Música: Control - Halsey

Pietro aproximou-se de mim e perguntou:

— Wanda, como você está fazendo isso?

— Eu não sei. – respondi. — E também não sei como parar. – olhei desesperada pra ele. — Me ajuda!

— Ok. Coloca a mão nos bolsos da jaqueta e vem comigo. – fiz o que ele disse. Segui-o até a Jean e o Scott, que estavam sentados em uma mesa perto da fonte de chocolate. Sim. Eles tinham uma fonte de chocolate? Por quê? Não tenho a mínima ideia.

— Scott, a gente já vai indo, a Wanda tá com um pouco de dor de cabeça. – ele disse.

— Beleza, tchau. – Scott e Pietro trocaram um tapinha nas costas e Scott me abraçou. Jean se levantou, abraçou Pietro e depois a mim também.

— Obrigada por terem vindo. – ela disse. Eu e Pietro fomos andando até o estacionamento do lado de fora da mansão, quando Kurt, Kitty e um garoto que eu não conhecia se aproximaram de nós.

— Vocês já vão? – Kitty perguntou. — Ainda não são nem 10 horas!

— Eu não estou muito bem. – disse. — Estou com dor de cabeça.

— Posso procurar um remédio pra você, se quiser. – Kurt se ofereceu.

— Não gente, valeu mais eu quero ir pra casa.

— Você parece meio tensa. – disse o garoto. — Desculpe. Meu nome é Evan. Por que você não tira as mãos dos bolsos?

— Eu tô com frio.

— Eu posso te esquentar, se quiser. – menino atirado, não?

— Não, obrigada. – voltamos a andar, mas o tal do Evan veio atrás de nós. Ele segurou no meu braço e o puxou, tirando minha mão de dentro do bolso. Minha mão ainda estava com aquela fumaça vermelha saindo dela.

— Wow. O que é isso? – ele começou a se afastar. — Para com isso.

— Eu não sei como! – tentei enfiar a mão no bolso antes que outra pessoa visse, mas era tarde de mais. Um garoto da minha classe de espanhol já tinha visto a fumaça e foi aí que o caos começou. Ele puxou Scott até mim e puxou meu braço. Há essa hora, todos já estavam prestando atenção. Alguns começaram a se afastar de mim, mas Jean e Scott começaram a se aproximar. Alguns começaram a gritar. Jean se aproximou de Kurt e sussurrou algo em seu ouvido. Ele correu para dentro da mansão. Ótimo, ele provavelmente iria chamar a polícia e eu acabaria indo parar em um laboratório.

— Wanda, consegue parar ir isso? – Jean perguntou, docemente. Apenas neguei com a cabeça. Ela aproximou-se de Kitty e sussurrou algo pra ela também. Kitty saiu puxando Evan e Jean voltou para perto de mim. Pelo canto do olho, percebi que Kitty e Evan estavam mandando as pessoas embora. Boa ideia. Quanto menos pessoas me virem entrando em uma viatura policial, ou coisa assim, melhor.

Kurt finalmente voltou lá de dentro. Mas ele não estava sozinho. Com ele, vieram um homem, careca, em uma cadeira de rodas automatizada, uma mulher afrodescendente com o cabelo branco, embora fosse jovem, e um cara com um corte de cabelo que pareceria militar, se nos dois lados da cabeça os cabelos não formassem algo que pareciam dois chifres. O homem careca se aproximou de mim e disse:

— Qual o seu nome, minha cara?

— Wanda Maximoff.

— Wanda, pode vir comigo, por favor?

— Não, obrigada. – comecei a ouvir o barulho de sirenes de carros de polícia e fiz a primeira coisa que me veio à cabeça: voltei a andar em direção ao carro. Pietro, sem nem perguntar, veio atrás de mim. Quando cheguei à porta do carro, percebi que o carro ao lado estava tremendo. Olhei para trás e vi um homem voando em direção à mansão. Quando parei pra prestar atenção em quem era, levei um susto.

— Erick? – sussurrei. Pietro me ouviu e olhou para trás, avistando também o homem.

— Mas o quê...?

— Pietro, eu estou alucinando? – me virei para ele, depois de poucos segundos em choque, tentando achar uma explicação para aquilo.

Por alguns segundos, achei que realmente precisava voltar para o manicômio.

— Não, eu também to vendo. – Pietro observava a situação admirado.

Certo, me sinto melhor não sendo a única a ver isso aqui.

— Então, Pietro, nós estamos bêbados? – virei para ele de novo.

— Não, Wanda. Nem bebemos.

Eu realmente queria estar bêbada. Por que? Porque assim toda essa situação teria alguma explicação.

— Pietro, olha pra mim, olha nos meus olhos – mandei e ele fez – Certeza absoluta que não estamos bêbados?

— Sim, Wanda! – ele já estava impaciente.

— Pietro, isso não é possível! – eu quase gritei — Erick está... Ele está... Ah, você sabe! E também tem isso acontecendo – tirei as mãos dos bolsos, mostrando que aquela coisa ainda saia das minhas mãos — e eu não consigo controlar!

— Wanda, calma. – ele pediu, se afastando um pouco e apontando para as minhas mãos, onde a fumaça só aumenta. Parecia uma daquelas máquinas de fumaça que tem em shows de rock.

Enquanto Erick parecia ter uma conversa nada amigável com o cara de cadeira de rodas e aquele do corte de cabelo militar, vi que as pessoas que ainda nos observavam com algo diferente no olhar: ao mesmo tempo que tinham medo, sentiam ódio.

O número de pessoas só aumentava, agora com pessoas alheias vindo assistir a confusão. Alguns pareciam curiosos, outros amedrontados e alguns simplesmente pareciam querer me linchar. Poucos eram aqueles que pareciam quer entender, antes de julgar.

— Que tipo de aberração é você? – o delator da minha classe de espanhol (vulgo aquele que espalhou o que estava acontecendo comigo) perguntou.

— Deixem ela em paz. – Pietro me defendeu.

Mas a multidão só se aproximava, cada vez com mais ódio no olhar.

[x]

POV NARRADOR

— Erick, o que faz aqui? – Xavier perguntou, logo que o ex-amigo pousou em sua frente com um semblante não muito

— Jura, Xavier? Acho que já deve saber. Aposto que já entrou na mente deles pra saber o que faço aqui e a minha relação com eles.

— Assim como também já sei o que fez à eles, principalmente à Wanda.

— Cale-se!

— Certo, certo. Mas quero te fazer um pedido: deixe-me treinar Wanda, ajudá-la a controlar suas habilidades.

— Quer que eu permita que ensine filha a esconder suas habilidades e temer aqueles sem poderes?

— Ela poderia aprender a usar seus poderes sem se machucar ou machucar outros. Wanda estaria mais segura aqui.

— Segura de quê? Daqueles sem poderes? São eles quem precisam ser protegidos de nós.

— Quero ensina-la que infelizmente, nem todos aceitarão sua condição e instruí-la a saber usar seus poderes e lidar com essas pessoas.

— Quer ensina-lá a se curvar perante eles!

— Claro que não. Você mais do que ninguém sabe que tudo pelo que luto é igualdade! Que sejamos aceitos e tratados de iguais para iguais.

— Mas não somos iguais, somos melhores!

— Com atitudes como as suas, não.

— Wanda tem uma mente confusa e uma história turbulenta. – Xavier disse de olhos fechados, com o cotovelo apoiado no braço da cadeira, tendo dois dedos na cabeça, como fazia na maioria das vezes que lia mentes.

— Pare de invadir a mente dela! – Erick quase gritou.

— Amigo, acho que tem problemas maiores pra se preocupar do que na mente de quem o Professor entra. – Logan disse, sempre com aquela mesma voz de tédio e apontou para a direção de Wanda e Pietro, que eram cercados por uma multidão.

[x]

POV WANDA

Conforme as pessoas se aproximavam, meu irmão e eu recuávamos. Mas percebemos que não havia mais para onde correr quando batemos as costas em um dos carros, sem ter mais como recuar.

Achei que seria meu fim quando de repente um carro foi jogado entre nós e a multidão, que recuou um pouco, amedrontada. Gradativamente, mais objetos foram para junto do carro, como se fossem atraídos por um imã gigante já que todos eram de metal e derivados, formando uma espécie de barreira entre eu e Pietro e o resto das pessoas.

— Você fez isso? – Pietro perguntou, com os olhos arregalados e ofegante, assim como eu

Neguei com a cabeça e olhei para o lado, vendo quem parecia controlar aquilo vir para perto de nós, com passos rápidos e firmes: Erick.

— Vamos. – ele disse agarrando o braço de Pietro.

— N-não vou a lugar nenhum com você. – falei logo após recuar, impedindo-o de encostar em mim e o encarei com uma expressão que era um misto de temor e surpresa com uma pitada de raiva. Erick me encarou com semblante firme, antes de agarrar meu braço e nos tirar de lá.