Ruby entrou no restaurante, seguida por Emma. Vovó estava servindo os pedidos no balcão e uma outra garçonete, loira, com um uniforme igual ao de Ruby na noite anterior, mas verde, estava levando-os às mesas.

–Ruby! - A avó chamou.

–Já vou! - Ela acenou. E se virou para Emma. - Quer pizza igual ontem?

–Sim, por favor... e água.

–Okay! - Ruby riu, e foi buscar o pedido.

Emma se acomodou no balcão, onde estivera ontem. Algumas pessoas já estavam almoçando nas mesas... Inclusive a prefeita e o garoto que vira quando chegou. O menino acenou cordialmente e Emma retribuiu, a prefeita estava mais concentrada no próprio almoço.

–Que bom que gostou da pizza. - Vovó trouxera seu pedido. - O queijo da sua fazenda é o melhor!

Emma sorriu. Não sabia como responder.

–Sim, a pizza é uma delicia! - disse finalmente, saboreando o pedaço.

Vovó desviou o olhar para a porta.

–Ruby, ela chegou! - a senhorinha gritou na direção da cozinha.

Logo, uma moça de cabelo castanho, levemente ondulado, ocupou o lugar ao lado de Emma.

–Olá! - Ela cumprimentou educadamente. Tinha um sotaque que não se sabia de onde era.

Emma se virou, ainda mastigando seu pedaço de pizza.

–Oi... - Ela terminou de comer. - Você... estava tocando piano ontem, certo?

–Sim! Sou Belle. Também cuido da biblioteca. - E estendeu a mão.

Emma retribuiu. Ruby veio da cozinha com mais dois pratos.

–Fez amizade com a Emma, B? - A garçonete serviu à moça um prato com um omelete em forma de coração e frango frito desfiado.

No outro prato, que Ruby também pôs no balcão, estavam as bordas do omelete em forma de coração e mais frango frito desfiado.

–Hey, RufRuf - Belle se levantou e esticou o braço sobre o balcão. Puxou Ruby pela gola da camisa e beijou-lhe os lábios.

Emma limitou-se a mastigar seu pedaço de pizza lentamente. As duas se sentaram, cada uma de um lado do balcão, e Ruby continuou a conversa.

–B, a Emma precisa de livros pra ajudar com a administração da fazenda, tem algum lá na biblioteca? - E pôs-se a comer as bordas do omelete.

–Claro! - Ela se virou para Emma. - Passe lá mais tarde que eu separo alguns para você! Quer algo especifico?

–Hm... - Emma não tinha a menor ideia do que pedir. - Acho que vou ver o que você tem e...

–Ah, sim, escolha o que te interessar mais! - Belle completou.

–Obrigada...

A garçonete de verde passou levando dois pratos para a cozinha. Emma se virou e viu a prefeita e o menino saindo. O garoto foi na frente. Regina olhou para trás rapidamente e encontrou o olhar de Emma; se virou e saiu.

Refeição terminada, Ruby pediu licença e retomou seu trabalho da cozinha para as mesas.

–Estou voltando à biblioteca, gostaria de ir lá agora? - Belle convidou.

–Pode ser... Onde é o caixa aqui? Eu nem perguntei quanto custa a pizza...

–Tinker, conta! - Ela chamou.

A garçonete de verde veio e passou para trás do balcão.

–Dinheiro ou cartão? - Ela sorriu e jogou o cabelo para o lado.

–Dinheiro... - Emma tirou a carteira do bolso.

Tinker descolou um papel do balcão, no rumo de onde Emma estava sentada, com a conta.

–Quinhentos e setenta e cinco...

–Oi? - Emma entrou em panico.

Ruby veio imediatamente da cozinha.

–É cinco e setenta e cinco, coisa, tem uma virgula aqui. - Ela interrompeu. - E tá escrito que foi só um pedaço de pizza, sua maluca!

–E como é que eu vou decifrar essa sua letra horrorosa de animal?

Ruby pegou um pano de limpeza em cima do balcão e cobriu o rosto de Tinker com ele.

–Meu cabelo, sua idiota! - Tinker tentava remover o pano sujo.

–Isso pode demorar um pouco... - Belle puxou Emma pelo braço.

Emma deixou o dinheiro no balcão e acompanhou a bibliotecária. Ninguém no estabelecimento parecia se importar com a briga das garçonetes. Do lado de fora Emma pode ouvir Vovó gritando "Voltem ao trabalho!", o que deve ter encerrado o conflito.

–Está tudo bem lá dentro? - Emma olhou para trás preocupada.

–Sim, é normal. Coisa de família... - Belle seguia seu caminho despreocupadamente.

Emma achou melhor não se envolver.

–A biblioteca é logo ali, depois da casa de banho... - Belle apontou.

–Tem uma casa de banho aqui?

–Sim, usa a água das termas. Vá conhecer, abre as três da tarde...

Mais alguns minutos de caminhada pela estrada arborizada, e uma enorme construção, tão trabalhada quanto a mansão da prefeita, apesar de um pouco menor, ficou visível por entre as arvores. A morena abriu as enormes portas duplas, e o hall da biblioteca encheu os olhos de Emma. As paredes eram forradas de livros, e escadas levavam ao segundo anda, que consistia apenas de um passarela interligando as estantes mais altas. Duas janelas bem altas deixavam o sol iluminar todo o comodo; e um leve cheiro de couro se fazia presente no ar.

–Vamos ver o que posso lhe oferecer... - a bibliotecária caminhou até uma estante e correu os dedos pelas lombadas dos livros. - "Cooltivando plantas super legais", "Let it grow– dicas de cultivo", "Cowculando despesas com bovinos", "Como tirar Muuito leite", "Ovos do ofício - guia completo sobre galinhas", "ternas Verdes - No dia mais claro, na noite mais densa, iluminará suas duvidas sobre ovelhas" (exagerei?)...

Enquanto Belle recitava os títulos, Emma admirava a biblioteca. Na parede da entrada tinha uma enorme pintura.

–O que é isso?

Belle se interrompeu com um sorriso e foi mostrar a obra de arte á visitante.

–É a arvore genealógica da cidade...!

–São todos parentes aqui?

–É uma cidade bem pequena, é como se fossemos... O filho da prefeita é adotado, a irmã da Ruby também, e... - Ela apontou os nomes na pintura.

–Então aquela moça é irmã da Ruby...

–Sim, elas só estavam brincando, não se assuste. - Belle riu. - Olha, tem você aqui.

Emma localizou seu nome num dos galhos da árvore.

–Seus pais...

–Moravam em Boston. - Emma interrompeu. - Meus pais moravam em Boston.

–... Os livros... - Belle se virou, decidiu que não tocaria mais no assunto. - Quais vai querer.

–Ah, sim... - Emma não queria constranger a moça. - Acho que vou começar pelos de agricultura, que não tenho para quem perguntar. - E riu.

–Claro, claro... - Ela se sentou na frente do computador e anotou os livros que estavam saindo. Entregou-os à Emma. - Espero que lhe sejam úteis!

Emma agradeceu e se retirou, teria um longo dia pela frente.