Harvest Moonlight

Capítulo 26 - SPR 10 - 3:00 PM


O som das botas de Ruby batendo no chão ecoou pela caverna. Emma desceu logo em seguida.

—Belle! - Ruby gritou, perdida na escuridão.

A garçonete tirou um isqueiro do bolso e acendeu.

—Aqui! - Belle respondeu um tempo depois.

As duas seguiram o som por um dos túneis e logo acharam a moça, sentada sobre um corpo.

—Belle, o que aconteceu!? - Ruby se ajoelhou para abraçar a bibliotecária.

—Eu estava aqui tentando traduzir as inscrições rupestres, quando esse cultista maldito tentou me sequestrar! - ela deu um cascudo no homem caído.

—Aiai, moça, a senhorita está me machucando! - o cultista reclamou impotente.

—E quem você pensa que é pra andar por aí sequestrando a minha mulher!? - Ruby pôs-se a chutar as pernas do cultista.

—Ai, ai, parem por favor! Eu estava cumprindo minha obrigação religiosa, nós precisamos sacrificar a senhorita para despertar o senhor supremo da indiferença, Cuthulhu.

—Por quê eu? - Belle perguntou.

—A senhorita é a escolhida! Como é seu nome?

—Belle.

—Belle do que?

—French.

—Não, o nome de solteira da sua mãe!

—... - ela exitou por um momento e respondeu - Zebu.

Emma baixou a cabeça, tirou o boné, e passou a mão pelos cabelos.

—O seu nome é Belle Zebu!? - Ruby estava em choque.

—Meu avô por parte de mãe criava gado, é um nome de família. - Belle tentou explicar.

—Tudo bem, não é da minha conta. - Emma se recompôs e pôs o boné de volta.

—O importante é que agora vocês entendem... - o cultista continuou.

—Entende o caramba! - Ruby pisoteou o homem mais um pouco. - O que vamos fazer com ele?

—Chamar a polícia... - Emma sugeriu a opção óbvia.

—Belle o xerife não pode entrar aqui, a polícia tem que obedecer as ordens da prefeita... - Belle explicou.

—Então vamos chamar a prefeita. - Ruby olhou para Emma.

—Okay, eu vou lá em cima ligar pra ela... Tentem não matar o cultista...

—Okay... só aleijar um pouco. - Ruby sussurrou.

Emma se virou e começou a subir a escada.

* * *

Em pouco tempo, uma Mercedes preta para perto da cachoeira, assustando alguns coelhos. Cora desce pela porta do motorista, e Regina pelo outro lado. Emma se aproxima da prefeita e pergunta discretamente.

—Você trouxe a sua mãe!?

—Ela fez questão de vir e eu não sei dirigir. - Regina procurou ser tão discreta quanto.

—Ah! Um mistério! - Cora abriu os braços no ar, se divertindo com a situação. - Vamos resolver isso logo que quero chegar em casa antes da novela. - ela foi se adiantando pra dentro da mina.

Quando encontraram Ruby e Belle, as duas trataram de erguer o cultista e segura-lo firmemente. O coitado estava todo roxo e cansado de apanhar das duas, não ofereceu resistência. Cora se aproximou e arrancou o capuz do cultista.

—Bael! - ela reconheceu o homem - A sua mãe sabe que você anda praticando religiões de índole duvidosa!?

Cora esbofeteou o homem com o próprio capuz algumas vezes e o enxotou dali.

—E não volte mais aqui senão conto tudo pra sua mãe!

—Calma, mamãe, a sua pressão... - Regina se adiantou.

—Vamos pra casa, amor... - Ruby puxou Belle pela mão mas a moça não se mexeu.

—Não. Eu quero descobrir o que está acontecendo.

—Vamos descer na mina! - Cora tomou a frente, animada.

—Mamãe, não!

—Regina, se você não quiser não precisa ir, volte pra casa a pé.

A prefeita calmamente seguiu atrás da matriarca. Emma e Ruby acompanharam.

—Quem era aquele cara? - Emma puxou assunto.

—Um moço aí... - Ruby respondeu - Baelfire, acho, meio ruim da cabeça... quando ele era criança falava que passou não sei quantos anos numa ilha aí, fazendo umas coisas esquisitas, aí ficou velho e com fama de louco. A mãe dele é outra história, ela era muito rica, aí passou um tempo na cadeia, mas tai ainda...

—Hmm... - Emma não quis aprofundar o assunto.

Ao alcançarem o sexto andar, se depararam com um enorme espaço iluminado por velas, e um grupo de pessoas em volta de uma estátua, rezando. A estátua parecia estar parcialmente enterrada na mina, provavelmente se estendendo por vários andares.

—Fiquem aqui. - Cora sussurrou e deixou as moças escondidas atrás de uma pedra.

Ela se esgueirou silenciosamente pelo local, evitando perturbar os cultistas. Não se via muito bem o que ela estava fazendo, mas logo ela voltou.

—Preparem-se.

—Mamãe o que--

Uma explosão fez toda a mina estremecer, espalhando medo e pedras do teto ao chão.

—CORRAM, VAI DESABAR!!! - o primeiro dos cultistas a quebrar o círculo passou correndo pelas moças abanado os braços.

Cora conteve as moças no lugar até os cultistas irem embora, exceto um, que ficou soterrado. Logo as pedras pararam de cair.

—Pronto! Agora podemos ir pra casa. - cora sorriu, seguindo em direção a saída.

—Tem uma pessoa soterrada ali... - Emma observou.

—Sim, provavelmente é líder. Líderes tendem a ser mais resistentes a abandonar seus postos... mas agora que ele morreu os outros não devem voltar! - Cora abanou a mão num gesto de desdém - Vamos embora antes que o resto dos túneis também desmorone.

Todas se apressaram pra fora dali.

—Então... não resolvemos o mistério dos cultistas, mas nos livramos deles... é alguma coisa. - Emma se abaixou perto do rio e lavou o rosto.

—Mamãe, como você fez aquilo? O desmoronamento...

Cora olhou no fundo dos olhos de sua filha.

—Magia.

Emma se lembrou da fumaça em seu quarto; as marcas das mãos de Regina queimadas na madeira da cama. Belle, se jogando sobre um enorme lobo, dizendo ser Ruby.

—... e dinamite. - Cora completou tirando um bastão avermelhado de um dos bolsos do casaco. Sorrindo, ela estalou os dedos perto do pavio, e este se acendeu com uma pequena fagulha.

—Mamãe!

Cora, sob o temor nos olhos da filha, apagou o pavio com os mesmos dois dedos e guardou a dinamite de volta no bolso.

—Desculpe, querida, não quis assusta-la. - ela apertou as bochechas da filha e entrou no carro.

Regina jogou os braços pro ar em frustração e a seguiu.

* * *

Depois de um tão longo dia, Emma pode voltar pra casa, tomar um banho, e deitar confortavelmente em sua cama, com Pongo brincando a seus pés. Novamente observou as mãos de Regina queimadas em sua cama, e adormeceu.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.