Após seu sumiço, Sans decidiu voltar para casa. Ele estava andando tranquilamente e esperava que ao chegar a casa, não teria que encontrar seu irmão acordado, faz tempo que Papyrus deixou de exigir a seu irmão que lesse histórias de boa noite. Quando Sans estava prestes a abrir a porta, alguém já o tinha feito e para sua surpresa, Papyrus estava esperando-o, notavelmente bravo com seu irmão. Sans tentou disfarçar sua surpresa.

Sans: E aí mano? Precisando das suas histórias de boa noite?

Papyrus: Muito engraçado... Por onde você andou?

Ele sabia que havia sumido na hora errada, mas Sans não queria dizer a seu irmão onde ele realmente estava. Ele coçou a cabeça enquanto buscava uma desculpa.

Sans: ... Eu fui empurrado com os outros pra fora e não consegui voltar, acabei levando uma das garotas para a casa dela porque ela estava com medo...

Papyrus: Eu não acredito nas suas mentiras, Sans! É bom me dizer a verdade.

Sans: Mas é verdade, olha.

Ele pegou seu celular e acabou mostrando uma mensagem de uma das garotas da festa, dizendo “Obrigada por me trazer em casa”. Vendo aquilo, Papyrus suspirou, parecendo menos surpreso e deixou-o entrar em casa.

Papyrus: Eu esperava mais de você, Sans. Aqueles monstros tinham aparecido por lá, se não fosse a humana, não saberíamos o que poderia ter acontecido.

Sans: Estou surpreso que não precisem de mim.

Papyrus: Mas nós não os derrotamos, eles desapareceram! Alguém fez isso e não sabemos quem.

Ele sabia de quem se tratava toda aquela armação, ele conhecia Gaster e saber que ele havia voltado deixava sua mente turbulenta, porém, ele não queria preocupar seu irmão com essa notícia, pois a mesma não traria boas lembranças para ambos. Papyrus viu-o estranho e o questionou.

Papyrus: O que houve com você?

Sans: ... Não é nada, só estou cansado.

Papyrus: Bom, amanhã temos que ver Alphys em seu laboratório. Ela conhece aqueles monstros e vai dizer tudo sobre eles, então é bom acordar cedo.

Sans: Ok mano...

Papyrus: Estou falando sério!

Sans: ... Ok, boa noite.

Ambos foram para seus quartos e Sans sentou-se na sua cama, pensando no que acabou de acontecer hoje. Durante a festa, após ver Frisk sair correndo daquela forma, ele se virou rindo, mas quando ele fez isso, ele teve um mau pressentimento na hora. Ele olhou novamente para Frisk e viu que ela estava parada, olhando para o lado estaticamente. Sans olhou na mesma direção dela e viu Gaster parado ali, olhando para ela sinistramente. Aquilo foi como seu pior pesadelo voltando a atormentá-lo. Só havia uma razão na qual ele voltaria e decidido a impedí-lo, Sans não descansaria até derrotá-lo por si mesmo.

Quando as luzes se apagaram instantaneamente, ele se teleportou para fora do local e avistou uma névoa sombria fugindo. Por pouco ele teria conseguido alcança-la se Sans não tivesse se esbarrado em alguém. Era uma mulher que estava chegando atrasada para a festa e ele decidiu leva-la até em casa e pegar seu número de telefone, não por interesse, mas para usar como desculpa por ter sumido sem falar nada.

Era de manhã quando todos se reuniram na casa da Alphys. Undyne foi a primeira a chegar, logo após veio Asgore, Toriel e Frisk, eles esperaram dentro de casa até verem que Papyrus e Sans haviam chegado por ultimo.

Papyrus: Desculpe a demora, eu não costumo me atrasar, mas o meu irmão acabou dormindo no ponto.

Sans: Foi mal.

Todos olharam ao ver os dois irmãos chegando, mas o centro das atenções foi Sans, quem havia sumido na noite passada.

Toriel: E por onde você andou ontem?

Sans: Eu acabei sendo empurrado para fora e acabou que tive que levar uma das garotas até a casa dela.

Ouvindo isso, todos suspiraram indignados, mas no fundo, Frisk ouviu aquilo e se sentiu mal, virando o rosto e sentindo desgosto de si mesma. Confirmando o que as garotas no banheiro haviam falado sobre ele, Frisk começou a chamá-lo de idiota em seus pensamentos e não sabia se sentia raiva dele ou de si mesma por ter sentimentos por ele.

Não demorou muito e eles viram Alphys sair do laboratório. Vendo todos, ela cumprimentou cada um e pediu para que a seguissem. Dentro do laboratório estavam várias telas de computadores, mesas com frascos de vidro e pastas empilhadas. Mettaton já estava dentro esperando-os e Alphys se aproximou de uma das mesas para pegar uma pasta contendo vários registros anotados, e por fim, ela entregou-o para Frisk ver. Asgore, Toriel, Undyne e Mettaton ficaram curiosos para ver o que estava escrito dentro.

Alphys: Nessa pasta estão todos os registros que fiz sobre eles desde o início, os experimentos, testes, resultados, tudo.

Ciente do que iria encontrar ali, Frisk abriu a pasta e encontrou vários registros escritos no dia e a hora marcada do evento, e começou a ler para quem estivesse ao redor ouvisse.

Frisk: “Registro um: Devo descobrir um meio de quebrar a barreira... Tenho aqui outros humanos que caíram e não sobreviveram, se eles têm mesmo esse poder, eu irei descobrir...”

Frisk continuou lendo, surpresa por saber que existiram outros humanos que caíram no subsolo antes dela, porém, ela devia saber que isso não era novidade alguma. No registro também estava escrito que Alphys conseguiu extrair a fonte do poder dos humanos, e com isso, era possível controlar o artefato, ela deu a isso o nome de “determinação”, como foi proferido na lenda. Alphys pretendia usar essa determinação para criar uma alma híbrida. Mas para saber se daria mesmo certo, ela precisava de cobaias para testar sua teoria e ela recebeu vários corpos de monstros que estavam à beira da morte. Como ela não podia simplesmente extrair suas almas, ela injetou a determinação nos monstros e eles continuaram repousando até o dia seguinte. Ao acordarem, todos estavam normais. Alphys percebeu que a determinação deu a eles mais uma chance de viver e eles agiam normalmente uns com os outros. Porém algo começou a dar errado, ela viu os monstros começarem a derreterem-se e eles viraram monstros liquefeitos, se misturando uns com outros até obterem consistência suficiente para ficar em pé, ela deu a eles o nome de “Amálgamos”. Após isso, Frisk fechou a pasta e todos estavam chocados com o que leram.

Frisk: Alphys... Eu sinto muito...

Alphys: Agora que vocês sabem... Eu não podia simplesmente contar aos familiares o que aconteceu com eles, se eles o vissem assim... Eu fui um fracasso como cientista, eu não consegui um meio de trazer o artefato e...

Nessa hora, todos olharam assustados para o que ela falou e ouvindo que ela dizia ser um fracasso, Undyne e Mettaton ficaram indignados.

Undyne: Você não é um fracasso, Alphys.

Mettaton: Se você disser isso de novo, eu vou colocar você pra trabalhar no meu restaurante.

Papyrus: E eu farei espaguete pra você durante um mês!

Ela se assustou ao ouvir tais respostas, percebendo que havia exagerado, no fundo, Alphys sabia que trabalhar no restaurante do Mettaton não era legal pela demanda de clientes. Ela se desculpou e abaixou a cabeça, arrependida. Por fim, ela viu Asgore e Toriel se aproximarem dela.

Asgore: Alphys... Eu realmente estou feliz por você ter contado a verdade.

Toriel: Tem ciência da punição que cairá sobre você por isso?

Alphys: ... Eu sei, e estou disposta a pagar pelo meu erro.

Toriel: Então... Depois que encontrarmos um meio de devolvê-los para suas famílias, você será desobrigada do cargo de Cientista Real.

Alphys ficou triste ao saber o que iria vir para ela, porém ela sabia que fez a coisa certa dizendo a verdade, vendo que eles entenderam no final. Frisk logo se virou para Alphys para saber mais sobre os Amálgamos.

Frisk: E o que mais aconteceu?

Alphys: Eu fiz uns estudos com os corpos deles e descobri que eles podiam viver mais que o normal, eles eram mais fortes que um monstro comum, mas foram poucos os que conseguiram controlar esse poder maior.

Frisk: Entendi.

Nesse meio tempo, Papyrus se virou para seu irmão animadamente, falando o que ele havia lembrado sobre ontem.

Papyrus: Sans... É uma pena que tenha perdido como a humana lutou corajosamente ontem, ela simplesmente foi um gênio que nem o Grande Papyrus.

Asgore: Sim, é verdade.

Sans: Ah é? Parece que eu estive enganado.

Frisk: Eu disse que não queria causar problemas pra você.

Sans: Ok.

Sans levantou os ombros indiferentemente e Frisk se virou, abrindo a pasta para continuar lendo. Ela não queria olhar para ele de raiva, mas ela não podia negar seu coração, ficando envergonhada ao se lembrar da ultima conversa deles durante a dança. Mettaton e Alphys perceberam a reação dela e pressumiram a situação, olhando entre si maliciosamente. Undyne se aproximou de Frisk e bateu nas costas dela para animá-la.

Undyne: Hey nerd, aconteceu algo?

Frisk: Não... Estou bem.

Assim que Frisk folheou a próxima página, havia um registro antigo que era impossível entender o que estava escrito, estava tudo em símbolos desenhados.

Frisk: Eu não consigo entender...

Alphys: Ah... esqueci que um deles estava escrito nesses símbolos, eu vou ligar o tradutor.

Ela foi até o computador, teclou por um tempo até ligar o tradutor e Frisk entregou o registro para ela. Alphys procurou no computador a tradução e ao encontrar, ela reproduziu o áudio do robô.

“Registro nº 17: Escuro… muito escuro… ainda mais escuro… As trevas continuam crescendo… As sombras cortando mais fundo... Leitura de fótons negativa... Este próximo experimento... Parece ser... Muito... Muito... Interessante...”.

A leitura desse registro deixou todos perplexos, Frisk entendeu que esse registro tinha vindo daquela pessoa, deixando-a tensa. Papyrus se sentiu angustiado ao ouvir a tradução, não sabendo o que falar, ele começou a sentir pavor, como se estivesse prestes a lembrar de algo que ele nunca queria lembrar. Sans começou a suar frio de nervosismo, ele não esperava que Gaster estivesse ali, espionando-os, ele fechou o punho e começou a ficar atento a cada canto do laboratório. Asgore olhou a reação de todos e imediatamente tentou acalmá-los.

Asgore: Por favor... Não creio que exista uma chance dele estar vivo.

Alphys: Mas eu nunca vi esse registro aqui, como ele apareceu?

Ao procurar mais a fundo no computador, faíscas começaram a surgir e ele começou a trabalhar sozinho. Alphys ficou perplexa ao ver essa cena e todos os televisores perderam a imagem. Ela saiu de perto e se juntou aos outros, que se juntaram entre si, olhando para todos os lados, cercados de televisores com a imagem borrada.

Alphys: ... O que está havendo?

As luzes do laboratório começaram a piscar sinistramente por alguns segundos. Assim que as luzes se estabilizaram, as telas reproduziram igualmente uma imagem em preto com alguns símbolos no meio da tela, escritos na mesma língua estranha. Eles também puderam ouvir uma voz estranha surgindo.

Gaster: “... É um prazer conhecer os guardiões... e a humana.”

Todos ouviram inacreditados aquela voz, os únicos que não reconheceram a voz foram Undyne e Mettaton que olharam confusos para as telas espalhadas.

Undyne: Quem é você?

Os demais, com exceção de Frisk, perceberam que ele estava vivo. Frisk se lembrou de quando ele apareceu pessoalmente para ela.

Frisk: ... Gaster...

Gaster: “É sempre um prazer ouvi-la, humana... Não falta muito para pegar sua alma e controlar o artefato.”

Sans: ... Não vai conseguir o que quer.

Todos se viraram para olhá-lo, notando que ele havia mostrado sua raiva. Sans estava com um semblante de fúria em seus olhos e Gaster reconheceu a voz dele, falando através da tela do computador.

Gaster: “Oh... se não é meu assistente...”

Sans: Eu não sou seu assistente.

Gaster: “Claro, Sans... Como se sente contrariando o que você fazia pra mim? Não se lembra de quem você foi no passado?”

Sans: ... Cale a boca.

Ele estava visivelmente irado com a provocação do antigo cientista, deixando Frisk ainda mais assustada. Ela não sabia seu passado e não negou que sentiu curiosidade em saber.

Frisk: Do que está falando?

Gaster: “... Pergunte aos seus amigos, a aqueles que esconderam sua identidade verdadeira. Eu garanto a você, humana... Quando souber a verdade, não acho que vai querer ser protegida por ele.”

Frisk: ... O que?

Por um momento, todos o olharam, perplexos, exceto Alphys e Asgore, que olharam para o lado tristemente, evitando contato com o resto. Sans não parava de encarar uma das telas e fechou seu punho. Sua raiva estava aumentando ainda mais, jurando para si mesmo que iria pessoalmente atrás dele. Enquanto via seu irmão reagindo daquele jeito, Papyrus ficou assustado e não o compreendia, nem mesmo o que Gaster estava falando.

Papyrus: ... Sans? O que você fez?

Gaster: “... Acho que seu irmão também deveria saber a verdade, afinal... “Ele não merece passar por isso...””.

Sans: CALE A BOCA AGORA SEU DOENTE!

Imediatamente seu olho esquerdo se ativou de ira, ele estendeu seu braço e vários ossos foram em direção à tela maior da sala, destruindo-a. Todos levaram um susto vendo a reação dele e após isso, uma risada no fundo apareceu, desaparecendo aos poucos. Eles agora sabiam que Gaster estava vivo, mas o mais importante agora é manter Frisk a salvo dele.

Sans sabia que havia se descontrolado e não queria encarar ninguém após esse evento. Ele imaginou que teria que se explicar em algum momento junto com Alphys e Asgore, que provavelmente contarão o que sabem. Enquanto todos refletiam sobre o que acabou de acontecer, Alphys interrompeu a linha de pensamento de todos.

Alphys: E-está t-tudo bem... Eu consigo arrumar outra tela...

Toriel: ... É melhor voltarmos pra casa agora, depois conversamos sobre esse assunto.

Asgore, Toriel e Frisk se retiraram primeiro e antes que eles saíssem da sala, Frisk olhou para trás, não acreditando no que ouviu, porém, Asgore colocou sua mão em seu ombro e ela se virou de volta, saindo do laboratório. Enquanto andavam, Frisk estava triste por não conseguir imaginar quem ele realmente foi, sendo que desde o início, ele protegeu-a até mesmo com sua vida. Frisk queria mesmo saber sobre seu passado, e se fosse tão ruim, ela imaginou que Sans não iria querer contar. Após os três se retirarem, Undyne saiu do laboratório em seguida e Papyrus e Sans saíram por último, indo cada grupo para suas casas.