Harvest Moonlight

Capítulo 25 - SPR 9 - 2:00 PM


Após um reforçado almoço e hidratação adequada, Emma se sentia melhor. Apressou a rotina da fazenda, e logo estava livre para satisfazer sua curiosidade. Parou na porta de casa, incerta do que levar na jornada. Talvez água... e bolachas... lhe pareceu suficiente. Mochila azul nas costas, saiu atras de seu fiel companheiro, Tornado! O qual parecia de extremo mal humor e muito relutante em deixar seu lugar no celeiro.

Depois do suplicio para mover o animal, cavalgou lentamente, no ritmo que o cavalo queria, até a mina. Não encontrou ninguém no caminho. Desmontou impaciente, e o animal não hesitou em rumar de volta pelo caminho que veio, sem se importar com a indignação de sua dona.

Emma adentrou a caverna atrás da cachoeira. Estava se preparando para descer quando lembrou que não tinha lanterna. Numa das paredes queimava uma tocha, provavelmente deixada pelos membros do "culto". Resolveu arriscar. Retirou a tocha de seu lugar na parede e jogou no buraco. Não parecia tão fundo. Desceu.

Assim que seus pés tocaram o chão rochoso, recolheu a tocha no chão e olhou em volta. Nada extraordinário. Um espaço amplo, se desdobrava em alguns túneis menores, e num canto, outro buraco com uma escada de madeira levava à um andar inferior. Com medo de se perder nos túneis, resolveu seguir em linha reta, para baixo. Mais uma vez, deixou a tocha cair antes de descer. Se arrependeu assim que a escuridão a envolveu, salvo a luz fraca que vinha de fora, indicando a escada por onde viera. Melhor pegar logo a tocha e ir embora, antes que acontecesse alguma coisa.

Desceu a escada de madeira e alcançou a tocha. Mais um par de túneis, e um buraco no canto levando ao terceiro andar inferior. Não estava se sentindo nem um pouco inclinada a explorar. Por hoje estava bom. Ainda por cima teria que voltar a pé para casa...

"Creeck..."

Um barulho fez Emma virar-se bruscamente. Estava numa mina, pedaços de pedra deviam se desprender e rolar o tempo todo. A tocha projetava sombras exageradas, o que não ajudava a identificar a origem do som.

–Henry? - chamou, pensado que o garoto pudesse estar se aventurando por ali.

Silêncio. Continuou parada, observando os arredores por alguns segundos, se certificando de que não havia ninguém. Finalmente decidiu ir embora. Se virou e pôs-se a subir a escada, tarefa mais difícil do que imaginara, segurando a tocha numa das mãos, tentando não escorregar nem se queimar.

"Creeck..."

O barulho se repetiu, fazendo Emma galgar os degraus ainda mais rápido. Mãos suando e respiração ofegante. Ao se aproximar do andar superior, arremessou a tocha para fora do buraco, agora poderia se erguer firmemente com ambas as mãos. Infelizmente a tocha veio rolando pelo chão e caiu de volta na direção da loira. Num susto, Emma pulou para trás, largando a escada e caindo de volta no chão rochoso. Tudo ficou escuro.

***

–Emma... Emma? - a voz distante e familiar trazia a loira de volta à consciência.

–Regina? - ela arriscou. A luz forte ofuscava sua visão, impedindo-a de abrir os olhos completamente.

–Ufa... ela está bem, obrigada dr. Whale.

–De nada. - o medico nem desviou os olhos dos papeis que estava examinando.

–Emma, você está no hospital. - a prefeita se adiantou, tentando acalma-la - Belle achou você desmaiada na mina. - correu uma das mãos pelos cabelos loiros da fazendeira - QUE DIABO VOCÊ FOI FAZER LÁ? JÁ AVISEI A CIDADE INTEIRA QUE NÃO É PRA FICAR PASSEANDO NAS MINAS! AÍ A PESSOA NÃO ME ESCUTA E VEM PARAR NO HOSPITAL!

Emma rolou na cama com dificuldade e cobriu o rosto com o travesseiro.

–Emma, Emma, Emma! - Henry veio correndo lhe dar um abraço.

–Cada um com seu problema. - Dr.Whale respondeu automaticamente saindo do seu transe, e logo em seguida deixando a sala.

–O doutor Baleia é muito esquisito. - o garoto comentou o comportamento do médico.

–Sim, deve estar na hora dele renovar a licença médica...

–Emma, você encontrou os aliens? - ele perguntou animado.

–Eu... - a loira largou o travesseiro e tentou se lembrar - tinha um barulho... mas não me lembro de ter visto nada.

No breve momento de silêncio que se sucedeu, Regina esboçou preocupação. Mas antes que pudesse manifestar seu sentimento, o pequeno Henry tomou a iniciativa.

–Okay, vamos voltar lá. - ele puxou a mão da fazendeira.

–De jeito nenhum! - a prefeita pegou o filho no colo e o carregou para fora do quarto. - Até mais tarde, Emma. Fico feliz em ver que está bem.

Emma bebeu um copo de água que estava na mesa ao lado da cama, acompanhado de bolachinhas. Se recompôs e pôs-se de pé. Aparentemente havia passado a noite toda desacordada, e agora o sol já estava alto no céu. Seus animais deviam estar com fome. Hora de voltar para casa.

***

Após concluir suas tarefas, Emma sentou-se em sua varanda para descansar. Avistou Ruby vindo pela estrada. Ao passar pela propriedade, a garçonete veio cumprimenta-la.

–Boa tarde, Emma. - Ruby não parecia muito animada.

–Boa tarde, tudo bem?

–Por acaso você viu Belle passar por aqui?

–Não... não vi.

–Ela não veio almoçar. E não está na biblioteca, deve estar naquela maldita mina...

–Quer ajuda pra procurar? - Emma se levantou.

–Seria ótimo, vou ligar pra Mulan... - ela puxou o celular do bolso.

–... Eu poderia te ajudar...

–Tem certeza? - Ruby guardou o celular de volta - Você não acabou de sair do hospital? Belle me contou...

–Sim, mas já estou bem...

–Sua mão está tremendo. - Ruby apontou.

–Oh... - Emma notou sua leve sequela do acidente, deve ter batido a cabeça quando caiu - daqui a pouco para.

–... Okay. Eu agradeço sua ajuda.

As duas seguiram a pé para fora da fazenda. Emma também nutria certa curiosidade pelo que se passava na mina, não só instigada por Henry, mas agora também por sua própria experiência. Só porque não era uma boa ideia voltar lá sozinha, não quer dizer que não iria voltar lá.

Assim que atravessaram a cachoeira, as duas pararam diante do buraco de entrada da mina, contemplando a escuridão logo abaixo.

–Você primeiro. - disse Emma.

–Não, que é isso, pode ir na frente, você sabe o caminho--

–Imagina, pode passar--

–Não tem problema--

Enquanto uma falava por cima da outra, um grito de terror as interrompeu.

–Belle. - Ruby se apressou em descer pelo buraco.