Emma chegou na fazenda. O cavalo e as vacas estavam pastando, e agora havia também um cachorro ali. Um dálmata, sentado na varanda. Ele veio andando calmamente em sua direção, rodeando-a, farejando a roupa. Pousou uma mão hesitante sobre a cabeça do animal, acariciando-o. Ele permitiu. Correu para perto da casa e sumiu por um momento, mas logo apareceu com uma bolinha na boca e voltou todo feliz para perto de Emma. Ela sorriu. Nunca tivera um cachorro, a ideia parecia agradável. O animal passou correndo e ela o acompanhou com os olhos. Ele parou perto do garoto, que Emma não viu chegar.

–Oi, Pongo! - Ele pegou a bolinha que o cachorro soltara perto de seus pés, e jogou longe.

–Hey, kid. - Emma se aproximou.

–Oi. Sou Henry Mills. - Ele cumprimentou.

–Emma Swan. - E apertou a mão do garoto.

–Minha mãe disse que você poderia precisar de ajuda... E eu sou um ótimo fazendeiro.

–Isso seria ótimo! - Emma sorriu. - Por onde você acha que deveríamos começar?

–Hm... Capinando! O senhor Charming me mostrou como se faz, ele guarda as ferramentas lá dentro...

–Mostre o caminho!

Os dois entraram na casa e Emma guardou os livros. Pegaram as ferramentas e saíram de novo. O garoto mostrou como cortar o mato de forma eficiente, remover as pedras, cortar os galhos e guardá-los para alimentar a lareira, preparar a terra, semear, colher... Ao final da tarde boa parte do campo estava limpo e plantado. O que foi colhido estava na caixa de coleta. Emma trouxe um copo d'água e algumas nozes para o garoto. Sentaram-se na varanda.

–Desculpe mas não tenho nada melhor para servir... Bom, agora tem leite, quer leite?

–Não obrigado, água está bom. - o garoto bebeu e foi quebrar as nozes na dobradiça da porta.

Ruby chegou numa carroça.

–Olá! - Ela cumprimentou, e parou perto da caixa de coleta.

Emma foi ajudar.

–Vejo que teve um longo dia! - A garçonete contava e colocava os produtos na carroça.

–Sim, o garoto ajudou...

–Muito bem, tenho certeza que logo irá produzir muito mais! Aqui. - Ruby tirou um bolo de dinheiro do bolso e pagou Emma.

–O senhor Charming também costumava me pagar quando eu vinha ajudar. - O garoto chegou discretamente.

Ruby conteve uma risada. Emma não se abalou, tirou uma nota do bolo e passou ao garoto.

–Obrigado. - Ele dobrou a nota e guardou no bolso. Se virou para Ruby. - Pode me dar uma carona pra casa de banho?

–Claro! Quer ir também? - Ela convidou Emma.

–Seria uma boa ideia... O que eu tenho que levar?

–Coisas que você usa depois do banho... E durante. - Henry respondeu.

–Tem serviço de lavanderia lá também. - Ruby completou.

–Okay, eu já volto.

Emma correu até a casa. Entrou e foi direto ao banheiro recolher suas coisas. Sabonete, pente, desodorante, roupas limpas... precisava de uma bolsa. Suas malas estavam ocupadas, ainda não havia desfeito nenhuma. Deu uma volta pela casa e encontrou uma mochila laranja pendurada num cabide. Estava vazia. Acomodou seus objetos e saiu. Trancou a casa e foi se juntar aos dois na carroça.

***

O caminho até a casa de banho foi tranquilo. Ruby deixou os dois e seguiu seu para o restaurante. A casa de banho era grande e tinha um estilo oriental, parecia um templo. A fachada era de madeira e a entrada era ladeada por duas enormes estatuas. Henry empurrou a porta dupla de madeira e entrou sem cerimonia, Emma o seguiu. O interior era mais quente devido ao calor das águas termais, e a decoração era adequada a umidade do ambiente. Tinha um balcão no meio, e uma porta de cada lado levando ao banho masculino, e ao banho feminino.

–Bem-vindos! - Uma menina de longos cabelos ruivos, e aparentes quinze ou dezesseis anos, cumprimentou.

–Oi, Ariel! - O garoto cumprimentou, deixou dinheiro em cima do balcão e seguiu direto para o banho masculino.

Emma tirou uma quantia semelhante do bolso.

–Eu nunca te vi por aqui... - A ruiva encarou Emma.

–Acabei de me mudar. Emma Swan. - Ela cumprimentou.

–Prazer, sou Ariel Lucas French. Primeira vez numa casa de banho?

–Sim... - Emma se distraiu olhando o lugar.

–Naquela porta tem o vestiário e a lavanderia, pode deixar suas coisas no armário ou lavando enquanto toma banho. Depois tem a sala de banho, por favor não utilize produtos na terma. Qualquer coisa só gritar. - Ela disse simpática.

–Tem... muita gente lá dentro? - Pela primeira vez ocorreu a Emma que talvez a casa de banho não oferecesse a mesma privacidade de seu banheiro.

–Não, é um ambiente bem tranquilo. Banhos não são tão longos e os clientes costumam vir em horários variados. Raramente chega a ter mais de três pessoas ao mesmo tempo...

–Okay... Obrigada. - Emma deixou o dinheiro no balcão e seguiu para o vestiário.

O corredor era largo, tinha pequenos armários de um lado, onde se guardavam os pertences dos clientes, e do outro, máquinas de lavar e secar de por moedas, como as das lavanderias de Boston. Num canto tinha um quadrinho com as regras da casa. Dava para ouvir água corrente do outro lado da porta.

Emma despiu-se e se enrolou na toalha, pegou seus utensílios de banho e seguiu para o próximo cômodo. A sala de banho tinha uma janela larga e estreita bem no alto. O chão era de pedra e um enorme biombo dividia a piscina natural, separando os dois lados da casa de banho. Uma estátua de dragão jorrava água pela boca dentro da terma. O lugar era coberto por uma fina nuvem de vapor e tinha um leve aroma de flores de cerejeira. Como não viu ninguém, Emma deixou a toalha de lado e foi tomar seu merecido banho num dos chuveiros do canto; depois foi relaxar um pouco na terma.

O dia foi trabalhoso mas Emma tinha que admitir que estava gostando dali. Talvez fosse a pizza de queijo, talvez fosse o dragão de pedra massageando seu corpo com água morna, talvez fosse o dinheiro que recebeu de Ruby pelos produtos da fazenda... Emma mergulhou e esticou o corpo debaixo d'água. Sentiu seus pés tocando algo macio. Emergiu.

–Oi. - Disse a prefeita.