Heart Beats Harder

A fugitiva e o prisioneiro


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Harry e Lili se encontraram mais uma vez. Foram até a mesma ponte, onde conversaram sobre sonhos e desejos. Lili contava, com os olhos brilhantes, o quanto havia ensaiado e o quanto ainda queria ensaiar. Harry ouvia a tudo extasiado. A cada momento parecia ainda mais interessado na dançarina com os sonhos caridosos.

Combinaram de que ele viria buscá-la na noite seguinte para que ela pudesse se apresentar ao Rei, como um teste.

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Zayn decidiu esperar no meio da estrada. Já havia entendido que era impossível vigiar o Ladrão Negro sem ser notado pelo mesmo.

Foi a vez de Jass surpreendê-lo de cima da árvore:

- Ainda aqui? – Ela perguntou cruzando os braços e apoiando o corpo no tronco da árvore. Vestia-se como sempre, exceto pelos cabelos que agora eram soltos e a falta do lenço que antes lhe tampava o nariz e os lábios.

- Nunca faz nenhum barulho? – Zayn perguntou se recuperando do susto.

- E pra quê eu faria? – Ela estranhou a pergunta.

- Porque não desce até aqui? – Zayn mostrou seu sorriso mais convidativo.

- Ah, me poupe. Diga logo o que quer e eu decido se vale a pena ou não descer.

- Quero um acordo. Não quero te prender mais também não posso deixar que continue roubando todas as nossas plantações! – Zayn apoiou a mão sobre o punho da espada, pendurada na cintura.

- Um acordo. Certo. – Jass sorriu e colocou as mãos da cintura – Então você não é do tipo que luta?

- Lutar com uma mulher? Não. Não sou desse tipo. – Zayn sorriu considerando a possibilidade absurda.

- Hm – Jass colocou a mão sobre o punho de sua espada – E qual é a sua oferta?

- Como assim, qual é a minha oferta? Oras, estou deixando a senhorita livre caso não nos roube mais!

Jass não aguentou e começou a rir descontroladamente, terminando com as mãos na barriga.

- E qual é a graça? – Zayn cruzou os braços e encarou a jovem.

- A graça e você ter a ousadia de supor que só estou livre por sua enorme misericórdia! Já nos vimos algumas vezes e em nenhuma delas o senhor chegou a ser uma ameaça!

- Como tem coragem de falar assim com o chefe da segurança?

- O senhor é o chefe de segurança? Sendo este pivete? – Jass riu - Não me admira que a cidade esteja um caos! – E disse aumentando a voz.

- Já chega! Esqueça o acordo e qualquer tipo de misericórdia! – Zayn empunhou a espada – Já foi homem por tempo suficiente, vamos ver se pode resolver isso como um!

- Finalmente uma proposta descente! – Jass empunhou sua espada e saltou correndo da árvore, deu seu primeiro golpe em Zayn ainda no ar.

O jovem colocou a espada na horizontal acima da cabeça, se defendendo do golpe. Tomou distância e voltou com a espada apontada para a barriga de Jass, que girou num pé só, como se dançasse, e com o punho de sua espada, bateu nas costas de Zayn, fazendo com que ele perdesse o equilíbrio.

- É bom. Mas muito ansioso. – Ela disse.

Os olhos de Zayn se encheram ainda mais de raiva e ele se pôs de pé, segurando a espada com as duas mãos. Jass segurava a sua com apenas uma das mãos. Zayn partiu para cima de Jass, pronto a lhe dar um golpe transversal. As espadas se encontraram em um x, fazendo que seus olhares também se encontrassem.

- Tem força. Mas não sabe onde colocá-la. – Ela continuava falando e com um chute na barriga dele, fez com que Zayn caísse. Apontou a espada para o pescoço dele e continuou: - Não deixe que a raiva guie seus movimentos.

- Por que não cala a boca e me mata logo? – Zayn perguntou entre os dentes.

- Ainda é impertinente! – Jass sorriu – Vou fazer coisa melhor. – E com um golpe com o punho da espada na cabeça de Zayn, fez com que desmaiasse.

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Niall e Julie estavam voltando da festa. Andavam pelos corredores do castelo, sorrindo ainda.

- Foi incrível ver Maria tão animada. – Niall disse.

- Ela nunca vai se esquecer dessa festa. Estava realmente feliz. – Julie encarou o chão por um minuto.

- O que foi? – Niall colocou uma mão em seu braço, fazendo com que a jovem ficasse de frente para ele.

- Me lembrei da última vez que fiquei feliz assim... Como Maria estava hoje. – Julie estava sendo sincera.

- E quando foi? – Niall se perguntou o porquê de tanta tristeza.

- Foi em minha última dança com meu pai. – Julie sorriu ao se lembrar – Ele tentava me ensinar a dançar, mas eu nunca tive jeito... Ele dizia que também não era bom até encontrar a parceira certa.

- E quem era a parceira certa?

- Minha mãe. – Uma lágrima caiu do rosto de Julie e Niall foi rápido em tirá-la do rosto dela. E então seus olhares se encontraram.

- É uma pena seus pais terem ido embora tão cedo.

Julie se forçou a lembrar da mentira que havia contado.

- Sim. Sinto a falta dos dois.

- Dê dá a honra desta dança? – Niall fazia uma reverência mostrando uma das mãos.

- Mas não tem música! – Julie sorriu.

- Detalhes. – Niall insistiu. Julie então entregou sua mão e os dois começaram a dançar lentamente.

Os passos eram simples e não havia música. Mas Julie parecia enxergar cada passo dentro dos olhos de Niall. O azul brilhante e nítido, ditava o ritmo e o movimento. Era fácil segui-los, na verdade, ela quase poderia tocá-los. De repente, a frase que seu pai dissera antes de ir fez sentido; só se sabe o que é dançar, quando se encontra o parceiro certo. Julie estava aprendendo a dançar.

Ela se forçou a sair dos braços de Niall. Tinha encontrado mais um motivo para não entregar o reino de Mércia. Tinha que fazer o que era certo.

- É melhor eu ir embora. – Ela passou a mão sobre a saia do vestido longo.

- Fala como se fosse embora pra sempre. – Niall a olhou nos olhos.

- E pra onde eu iria? – Juntou suas forças pra dizer – Boa noite, Niall. – Conseguiu dizer sorrindo. Mas no primeiro passo para seguir em frente, as lágrimas denunciaram o que sentia de verdade.

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Como combinado, Kate esperava Julie no meio da floresta. Vestida como Kaio, ela estava segurando as rédeas de um cavalo marrom de crinas claras. Julie se aproximou e se colocou na frente dela.

- Está pronta? – Perguntou Kate.

- Vamos. – Julie disse com seus olhos inchados.

- É um longo caminho, terá de ir sozinha. Mas não se preocupe, Punor irá levá-la até lá. – Kate passou a mão pelo animal.

- Tem certeza? – Julie não acreditava.

- Sim. Ele conhece o caminho melhor do que eu. – Kate sorriu – Quando chegar, diga que me conhece, procure por Jass e conte a ela sua história. Seja rápida.

E com um último olhar em direção ao castelo, Julie partiu em disparada.

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A cabeça de Zayn parecia pesar toneladas. Ele sentia os braços amarrado as costas e as pernas presas uma a outra. Forçou-se a abrir os olhos e se viu amarrado a uma árvore, como já estivera antes.

Primeiramente, reconheceu o lugar como um acampamento no meio da floresta. Mas as casas rústicas, as pessoas conversando e entretidas em seus trabalhos, o fizeram acreditar que se tratava de uma vila.

- Ah, a bela adormecida acordou! – Disse uma jovem que não deveria ter mais de quatorze anos. Zayn estranhou suas roupas. Não se vestia com vestidos e laços. Usava uma calça de lã, blusa de algodão e botas; como um homem. E nas mãos tinha uma espada perfeita para seu tamanho.

- Ninguém te disse que menininhas devem usar vestidos? – Zayn disse com os olhos contra o sol.

A menina quis saltar para cima de Zayn. Mas outra jovem impediu que ela o fizesse. Esta era mais velha e tinha o corpo pronto de uma mulher. Vestia uma saia longa de pele escura de animal, uma camiseta de algodão branca com mangas abaixo do cotovelo e uma abertura que deixava o colo à mostra. No pescoço tinha uma colar longo com uma pedra negra em forma de gota e nos pulsos, duas faixas grossas de couro. Seus cabelos pretos, longos e ondulados já foram minuciosamente observados por Zayn.

- Se eu fosse você não repetiria isso por aqui. Essas menininhas sabem fazer um belo estrago com suas espadas. – Disse Jass – Alice, você pode ir agora. Fez muito bem o seu trabalho! – Ela disse a menina e depois voltar a encarar Zayn.

- De onde eu venho meninas não ganham espadas. – Zayn disse.

- É. Mas se você ainda não reparou você está no lugar de onde eu venho. E aqui, você já nasce com uma espada com o seu nome gravado. – Jass sorriu.

- O que eu estou fazendo aqui?

- Bem... Será a vida do chefe da segurança, em troca de uma boa quantidade de terra. Isso é um acordo pra mim. – Jass cruzou os braços.

- E você acha que o Rei irá negociar com selvagens?

- Bom, é você quem tem que torcer por isso! De qualquer forma, te manter aqui irá me dar alguns dias de roubo tranquilo...

- E por que não me mata?

- Não sou assassina.

- Mas se me soltar eu direi onde fica o seu acampamento. – Zayn sorriu.

- E você sabe mesmo onde fica? – Jass perguntou e Zayn olhou em volta. Mato, árvores, lama. Todas as florestas do Reino eram assim. E ele nem sabia se ainda estava em Mércia.

- Foi o que pensei. – Jass sorriu – Mandarei que lhe tragam o que comer e mais tarde seus aposentos estarão preparados. Agora, seja legal com as meninas ou serei obrigada a deixar que se divirtam um pouco.

Jass deu as costas e saiu andando. Cumprimentava a todos com sorrisos e abraços. Zayn pode ver que era querida. Como um povo pode querer bem uma ladra?