Quando Grillby ligou as luzes de volta, todos viram que o local estava se esvaziando e não havia nenhum sinal de Frisk por perto. Depois de procurar desesperadamente em todos os lugares, Toriel avistou Frisk em um canto do banheiro e a chamou, recolhendo-a nos braços. Frisk viu Toriel na porta do banheiro e abraçou-a, tremendo.

Toriel: Não se preocupe... Temos você agora.

De repente, elas ouviram vários ruídos e sons estranhos inundando o local. Um grito ecoou no salão ao mesmo tempo e Toriel e Frisk correram para ver o que estava acontecendo. Elas viram alguns daqueles monstros bizarros invadindo o local pelas janelas. Alphys estava encolhida num canto do bar e Undyne tentava consolá-la, mas não era suficiente. Ela se mostrava cada vez mais agoniada.

Alphys: Não, não, não... Isso não pode estar acontecendo...

Toriel: Leve-na para fora, nós cuidaremos deles.

Alphys não queria deixar o local, porém Grillby teve que insistir e acabou levando-a para fora. Frisk foi seguí-los para sair dali, porém, ela viu um dos monstros cair da janela do teto, aterrissando perto dela e fazendo-a pular para trás. Toriel imediatamente ajudou Frisk a se levantar antes que o monstro a alcançasse. Quem estava dentro daquele salão encarava os monstros excêntricos cercando-os. Ali dentro estavam Frisk com Toriel, Asgore, Undyne, Papyrus e Mettaton.

Papyrus: ... Ei! Onde está o Sans?

Undyne: Não temos tempo pra isso!

Toriel apressadamente tirou da sua bolsa o emblema de Frisk e entregou a ela. Frisk ficou olhando seu emblema em suas mãos sem entender o por quê.

Toriel: Minha filha... Sei que isso te aflige, mas mesmo sem seus poderes, você pode nos ajudar?

Frisk: ... Eu queria poder ajudar...

Undyne logo se virou para Frisk e vendo o emblema dela quebrado, Undyne colocou a mão em seu ombro para acalmá-la.

Undyne: Não se preocupe, a gente vai fazer isso por você.

Frisk: ... Certo.

Asgore: Agora, transformem-se.

Com exceção de Frisk, todos concordaram e pegaram seus emblemas, estendendo para o alto e proclamando em alta voz.

“Poder da luz, me guie!”

Logo, a energia de seus emblemas iluminou o salão e dessa vez, Frisk viu-os se transformando. Fazia muito tempo desde que ela não os via entrando em ação e por um momento, ela sentiu falta de fazer parte desse círculo. Após todos se transformarem, eles estavam iluminados pela aura de cada cor e cada um disse seu bordão.

Asgore: Eu sou o Guardião da Paciência, carrego o escudo das almas desconsoladas.

Undyne: Eu sou a Guardiã da Bravura, farei você pagar pela dor que causou.

Papyrus: Eu sou o Guardião da Bondade, farei você se lembrar de sua essência.

Mettaton: Eu sou o Guardião da Integridade, sua malevolência estará sob meus pés.

Toriel: Eu sou a Guardiã da Perseverança, guiarei-lhe no caminho da pureza.

Após todos terminarem de falar, eles se olharam surpresos. Frisk não imaginava que isso traria boas lembranças ao ver a alegria de todos.

Papyrus: Wowie! Mal posso acreditar que iremos lutar novamente!

Mettaton: Isso é música para meus ouvidos.

Porém o sentimento logo foi dissipado quando eles viram todos aqueles monstros se aproximando deles, incluindo os Memoryheads. Os guardiões se juntaram e começaram a encará-los um por um.

Undyne: Algum plano?

Toriel: Preciso que os cerquem para que eu possa manter as mentes deles quietas.

Asgore: Eu protegerei Frisk.

Undyne: Certo, vamos!

Undyne foi a primeira a avançar contra o monstro que ela havia enfrentado antes sem sucesso. Ela invocou sua lança, realizando movimentos rápidos para fazê-lo recuar, porém o monstro usou sua força para agarrar a lâmina e jogá-lo para longe. Vendo isso, Undyne usou seus punhos para desferir vários socos nele. Depois de várias tentativas, o monstro conseguiu bloquear os punhos dela com os próprios e ambos começaram a disputar força pelos punhos. Naquele momento, o monstro a encarava e mostrava suas mandíbulas, Undyne resolveu usar sua fúria e ambos começaram a gritar um para o outro. A força dela havia aumentado com a sua fúria, conseguindo empurrar o monstro para trás. Quando ele bateu contra a parede, ela pulou para cima dele e concentrou sua energia em seu punho direito, socando-o com tal força que mandou-o para outro canto da sala, deixando-o desmaiado.

Mettaton estava olhando para o monstro grande de corpo fino com um olho enorme. Aquele monstro não parava de encará-lo, observadno o robô andando ao redor dele.

Mettaton: Mas que olho grande você tem... É para me ver desfilar melhor?

O monstro se sentiu confuso com as palavras dele enquanto continuava observando Mettaton desfilando em círculos. Se podiam ouvir barulhos de correntes no chão seguindo-o.

Mettaton: Oh, não sabe desfilar? Eu te ensino. Use suas pernas e ande graciosamente, ouse chamar a atenção do palco e faça sua melhor pose, vamos, tente!

Naquela hora em que o monstro começou a se mover, ele sentiu as correntes prenderem suas pernas, instantaneamente, as correntes envolveram o corpo dele e o monstro caiu no chão, preso e acorrentado. Mettaton estava segurando as correntes, deixando-o imobilizando.

Mettaton: Eu disse gracioso e não desajeitado, seu desfile acabou de ir para o poço.

Papyrus estava de frente para o cachorro sem rosto, estando parado e olhando para ele. Enquanto os dois se encaravam, Papyrus invocou seus dois ossos que normalmente usava como espadas e preparou-se para atacá-lo. Quando o cachorro viu os dois ossos que ele segurava, ele ficou muito agitado e começou a tremer de ansiedade. Os gatos que estavam em seu corpo começaram a miar agudamente e Papyrus teve que se contentar com a hipótese de usar seus ossos como isca.

Papyrus: Eu não queria fazer isso, mas não tenho escolha. Pegue isso!

Ele fez um bomerangue com seus dois ossos e atirou-os para o cachorro, ele rapidamente pegou o bomerangue e colocou-o no chão, lambendo-os de uma forma esquisita. Papyrus sentiu nojo vendo aquilo e pegou sua frigideira para lançar o ataque.

Papyrus: Bondade, Ataque do Master Chef!

Molho de espaguete saiu da frigideira indo em direção ao cachorro que estava distraído, ele foi acertado e jogado contra a parede. Ouvindo o cão crangir, Papyrus viu os dois ossos no chão com uma gosma estranha e foi até eles, pegando-os pela ponta e tentando limpar, desajeitadamente.

Papyrus: Urgh... Nunca mais faço isso na minha vida.

Enquanto isso Asgore e Frisk estavam com os três Memoryheads que viram antes, eles continuavam emitndo sons incompreensíveis e se aproximavam lentamente, cercando-os. Ambos começaram a pensar em uma maneira de distraí-los.

Asgore: Tem alguma ideia?

Frisk: Ainda estou pensando...

Eles logo começaram a atirar partículas de energia contra eles, Asgore usou sua magia de escudo enquanto Frisk continuava escondida atrás, as partículas rebatiam contra o escudo mágico, voando para o outro lado em direções espalhadas. Vendo isso, Frisk olhou para o palco e viu os espelhos que refletiam a luz que vinha do holofote, ela teve uma ideia e correu para o palco. Asgore viu-a correr dele e os monstros estavam se teleportando até ela.

Asgore: Frisk, cuidado! Eles vão ir até você.

Frisk: Deixe eles virem!

Asgore: ... O que vai fazer?

Frisk viu os Memoryheads chegarem perto dela e tirou seus saltos para jogar contra eles, porém eles se desviaram facilmente. Ela pulou até o palco e correu para dentro das cortinas para pegar um espelho refletor de luz atrás do palco. Os mesmos monstros se teleportaram até ela e cercando-na, novamente eles a atacaram com partículas de luz. Asgore havia chegado ao palco quando a viu segurando um espelho côncavo contra os Memoryheads.

Asgore: Cuidado!

Assim que as partículas se dispararam, Frisk se escondeu atrás do espelho e posicionou-o de modo que as partículas bateram no espelho e foram refletidos para cima, atingindo a base que apoiava as cortinas e quebrando-as. A cortina acabou caindo em cima dos monstros sem que eles percebessem e Frisk imediatamente pulou em cima para segurar a cortina neles. Asgore viu o ato dela e correu para segurá-los, enquanto Frisk pegava uma corda para amarrar o saco improvisado, ele logo compreendeu que ela tinha armado um plano para eles. Ele olhou fascinado para Frisk.

Asgore: Isso foi brilhante.

Frisk: ... Obrigada.

Toriel estava à frente do pássaro derretido, esperando algum movimento dele. Porém, o mesmo estava tão deprimido que não queria atacar, fazendo apenas um vento gelado ao redor dele. Toriel estranhou aquele comportamento e decidiu não ataca-lo enquanto ele não tentasse fazer nada. Asgore e Frisk correram até os outros e deixou o saco perto de todos os monstros no canto da sala. Por fim, Toriel invocou seu livro em frente a eles e abriu-o, folheando várias páginas rapidamente, enquanto ela estendeu suas mãos em frente ao livro e neles.

Toriel: Perseverança, Campo psíquico.

Um círculo de magia invocou-se ao redor deles, mantendo-os desacordados. Frisk olhou para eles nessa hora e pensou se poderia fazê-los voltar ao normal. Enquanto isso, Toriel foi até Frisk, interrompendo-a.

Toriel: Minha filha, você pode sentir se eles foram possuídos?

Frisk: Não sei, mas posso tentar.

Frisk se aproximou vagarosamente deles, tentando sentir algo. Ela se perguntou como iria sentir alguma presença maligna. Pensando mais uma vez nos seus poderes, ela pegou seu emblema quebrado. Frisk tentou se concentrar nele, pedindo por ajuda. Estando parada ali durante minutos, ela estendeu sua mão para sentir alguma presença maligna entre eles. Mesmo assim, ela não sentia nada. Confusa e desesperada, ela achou que seus poderes haviam de fato sumido e ela abaixou sua mão, derrotada.

Frisk: ... Não posso.

Asgore: Frisk, não desista! Seus poderes ainda estão aí!

Toriel: Foi você quem nos despertou novamente.

Papyrus: Acredito que você consegue humana!

Undyne: Você não tem que depender do seu emblema, nerd.

Mettaton: Acredite que possui uma entrela dentro de você.

Ela queria desistir, mas vendo o quanto seus amigos se importavam tanto com ela, e eles também tinham uma razão para insistirem, Frisk não pensou mais em desistir e tentou se concentrar novamente em seus poderes. Colocando a mão sob seu peito, ela tentou se lembrar do propósito na qual ela era encarregada. Ela estava destinada a proteger os monstros das trevas, mas agora não era mais a vida dos monstros que estavam em jogo, e sim de todos: humanos e monstros. Estando certa disso, ela olhou para suas duas mãos e viu as mesmas escolhas aparecerem diante dela, uma faca e uma estrela.

Frisk: “Lutar para sobreviver... ou poupar seu inimigo?”

Ela olhou novamente para aqueles monstros que estavam cercados e inconscientes e Frisk se perguntou se realmente podia deixá-los viverem nesse estado. Enquanto ela olhava para a estrela na sua mão, Frisk refletiu por um momento. Se ela os poupasse, eles iriam ameaçar os humanos de novo? Como os monstros iriam reagir diante dessa situação? Diante de uma escolha difícil, ela não sabia qual decisão seguir. Frisk se recusava a lutar e tampouco sabia se poupar era a melhor escolha. Frisk começou a se sentir pressionada e viu suas mãos tremerem. Antes que ela fizesse algo, repentinamente, alguém apareceu na entrada do salão empurrando as portas, gritando, todos olham para trás pra ver quem estava lá.

Alphys: Parem! Por favor, não machuquem eles!

Frisk reconheceu Alphys atrás e quando se virou, suas duas opções desapareceram naquela hora.

Undyne: Alphys, o que está fazendo?

Ela não respondeu e andou passando por eles, na direção onde os monstros estavam. Alphys viu-os desacordados dentro de um círculo brilhante e por um momento, ela ficou desesperada. Vendo a preocupação dela, Toriel fez sua magia dissipar e acordou os monstros. Aos poucos, eles viram Alphys e achegaram-se a ela.

Alphys: Vocês estão bem? Me perdoem... Eu não devia ter abandonado vocês...

Undyne: ... Mas o que?

Mettaton: Alphys? Você os conhece?

Ela se virou para ver seus amigos, eles estavam confusos e paralisados ao vê-la agir desse jeito com essas criaturas. Por fim, Alphys tomou coragem em falar-lhes.

Alphys: Eu sei... Eu devo explicações a vocês, mas por favor, não machuquem mais eles.

Toriel: E quem são eles?

Alphys sabia que estava em maus lençóis, ela não podia mais esconder a verdade e ela prezava pelas criaturas que estavam atrás dela.

Alphys: Eles são os monstros que estavam à beira da morte, usados como teste para um experimento antigo.

Asgore: Você está falando... daquela pesquisa...?

Alphys: Sim... Infelizmente ela não deu certo... Como resultado, eles acabaram derretendo e se fundindo entre si. Por isso eu os escondi para que ninguém os descobrisse, e isso continuou mesmo quando me mudei para a superfície.

Ela virou sua cabeça levemente para baixo, dirigindo-se aos monstros atrás dela.

Alphys: Eu entendo se estiverem com raiva de mim, eu não mereço o perdão de vocês...

Ouvindo aquilo, aqueles monstros se achegaram a ela e não a machucaram, pelo contrário, eles voltaram e emitir sons estranhos enquanto um dos monstros passou a mão por cima da cabeça dela e o cachorro tentou lambê-la excentricamente. Alphys riu desajeitadamente e todos os seus amigos olharam-na surpresos enquanto ela se interagia com eles. Frisk logo percebeu algo que fez todo o sentido.

Frisk: ... Eles não estão possuídos.

Os guardiões olharam surpresos para Frisk e compreenderam que aquilo fazia sentido, aqueles monstros ainda ouviam Alphys. Mas ainda restava uma duvida.

Undyne: ... Então quem os mandou para cá?

Toriel: Deixemos as perguntas pra depois. Temos que decidir o que fazer com eles antes.

Alphys: Se me permitirem... Eu os levarei de volta pra suas casas e irei contar a verdade aos familiares.

Ninguém discordou do pedido dela, então, Alphys se virou para os monstros atrás dela e sorriu para eles.

Alphys: Vamos meus amigos, é hora de levá-los até sua casa.

Eles ficaram contentes ao ouvir que voltariam para casa e começaram a seguir Alphys para fora do local. Enquanto eles se dirigiam até a saída, uma névoa densa surgiu cercando todo o local, escurecendo tudo. Todos olharam assustados diante daquilo, eles viram as criaturas atrás de Alphys cercadas diante de uma fumaça negra e engoliu-os totalmente, até desaparecerem. Logo, aquela névoa sumiu aos poucos, voltando a iluminar-se e Alphys não conseguiu acreditar no que viu, da mesma forma, todos não compreenderam o que aconteceu.

Papyrus: ... Pra onde eles foram?

Undyne: Eu não falei? Agora ele tomou-os de volta.

Alphys: Não... O que eu vou fazer? E se eles não voltarem mais?

Asgore calmamente se aproximou de Alphys e se ajoelhou, colocando a mão em seu ombro para apoiá-la. Alphys estava tão tensa que se assustou ao sentir alguém tocando em seu ombro, ela levantou a cabeça, assustada, para vê-lo.

Asgore: Se quiser nossa ajuda, terá que nos contar tudo, entende?

Alphys: ... Sim.

Frisk: ... Alphys, eu quero ajudá-la em levar eles até suas famílias.

Alphys: Frisk...

Vendo que ela estava disposta, Alphys viu que todos concordaram com Frisk. Ela agora tinha o apoio de todos e agradeceu-os.

Alphys: Muito obrigada... Não sabem o quanto isso é importante para mim. Me encontrem no laboratório de manhã que irei explicar tudo.

Eles concordaram e deixaram o salão após isso. Embora estivesse um caos, Mettaton se comprometeu a pagar pelos estragos. Essa foi uma noite agitada e por mais que ela tivesse relutado a escolher seu caminho, Frisk agradeceu Alphys por ter se explicado e dito sobre aqueles monstros. Esse dia, Frisk esteve feliz por lutar ao lado de seus amigos novamente. Todos perceberam que Sans não esteve durante aquele encontro e Frisk se perguntou onde ele foi durante esse tempo. Ele havia sumido logo quando Gaster havia aparecido por perto e este também desapareceu. Frisk esperava ver Sans em breve para contar sobre essa noite e perguntar por onde ele andou.

Enquanto isso, Sans estava no laboratório secreto do subsolo, andando a passos largos, ele parecia muito nervoso. Em meio a destroços, ele entrou numa sala secreta do laboratório antigo e o local onde ficava a máquina antiga havia sumido, no lugar dele, havia um buraco enorme junto com pedaços de canos arrancados. Vendo isso, ele soltou um suspiro de indignação e se teleportou para fora do núcleo. Ele observou o exterior e percebeu as consequências do núcleo ter explodido. Com o calor aumentando gradualmente, esse poderia ser o fim do subsolo e de todo o ecossistema dele. Sans logo fechou seus punhos com força e jurou para si mesmo.

Sans: Isso não vai acabar assim... Quando eu encontrar você... Eu mesmo irei destruí-lo.