Heart by Heart

Capítulo VII - Don't make me your enemy


Capítulo VIII – Don’t make me your enemy

Gina Weasley

O que eu fiz para a Morgana? Será que roubei os seus brincos e os usei em uma convenção anti-bruxos? Só pode ter sido, para ela me trazer essa loira oxigenada aqui para estragar tudo, justamente quando as coisas começavam a entrar nos eixos...

— Droga! – praguejei chutando uma pedra com minha bota de couro.

— Gina? Está tudo bem? – escutei a voz de meu irmão, Rony, atrás de mim.

Virei para encará-lo e o vi com o cenho franzido pela claridade do sol, as mãos enfiadas nos bolsos frontais e em sua face uma expressão de preocupação sincera.

— Estou. – sorri fraco, mentindo para ele.

Sua cabeça tombou quase que imperceptivelmente demostrando um claro sinal de desconfiança. O que eu esperava? Ele era meu irmão mais velho, e o único que não conseguia enganá-lo.

— Não. – admiti. – Mas, tudo bem. O que menos importa agora é o que eu acho em relação a tudo.

— Sabia que ela viria, não sabia?

— Mamãe me implorou, praticamente obrigou, a ajuda-la a fazer a “surpresa” para Harry. – fiz aspas com no ar. Suspirei pesadamente e continuei – Aposto que ele gostou da surpresa.

— Aposto que não. – corrigiu. – Ele me contou que há tempos queria separar dela, e esse desejo aumentou ainda mais nessas férias... – ele deixou que a frase se perdesse no ar, deixando claro que sabia de tudo.

Desviei o olhar para uma tartaruga que caminhava pelo jardim, e suspirei pesadamente. Lembro-me o quanto Rony implicou com nosso namoro na época dos estudos, não queria que isso se repetisse. Tudo já estava bem complicado do jeito que estava.

— Gina – ele aproximou-se de mim, fazendo-me olhar para ele -, Harry te ama e sempre amou. E sei que toda essa história incomodou a mim e há vocês anos atrás, mas não é mais assim. Eu cresci. Você cresceu. E eu percebi que Harry faz bem a você, então vou apoiá-los e ajuda-los no que eu for capaz.

Olhei no fundo de seus olhos claros, assim como os meus, e o abracei.

— Obrigada.

— Agora vamos entrar, não pode demostrar fraqueza diante dela, não é?

— Isso. – respirei fundo e recuperei-me.

Se ela estava aqui ficaria mais fácil para o Harry terminar com ela, e então ficaríamos livres para ficar juntos de uma vez por todas. Então Rony e eu voltamos para dentro da casa e o primeiro par de olhos que encontraram os meus foram de Harry.

Ele estava sentado no sofá e Karen estava ao seu lado conversando animadamente com ele, como se fossem dois adolescentes. Ao notar que ele olhava para algum lugar ela seguiu seu olhar e me encontrou, olhando-me de um modo que me deu arrepios, mas ignorei e fui para a cozinha, ajudar minha mãe com o almoço.

Harry Potter

Karen não parara de falar um só momento desde que eu havia passado pela porta da cozinha. Ela contava detalhadamente sobre como ela e sua irmã, Kelly, haviam montado uma armadilha para que capturassem o bruxo das trevas. Seus detalhes eram minimalistas e eu me sentia-se como se um filme passasse em minha cabeça.

Até que, é claro, ela começou a ficar repetitiva e voltava a contar coisas que já havia contado. Não aguentava mais ouvi-la falar. Esse era um dos defeitos dela: falar demais sem saber a hora certa de parar.

Mas, para o meu alívio, logo Gina apareceu anunciando que a mesa já estava posta.

Gina estava me preocupando. Eu queria saber como ela estava lidando com tudo aquilo, ainda mais depois de ela ter saído daquele modo para o jardim. Mas, infelizmente, eu não teria um tempo a sós com ela tão cedo, e teria que me contentar com as conversas em código com Rony.

Eu precisava da Hermione agora. Ela, sim, saberia me dizer o que fazer...

— Conte-nos sobre como conheceu Harry, Karen. – senhora Weasley pediu.

Quase engasguei com o suco que eu estava tomando. Só me faltava essa agora!

— Bom, foi há algum tempo atrás. – começou ela animada e sorrindo para mim – Eu estava andando no Beco Diagonal, totalmente perdida, já que havia acabado de me mudar para Londres. Eu nasci e cresci na Itália. – disse a seus ouvintes confusos – E então eu esbarrei no Harry e derrubei todo o seu café em cima da sua camisa. Então, logicamente, me ofereci para ajuda-lo...

— Claro que se ofereceu. – ironizou Gina.

Karen a olhou de um modo estranho, quase ameaçador, e Gina sustentou seu olhar sem hesitar.

— Continuando... Eu me ofereci para ajuda-lo e ofereci outro café a ele, tomamos juntos e começamos a conversar. – sorriu meigamente – E esse foi o inicio de tudo, não é amor? – inclinou-se e deu-me um selinho.

Mesmo que eu quisesse não pude evitar, e naquele momento Gina levantou-se pedindo licença e indo, novamente para o jardim. Rony olhou-me repreendendo-me, e encolhi os ombros tentando dizer que não pude evitar, mas ele apenas negou com a cabeça e continuou a sua refeição.

Eu queria ir até ela, mas não podia. Primeiro, porque, ficaria obvio a todos. Segundo, porque eu precisava resolver-me com Karen, antes de tudo.

(...)

Gina Weasley

Eu não podia me descontrolar. Não podia demonstrar nada para Karen.

Harry precisava se resolver com ela primeiro, e eu não poderia me intrometer.

— Então você é a famosa Gina Weasley? – escutei uma voz esquiçada atrás de mim. – Ginevra Molly Weasley. – riu do meu nome.

Estava encostada em uma cerejeira, e apenas virei para encará-la com o pior animo que poderia ter. E lá estava ela. Com suas roupas de grife, seu cabelo perfeitamente liso e penteado, uma das mãos em sua cintura perfeitamente fina e marcada por um cinto de couro bege.

— E você é a famosa... – fingi pensar um pouco e continuei – Não, esquece. Você não é famosa. – terminei com um sorriso cínico.

Seu sorriso se desfez e um olhar quase amedrontador apareceu, ela deu dois passos a frente sem desviar seus olhos delineados dos meus. Quando ela parou, cruzou os braços e inclinando-se um pouco para frente disse:

— Bom, está claro que você não gosta de mim. E adivinha? Eu também não gosto de você. – sorriu erguendo sua sobrancelha perfeitamente desenhada – Sei o que aconteceu entre você e o meu namorado quando eram jovens, mas você é passado meu bem. P-A-S-S-A-D-O-! – disse com todas as letras. – Então acho melhor não ficar de gracinha com ele.

Olhei para a cara dela e comecei a gargalhar gostosamente.

— Está rindo do que?

— Minha filha, você acha que esse seu discursinho barato vai me deixar com medo? – ri – Acho que não sabe quem eu sou realmente, não é? Então deixa que eu explico.

Sua expressão era realmente impagável, incredulidade e confusão estavam em uma fusão fantástica.

— No meu primeiro ano da escola eu abri a Câmara Secreta, que caso também não saiba o que é, vou explicar: era o lar de um basílisco que só com um olhar mata qualquer um. No quarto ano eu lutei com vários Comensais da Morte e saí ilesa com apenas um arranhão, e no sexto ano eu lutei com centenas de Comensais da Morte na guerra contra Voldemort. – ela estava perplexa, mas tentava não deixar transparecer nada – Então se acha que esse seu discursinho de meia tigela vai me deixar com medo está muito enganada. Então só te sugiro uma coisa: não me faça a sua inimiga. – sorri para ela e deixei-a ali, parada totalmente confusa e perplexa.