A maid me obrigava a ir no médico uma vez por semana pra ver se estava tudo bem. Eu me lembro que teve uma época em que fecharam o esgoto pra reformas. Eu não sabia onde a Maid morava, então ficava conversando com um mendigo até ter certeza de que meus “pais” tinham dormido. Essa reforma demorou uns 2 meses. Quando eu pus o pé no café pela primeira vez nesse tempo, ela ficou agitada, dizendo que estava preocupada comigo. Eu fui ao médico na manhã de domingo. Eu entrei na sala, e como sempre ele me recebeu com um sorriso melancólico. Ele me disse que não tinha nada de errado. Mas eu pude ver seus olhos arregalados e seu rosto pálido. Acham que só porque meus “pais” não me criaram sou burra.

–Sabitsuki, entregue isso pra maid, ok?

–... ok.

Mas assim que eu saí de lá eu abri o envelope. Vários termos técnicos, eu não conseguia entender aquilo. Eu levei pra maid, ela ficou brava porque eu abri o envelope, mas eu nunca conseguia ver sua expressão por causa da máscara de gás.

Ela leu os papeis, e quando chegou na terceira folha pareceu perturbada. Eu pude ver seus olhos se arregalarem.

–O que está acontecendo comigo?

Ela não respondeu. Apenas olhou fixamente o papel. Eu coloquei a mão no balcão.

–O que aconteceu?

–não...-ela sussurrou. Quase não ouvi através da máscara que abafava sua voz.

Eu bati na mesa.

–O que aconteceu?!

–Sabi...-nós nos olhamos por o que pareceu uma eternidade, até que ela disse.- Você precisa ser internada.

–O QUE?! Nem pensar!- ela sabia. Sabia que eu tinha medo de perder minha liberdade.

–Sinto muito Sabi...

Eu fiquei em choque por um instante, mas ai me lembrei da única coisa que não me abandonaria: meu cano enferrujado.

–Como você vai me obrigar a ficar lá? Você sabe que até a polícia tem medo da nossa gangue.

Ela pareceu intimidada.

–Você não faria isso...

–De fato, não com você. Mas eu e o Smile não temos nenhuma compaixão com qualquer outra pessoa. Falando nele... eu tenho que encontra-lo agora. Se me da licença...