–Você está melhor? - Eu pergunto curiosa quando saímos da biblioteca. Ele olha para a biblioteca atrás dela e fecha os olhos com força gemendo de dor. - Acho melhor passarmos a noite na cidade.

–Não, eu consigo dirigir a moto. - Finn fala.

–Não consegue... - Eu falo e ele me olha. - E vai cair uma tempestade.

Olhamos para o céu, e vimos as nuvens pesadas acima de nós. Eu pulo ao ouvir um trovão e a chuva começa.

–Vem... - Finn fala. - Conheço um lugar para onde podemos ir.

Ele pega a moto e nós saímos andando por uma avenida na chuva, até chegarmos ao fim da pequena cidade e vermos uma estrada de terra que estava molhada.

–Tem certeza? - Eu pergunto em duvida.

–Sim. - Ele fala. - Vem, é seguro.

Eu o sigo e andamos pela estradinha na lama e na chuva. Após alguns minutos andando a chuva começa a engrossar.

–Finn! - Eu falo. - Já estamos chegando?

–É ali. - Finn fala e eu olho vendo um pequeno celeiro para onde eu corro com Finn atrás de mim empurrando a moto.

–Onde estamos? - Eu pergunto.

–É o celeiro do Will. - Finn fala colocando a moto em um canto. - Ás vezes ele me pede para vir aqui arrumar as coisas.

–E você vem? - Eu pergunto olhando para os lados e vendo a bagunça.

–Vim uma vez mas eu não me sinto muito bem aqui. - Ele fala e me olha. - Tem algo, diferente.

–É bem longe de casa. - Eu falo.

–Aqui é o limite das terras do Will. - Finn fala. - Ele tem muito espaço. Muito.

–Nossa. - Eu falo e cruzo os braços me esfregando. - Está frio.

–Quer o minha jaqueta? - Finn pergunta.

–Ele está molhado, bem molhado. - Eu falo.

–É verdade. - Finn fala e tira a jaqueta.

–O que está fazendo? - Eu pergunto quando ele começa a tirar a camisa.

–Colocando minha roupa para secar? - Finn fala divertido. - Você está tremendo.

–Aqui não é muito quente. - Eu falo.

–Vem aqui... - Finn fala e eu franzo a testa.

–Porque? - Eu pergunto.

–Eu vou te esquentar. - Finn fala e eu ri.

–Pare com essas cantadas, Finn. - Eu falo.

–Agora é sério Rachel. - Ele fala e parecia sincero eu hesito, mas ando até ele.

Ele se senta no chão encostando no feno, e eu vou lentamente até o lado dele. Tiro o casaco e fico com a minha blusa. Me sento ao lado dele me encostando nele, e sinto um arrepio ao sentir a pele dele quente.

–Ainda estou com frio. - Eu falo.

–Pode trazer aquele feno pequeno para cá? - Ele pergunta e eu concordo.

Abro a mão a apontando para um feno e faço uma rajada de vento o trazer até mim.

–O que vai fazer? - Eu pergunto e ele sorri e aponta para o feno e uma pequena faísca sai da mão dele, indo até o feno onde começa a queimar. - Isso não vai causar um incêndio vai?

–Não. - Finn fala rindo. - E mesmo que cause o fogo não me afeta.

–Não? - Eu pergunto.

–Não. - Ele fala observando a pequena fogueira que tinha feito. - Eu tenho tipo uma proteção na pele.

–E será que eu tenho? - Eu pergunto e ele encolhe os ombros.

–Não sei. - Ele fala e eu me encolho para perto dele tremendo. - O fogo já vai fazer efeito. Logo você vai ficar mais quente.

Ele passa a mão pelo meu corpo me abraçando e eu sinto algo queimando na minha cintura.

–Ai! - Eu falo me afastando e ele me olha assustado.

–Eu só estava vendo se você sentia ou não. - Ele fala sério.

–Tudo bem. - Eu falo rindo e ele continua sério.

–Você está bem? - Ele pergunta.

–Sim. - Eu falo e ele concorda com a cabeça. - Posso?

Eu aponto para o colo dele e ele concorda com a cabeça.

–Por que não usa os seus poderes? - Finn pergunta.

–Como assim? - Eu falo e volto a me encolher perto dele e a fogueira começa a ficar mais forte me esquentando.

–Se eu fosse você iria usar esses poderes toda a hora. - Ele fala e ri fraco.

–Eu não sei. - Eu falo. - Eu meio que me esqueço que tenho eles, e prefiro fazer as coisas manualmente.

Agora percebo que estou ficando com calor, com o fogo ligado e Finn ao meu lado.

–O melhor calor do mundo, é o humano. - Ele fala.

–Como assim? - Eu pergunto.

–Nós aqui abraçados. Esse calor entende? - Ele fala. - É melhor do que o que sinto quando faço fogo.

Eu sorrio e coro e escuto um trovão.

–Essa chuva não vai acabar tão cedo. - Eu falo.

–Não mesmo. - Ele fala. - Você deveria dormir, acho que passaremos a noite aqui.

–Tudo bem para você? - Eu pergunto.

–Eu te protejo. - Ele fala, mas agora não parecia sarcasmo, ironia, ou mesmo sensual. Apenas uma promessa. Sincera.

Eu sorrio e me deito no colo dele e percebo ele surpreso.

–Eu confio em você. - Mais um trovão e eu fecho os olhos.