Sabe, eu não costumo a sorrir atoa. Normalmente meu irmão mais novo faz eu me sentir melhor, mais viva, pelo simples fato dele ser semi-humano. É horrível o modo como eu sinto uma vontade imensa de degolá-lo e roubar seu sangue para mim, mas tenho de aguentar minha sede insaciável, pelo menos por um tempo até Okaa-san voltar. Tenho medo do que pode ter acontecido a ela, já que é uma puro-sangue isolada e mal vista pelos outros – principalmente por Kaname Kuran, o atual líder dos puros-sangues.


– Onii-chan, me ajude!


Tobie gritou com as mãos nos joelhos, tremendo em frio no jardim da casa que estava infestado pela neve. Vampiros Level “E” o rodeavam como sempre. Eu não os culpo, meu irmão tem um delicioso cheiro que poderia ser sentido até mesmo ao longe com essa tempestade de vento.


– Estou indo, me espere.


Falei naquele tom gentil de sempre, mesmo preocupada. Desci correndo as escadas chegando a porta da frente, e os Level “E” haviam desaparecido como todas as outras vezes. A neve caia sobre a face de Tobie-nee-san enquanto eu o cobria com um lençol que arrastava no chão, ou melhor, na neve. Levei-o pra dentro, dando-lhe um agradável chocolate quente.


– Tobie, me conte, o que houve? Você se machucou? Para onde eles foram?


Fiz as perguntas de sempre, sendo novamente ignorada. Percebi um sorriso gentil do mesmo de canto, e acariciei seu cabelo tentando confortá-lo. Era de um negro lindo que talvez não poderia ser visto na luz do luar mesmo em sua incrível e brilhante beleza. Sua pele gentil e quente esquentava o meu corpo frio e pálido que gentilmente se encostava em seu ombro.


– Onii-san... e-eles...


E derrepente, Tobie apagou como sempre. Dei um beijo em sua testa lentamente, deixando-o de modo o mais confortável possível. Coloquei o cobertor que ele usava sobre seu corpo deitando sua cabeça no canto do sofá apoiado por uma almofada. Andei de um lado para o outro, sem ter o que fazer, então simplesmente sentei e relaxei.


Agora que parei para pensar, meu irmão é o único meio-humano meio-vampiro que eu já vira. Existe uma lenda falando que são monstros, mas eu sinceramente não acredito nisso. Ele é adorável e portador de uma beleza irresistível e fico de coração partido com o fato dele não poder sair dessa imensa mansão. Ás vezes acho que protege-lo é quase impossível pelo simples fato dele nunca me contar o que realmente acontece. Acho que pela sua fragilidade e pelo fato de toda hora um Level “E” tenta roubar um pouco de seu doce sangue, ele realmente deve ficar sobrecarregado. Tenho medo de algum dia ele sair por esses portões e acabar atacando alguém. Como eu disse, ele é um meio-vampiro, então daqui a alguns anos ele deve criar esta sede irresistível que faz ficarmos loucos.


Okaa-san decidiu que é melhor resolver os problemas que tem a resolver sozinha, sem mim ou meu irmão. Eu não posso falar nada já que, se formos, só iremos arranjar problemas graves. Suspirei carinhosamente indo em sua direção e então, fui tomada por aquela sensação novamente – seu sangue era simplesmente belo... eu tenho de prova-lo, nem que seja uma gota sequer.


– Isto não irá doer...


Meus olhos tomaram uma cor avermelhada tanto quanto a rosa mais bela. Minha cabeça era tomada por sentimentos involuntários, mas okaa-san me explicara que o sangue que mais desejamos é daquele que amamos, e, eu realmente amo Tobie. Acariciei seus lindos cabelos escuros mais uma vez gentilmente, e, quando me estiquei para alcançar seu pescoço ele acordou.


– Onii-chan? O-o-que?


Ele demorou para raciocinar um pouco, e sinceramente não posso culpa-lo. Observei por alguns minutos em seus olhos e quando ele percebeu meus olhos de cor avermelhada, ele me empurrou contra seu pescoço. Fiquei em estado de choque por um curto minuto enquanto ele sussurrava palavras doces no meu ouvido enquanto chorava com um sorriso gentil no rosto.


– Você pode beber de meu sangue a hora que quiser, Hana-chan.


Ao dizer essas palavras, eu não resisti. Acabei por começar a lamber seu pescoço generosamente sem o machucar, e logo cravei meus dentes em seu pescoço. Seu sangue começou a escorrer por dentro de mim, e sinceramente, seu gosto é tão doce que pode ser comparado a chocolate ou doce de criança. Eu ouvia ele gemer e chamar o meu nome, dizendo que era o suficiente, mas não consegui resistir e continuei a roubar todo seu sangue, até uma hora que senti que ele não estava respondendo. Controlei meus extintos e retirei minhas presas de seu pescoço vendo sua face safada, como se ele gostasse daquilo. Parecia que só tinha desmaiado.


– Ah, ainda bem.


Nessa hora eu olhei para baixo e, percebi o lençol sujo de sangue e não resisti. Agarrei em seu pé, cravando os dentes em uma veia próxima e me senti culpada de certo modo, eu tinha o suficiente dentro de mim... mas ele é irresistível. Tobie, eu sinceramente o amo.

Tobie gritou, e minha Okaa-san havia acabado por chegar. Estava ofegante, e parece ter corrido muito para chegar em casa. Deve ter sido por sentir o sangue de Tobie no ar.


– Hana! Largue-o! Você irá mata-lo!


Nesse mesmo instante ela me puxou para trás, me jogando em cima de uma mesa de vidro sem alguma intensão. Nessa hora acabei por me cortar toda e quebrar a mesa, mas mesmo assim não liguei. Sou um sangue-puro e consigo me recuperar rapidamente de ferimentos como esse. Minha cabeça estalou, e então desmaiei. Não lembro de mais nada.

(Imagem Bônus de Tobie para os leitores)