está dizendo? - Meu pai dessa vez. Minha mãe estava enfurecida e meu pai abraçou-a para que se tranquilizasse.

—O que é isso? - Violet perguntou confusa.

—É meio nojento - Marie engoliu em seco.

—E muito grudento - Comentou Freddie - Você ta bem, Vi?

A menina concordou e todos continuaram a tentar se soltar, sem sucesso. E eu continuava a rir.

—É uma espécie de logro - Constatou tio avô Rony.

—Quem deu isso a ela? - Minha mãe novamente.

Tom ameaçou se levantar para ajudá-la, mas ela o impediu.

—Não! Fiquei seguro ai!

—Fui eu... Eu dei a ela - O tio avô George deu de ombros - Ora essa, ela é a única marota de verdade da nossa família e uma das únicas vivas. Todos os marotos estão mortos... E ela lembra muito a eu e... - Ele deu uma pausa significante - O velho Fred quando tínhamos sua idade.

—Ela não deve ganhar presentes desse tipo. Ela é uma princesinha e deve ser tratada como tal! - Minha mãe exclamou.

—Calma, Georgia - A tia Kayla interviu - Temos que nos tirar daqui.

—Pessoal! - Klaus gritou da sala - Ela disse que é só usar um feitiço específico... Vamos pensar no que nos poderia soltar dessa... Ahn, gosma espumosa.

A casa toda se calou e todos começaram a colocar a cabeça para pensar no melhor feitiço. Parei de rir e apertei minha barriga com as mãos enquanto apenas observava-os. Estava ansiosa para saber o que eles fariam e como conseguiriam sair dessa.

A primeira pessoa a se pronuncia fora Jessie. Como a responsável que era a garota, logo, apareceu com uma solução.

—Eu estudei em feitiços semana passa uma série de feitiços, certo Brendan? - Eles estavam estudando pelos NIEM's juntos pelo que sabia - E acho que tem um que nos ajudará.

Ela apanhou a varinha de dentro das calças de moletom cinza e estendeu-a à frente, em direção, a espuma.

Bombarda! - Exclamou e por ser estudiosa seu feitiço saiu potente, mas não completamente excelente.

Uma explosão surgiu da ponta de sua varinha e atingiu o chão. No momento em que entrou em contato com o produto foi como se choca-se com um espelho, porque foi lançado de volta e por questão de segundos não atingiu Jessie. Brendan atrás dela puxou-a para si e abraçou apertado.

—Você ta bem? - Ela assentiu um pouco surpresa.

Infelizmente, não era o feitiço certo e nem mesmo ela conseguiu se soltar. Todos continuavam presos.

—Ela quase se machucou, Pati! Conte o feitiço agora! - Minha mãe exclamou e eu apenas ignorei-a.

—Já sei! - Coraliny resolveu tentar. Ela apanhou sua varinha e fez um movimento rápido na vertical de cima para baixo - Expelliarmus!

O feitiço ricocheteou contra a espuma e voltou com força total até a oponente. Coral de desequilibrou com o impacto e sua varinha voou até o outro lado da cozinha, atingindo o musse de maracujá de tia avô Hermione e tia avô Luna. A sobremesa foi completamente estragada e Cora chegou a cair para trás na espuma grudenta. Sua calça e uma de suas mãos ficaram presas junto aos seus pés. Minha mãe tapou a boca com as mãos e encarou a taça perplexa, em seguida, se virou com os olhos fuzilante se repreendedores sobre mim. Meu pai segurou seus ombros como se de alguma forma ela pudesse partir em minha direção, apesar de sabermos que seria impossível, devido ao grude.

—Esse é um feitiço para desarmar, Cora! - Lary exclamou - E esse treco não tem uma varinha - A loira du um tapa na própria testa indignada.

—Foi mal eu não estava pensando direito... Fiquei confusa... Estava meio nervosa - A ruiva riu levemente.

—Ei, você ta bem? - Hazel questionou e a garota assentiu tentando se soltar ainda mais agora. Parecia uma lagarta dentro de um casulo fazendo o possível para escapar.

—Acho que não estamos pensando direito... - Vovô Harry começou - Isso não é algo com que possa-se queimar ou explodir... É água, não reage com fogo.

Todos começaram a entender o real propósito daquilo. Era óbvio que o vovô estava correto. Esperei ansiosa para saber quem desvendaria aquele mistério e descobria o feitiço certo para tirá-los dali. O silêncio dominou a sala. O único som era o insondável de seus pensamentos à procura da resposta. Leny foi a próxima a se arriscar. Ela levantou a mão esquerda trêmula segurando sua varinha, uma vez que é canhota, e respirou fundo, antes de apontar diretamente para a espuma, desenhando uma linha ondulada de cima para baixo e da direita para esquerda, e murmurar o feitiço.

Aguamenti - Um fino jato de água saiu de sua varinha, mas logo cessou. Ela estava nervosa e não conseguira realizar o feitiço direito.

—Água? Sua ideia foi usar... - Júlia cruzou os braços e franziu o cenho confusa, porém logo arregalou os olhos e boquiabriu-se. Eles estavam finalmente entendendo - É isso! Vovô você tem razão... Leny, você é um gênio da Ravenclaw! Precisamos usar um feitiço de água! Isso é espuma, não é? É isso só se desfaz com água... - Ela bateu as mãos entusiasmada com a possibilidade de se livrar - Eureka!

Eu sorri levemente enquanto abraçava meus joelhos. Ainda estava sentada nas escadas e observava atentamente a todos. Cada um deles pareciam estar se sentindo muito mais relaxados com a descoberta, totalmente óbvia. Hazel e Klaus, na sala de estar, sorriram um para o outro e deram as mãos esperançosos. Lary e Marie abraçaram Leny em satisfação. Freddie e Violet se entreolharam contentes. Júlia não parava de sorrir. Coraliny ainda presa no chão fez um sinal de positivo com a mão livre para a Loira. Brendan ainda amparava Jessie enquanto os dois também se tomavam de esperança. Todos os adultos e idosos expressavam vitória mesmo antes de a tê-la conquistado. Malina e Tom continuavam sentados sem ousarem tocar no chão. Todavia, foi a vovó Ginny que se apressou em retirar a varinha e apontá-la diretamente para a espuma fazendo um movimento espiralado da direita para a esquerda.

Água Eructo - Pronunciou potentemente e do objeto de madeira começou a jorrar água abundantemente.

O feitiço fora conjurado tão fortemente que em poucos segundos toda a cozinha estava ensopada e mais breve o corredor do andar de baixo e a sala de estar. Logo, que o feitiço entrou em contato com o logro os pés de todos começaram a se desgrudar e Coral conseguiu se colocar de pé. Me levantei e tratei de bater palmas. Por alguns segundos todos pareciam ter esquecido de mim e de quem fizera toda aquela brincadeira.

—Parabéns! - Exclamei - Vocês foram ótimos!

Quando minha voz dominou o local todos se viraram para me encarar. O olhar de reprovação de minha mãe era quase mortal e meu pai não conseguiu detê-la. Georgia vinha a passos vacilantes até mim, enquanto a tia Kayla e a tia Lily começavam a limpar a água que inundava todo o chão através de magia.

—Você está muito encrencada, mocinha! - Abaixei meu semblante fazendo carinha de cachorrinho sem sono - Dessa vez, não, Patrícia! Dessa vez, não! Você não só estragou a noite de Natal, como a sobremesa que todos esperávamos comer e tem mais, poderia ter machucado alguém com essa marotice! Isso foi muito irresponsável... Você é uma menininha! Não deve fazer macaquices, você tem que ser meiga e agir como uma princesinha... É-eu estou tão desapontada! - Ela colocou a mão na testa em sinal de reprovação.

Meu pai, logo, apareceu atrás dela e colocou a mão em seus ombros. Ele sussurrou para que ela se acalmasse, mas minha mãe parecia com os nervos à flor da pele. Eu realmente não entendia como meu pai tinha se casado com uma mulher tão diferente dele, em princípios. Porém me lembro bem de uma história da vovó Ginny de que ela era tão aventureira quanto ele. Foi assim que se apaixonaram... Mas porque agora ela estava tão chata e rígida?

—Ahn... Querida, vamos pegar leve. Não foi tão ruim assim.

—Não foi? - A mulher fuzilou meu pai - Não acredito que você vai ficar do lado dela, James!

—Não estou defendendo a Tiça, é só que ela é uma criança e faz parte do crescimento fazer brincadeiras e pregar peças... Você sabe bem... Eu era exatamente assim.

Minha mãe afastou as mãos do homem de si e balançou a cabeça negativamente com as mãos na cintura.

—Não adianta justificá-la. Ela estava errada e... Merece um castigo.

Arregalei os olhos. Não estava preparada para um castigo. Na verdade, normalmente minha mãe me repreendida, porém não fazia com que eu pagasse mais do que ajudar com as tarefas... Ela simplesmente me considerava sua menininha e nunca gostava de me castigar. Seu olhar estava tão severo dessa vez que senti o seu peso como se segurasse uma âncora pelas costas.

—Quer saber? Você não vai dormir com suas primas dessa vez - Encarei-a sem entender - Essa noite vai dormir comigo e o seu pai, o tio Albus e a tia Kayla. No nosso quarto. Seu bem que você quer ficar acordada até tarde com eles, mas... Assim que terminaremos de comer vamos todos para cama.

—O que? Isso não! - Eu odiaria passar a noite com a minha mãe melosa e sem poder brincar com meus primos. Ela estava conseguindo me torturar muito bem.

—Isso sim! - Ela me puxou pelo pulso em direção à mesa de jantar - Agora, vamos à ceia.

Malina e Thomas me encararam enquanto era arrastada até próximo deles. Acredito que estavam espionando nossa conversa porque me lançaram um olhar de ternura e consolo quando passei por eles. Senti volta-se de gritar e clamar por ajuda, mas sabia que ninguém ia contra minha mãe. Eu estava orgulhosa da peça que pregara e do resultado adquirido, porém já era certo. Eu perderia boa parte do natal trancada em um quarto velho com três adultos e uma mãe melosa é tão grudenta quanto a espuma Grulenta, enquanto escutaria as risadas abafadas de todos da minha idade se divertindo... Sem mim.