Estava muito quente para um dia de primavera. O navio seguia seu curso, o vento forte balançava os chapéus dos passageiros que se encontravam na proa do navio. O veleiro ia em direção a Mineral Town, uma pequena cidade nas montanhas, que tinha como renda maior a agropecuária e turismo. Nesta pequena cidade encontrava-se uma fazenda abandonada pelo tempo, onde as os animais já haviam sido vendidos e o terreno estava sujo e sem vida. Neste cenário triste e desértico, ainda restava um pedacinho de vida, o pequeno filhote de cachorro dormia, na esperança de algum dia alguém resgatar aquele pequeno pedacinho do céu.

Sentada em uma cadeira, estava uma moça, loira de olhos azuis. Era de estatura média, e muito jovem, pronta para começar uma vida. Claire tinha dezenove anos, e muita força de vontade. Era ousada e não tinha medo de arriscar com novos desafios. Sua personalidade forte não ia deixa-la desistir de seus sonhos e metas. Claire ia até Mineral Town, pois havia comprado uma fazenda. Ela vendeu seu apartamento no centro e largou seu emprego no escritório administrativo, largou sua chata rotina para inovar.

Não muito longe dali, ainda no convés, mas a bombordo do veleiro, um rapaz segurava seu boné que queria voar com o vento. Seus olhos eram castanhos, como o tronco de um carvalho, e seus cabelos possuía a mesma tonalidade. Com um bom porte físico, Pete também estava indo a Mineral Town fazer algo totalmente inovador. Havia herdado uma fazenda de um velho amigo da família que havia morrido. O rapaz, que tinha apenas vinte anos, não tinha nenhuma experiência com fazenda nem animais, apesar de seu sonho de ser veterinário.

Os dois seguiam o mesmo rumo, sem saber o que os aguardavam.

Ao desembarcarem na cidade pegaram seus mapas e seguiram para seus destinos. Na praça, chamada de Rose Square, Claire seguiu reto, enquanto Pete desceu a rua em direção aos ranchos, a Poultry Farm e o Rancho Yodel.

A loira passou na frente do Inn da cidade e da Aja Winery, viu lindas parreiras, que estavam sem cachos por causa da época do ano, mas pareciam ser extremamente produtivas. Ela desceu a rua e passou na frente da casa do Black Smith da cidade.

Pete olhou por tudo, e quando chegou na esquina da Mineral Farm, a fazenda que herdara, esbarrou com uma moça, loira, Claire. Eles se olharam um pouco irritados. Podemos chamar de antipatia gratuita.
— Não olha por onde anda?! – Claire ficou bem irritada.
— Foi você que se esbarrou em mim garota!- Pete também odiou a loira. – Olhe você por onde anda.
— Olha aqui! Eu não tenho tempo para discutir com criança. Adeus!
— Vai pela sombra... loira metida.

Os dois ficaram surpresos e irritados, pois estavam indo pelo mesmo caminho. E quando chegaram na fazendo, se distraíram com o cenário triste e sem vida do local, a casa e o celeiro estavam caindo aos pedaços. Haviam vários pedregulhos no terreno, muito mato e madeira velha.
— O que foi feito disso aqui? – Pete sussurrou triste e decepcionado.
— Não acredito que me venderam um lugar assim... – Claire sentia a tristeza daquele lugar, mas também de seu bolso.
— Como assim comprou?!- Pete exclamou com um grito, aquela era a sua fazenda. – Eu herdei esse lugar do antigo dono, em testamento no cartório!
— Não, não e não! Eu comprei! Dei o meu lindo apartamento nesse pedaço de lixo! Assinei o contrato e esta no meu nome esse lugar!
— Você é louca!
— E você um idiota!

Os dois começaram a discutir quando um homem, baixo e rechonchudo apareceu. Ele tinha um grande bigode e uma cartola vermelha. Thomas o prefeito da cidade.
— Finalmente chegaram!- Thomas parecia contente em vê-los. – Senhorita Claire e você deve ser o jovem Pete. Os novos donos da fazenda.
— Como assim? Novos? No plural? – Claire já estava tirando uma das ferramentas de sua mochila. – Quando eu comprei isso aqui ninguém me falou que eu ia ter um sócio, e o contrato...
— Eu herdei isso por completo! Como assim uma sócia?! O velho fazendeiro deixou tudo pra mim! Estava no testamento!

Os dois começaram a brigar de novo. Thomas se viu em uma linha de tiros. Não sabia por onde começar a explicar.
— O velho fazendeiro deixou a fazenda pra você Pete. – Ele mostrou a língua para Claire. – Mas exigiu que você tivesse um sócio, então colocamos... er... as “ações” da fazenda a venda. Cada um tem cinquenta por cento da fazenda. Em resumo, é de vocês, não isoladamente.
— Você me enganou!- Reclamou Claire extremamente irritada. – No anúncio não dizia nada disso e no contrato também. Vou processar essa cidade!
— Por que o velho faria isso? – Pete começou a falar sozinho, estava decepcionado.
— Vocês dois assinaram isso, é só lerem de novo.

Eles sentaram e começaram a ler os contratos, e realmente tinha uma clausula que falava sobre aquilo. Claire lacrimejou, não somente de raiva, mas também se sentiu traída. Pois havia investido tudo que tinha naquele pedaço de chão. Então surgiu de trás do celeiro um pequeno filhote de cachorro, que se achegou no colo dela e latiu, um latido fininho e suave.
— Vocês irão aceitar esse desafio?- Perguntou Thomas
— Por mim... – Pete não gostou da ideia, mas sentiu o drama da loira
— O que eu posso fazer... Não é?!- Ela olhou para o cão e sorriu – Jazz! – olhou então para Pete que fez um ar de riso, concordando com o nome.
— Então... Vocês serão analisados em quatro anos! Se vocês não cumprirem as missões que lhe serão impostas no inicio de cada ano, serão obrigados a vender a fazenda. E a missão desse ano de vocês, é restaurar a fazenda, fazer os reparos necessários e transformar o solo novamente em cultivável. Mas terão que fazer isso juntos!
— Aceito! – Disseram os dois juntos.

E assim começou a sociedade de Pete e Claire. Ali perto no Mother’s Hill, uma linda moça de longos cabelos verdes sorria contente, e cheia de esperança.