Quando Sans falou com convicção, o disparo foi feito e Gaster apenas fechou os olhos, esperando ser atingido. Certamente, aquele era o seu fim, sua condenação estava sendo executada. Porém, Frisk continuou correndo, seus passos não acompanhavam a velocidade do disparo e ela desejou desesperadamente por não vê-lo morrer. Frisk estava disposta a fazer qualquer coisa para impedir sua morte, mesmo se ela tiver que levar o disparo em seu lugar. Usando toda a sua força de vontade, sua determinação aumentou exponencialmente, de tal forma que ela sentiu o tempo andar mais devagar. Inclusive, sua velocidade de movimento aumentou ainda mais até ela entrar no meio deles. Mantendo-se firme no chão, Frisk olhou à frente de Sans e levou o disparo na frente de Gaster, sendo atingida. Naquele momento, ela sentiu que havia levado um soco na barriga e no mesmo instante, o tempo voltou a andar normalmente. Segundos depois, Gaster abriu os olhos e viu que não havia sido morto, ao invés disso, ele viu Frisk na frente dele, caída de joelhos no chão, tremendo de dor. Todos viram o que Frisk havia feito e por um momento, eles pensaram que ela tinha morrido por causa dele. Inclusive Sans pensou que tinha matado-a por não ter prestado atenção, mas vendo que ela estava viva, ele não conseguia pensar em mais nada. Ele não esperava que Frisk entrasse no meio deles para defender seu inimigo e se irou com sua atitude.

Sans: ... O QUE VOCÊ FEZ?

Mesmo após ouvi-lo gritar, Frisk não o respondeu da mesma forma, ela tinha certeza do que havia feito e continuou ajoelhada, suportando a dor.

Frisk: ... Você não pode me matar.

Sans: Viu o que você fez? ...Você protegeu seu inimigo!

Seu olho esquerdo continuou ativo enquanto ele mirava em Gaster, Sans não estava disposto a se render de forma alguma, da mesma forma, ele viu Frisk se levantar e permanecer em pé na frente dos dois, enquanto olhava para Sans insistentemente. Ela estava com medo, mas decidiu continuar firme, ela queria que ele parasse e não ia desistir.

Frisk: ... Pare com isso, por favor...

Sans: Saia da frente!

Frisk: Não!

Diante da negativa dela, todos se sentiram mais agoniados vendo os três lá. Os guardiões notaram sua determinação tão alta que não se atreviam a fazer nada para impedi-la. Enquanto isso, Gaster viu sua insistência e continuou perplexo, tentando entender porque ela estava fazendo isso por ele. Sentindo que não podia fazer nada igualmente, ele relutou apenas com palavras.

Gaster: ... Não faça isso... Está se desgastando.

Sans: Você está controlando ela, não está?

Frisk: Sans me escute... Ele já desistiu de lutar...

Sans: Frisk, você não o conhece! Ele nunca teve piedade dos humanos. Tudo que ele fez foi pela ciência, inclusive eu e o Papyrus não tínhamos nenhum propósito pra ele, fomos torturados toda a nossa vida e agora ele está a um passo de conseguir o que quer.

Gaster: Está certo...

Dessa vez, todos pararam para olhá-lo, exceto Frisk, que continuava encarando Sans para que ele não atirasse, enquanto ele continuava mirando-o.

Gaster: ... Toda a minha vida foi dedicada à ciência. Por causa do artefato, estive cego pelo poder que eu esperava receber e não nego que muitos humanos foram mortos pelas experiências que fiz. Estou ciente de minha desonra e meu destino é deixar esse lugar, assim, todos poderão viver em paz.

Frisk: ... Eu não acredito nisso.

Dessa vez os olhares se concentraram nela e Sans continuou mirando nele, embora estivesse confuso por vê-la discordar de sua afirmação. Frisk parou de encará-lo seriamente e começou a falar a todos, colocando a mão em seu peito.

Frisk: Eu não acho que devemos tirar nossa vida por alguém, isso não é altruísmo. E as pessoas que estavam do seu lado? Como elas se sentiriam? Todos nós podemos errar, tanto humanos quanto monstros.

Embora ele tivesse entendido o que ela queria dizer, Gaster tinha certeza que não era tão simples assim quanto ela pensava e novamente, ele relutou.

Gaster: Humana, você não...

Frisk: ... Eu posso não te conhecer, mas você sabe quantas coisas boas você fez a outros monstros? Se você não assumisse o trabalho de conseguir o artefato, todos os monstros teriam esperança de serem livres outra vez?

Dessa vez, ele parou de relutar e começou a relembrar que uma vez, ele tinha sido a esperança do subsolo. Ele se deu conta de que Asgore esteve do seu lado mesmo nos piores momentos incentivando-o, e por fim, se lembrou de Papyrus. Depois de tudo que o cientista fez a ele, Gaster não podia negar que sua alma era a mais especial de todas. Nesse tempo, ele voltou a olhar Frisk e notou que ela estava olhando-o, dessa vez, mostrando um sorriso. Ela havia perdoado-o da mesma forma e então, ele sentiu que não teve outra escolha a não ser aceitar seu perdão.

Frisk: ... Quando vivemos, sempre estaremos dispostos a fracassar, porém esse não é o fim. Se aceitarmos nossos erros, sempre haverá um novo começo. Assim como eu... Me esforcei durante todos esses anos para dar o que muitos não dariam pelos monstros, porque meu desejo é que todos os monstros sejam felizes.

Depois de ouvirem o que ela pensava, os guardiões se admiraram por ela e também souberam que ela era de fato especial. Não era qualquer um que pensaria assim naquela situação e Frisk provou que ela era corajosa o bastante para defender sua perspectiva. Sans não podia negar que pensava o mesmo dela após ouvir suas palavras, porém, ele começou a tremer de frustração. Ele não compreendia suas palavras o suficiente para perdoar até mesmo seu maior inimigo e isso o deixou desesperado. Nesse instante, ela se virou e voltou a olhar Sans, vendo que ele ainda estava mirando-a, ela sentiu que era a hora de fazê-lo parar. Lentamente, ela se aproximou dele, colocando a mão sob o crânio do dragão em sua arma.

Frisk: Sans... Por favor... Pense na sua vida agora, em tudo que conseguiu até aqui. Nada disso teria sido possível se não fosse você, e agora... Você conseguiu o que sempre desejou: uma família, amigos e o mais importante... Esperança. Por isso... O que você está fazendo agora é certo? Se você matá-lo... Estará sendo justo?

Ele sabia a resposta, Sans sabia que havia se deixado levar pela sua vingança e ele não pôde negar que dessa vez, ela nunca esteve tão certa. Embora frustrado, Sans não conseguia compreendê-la, sua lealdade e sua determinação eram muito maiores do que ele imaginava. A essa altura, ele soube que não havia mais nada a ser feito e relutantemente, ele aceitou sua derrota. Aos poucos, ele deixou seu braço se abaixar, igualmente, sua cabeça se virou para baixo e ele começou a soluçar. Naquele momento, ele estava tão frustrado que nem Frisk sabia o que fazer para acalmá-lo, ela viu-o tão mal que começou a pensar que ele iria odiá-la depois do que fez. Assim que Sans desistiu, Papyrus correu até Frisk e abraçou-a, chorando de emoção.

Frisk: Papyrus...?

Papyrus: ... Muito obrigado... Humana... Eu esperava que conseguisse o parar.

Frisk não soube o que falar, ela nunca tinha visto Papyrus reagir assim. Ela também olhou ao redor e viu seus amigos se aproximando dela, eles estavam olhando-a com outra visão sobre sua pessoa e Frisk não podia se sentir mais feliz por ter conseguido convencê-los. Pouco a pouco, cada guardião foi até os dois e juntos, todos fizeram um abraço coletivo. Sans apenas ficou olhando-os abraçados e sem saber como reagir, ele se sentiu tão mal por ter duvidado que não sabia como iria se desculpar, não só por ter gritado com ela, mas por tudo que aconteceu desde antes do labirinto. Enquanto isso, Gaster olhou aquela cena e ficou refletindo sobre o que ela acabou de falar, se ela realmente acreditava que ele podia recomeçar outra vez, como os monstros iriam reagir com isso?

Gaster: ... Temo que minha reputação não seja boa o bastante para recomeçar do zero, mas... Vejo que ninguém poderá mudar seu pensamento, humana. Sua esperança em criar um mundo melhor é a razão para a força de seu coração. Não restam duvidas que você seja realmente capaz de controlar o artefato.

Todos ouviram a declaração dele e os guardiões se soltaram do abraço, nesse instante, todos os olhares voltaram para ele e Frisk se lembrou de algo importante que Gaster deveria cumprir.

Frisk: Também não terminamos ainda... Quando você sair, devemos te levar até a polícia pelo dano que causou a todos.

Gaster: ... Entendo. Devo cumprir minha parte e estarei disposto a fazê-lo.

Vendo que ele iria mesmo se render para a polícia, Frisk novamente se sentiu feliz por ter conseguido convencê-lo. A partir dali, todos deveriam pensar em uma forma de sair daquela dimensão, mas repentinamente, um brilho estranho surgiu misteriosamente num canto do local e todos ouviram uma voz, diferente de todas que já tinham escutado antes.

—... Inútil.

Todos ficaram intrigados com o que acabaram de ouvir e ninguém tinha ideia de quem fosse aquela voz. Rapidamente, aquela luz estranha virou um feixe afiado e acertou Gaster pelas costas, atravessando no meio do peito. Gaster ficou paralisado ao receber tamanho dano daquele feixe e todos olharam-no, chocados com o que aconteceu. Assim que o feixe atravessou seu corpo, o mesmo instantâneamente desapareceu, criando um buraco no meio de seu peito e sua alma ficou visível, porém, ela estava prestes a se quebrar a qualquer momento devido ao ataque crítico. Novamente, a voz falou a todos com ímpeto.

—... Todos aqueles que se opuserem ao Chaos serão eliminados! ... Em breve chegará a sua vez... Guardiões.

Assim que a voz terminou de falar, eles ouviram uma risada diabólica que se misturou com o silêncio até desaparecer. Ouvir aquela voz deixou todos perplexos, parecia que essa luta ainda estava longe de acabar. Logo, suas atenções se viraram para Gaster quando este estava tentando se manter firme no chão, mas ele não tinha forças para se segurar por muito tempo, sua alma estaria prestes a se partir a qualquer momento e vendo aquilo, Frisk correu para segurá-lo, desesperada, ela não queria vê-lo morrer.

Frisk: Gaster... Aguente, por favor.

Gaster: ... Então eu estava destinado a morrer desde o início...

Frisk: Não! ... Você vai viver! Tem que acreditar que vai conseguir!

Gaster: Eu sinto muito... Minha alma está fraca a essa altura, é tarde demais.

Frisk: ... Só é tarde demais quando você desiste!

Mesmo à beira da morte, Gaster só conseguia se perguntar como Frisk queria tanto que ele vivesse. Ele não deixou de se sentir surpreso pela resposta dela e vendo que ela continuava tão determinada, ele entendeu que sua vida não dependia mais dele, sendo assim, sua confiança estava com ela. Sem forças para se mantiver em pé, ele acabou se deitando perto dela, criando um pouco de esperança que Frisk acharia uma maneira de salvá-lo. Já Frisk não tinha ideia alguma de como iria fazer isso, ela sempre esteve tão convicta do que estava falando, mas agora, ela se sentiu realmente desesperada a ponto de chorar por sua vida, pensando em como iria salvá-lo. Ela decidiu pedir por ajuda e assim, juntando suas mãos. Seus pensamentos estavam concentrados apenas em fazê-lo viver, porém, ela sabia que precisava de um poder muito maior para isso.

Enquanto isso, todos continuavam assistindo à cena e começaram a se perguntar o que poderiam fazer para ajudá-la, e Sans somente observou como Frisk estava realmente disposta a usar tudo de si mesma para salvá-lo.

Sans: “Eu não consigo entender... até mesmo com seus piores inimigos, você é capaz de perdoá-los e até mesmo dar sua vida por eles... Você acredita tanto em si mesma a ponto de não receber nada para ajudar os outros?... Por quê?”.

Ele olhou para si mesmo e mesmo com tantas dúvidas, ele não podia negar que todo esse tempo, Frisk só esteve sendo ela mesma. Aquela promessa nunca fez tanto sentido quanto agora e por causa disso, ele se viu com desejo de ajudá-la. Se ele pudesse, ele doaria seu poder para ajudá-la a cumprir com o que deseja e não somente ele, todos estavam dispostos a unir seus poderes para ajuda-la. Imediatamente, todos os emblemas começaram a brilhar e todas as vozes falaram em uníssono de dentro deles.

— “É chegada a hora... Quando suas mentes se tornarem um, o desejo de vocês será atendido.”

Quando todos ouviram aquilo, Sans ficou parado e começou a se concentrar em atender seu desejo de ajudá-la. Um a um, todos se reuniram ao redor dela fazendo um meio círculo e Sans abriu os olhos ao ver Undyne e Papyrus estenderem suas mãos para que ele segurasse-as. Quando todos seguraram suas mãos, eles fecharam os olhos e uniram suas mentes. Inevitavelmente, cada guardião relembrou cada frase que cada consciência disse antes.

Asgore: Não haverá obstáculo que supere a paciência.

Undyne: Quem ousar vencer sua fraqueza conhecerá a bravura de espírito.

Toriel: A perseverança trará força aos humildes.

Papyrus: A bondade plena sempre vencerá seu orgulho.

Mettaton: Nenhuma maldade apagará o brilho de uma luz íntegra.

Sans: Quando todo remorso for suprimido, a justiça prevalecerá.

Quando eles disseram cada frase, todos os emblemas brilharam intensamente e Frisk sentiu que algo estava acontecendo ao redor dela. Ela viu todos os guardiões em volta e deles, seus emblemas começaram a concentrar um grande poder. Subitamente, ela viu sua alma reaparecer em frente a ela, brilhando intensamente e então, a alma levitou para cima e Frisk não parava de olhar para ela, se perguntando o que estava acontecendo. Todos os emblemas reagiram com a presença da alma dela e criaram um feixe de luz, indo direto ao encontro da alma flutuante e então, a alma dela se transformou em uma esfera de cristal, vermelha. Dentro dela havia uma estrela de oito pontas e Frisk viu aquilo, perplexa.

Frisk: “... Essa esfera apareceu em meu sonho... será que...”.

Ao ver a esfera vermelha levitando, Gaster se sentiu encantado de vê-la pela primeira e única vez em sua vida. Mesmo se Frisk não conseguisse fazê-lo viver, aquilo foi a maior satisfação que ele conseguiu realizar. Gaster então fechou os olhos, vendo que seu tempo estava realmente acabando. A esfera de cristal vermelha levitou para baixo até parar na altura dos olhos de Frisk e imediatamente ela tocou-a. A esfera reagiu ao seu toque e todo o local ficou banhado de luz, Frisk somente manteve seu foco na esfera e repentinamente, ela se materializou em uma taça dourada, com asas iguais aos de anjo. A taça havia sido moldada de acordo com o símbolo da runa delta e no copo, havia cristais ao redor, das cores das almas dos guardiões.

Frisk soube imediatamente que aquele era o artefato e ela segurou-o pelas asas. Instintivamente, Frisk levantou a taça até sua boca e antes mesmo de encostá-la nos lábios, a taça se transformou em uma pequena luz e entrou pela boca dela, indo rapidamente até onde estava o lugar de sua alma. Ao pousar dentro de seu peito, Frisk sentiu que havia adquirido um novo poder, muito maior do que havia sentido antes, finalmente, ela havia possuído o tão almejado poder do artefato. Logo, a luz reapareceu em seu peito e ela se materializou em um novo emblema: um coração com uma estrela de oito pontas e no lugar do seu laço havia duas asas. Ela pegou seu novo emblema e levantou-o para cima, proclamando em alta voz.

Frisk: Poder do artefato! Ascenda-se!

O novo emblema brilhou intensamente e Frisk sentiu novamente estar flutuando. Quando a magia do emblema irradiou, Frisk ganhou duas asas enquanto se transformava. Nela surgiu um vestido de cor branco e rosa com um formato de coração ao redor do peito e mais detalhes dourados. Surgiram também botas altas, brancas e douradas com detalhes de coração e asas no pé, luvas longas e uma coroa dourada. Várias penas surgiram ao redor dela envolvendo-a e suas asas adquiriram um formato diferente e menor, ajustando-se as suas costas. Após se transformar, seu bastão se transformou e adquiriu o formato de um cajado, o cristal vermelho com a estela de oito pontas estava apoiado na base superior do mesmo e em volta da esfera, havia um ornamento com formato de coração e asas.

Quando Frisk pousou no chão após se transformar, ela estava preenchida de uma aura branca e então, ela pegou e ergueu seu novo cajado. Com tanto poder que ela tinha, seu primeiro desejo foi de salvar Gaster, ela então colocou o cajado em frente de si e o bastão cresceu de tamanho até encostar-se ao chão. Frisk olhou para a esfera e desejou com todas as suas forças por salvá-lo.

Frisk: Pelo poder do artefato... Meu desejo é que ele viva!

Atendendo ao seu pedido, uma luz flutuante surgiu da esfera e pairou até alcançar o peito dele, mais especificamente, na alma dele. Ele aparentava estar dormindo quando a luz tocou-o e tão logo ela desapareceu e seu corpo começou a emitir uma luz diferente, entrando diretamente no seu inconsciente.

Dentro da mesma, Gaster estava sozinho na escuridão, parado, como se não tivesse mais nenhuma esperança remanescente. Derrepente, ele viu um semblante de luz aparecer atrás dele. Gaster olhou para trás e viu uma mulher flutuando, repleta de luz, olhando diretamente para ele enquanto ela lentamente estendia a mão na sua direção. Gaster olhou para ela assustado e confuso, ele não tinha ideia de quem fosse aquela mulher, porém ele sentiu que ela emanava uma energia diferente, como se ela abrisse uma porta para um novo recomeço.

Então, ele estendeu sua mão e segurou a dela. Inevitavelmente, ele olhou-a de volta e a mulher sorriu para ele. A luz que emanava dela se expandiu e tudo ao redor se tornou branco, tirando qualquer vestígio de escuridão de seu inconsciente. Gaster sentiu a luz preenchê-lo completamente e ele se tornou quem era antes. Ele olhou para si mesmo e se sentiu surpreso por estar vestindo seu antigo traje de cientista, juntamente, suas mãos estavam normais, ele notou que não estava mais na sua forma corrompida. Imediatamente, Gaster sentiu a luz fazendo-o acordar e ele abriu os olhos rapidamente, assustado, ele viu uma luz enorme vindo acima e soube que era Frisk quem emanava toda aquela luz graças ao seu novo poder.

Todos os guardiões cessaram de unir suas mentes e abriram os olhos, se surpreendendo por ver o que estava acontecendo. Após salvá-lo, Frisk parou de usar sua magia e sua aura começou a desaparecer até ela abrir os olhos e ver todos olhando para ela, surpresos. Inicialmente ela não sabia o que falar, mesmo um pouco acanhada, ela se sentiu grata por eles terem ajudado-a. Cada um se aproximou dela e não faltou elogios.

Mettaton: Frisk querida! Você está absolutamente DI-VI-NA!

Undyne: ... E essas asas são de verdade?

Toriel: Estou tão feliz por você, minha filha!

Frisk: Gente... Obrigada...

Em meio a tantas risadas de felicidade, Asgore não podia estar mais orgulhoso dela. Ele se lembrou de quando ela havia relutado em não voltar à vila por ter perdido seus poderes. Mas por dentro, Asgore sempre soube que ela ainda mantinha seus poderes adormecidos, quando chegasse a hora certa, eles seriam despertados. Por um momento, Frisk olhou para seu pai e ela se lembrou desse mesmo evento, ela segurou sua emoção quando foi abraçá-lo.

Asgore: Eu disse que eles estavam aí... Obrigado por ter acreditado em mim.

Frisk: Eu que agradeço...

Enquanto isso, Gaster se levantou e percebeu que suas forças haviam voltado. Ele estava vestindo um terno longo e preto e não mais tinha a forma de um fantasma corrompido. Ele começou a refletir no que acabou de ver e várias teorias sobre o poder dela surgiu em sua mente, tentando achar respostas.

Gaster: “... Aquela mulher que apareceu em meu sonho... curou-me completamente... Esse é o poder do artefato? Eu devo pesquisar mais sobre isso.”

Enquanto todos conversavam entre si, eles começaram a sentir um tremor que aumentava gradativamente até se tornar um terremoto. Todos olharam assustados ao redor e Gaster percebeu que a dimensão onde todos estavam estava se desfazendo.

Frisk: ... O que está acontecendo?

Gaster: Isso não é bom... Essa dimensão está se dissolvendo, se não sairmos daqui rápido, iremos ser sugados para o void. Não terão outra chance de voltar para a sua dimensão tão cedo.

Ouvindo aquilo, eles ficaram assustados e não sabiam como poderiam sair daquela dimensão, então, o terremoto cessou e ao redor, rachaduras surgiram, deixando-os ainda mais tensos.

Asgore: ... Mas e você pode fazer alguma coisa?

Gaster: Infelizmente não possuo mais o controle desta dimensão, mas...

Ele então virou seu olhar para Frisk e ela pareceu ter entendido o recado, ela segurou firmemente seu cajado e olhou a todos com determinação.

Frisk: Vamos sair daqui.

Os guardiões deram espaço a ela e Frisk novamente segurou seu cajado firmemente no chão, desejando que todos que estavam com ela saíssem dali e voltassem para casa. O cajado começou a emitir uma luz intensa e instantâneamente, a dimensão começou a se quebrar a pedaços. Os cacos das paredes que se desprendiam daquele local foram puxados por algum buraco longe deles e todos puderam ver que aquela dimensão estava sendo realmente sugada para um buraco negro.

Frisk continuou focando no seu desejo enquanto o cajado criou uma barreira em formato de cone, protegendo os sete que estavam ao redor dela. Embora estivesse funcionando, ela sentiu que estava usando muito poder, ela nunca tinha usado uma magia tão complexa e isso começou a enfraquecê-la. Todos viram que ela começou a ceder e ficaram assustados.

Asgore: Rápido! Vamos ajudá-la!

Todos concordaram com ele e novamente, os seis guardiões ficaram ao redor dela e juntaram as mãos, unindo novamente suas mentes para ajudá-la e Gaster viu que Asgore e Papyrus estenderam suas mãos para que ele segurasse. Ele não sabia a ultima vez que havia dado as mãos para alguém, mas aquilo foi suficiente para que ele também desejasse ajudá-la. Os sete emblemas brilharam em uníssono e Frisk sentiu sua magia se tornar mais forte graças aos seus amigos, logo, todos olharam para cima enquanto viam partículas de luz se formar ao redor da barreira.

Asgore: Poder da Paciência!

Mettaton: Poder da Integridade!

Toriel: Poder da Perseverança!

Undyne: Poder da Bravura!

Sans: Poder da Justiça!

Papyrus: Poder da Bondade!

Frisk: Poder do Artefato! Nos leve de volta para nossa dimensão!

Após dizer seu pedido, o cajado emitiu mais poder e as partículas de luz se juntaram em maior quantidade ao redor deles, criando uma esfera e dessa vez, seu poder fez-os se teleportar rapidamente antes que o local seja sugado completamente pelo buraco negro.

Longe dali, Alphys estava no mesmo lugar onde seus amigos estiveram até entrar no portal, havia se passado uma noite e já estava sendo de manhã. Alphys fez o que pôde para localizar todos, mas ela só podia contar com as esperanças de vê-los de volta. Usando seu radar, ela havia voltado ao local de manhã e não parou de olhá-lo, esperando que houvesse algum sinal deles. Então, ela viu seu radar apitar, avisando que havia uma grande quantidade de energia aparecendo no local. Ela olhou à frente assustada e no mesmo lugar onde esteve o portal, surgiu outra fenda dimensional, porém, Alphys notou que essa fenda foi criada por um poder branco e luminoso. Ela se sentiu esperançosa de vê-los de volta e segundos depois, ela viu sete formas luminosas que rapidamente se transformaram nos seus amigos, saindo daquela fenda. Alphys correu até Undyne e Mettaton primeiro e abraçou-os, emocionada.

Quando Alphys viu o novo visual de Frisk, ela arregalou os olhos de espanto e admiração, a seu ver, ela estava realmente divina vestida assim. Ela correu até Frisk e ficou analisando todas as medidas de sua roupa ansiosamente.

Alphys: ... EU TENHO QUE FAZER UM COSPLAY DISSO!

Gaster saiu daquela fenda por último e enquanto via-os em meio a risadas, ele ficou olhando o céu claro da manhã e nunca pensou que veria algo assim com seus próprios olhos. Ele então voltou a olhar a todos eles e deu um breve soluço, se aproximando de Frisk. Todos foram interrompidos ao ouví-lo e Frisk se virou para olhá-lo, preocupada. Assim que ele chegou perto dela, ele se ajoelhou e abaixou a cabeça, deixando-a perplexa.

Gaster: Minhas felicitações, princesa.

Frisk: Mas... Meus pais não são mais reis.

Gaster: Não foi isso que eu quis dizer.

Ele se levantou, olhando para o emblema que estava em seu peito e apontando para ele.

Gaster: Sua força de seu coração e a confiança de seus amigos fez o artefato aparecer. Ele é a prova de que foi destinado a escolher você como herdeira.

Frisk: ... Herdeira?

Frisk ficou surpresa ao ouvir suas palavras, porém, ele não respondeu mais. Por um momento, ele se virou de costas e ficou olhando para o céu. Ele pensou que se o artefato despertou no momento em que ele estava para morrer, havia algo por trás que ligava à pessoa que tentou tirar sua vida.

Gaster: Porém... Temo que isto seja apenas o começo de uma guerra.

Frisk: O que quer dizer?

Gaster: A pessoa que me libertou do void foi a mesma que tentou me matar. Ela deve saber que você está com o artefato e que apenas me usou para conseguir sua localização.

Todos não podiam acreditar no que ele estava falando e se entreolharam assustados.

Undyne: ... Então isso tudo foi planejado? Até mesmo sua morte foi uma isca?

Gaster: Creio que sim... Essa pessoa tem um poder muito maior do que já se viu.

Frisk: E... Quem é ela?

Gaster: Eu desconheço. Por isso eu oro por você, guardiã. Seu poder será reconhecido por todos os seres deste universo e Chaos virá atrás de você com todo o seu poder para te destruir. Se você quer mesmo salvar esse mundo, seja forte e mantenha a força de seu coração.

Depois do que ouviu, Frisk se sentiu triste em saber que isso não havia acabado. Não era mais somente a alma dela que estava em jogo, ela desconhecia a imensidão do perigo que se aproximava. Depois da conversa, todos voltaram ao normal e Gaster acompanhou-os, sendo levado até a polícia para ser preso por seus atos. Até a polícia recolhê-lo, vários jornalistas viram Frisk se aproximar e eles correram até ela para entrevistarem-na, Mettaton não podia perder essa oportunidade de aparecer nas câmeras e se infiltrou no meio deles. Enquanto isso, seus amigos assistiram toda aquela cena rindo e Sans ficou vendo a polícia levar Gaster, colocando-o dentro de uma viatura. Ele nunca tinha imaginado que aquilo aconteceria, mas vê-lo sendo preso descarregou todo seu remorso, sentindo-se em paz consigo mesmo. Tudo isso ele devia à Frisk, mas ele ainda sentia-se culpado por tê-la tratado mal quando ela protegeu-o. Ele então olhou-a por um momento e ambos acabaram encontrando seus olhares naquele instante. Logo, Sans se virou, sentindo-se arrependido pelo que aconteceu e quando Frisk viu-o se virar, ela se sentiu mal por achar que havia o forçado a fazer algo que ele não queria.

Sans: “... Eu sou tão idiota...”.

Frisk: “... Eu sabia... ele me odeia agora.”.

Undyne, Alphys e Mettaton perceberam aquela situação e se entreolharam preocupados, porém Alphys não sabia o que realmente aconteceu e olhou confusa para Undyne.

Alphys: O que aconteceu com eles?

Undyne: Ah... Longa história, Alphys.

E os amálgamos, com a ajuda de Alphys, voltaram para suas famílias e tudo voltou ao normal. Chegando a casa, Frisk foi até seu quarto e deitou-se como se não tivesse dormido faz dias e a partir dali, todos permaneceram em suas casas.

Minutos depois, na casa dos irmãos esqueleto, Papyrus dormia profundamente e Sans somente olhava para o teto. Pela primeira vez em anos ele não sentiu vontade de dormir. Atônito, muita coisa aconteceu em pouco tempo e ele não conseguiu absorver tudo, principalmente por causa de Frisk. A ilusão que teve sobre ela e ainda assistir sua coragem e convicção em defender seu inimigo fez com que ela conseguisse ser eleita pelo artefato. Desde que Frisk havia voltado, Sans sempre teve a imagem de que ela era uma pessoa inocente como seu irmão e mesmo sabendo que Papyrus havia mudado depois de anos, ele nunca tinha imaginado o quanto ela havia mudado.

Sans: “... Será que eu estive enganado esse tempo todo?... Quem é você agora?”.

Ele não conseguia parar de pensar nela, Frisk de fato havia surpreendido-o e isso fez com que ele desenvolvesse mais respeito e admiração por ela.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.