Pete acordou todo dolorido. O chão seco, sem nem ao menos um travesseiro, aquela situação não lhe fez bem para a coluna. Enquanto Claire acordou confortável e sorridente. Ele queria estrangular a garota ali mesmo e voltar a dormir naquela cama quentinha e macia.

Jazz saiu das cobertas contente e já foi beijar o dono. Pete acariciou o filhote contente e já se esquecendo das dores.
— Não se preocupe, eu sei que a cama é sua hoje.

Os dois pegaram suas ferramentas e foram trabalhar. Pegaram pedras e as empilharam e também cortaram um pouco de lenha. As maiores pedras e troncos foram impossíveis de manusear, as suas ferramentas estavam prestes a quebrar. Depois de tirar os matos eles araram a terra. Jazz contente corria entre os dois.

Na segunda enxadada que Pete deu na terra uma apareceu enorme toupeira. Claire mais que depressa pegou a marreta e a assustou. Eles leram no livro que ela podiam estragar a lavoura se não fossem expulsas devidamente.

Após todo o trabalho feito eles plantaram as sementes e as molharam. A manhã passou tão rápido que o sol forte indicou o meio dia.
— Não podemos acabar já com o pão, e nem ir pedir coisas fiadas. –Disse Claire lavando as mãos no riacho. – Estamos duros.
— Vamos na montanha. Talvez a gente encontre alguma frutinha, ou, podemos colher algumas ervas. – Pete molhou o rosto. – Aposto que podemos vendê-las na clínica hoje mesmo, teremos dinheiro para uma boa janta ao menos.
— Olha só! – Ele já olhou para a loira, desconfiado. – Você não é tão burro assim.

Ele apenas ignorou o comentário da moça, os dois seguiram até a montanha. Lá encontraram ervas e broto de bamboo, que dava para vender e cozinhar. De acordo com seus cálculos se eles vendessem as ervas pelo preço que elas valiam no livro, eles fariam dinheiro rapidinho.

Antes de voltar a fazenda e ir até a clínica negociar com o doutor, eles passaram no Mother’s Hill para checar o lugar. Na beirada do morro eles acharam mais algumas ervas e o hot spring. Os sócios se olharam e não resistiram a um banho quente. O vestiário era separado, mas a fonte não tinha uma divisória entre homem ou mulher. Claire estava mais envergonhada. Colocou a toalha branca e entrou na água o mais rápido possível, do lado esquerdo da fonte. Já Pete ficou do lado direito. Os dois evitavam qualquer contato visual.
— Será que os garotos trazem as meninas da vila pra cá? – Perguntou Pete.
— Acho que não, elas parecem ser bem recatadas. Olhe Mary por exemplo, nunca aceitaria um convite pervertido desses.
— E a Karen? – Ele a olhou com um olhar malicioso. – Com certeza eu a traria aqui.
— Pervertido! – Ele riu e ela fez um ar de riso. – Melhor irmos andando Pete.
— Ok.

Eles saíram da fonte termal e seguiram o caminho até a cidade. Quando entraram na clínica foram recebidos por uma linda enfermeira, de cabelos curtos e castanhos claro. Elli.
— Boa tarde! Sejam bem vindos!
— Obrigada. - Respondeu Claire. Pete ficou mais uma vez imobilizado pela beleza da garota, e mais uma vez o pé dele sofreu as consequências.
— Ai... Nós colhemos algumas ervas na montanha, gostaríamos de saber se o doutor daqui as compraria ou poderia ao menos avaliá-las.
— Claro, entrem aqui.

Eles entraram em uma portinha e lá estava o Doutor. Claire no momento que o viu se encanou com sua fisionomia, seu rosto sério e culto. Seu porte físico e combinado com seu olhar paralisaram a moça, mas ao contraio de Pete que ficava hipnotizado, vermelho, rosa. Claire se manteve calma, mas evitou abrir a boca para as negociações.

Tudo deu certo, o Doutor ainda falou que se eles conseguissem mais ervas ele as compraria. Acabaram conseguindo um bom dinheiro para irem jantar no Inn.

Antes de irem até o Inn, eles passaram em casa para deixar um pouco de comida para Jazz. Quando chegaram na fazenda o pequeno brincava com outro filhote de cachorro. Pete o pegou e viu que ele na verdade era ela. A cadelinha estava bem cuidada e parecia contente em brincar com um amiguinho.
— Podemos chama-la de Blues, ai seus filhotinhos se chamaram Rock e Roll.- Claire pegou Jazz no colo e Pete deu risada do comentário dela, a ideia realmente era boa. – Ela deve ter um dono.
— E bem provável não esteja muito longe daqui. Vamos?!

Claire concordou com o sócio e eles foram atrás do dono da pequena cadelinha. Eles viraram a esquina passando na frente do Poultry Farm. Quando passaram na frente do Ranch Yodel, ouviram uma voz de menina gritando pelo nome de Hanna. A cachorrinha ficou alvoroçada no colo de Pete, que a largou e ela voltou correndo para sua dona.

A pequena garotinha possuía longos cabelos pretos e um belo sorriso. Jazz também pulou do colo de Claire. Os três brincaram felizes enquanto o casal os observava com sorrisos.
— Quem são vocês? – perguntou a menininha.
— Eu sou Claire e esse é o Pete. – Respondeu Claire.
— Somos os novos donos da fazenda. – Pete se abaixou para olhar nos olhos da criança.- Somos quase vizinhos. Como é seu nome?
— May!- Respondeu a pequena. – Esse filhote é de vocês agora?
— Sim, e ele se chama Jazz. – Claire se agachou e começou a fazer carinho na barriguinha peluda de Hanna.
— Vocês não gostariam de entrar? Meu vô ficara feliz em conhece-los. -Os dois sorriram concordando.

Quando passaram do portal viram varias vacas e ovelhas. Claire não hesitou em tocar na lã macia e fofinha. Enquanto Pete acariciou as vacas encantado com o pelo brilhante e o tamanho de suas costas.

Eles então entraram na casa e viram um velho cozinhando, ele usava óculos e uma camisa verde.
— Já estamos fechados. – Ele então ajeitou seu óculos e sorriu. – Ah, são vocês os novos donos da Mineral Farm certo? – Os dois sorriram concordando. – Eu dou Barley, dono do rancho, e como já devem conhecer essa é minha neta May.
— Prazer. Meu nome é Pete e está aqui é a Claire.
— Querem ficar para o jantar? Assim podemos conversar mais.

Eles sorriram concordando, aquilo seria uma ótima economia.

Eles passaram o jantar falando sobre os filhotes e como cuidar de animais maiores. Pete contou um pouco de sua história, sobre sua família e seus pais, já Claire um pouco mais reservada apenas comentou sua antiga rotina de casa-trabalho-casa.

Após uma noite agradável com o dono do rancho eles voltaram para casa em silêncio, estavam bem alegres, até chegarem em casa. Era o dia de Pete dormir na cama.

De má vontade Claire arrumou o cantinho com o travesseiro e uma coberta. Eles já estavam se preparando para dormir quando a loira deu berro estridente. Uma barata da terra havia entrado na casa e invadido suas cobertas.
— Ai que nojo! Mata! – Gritava ela em cima da mesa que estava prestes a quebrar.
— Calma, ela é da terra, não veio do esgoto, é só jogar ela para fora. – Pete pegou uma vassoura, abriu a porta e a jogou. – Pronto. Desça dai. – Claire negou com a cabeça. – Eu não vou te deixar dormir na cama por causa disso.
— Não ia lhe pedir isso. Sou fiel aos meus acordos. –A loira abaixou a cabeça e corou. – Vou ficar aqui em cima mesmo, pode apagar a luz.
— Vamos fazer o seguinte então. – Ele a pegou pela cintura. – Você dorme hoje na cama, mas amanhã. – Ele a colocou no chão. – Além de você ir na montanha você vai regar as plantas.
— Ok... – Ela foi até a cama e deitou. – Pete. – O rapaz olhou para ela . – Obrigada.