Enquanto Gaster insistia para arrancar a alma dela, ele sentiu que o poder de Frisk estava penetrando sua mente na mesma intensidade, fazendo suas memórias serem relembradas. Ele não resistiu e soltou suas garras da alma dela, sentindo-se atordoado ao ver as cenas de sua vida passar diante de seus olhos. Na mesma hora, sua visão se apagou e tudo se tornou branco. Gaster relembrou sua vida desde a infância e se lembrou de que era menosprezado e ridicularizado por ter tantas idéias que os outros as consideravam inúteis e tolas. Mas um dia, ele viu que um desses colegas demonstrou apoiá-lo e ficou curioso de conhecer suas ideias. Esse alguém era Asgore, o futuro rei.

Ambos se tornaram amigos inseparáveis desde aquele dia até mesmo no dia de sua coroação. Asgore o nomeou Cientista Real e autorizou-o a investir em suas idéias para se tornarem reais e beneficiar os monstros. E assim foi feito, Gaster foi o maior Cientista Real daquela era e sua invenção: o núcleo e todo seu sistema, foi construído de modo que mudou totalmente a vida dos monstros. A tecnologia ao alcance deles fez com que a vida de todos melhorasse abruptamente.

Mas... Mesmo com tanta inovação, os monstros ainda almejavam o sonho de serem libertos do subsolo. Desde que a guardiã e Asriel morreram, a esperança que ainda restava foi-se esvaindo e todo o subsolo sentiu o desespero dominando-os novamente. Inclusive, Gaster conseguia sentir o desespero dentro de cada monstro, implorando-o para que encontrasse uma maneira de libertá-los, de alguma forma, eles só conseguiam aceitar que o cientista real era a única esperança deles. Então, ele começou a se pressionar a buscar uma forma de conseguir o artefato, buscando resultados que dessem aos monstros uma esperança de que fossem libertos futuramente.

A busca pelo artefato mudou totalmente sua vida, sua dedicação e esforço chegaram a um nível em que nem ele mesmo compreendia suas ações. Ele se tornou tão obcecado em almejar tanto poder que mal se deu conta que aquilo estava amaldiçoando-o. Ele começou a desejar mudar o curso da história, fazendo os monstros vitoriosos ao invés dos humanos, e subjuga-los a mais profunda humilhação. Dali, Gaster começou a alimentar rancor e ódio pela raça humana, torturando aqueles que caíam no subsolo e buscando um meio de extrair o poder armazenado em suas almas, seja criando uma nova espécie capaz de controlar o artefato, seja usando ele mesmo para conseguir tal poder.

Enquanto tudo isso entrava em sua mente, Gaster sentiu-se atordoado e paralisado, vendo toda a sua vida diante de seus olhos. Perplexo, ele percebeu que aquilo provocou nele uma sensação diferente, porém nostálgica. Depois de anos e anos, algo começou a emanar dentro de si, algo que ele pensou que nunca mais aconteceria... Ele estava sentindo outra vez.

Gaster “... O que está fazendo comigo?”.

Após fazer essa reflexão, Gaster abriu os olhos e viu-se dentro do palácio do rei. Estava de dia e as luzes do local iluminavam toda a extensão do mesmo. Ele então olhou para todos os lados e viu ele mesmo, parado, vestido com seu jaleco de cientista. Ele olhou-o sem mostrar alguma reação e viu Asgore entrando no salão, se aproximando dele ao lado de outra pessoa.

Asgore: Dr. Gaster! Chegou em boa hora! Quero lhe apresentar a...

?: É um prazer em conhecê-lo, Doutor.

- Igualmente.

Gaster: “O que? Ela...”

Ele arregalou os olhos ao ver a moça, ele já a tinha visto antes e essa cena realmente havia acontecido em seu passado. Gaster tentou entender porque aquilo estava passando novamente em sua mente e nisso, ele viu como Asgore estava feliz de ter reunido-os.

Asgore: ... Seria uma boa hora para sair e conhecerem-se melhor, o que acha doutor?

— Agradeço sua proposta... Mas tenho muito trabalho a fazer, com licença.

Gaster então viu a si mesmo se virar e retirar-se do local, deixando ambos assustados. Ele nunca tinha parado para pensar em como havia magoado-o por ter recusado a proposta, então, ele viu que Asgore estava com um semblante de tristeza e preocupação. Gaster nunca mais tinha visto-o assim desde que ele se separou da sua esposa e quando perdeu seus filhos. Por ter se isolado definitivamente no laboratório, a amizade entre eles nunca mais foi a mesma. Apesar do contato que ambos tinham, eles apenas discutiam como Gaster conseguiria descobrir um meio de adquirir o artefato, logo, Asgore temeu que ele estivesse virando a pessoa que de fato havia se tornado. Vendo tudo isso, Gaster apenas olhou para baixo e em seu interior, tristeza e rancor começaram a brotar em sua alma.

Ele então fechou os olhos novamente e o cenário mudou. Naquele momento, ele viu a si mesmo outra vez e ele estava dentro do laboratório. Gaster olhou-o procurando pelas câmeras por algum sinal de onde Sans estava, mas não achou nada que mostrasse sua localização. Irado, ele largou a sala de controle e andou até um quarto onde estava Papyrus. Gaster também conhecia essa cena e apenas seguiu-o, temendo que não houvesse outra forma de não relembrar aquela cena de sua memória. Ele viu o cientista desbloquear a porta com uma senha e encontrou Papyrus deitado na cama.

Pequeno e fraco, Papyrus viu Gaster entrar na sala e se levantou assustado ao ver sua presença. O cientista chamou-o para seguí-lo e ambos foram até uma sala onde estavam várias máquinas e uma cadeira com algemas. Gaster o colocou naquela cadeira e prendeu-o ali mesmo, enquanto viu Papyrus tremendo de medo. Ele olhou a si mesmo algemado e olhou-o mais uma vez assustado.

Papyrus: ... O que vai fazer?

Gaster: Farei alguns testes com você.

Papyrus: Mas... Você prometeu meu irmão!

Gaster: Aquela promessa nunca existiu! Se ele se importasse com você, estaria aqui fazendo o que eu ordenei.

Papyrus: ... Isso não é verdade!

Gaster: Pense o que quiser. Não será por causa dele que vou deixar de continuar meu trabalho.

Ele se virou friamente, andando até uma de suas máquinas para configurá-lo antes de executar seus testes. Enquanto isso, o mesmo que estava apenas observando o cenário viu Papyrus tremendo de medo e mesmo assim, ele teve coragem de enfrentá-lo.

Papyrus: Por quê? ... Por que você faz isso?

O cientista suspirou impacientemente e continuou mexendo nas máquinas. Ele sequer teve vontade de respondê-lo.

Papyrus: ... Não há outra forma de testar sem machucar?

Gaster: Essa é a forma que eu escolhi, mesmo que traga dor a você, conseguirei algum resultado mais rápido.

Papyrus: Mas...

Gaster: Está falando demais, fique quieto.

Mesmo após ouvir sua repreensão, do outro lado da cena, Gaster viu o quão corajoso Papyrus estava sendo ao enfrentá-lo e ele só conseguia assisti-lo, surpreso. O cientista estava terminando de programar a máquina e estando prestes a iniciar seu teste, Papyrus encontrou coragem para enfrenta-lo uma última vez.

Papyrus: ... Por que tem que ser assim? Você não se importa com o que pode acontecer? Eu sei... Sinto que no fundo... Existe algo bom dentro de você... Que se preocupa, mas... Você ainda não consegue ver isso.

Naquele momento, um silêncio surgiu entre ambos e antes de ligar a máquina, o cientista começou a ponderar suas palavras, mesmo sabendo que era inútil.

Gaster: Não consigo ver? ... É verdade... Isso já deixou de existir faz tempo.

O cientista então ligou a máquina sem hesitar e Papyrus viu a mesma fazendo um barulho estranho enquanto começava a concentrar uma energia em sua ponta, a máquina estava mirando exatamente em sua cabeça e então, a máquina começou a trabalhar em alta atividade, fazendo com que a ponta da máquina disparasse um raio laser direto em seu crânio. Papyrus gritou agoniado ao receber o disparo, mas sua voz acabou se esvaindo com o tempo, fazendo com que o mesmo desmaiasse quando a carga foi finalizada.

Enquanto via essa cena, Gaster começou a entender porque aquelas lembranças estavam se revelando em sua mente. Por causa da sua obsessão, ele soube o quanto estava cego para não perceber aquelas pessoas que apesar de tudo, se preocupavam por ele. Ele viu aquele ser pequeno e frágil sofrendo nas mãos da sua versão anterior e não conseguia entender como Papyrus conseguia manter certa esperança em mudar tudo ao seu redor. Por causa disso, Gaster começou a se sentir confuso e angustiado, ele não queria voltar a exprimir seus sentimentos novamente, mas ver aquela cena o deixava ainda mais pesaroso e inconformado consigo mesmo. Gaster tentou lutar contra seus sentimentos inutilmente, mas ele conheceu o poder da luz que se manifestou dentro de si, este era forte o bastante para fazê-lo voltar à consciência.

Derrepente, Gaster se assustou ao ouvir alguém abrir a porta, ao mesmo tempo, ele se virou e viu Sans no mesmo lugar. Ele viu Papyrus inconsciente e na cadeira algemada e ficou perplexo. Enquanto isso, o cientista viu-o ali e falou impetuosamente com Sans, como se não tivesse nenhum arrependimento pelo que havia feito.

Gaster: Tarde demais! Se você tivesse aparecido antes, isso não teria acontecido.

Sans: Como... Ousa?

Sans ficou furioso como nunca por ver que Gaster havia quebrado sua promessa, quando na verdade, ele nunca quis cumpri-la. Sans invocou sua arma principal, se multiplicando em várias cabeças de dragão flutuantes para atacar o cientista diretamente e assim que ele disparou uma rajada de energia, Gaster se protegeu sobre outro crânio da mesma arma que ele usava. Enquanto isso, Sans correu para perto de Papyrus e ele destrancou as algemas que o prendiam, levando-o rapidamente para um lugar seguro.

O cientista fez sua arma desaparecer e saiu da máquina, procurando por Sans incansavelmente. Ele procurou perto da máquina de extração das almas, pois sabia que Sans não estava muito longe. Então, ele o encontrou e viu-o parado, encarando-o com ódio. O cientista sequer se importava com o que Sans sentia e deu um sorriso de deboche. Enquanto isso, Gaster continuou observando tudo e ressentiu ter que continuar assistindo aquilo, sabendo que era inevitável.

Gaster: Não é forte o bastante para me deter.

Sans: ... Isso é o que veremos.

Ele sabia que Sans não era forte o suficiente para detê-lo e até mesmo o próprio sabia disso, mas ele estava determinado a sair desse lugar junto com seu irmão. Se tanto ele quanto seu irmão continuarem vivendo naquela prisão, nada mudaria e ambos continuariam sofrendo em suas mãos. A partir dali, iniciou-se uma luta por vingança, Sans estava fazendo de tudo para acertá-lo, mas Gaster era rápido e conseguia prever os ataques dele. Enquanto ele se desviava dos ataques do cientista, Sans soube que só poderia vencer se tivesse algo em mente. Passado um bom tempo, Gaster viu o cientista encurralá-lo perto da máquina de extração das almas. Cansado, Sans observou ao redor desesperadamente procurando por uma saída dessa situação, enquanto o cientista estava perto de executá-lo.

Gaster: O que pensou quando veio me enfrentar? Achou mesmo que ia conseguir o que quer? ... Por sua desobediência, eu o mandarei para o inferno.

Sans não se atreveu a olhar para ele e repentinamente, o esqueleto mostrou um sorriso sarcástico.

Sans: ... Então nos vemos lá.

Enquanto Gaster viu ele mesmo usar seus últimos esforços para executá-lo, ele percebeu que a máquina de extração ligou sozinha. Sem nenhum corpo para extrair uma alma, a máquina começou a usar energia em excesso para se autodestruir e por fim, ela explodiu, criando um buraco negro. Ele jurava não ter entendido como aquilo aconteceu e o cientista se virou para trás e viu o buraco negro sugando tudo ao redor. O próprio cientista foi puxado para ser sugado pelo buraco negro e Gaster observava sua própria ruína acontecendo. Mas antes de ser sugado, o cientista se agarrou a uma barra presa e se virou para olhar a máquina de controle ligada e o estado da energia no máximo. Para a sua surpresa, Sans havia desaparecido do canto onde foi encurralado e viu-o observando-o de longe, esperando vê-lo sendo sugado pelo buraco negro.

A cada segundo, os ventos que puxavam tudo que se encontrava no caminho se tornavam mais fortes e o cientista não conseguiu se segurar por muito tempo. Ao ser absorvido pela fenda, ele viu Sans sair dali e Gaster sentiu sua visão borrar dali em diante enquanto foi totalmente puxado pelo buraco negro. Depois de anos e anos, ele nunca mais desejou se lembrar de como foi sua morte e pela segunda vez, ele verdadeiramente sentiu medo. Mas rapidamente, o medo interior foi tomado por uma sensação diferente, Gaster ficou parado enquanto sua vontade de manifestar seus sentimentos era vigorada a cada segundo.

Enquanto refletia, Gaster soube que foi o poder da luz que estava com Frisk que o mostrou suas lembranças. A essa altura, ele não conseguiu mais ocultar o que sentia e quando ele decidiu manifestar sua vontade, sua mente começou a se abrir e o cenário se tornou o void, o lugar onde ele foi aprisionado por anos e anos. Mas dessa vez, Gaster notou que estava tudo branco, juntamente com partículas de brilho que caiam de algum lugar de cima no cenário. Somente ele estava ali e Gaster não parava de olhar acima, procurando de onde caíam as partículas de brilho que davam a ele uma estranha e calorosa sensação de paz interior. Inevitavelmente, ele levantou uma das mãos para cima e tentou buscar o significado do que ele exprimia em seu interior, era como se ele tivesse nascido novamente.

Gaster: “Esse poder... Que tipo de poder é esse? Eu sinto... Ele vem de um sentimento puro. Esse poder... ao mesmo tempo em que deseja ferir, ele cura... Esse poder... Quando sinto que está perto, ele permanece longe do meu alcance... Era essa a resposta que eu iria receber? Mesmo com todos os esforços que empreguei... Minhas expectativas... Foi tudo em vão?”.

Intrigado com tudo o que viu e como viu, ele não podia negar a manifestação daquele poder grandioso e puro. Inclusive, ele não deixou de se admirar por ver que uma simples humana carregava dentro de sua alma tamanho poder que o fez ser arrebatado, voltando a ter a consciência de seus atos.

Gaster: “... Entendo... Eu não sou digno de receber esse poder.”

Chegando a essa conclusão, Gaster soube que ele não poderia controlar o mesmo poder que ela. O efeito do poder da luz logo desapareceu, voltando onde ele estava. Gaster tinha desistido de segurar a alma de Frisk e observou-a caída no chão, esperando que ela acordasse em breve.

Vagarosamente, Frisk abriu os olhos, relutante e exausta. Ela sentiu que sua magia havia sido usada em excesso e não sabia o que realmente aconteceu. Frisk levantou sua cabeça para olhar onde estava e novamente viu Gaster distante dela. Então, ela se lembrou do que havia acontecido antes e ficou surpresa por conseguir sentir seu corpo intacto, pelo visto, ele realmente desistiu de obter sua alma. Quando ele viu-a acordar, ele se aproximou vagarosamente dela e Frisk se levantou com dificuldade na mesma hora que o viu se aproximar. Quando ambos começarm a se encarar, um silêncio surgiu ao redor e Gaster não sabia como exprimir aquilo, ele ficou olhando-a e não demonstrava expressão alguma. Porém, dentro de si, havia muitas coisas das quais ele tinha dúvida. Mas ao contrário do que Frisk estava pensando naquele momento, ele não tinha mais vontade alguma de examiná-la e nem de usurpar seu poder.

Gaster: ... Você venceu, não posso controlar esse poder.

Quando Frisk ouviu aquilo, ela ficou perplexa e ao mesmo tempo, um alívio enorme misturado com felicidade encheu sua alma. Porém, havia algo que a deixou inquieta, seria essa a chance de convencê-lo a se livrar de sua maldade?

Frisk: Então... Mesmo que tenha desistido, você... Pretende viver uma vida normal?

Gaster continuou não expressando nada, ele imaginou que Frisk iria tentar convencê-lo a ser outra pessoa, porém, isso era impossível para ele, não depois do acordo que ele fez com os guardiões.

Gaster: ... Não posso.

Frisk: ... Por quê?

Gaster: Pelas coisas que fiz, eu estou condenado a viver preso no void por toda a eternidade.

Frisk: Mas... Você não acredita em si mesmo para se dar uma segunda chance?

Gaster: Não diga essas coisas para alguém que viveu torturando e matando pela ciência. Você já devia saber que muitos humanos morreram pelas mãos de alguém que me obedeceu cegamente. A história da qual caí em minha criação deve continuar existindo, por isso... Eu peço que não tenha misericórdia de mim, humana. Meu destino é a morte eterna.

Frisk ouviu aquilo e não conseguia compreender o destino cruel que o aguardava. Ela conhecia seu passado por causa de Sans e mesmo assim, ela não conseguia simplesmente aceitar esse fato. Gaster apenas observava-a seriamente e voltou a falar.

Gaster: Isso deve prosseguir de acordo com o trato. O destino de vocês se encontrarem era inevitável. Esse lugar, esta dimensão e o labirinto foram criados com a força de minha alma. Enquanto eu estiver vivo, vocês não poderão sair. O único jeito de deixarem esse lugar é me executando.

Frisk relutantemente ouvia suas palavras e continuava inconformada. Por que tinha que ser assim? Será mesmo que aquilo era o único jeito de todos serem livres? A vida de alguém em troca de sua liberdade não era um convite agradável. Ela fechou os punhos e manteve-se relutante.

Frisk: ... Isso não é justo.

Gaster: Diga o que quiser... Não há outro meio.

Enquanto isso, Gaster continuou observando-a se inconformar com o que ele disse e sentiu-se incomodado. Mesmo depois de tê-la machucado tão impiedosamente, como ela conseguia manter-se firme em bondade para perdoá-lo? Isso o fazia lembrar-se de Papyrus antigamente e novamente, seus sentimentos brotaram em seu peito. Isso o deixava nervoso e ele odiava ter que reprimir seus sentimentos enquanto via Frisk agir daquela forma.

Frisk: Me desculpe, mas... Eu não posso aceitar isso...

Ele parou para olhá-la e surpreendentemente, ela mostrou-o um semblante diferente. Frisk estava determinada de alguma forma a impedir seu sofrimento eterno e nem ela mesma sabia como ia fazer isso, mas ela confiava demais em si mesma para conseguir algo e Gaster viu aquilo, atônito.

Frisk: Eu sempre senti que, no fundo, todos os monstros estavam do meu lado quando quebrei a barreira. Eu prometi proteger a todos os monstros dali em diante e... você também é um deles... Por isso eu não posso ir contra minha promessa.

Gaster: ... Pare com isso.

Ele sentiu-se angustiado com o que ouviu dela. A força de vontade dela vem de um coração puro e suas palavras mostravam-no que ela era realmente diferente. Mesmo assim, ele não acreditava que merecia suas palavras cheias de amor, ele não queria receber outra chance e isso estava levando-o a locura. Enquanto isso, Frisk estendeu suas duas mãos e novamente, as duas opções emergiram em cada uma delas. Ela olhou cada opção cuidadosamente e decidiu seguir em frente escolhendo a mesma opção anterior. Assim sendo, Frisk fechou o punho com a faca e a mesma desapareceu instantaneamente, fazendo com que a estrela que ela segurava permanecesse viva em sua alma, a misericórdia.

Gaster continuou encarando-a mesmo depois de ter visto seu gesto piedoso e ele não estava disposto à aceita-la de outra forma, ele não queria voltar atrás, era tarde demais agora que seu destino foi traçado para sempre e Gaster começou a olhá-la, furioso.

Gaster: ... Você não me deixou escolha.

Disposto a fazer Frisk mudar de ideia sobre sua pessoa, Gaster transformou sua mão direita novamente em uma garra sombria para ataca-la sem misericórdia. Sua garra avançou e Frisk não se mexeu, deixando que ele agarrasse seu pescoço e a levantasse para o alto. Ao sentir ser puxada para cima, Frisk sentiu seu pescoço apertando fortemente e ela tentou tirar suas garras em volta dela, mas ele apenas a encarava enquanto apertava firmemente, irado, ele não queria ser perdoado.

Derrepente, tanto Frisk quanto Gaster notaram que algo estava se aproximando rapidamente da dimensão onde eles estavam. Em um lado da dimensão, uma luz surgiu no fundo do local e estava crescendo imensamente até se tornar um novo portal. Frisk instantâneamente sentiu que seus amigos haviam chegado para resgatá-la e Gaster deixou-a cair e recuou rapidamente, esperando que fosse finalmente executado por eles.

Os seis guardiões saíram daquele portal voando e o primeiro a avançar contra Gaster foi Sans, logo, Asgore, Undyne e Mettaton se juntaram a ele e os quatro começaram um combate intenso, enquanto Toriel e Paprus ficaram na retaguarda e encontraram Frisk caída, ajudando-a a se levantar.

Toriel: Minha filha! Graças à luz te encontramos.

Papyrus: Eu irei curá-la!

Enquanto Papyrus usou sua magia para curar Frisk, ela observou os quatro guardiões lutando contra Gaster incansavelmente e temia que eles matassem-no. Sans e Undyne mandaram projéteis de adagas e lanças contra ele e Asgore fez seu tridente transformar-se em uma espada, disparando um raio de luz. Os três ataques vieram em conjunto para acertar Gaster e quando os ataques atingiram-no, criou-se uma nuvem de fumaça no local. Mas quando a fumaça se dissipou, eles viram que Gaster havia se defendido, usando uma cabeça de dragão gigante como escudo, aquele mesmo escudo se quebrou e não tinha resistido aos ataques deles. Novamente, os quatro guardiões decidiram enfrentá-lo num combate corpo a corpo e cada um tentou acertá-lo, seja com chutes ou socos, mas Gaster conseguia se desviar rapidamente e a cada vez que ele dispersava um, outro guardião entrava na luta no lugar do anterior, tudo acontecendo rapidamente.

Frisk viu a luta acontecendo várias vezes e observava angustiada, ela tinha que fazê-los pararem de lutar e por isso, ela gritou para todos ouvirem-na.

Frisk: Parem! Ele não quer mais lutar!

Toriel olhou para ela surpresa e não conseguiu acreditar que Frisk não queria que o eles o matasse, ele era a causa por estarem todos presos em outra dimensão e por causa disso, ela pensou que Gaster estava controlando-a para que não os deixasse lutar.

Toriel: Isso não é possível, ele está te controlando? Não deixaremos ser enganados!

Ouvindo aquilo, Frisk percebeu que todos os guardiões pensavam o mesmo que Toriel e voltaram a lutar, com exceção de Papyrus. Ele tentou acreditar nas suas palavras, mas estava com receio de que a maioria estivesse certa e por isso não falou nada, enquanto olhava a luta com certo temor. Enquanto isso, Frisk ficou perplexa ao ver que a maioria não estava acreditando nela, todos estavam focados em matar Gaster, mas ela já o havia perdoado. Ela tinha que pará-los sem que achassem que estava sendo manipulada. Urgentemente, ela colocou a mão sobre seu peito e buscou um meio de fazê-los pararem de lutar, esperando que a escutassem.

Frisk: “Por favor, me ouça... Faça-os pararem”

Ouvindo seu pedido, seu poder se manifestou mais uma vez e ela sentiu sua alma reaparecer, fazendo com que a estrela de seu interior surgisse novamente como um sinal de que parassem de lutar. Dessa vez, todos ouviram que algo estava chamando a sua atenção e eles pararam ao vê-la emitindo uma aura brilhante ao redor de si. Eles ficaram perplexos vendo que ela queria que eles parassem de lutar, porém, eles perceberam que ela não estava sendo manipulada por Gaster como pensaram. Por um momento, eles não entenderam o real motivo dela chamar a atenção de todos, mas se havia algo que ela queria fazer ao invés de apenas lutar, então eles decidiram ceder ao pedido dela e foram a seu encontro, com exceção de Sans, que ficou apenas parado no mesmo lugar. Ele ainda não conseguiu entender porque Frisk fez todos pararem, ele recebeu seu pedido e mesmo assim, ele continuou encarando Gaster, não crendo que iria deixar essa oportunidade para trás e deixá-lo viver depois de tudo que ele fez... Não depois de sua tentativa frustrada de mandá-lo para o esquecimento.

Ele ainda estava convicto do que queria fazer e Sans fechou seus punhos, resistindo ao chamado dela e se posicionou mais uma vez, decidindo fazer o que havia planejado desde o início. Frisk viu que Sans havia voltado atrás e olhou ainda mais agoniada, ele realmente queria mata-lo e todos o observaram assustados. Por um momento, eles pensaram em voltar a ajudá-lo, mas Frisk chamou-o mais uma vez, desesperada.

Frisk: Sans, não!

Ele apenas ouviu-a e não falou nada, sabendo que estava agindo por conta própria. Ele estendeu sua mão para Gaster e fez sua arma principal aparecer, sua pistola apontou diretamente para ele e Sans mirou-o usando sua íris esquerda. Dessa vez, Frisk viu que se não fizesse nada, ele realmente iria executá-lo e por isso, ela começou a correr na direção dele, decidida a impedí-lo com toda a sua força.

Frisk: ... PARE!

Sans permaneceu tão focado em seu alvo que tinha certeza que não se arrependeria do que decidiu fazer. Ele não percebeu que Frisk estava correndo na direção dele e começou a fazer sua arma carregar uma energia gicantesca para executá-lo. Enquanto isso, Gaster ficou apenas olhando-o e não se atreveu a se mexer, aceitando a condenação que iria chegar para si. Assim que a arma terminou de carregar, Sans não hesitou ao disparar em seu alvo final.

Sans: Justiça... Punição Final!