O sol forte ardia às cabeças dos dois novos sócios. Após passarem a manhã inteira discutindo e brigando para chegarem em um acordo do que fariam, o que iriam plantar, quem iria as montanhas buscar recursos e principalmente quem iria dormir na cama, eles ficaram debaixo da macieira, vendo as pequenas abelhas passearem, enquanto comiam o almoço merecido.

Eles não se dirigiam a palavra, pois seria inútil um tentar explicar para o outro sua ideia. Assim eles almoçaram em silêncio e após feita a refeição, foram para o mercado, comprar sementes e com o que sobrasse do dinheiro, comprariam alguma coisa para comerem de janta.

Pete mal conseguia olhar para Claire sem se irritar, aos seus olhos, ela era patricinha e mimada. Não iria aguentar muito tempo a rotina de uma fazenda, logo ele teria dinheiro para comprar sua parte. Enquanto Claire detestava o jeito do garoto. O boné dele a irritava, o macacão dele que é idêntico ao seu a irritava, ela não via a hora de vê-lo desistir de tudo aquilo e abandonar a fazenda, deixando tudo par ela.
— Nós podíamos passar na biblioteca depois, para ver os preços e algumas técnicas de plantação. – Pete engoliu um pouco seu orgulho e comentou com Claire sua ideia, a loira apenas concordou com a cabeça e os dois continuaram seu caminho.

Cruzando a primeira rua após sua fazenda eles começaram a ouvir berros vindo da casa do blacksmith da cidade, Saibara. Curiosos resolveram entrar na casa e ver o que estava acontecendo.
— Porque você nunca da valor ao meu trabalho! Seu velho idiota! – Gritou o ruivo, que se virou e saiu pela porta, passando no meio de Pete e Claire, empurrando-os.
— Quem são vocês?!- Gritou o velho ferreiro. – O que querem aqui?
— Somos os novos donos da Mineral Farm. – Explicou Claire.
— Ah sim! – Saibara mudou seu tom de voz, totalmente simpático e atencioso. – Sejam bem vindos a cidade, se precisarem fazer um upgrade em suas ferramentas venham falar comigo.
— Claro. – Respondeu Pete. – Obrigado pela atenção já vamos indo, temos uma cidade para explorar ainda.
— Obrigada, bye bye!- Disse Claire acenando e saindo da porta.

Eles se olharam, achando aquela cena bizarra, mas antes que pudessem sorrir um para o outro, se encararam bravos e viraram o rosto, ignorando a presença um do outro.

Seguindo reto viram a Winery e a Biblioteca. Mais a frente finalmente chegaram ao mercado. Eles haviam decidido comprar nabo para plantar. Era mais barato, crescia rápido e já era um bom começo para aquele pedaço sem vida.

Ao entrem Pete ficou hipnotizado pela moça que estava arrumando o balcão. Loira de olhos verdes. Seu corpo era cheio de curvas, e sua cintura deu uma leve inveja em Claire, que por causa da má alimentação na cidade havia engordado um pouquinho. O rapaz vidrado só acordou do transe depois que Claire deu uma pisada em seu pé. Ela sorriu para a menina que também fez um ar de riso.
— Boa tarde a todos. Eu sou Claire e esse é Pete. Somos os novos donos da fazenda. – Ela sorriu enquanto Pete a praguejava em voz baixa.
— Prazer, eu sou Karen. – Pete parou de reclamar só para ouvir o nome da moça. – Este é meu pai Jeff, dono do mercado.
— Olá, sejam bem vindos à cidade. Está é minha esposa Sasha. Vocês precisam de ajuda?
— Eu quero duas sacolas de semente de nabo. – Pediu Claire olhando as sacolas de semente.
— É a branca. – Respondeu Sasha.

Claire então pegou as duas sacolas e foi até o caixa. 400G logo de cara. Ela olhou para Pete que se aproximou do balcão olhou para o dinheiro da menina e viu que ele tinha a mesma quantidade. Ambos possuíam 250G cada. Eles se olharam e perceberam que não haveria dinheiro para muita comida.
— Façamos o seguinte. – Disse Sasha. – Já que vocês iram ser nosso clientes semanais. Karen. – A moça sorriu contente e pegou um saco de semente de grama para pasto. – Obrigada filha. E peguem também o que quiserem de comida, podem pagar depois.
— Sacha! – Gritou Jeff, que ficou vermelho e sem graça depois do berro.
— Papai! – Karen berrou em retribuição a reprovação do pai. – Pare de ser mesquinho, eles acabaram de se mudar, temos que ser cordiais. Nem ligue para ele. – Karen pegou dois pacotes de bolinhos de arroz, um pão e uma manteiga. Então entregou a sacola nas mãos de Pete que corou com o sorriso da moça e o toque de suas mãos macias. – Depois vocês acertam e boa sorte.
— Nem sei como agradecer. – Disse Pete gaguejando
— Pois eu sei! – Claire soou com entusiasmo. – Nós iremos cumprir nossa missão como fazendeiros! E assim a cidade voltará a ser popular como antes! Trazendo mais pessoas e possíveis clientes! – Claire sorriu e todos riram contentes, até Pete um pouco relutante sorriu.
— Isso mesmo. – Disseram a família juntos

O casal de sócios saiu contente do estabelecimento, felizes e esperançosos. As pessoas da cidade acreditavam neles, e isso os dava mais força de vontade. Os dois se suportaram até a hora de chegarem na biblioteca.

Entrando nela, viram à linda e delicada bibliotecária, Mary, que timidamente sorriu para eles e lhe desejou as boas vindas. Em um canto da biblioteca estava o ruivo que eles encontraram na casa do blacksmith.

Pete subiu as escadas da biblioteca e foi checar os livros sobre o preço dos vegetais e como cuidar do solo. Já Claire vasculhou sobre o cuidado dos animais e sobre as montanhas. Ela havia sido encarregada de pela manhã ir até as montanhas colher ervas e qualquer outro tipo de coisa que desse para vender.

Ela se aproximou do ruivo que apenas a encarou e voltou a ler o seu livro. Depois foi até Mary, fazer um questionário sobre as coisas da cidade, os livros e algumas pessoas, principalmente o aprendiz de ferreiro.
— O nome dele é Gray. – Contou ela envergonhada, evitando olhar para ele. – Ele é neto do senhor Saibara. – Então ele olhou para ela e ela retribuiu o olhar, ambos ficaram envergonhados.
— Vocês dois são namorados? – Perguntou a loira sem nenhuma preocupação.

A morena berrou, “Não!”. O rapaz assustado olhou para elas que ficaram vermelhas na hora. Mary continuou a negar toda constrangida, mas comentando em voz baixa. Claire apenas concordou e subiu as escadas para encontrar Pete, que estava concentrado lendo o livro.

Eles passaram a tarde na biblioteca vendo sobre plantas, animais, vegetais e verduras. Após eles voltaram à fazenda, onde deram de cara com Zack. Era ele quem iria revender tudo o que eles colocariam para vender. O moreno estava furioso, pois não tinha nada dentro da caixa. Pete e Claire se olharam e ouviram o sermão quietos, ele parecia um militar bravo. Mas depois se mostrou brando e gentil, desejando a eles boa sorte.
— Esse povo dessa cidade, cada um possui uma personalidade única. – Disse Claire comendo uma fatia de pão. Eles estavam de baixo da macieira.
— Verdade. – Respondeu Pete de boca cheia. – Eu gosto daqui.
— É. Eu também. – Jazz se aproximou abanando o rabo, Claire deu um pedaço de seu pão a ele.

Os dois ficaram em silêncio admirando à noite e pensando como seria dali por diante. Simultaneamente eles sorriram pensando nas possíveis situações. Mas quando se olharam lembraram se sua rivalidade.
— O que você está se abrindo seu folgado!
— Olha quem fala polaca aguada!- Claire se enfezou e o olhou seriamente.
— Ai Karen. – Disse ela com voz de sarcasmo. – Obrigado, não sei como agradecer, ai.
— Ora sua...!

Ela levantou em um pulo e ele saiu correndo atrás dela com a marreta.