Acordei em minha cama de madrugada, aonde os vampiros ficam mais agitados. Era possível se ouvir gritos e ruídos de animais silvestres do lado de fora da mansão enorme. Onee-san estava do meu lado com um sorriso gentil ao me ver despertando.


– Ora ora, a preguiçosa acordou? Você parecia tão triste.


Lembrei-me do que eu fiz de manhã cedo, e comecei a me xingar e a punir-me me arranhando, mas parece que minha mãe já havia feito isso. Eu estava com o corpo completamente arranhado e abatido e os ferimentos se fechavam lentamente enquanto eu acordava. Mamãe entrou no quarto com aquela cara preocupada e botou uma das mãos em minha cabeça e outra na cabeça de meu irmão.


– O que vai fazer, Okaa-san? – Falei em conjunto de Tobie, e demos uma risada, mesmo não estando no clima.


Tobie desmaiou, e quando fui tentar segurá-lo minha mãe me olhou com aquele ar de punição absoluta, então nem o toquei. Minha cabeça começou a tremer e a balançar, fazendo que eu só pudesse ouvir por alguns minutos.


– Nem Tobie nem você se lembrarão de algo. Esqueça tudo, meus anjos.


Após a fala de minha mãe, desmaiei e só acordei no dia seguinte com Tobie me acordando. Ele sussurrou alguma coisa no meu ouvido como “acorde” e eu rapidamente pulei da cama. Eu poderia ser uma vampira, mas minha mãe queria que nos vivêssemos como humanos normais, então dei um beijo na testa de Tobie como um bom dia e ele foi correndo de arrumar.


– Pensei que ele nunca fosse embora, Hana-senpai.


Um garoto – ou melhor – Tresh estava escondido atrás do guarda-roupa. Ele é um vampiro como eu, de lindos olhos vermelhos e cabelos ruivos. Tentei forçar um sorriso, já que hoje seria normal ele vir me pegar em casa para irmos para a escola. Ele parecia ter ficado o dia todo ali, me esperando acordar.


Ele como não tinha nada para fazer se sentou na cama, comendo algum tipo de café-da-manhã preparado por Erica, a empregada da casa. Eu não duvido nada de que o sangue na camisa de Tresh era de Erica, mas preferi ficar quieta. Retirei de meu armário o uniforme da academia Cross, da classe do dia. Um uniforme preto que coube perfeitamente em mim, realçando ainda mais minhas curvas. Para me provocar, Tresh assoviou seguindo por um bater de palmas.


– Olha só... A princesinha dos Havencont sabe se vestir bem, então? – Tresh disse soltando um sorriso irônico e virtuoso. Parecia alegre, mesmo estando um pouco desligado.


– Cale a boca.


– Tudo bem, eu só queria brincar com você. Anda muito séria, sabe?


– Acho que, me esqueci de algo...


Tresh me agarrou por trás e acabou por me derrubar na cama, fazendo ele ficar em cima de mim. Não pense que eu não achei a cena repugnante, eu só tinha certeza que ele não iria faltar respeito comigo e simplesmente fiquei ali, parada, sem reação.


– Não me diga que se esqueceu que, em poucos dias, você será esposa de Tresh Yunter, filho de Witton Yunter. Sua única e maravilhosa esposa.


Ele então me seguiu por um beijo na bochecha. Como eu disse, ele nunca faria algo que eu não gostaria. Somos amigos desde pequenos e nossos pais acharam melhor formarmos uma união séria já que ele é um puro-sangue e eu também. Mesmo eu não querendo casar com o mesmo pelo simples fato de eu não o amar, eu tenho de fazer isso. Ele então saiu de perto de mim e, me segurou pelo braço enquanto descíamos a escada.


– Você vai mesmo encarar a Okaa-san? Ela por algum motivo está raivosa.


– Encarar? Não. Agora tente relaxar e ficar em casa um pouco, sim? Aquele transtorno de ontem deve ter deixado você cansado. – Acabei dando um beijo em sua testa, e os ciúmes de Tresh eram tão perceptíveis quando uma borboleta bem na minha testa.


– Eu irei para a escola hoje, com você. Okaa-san permitiu, logo após que ela foi caçar.


– Está bem então, pegue suas coisas. Iremos ficar um bom tempo fora daqui.


Ele correu para dentro de seu quarto e então saiu com uma mala e um uniforme preto que ficou perfeito nele, combinando com a cor de seus cabelos. Retirei então um guarda-sol da parede e segui para fora da casa, chegando ao jardim. Por algum motivo eu gostaria lembrar-me de alguma coisa que aconteceu, mas não consigo. Ignorei esse fato e continuei a andar apoiada em Tresh até o automóvel que era enorme. Erica abriu a porta do automóvel e eu, Tresh e Tobie entramos.


– Finalmente eu verei a cidade! Maravilha! – Tobie falou em um grito saudável e puro.

Fiquei alegre por ele ter saído de casa, mas as pessoas não paravam de olhar para a gente, já que automóveis não era uma coisa muito comum aqui, nem mesmo na cidade. Chegamos ao colégio Cross, e de cara fomos recepcionados por uma garota de cabelos castanhos curtos e um garoto alto de cabelos brancos igualmente curtos.


– Ah, vocês devem ser os novos alunos... Mas o diretor me falaram que eram novos da turma da noite... certo? – A garota de cabelos castanhos me olhava com uma cara feia, preocupada.

– Hm, eu só vim para essa escola porque Okaa-san queria que eu fosse humana. Não me preocupa em que classe irei ficar. – Falei em um tom autório, e logo a garota se ligou que éramos vampiros. Suspirei, tentando soltar um sorriso.


– Hm, vampiros certo? Então lhe informaram errado. São alunos da turma da noite, com os outros vampiros da escola. Meu nome é Yuuki Cross, e esse garoto calado é o Zero, mas esqueça isso por enquanto. Venha, irei lhe mostrar o dormitório noturno. – A garota que se nomeava Yuuki sorriu para mim de forma agradável, enquanto Tobie remexia em algumas coisas em algum lugar. Ela me deu três uniformes idênticos a esses que estávamos usando só que brancos, e não me importei muito. Ela me indicou o caminho para o dormitório e eu a segui.

(Foto Bônus de Tresh)