Capítulo 1

Eu olhava branca para o espelho do banheiro. Não acreditava que naquela idade, eu poderia ter engravidado. Após ter suspeitado de ter entrado na menopausa, pois minha menstruação estava atrasada quase 01 mês, procurei minha médica. Sim, eu, com meus 44 anos, estava novamente grávida de Tony. Confirmação feita no consultório médico e pelo exame de sangue. Tudo bem que o tempo para nós dois fez muito bem. Ambos não aparentávamos a idade que tínhamos e continuávamos com a mesma paixão de antes. Fiquei imaginando onde e quando acontecera e meio que me enrubesci.

—Ah... Paris. –Olhei para o espelho e sorri.

Numa de nossas comemorações de aniversário de casamento, fomos à Paris, sem nossos filhos. Eu não sei se era o ar da cidade, mas tanto Tony quanto eu, estávamos incontroláveis. Eu não tomava mais anticoncepcional, e geralmente Tony usava o preservativo, mas naquela semana... A vontade era tanta de estarmos mais perto um do outro que nós nem ligamos para isso. Lembrei-me da fala de Tony, quando descobrimos o sexo dos gêmeos, onde ele queria outro filho e ri.

—Eu consegui te enrolar por 09 anos...e agora... –coloquei a mão na minha barriga. Fiquei imaginando a cara dele quando eu contasse.

Tony estava em Nova York e eu em Malibu. Fazia praticamente uma semana que não nos víamos e no sábado ele estaria de volta. Saindo do consultório, já entrando em meu carro, meu celular tocou, era ele.

—Oi Pep!—ele me olhou desconfiado. —O que você tem?

—Eu?! Na-nada... Por quê eu teria algo? –Tony fez uma careta pra mim.

—Porque eu conheço cada centímetro do seu corpo, por dentro e por fora e sei que algo aconteceu. Fala logo Virgínia.—Pepper riu, abriu a boca pra falar, mas fechou. Tony aguardava.

—Eu não sei se devo contar isso por aqui.

—O que aconteceu? Está tudo bem com você? As crianças estão bem? —Pepper fez sim com a cabeça.

—Primeiro, quando você volta?

—Dependendo do que você falar volto agora.—Pepper riu. —Mas o voo sairia no final da tarde, chegaria aí lá pelas 22h.

—Promete que não vai fazer nenhuma besteira se eu falar?

—Virgínia Potts Stark! Você está me deixando nervoso e irritado...—Pepper fez cara séria pra ele.

—Você se lembra do que me disse quando voltávamos da médica, no dia em que descobrimos os sexos dos gêmeos? –Tony pensou um pouco e falou.

—Lembro-me perfeitamente, eu disse que queria outro filho, porque íamos ficar com número ímpar e... —Tony parou de falar, engoliu seco e apontou o dedo pra ela. —Não?! Você jura??—Tony perguntou com um misto de nervo e alegria. Pepper fez sim com a cabeça e pegou o papel do exame que tinha feito mostrando na tela para ele. —Mas...—Pepper percebeu que ele fazia cálculos mentalmente e falaram juntos.

—Paris! –Tony sorriu para Pepper.

—Você tem noção que eu, um cinquentão serei pai de novo?—Pepper só escutava. —Se eu estivesse aí agora, você não tem ideia do que eu ia fazer com você. Eu estou muito feliz!

—Ahh eu imagino, porque olha no que deu o que o Senhor fez comigo em Paris. –Tony deu um sorriso malicioso para ela.

—Pepper?

—O que Tony? –disse esperando algo sarcástico dele.

—Clint perdeu a aposta!—disse com seu olhar arteiro e Pepper virou os olhos para ele. —Pep?—ela só olhou para ele, esperando outra piada.

—Obrigado! Por me dar o meu caçula.—ela sorriu pra ele. —Mas eu disse que era pra não demorar e você demorou 09 anos...—ela virou os olhos para ele. —Pegarei o voo agora, chego aí na hora do almoço. Eu lhe amo.

—Também lhe amo.

Tony desligou o celular ainda não sabendo ao certo o que sentir, se estava feliz ou preocupado. Perdeu-se nos seus pensamentos até Rhodes o chamar.

—Tony? Terra chamando Senhor Stark.

—Ah, Oi Rhodey... Desculpa.

—O que foi, qual o problema? –Tony olhou para ele, franziu o cenho e logo depois fez uma cara de arteiro.

—Rhodes, quantos anos eu tenho? –perguntou com ar sarcástico.

—49, por quê? Está ficando velho e se esquecendo da sua idade? -Rhodes disse rindo.

—Não... É que estou com cinquenta anos e mandando muito bem. –Rhodes não entendia aonde ele queria chegar. –Pepper está grávida. –disse com um sorriso malicioso no rosto. Rhodes abaixou a cabeça e começou a rir.

—Agora entendi todo esse seu egocentrismo exacerbado. Parabéns Tony! Porém, não vai ser fácil não, você já não tem mais idade para aguentar uma criança. –Rhodes disse para provocá-lo.

—Se eu tenho idade para fazer, tenho pra aguentar. Só estou preocupado com a Pepper, nessa idade é considerado gravidez de risco, não?!

—Acho que hoje em dia não tanto, mas deve-se ter precaução. –Tony suspirou. –O que foi?

—Se eu já era preocupado com as outras gestações dela, imagina agora? Pepper vai querer morrer comigo. –disse fazendo Rhodes rir. –Se for um menino, colocarei o meu nome nele.

—Melhor não, vai que ele queira ser que nem o pai... –Tony olhou curioso. Deu um soco no ombro de Rhodes e foram em direção ao aeroporto.

Quando Tony chegou à mansão, Pepper estava deitada no sofá vendo TV. Com a notícia ela resolveu ficar em casa, ainda mais que logo ele chegaria. Ele entrou pela sala, ela dormia. Observou-a por um tempo e deu um beijo casto nos seus lábios.

—Nossa... –ela disse assustada. –Já chegou? Eu cochilei.

—Coisas de grávidas. –ele disse passando a mão no rosto dela. -Agora que você acordou, eu acho que mereço um beijo de verdade. -Pepper sorriu para ele, puxando sua camisa para que ele chegasse mais perto.

Foi questão de segundos, para que esse beijo acendesse o desejo dos dois e terminassem na sua suíte, nus e extasiados. Pepper que estava deitada no peito de Tony disse:

—Eu nunca vou me cansar disso... Principalmente se for com você. –Tony sorriu, passava a mão nas costas dela suavemente.

—Que história é essa “se” for comigo? Sempre será SÓ comigo. –Pepper riu.

Conversaram mais um pouco na cama, fizeram amor no chuveiro novamente e depois de se trocarem, estavam na sala conversando sobre a gravidez.

—Amor, acho que vamos ter que diminuir esse nosso ritmo. –Pepper disse deitada no sofá com a cabeça no colo dele.

—Por quê? –ele disse olhando sério pra ela.

—Porque é uma gravidez de risco Tony. –Tony fechou a cara pra ela. –Tudo bem, na próxima consulta perguntamos para a Dra. Elisa.

—Melhor! –Pepper virou os olhos pra ele. –Pra ter certeza né... Quando será essa consulta? –Pepper ria dele.

—Daqui 15 dias...

—Enquanto não temos a resposta, continuamos nesse ritmo. –Pepper fazia não com a cabeça.

—Posso ligar para ela. –ele a olhou feio.

—Não vejo necessidade, se você tem consulta marcada, e ela não te alertou de nada, nem fez uma observação do tipo “você não pode fazer sexo com seu marido por causa da gravidez”, então... –Pepper ria.

—Toda essa enrolação é pra poder fazer sexo comigo? –ele riu.

—Não, é pra poder fazer amor com a minha mulher. Você sabe que eu não consigo ficar longe de você por muito tempo.

—Se dependesse de você acho que já teríamos um time de futebol. –Tony riu.

Contamos para nossos filhos, Theo gostou da ideia, os gêmeos não se importaram e queriam mais saber como o bebê estava dentro da minha barriga, os mandei perguntarem para o pai deles, que era muito inteligente, Tony quis me matar.

Theo era o Tony escrito em todos os sentidos, com a exceção dos olhos, que eram azuis. A única coisa que eu agradeci foi dele não se interessar em usar nenhuma armadura. Scarlett era loira, ela era o xodó de Tony, com os seus olhos esverdeados, era uma mistura de nós dois. Seu irmão gêmeo, Heitor também era loiro, com os olhos idênticos ao de Tony. Não estranhava eles não saírem ruivos como eu, pois a mãe de Tony era loira, a minha também, a ruivice veio por parte da minha avó materna. E graças as minhas preces, nenhum deles também se interessara pelos trajes de Tony. Ele também ficara aliviado, pois seria uma preocupação imensa para ele.

(...)

—Ansioso Senhor Stark? –a médica perguntou para ele rindo.

—Você não tem ideia... Só espero que não sejam dois, não são né? Confirmado isso? –a médica ria.

—É apenas um bebê sim, que não quer mostrar o que ele é.

—Vamos meu bem, mostre pro seu pai o que você é, se não ele vai surtar. –Pepper arregalou os olhos. –Ele mexeu! –Tony sorriu e a médica voltou a passar o ultrassom em Pepper novamente.

—Ahh...digamos que ela é muito obediente!

—E-ela? –Tony disse com os olhos brilhantes. –Eu sabia! –ele deu um soco no armário que estava do lado. –Opa, desculpe-me. –disse quando Pepper e a médica olhavam pra ele rindo.

—Amor, menos.

—Eu te disse que ia ser menina e essa vai ser como você! –olhou para Pepper com carinho.

(...)

—Onde ela está? –Tony disse esbaforido para Rhodes.

—Calma Tony, ela está na sala de parto, parece que a sua caçulinha resolveu apressar as coisas.

Tony foi falar com a enfermeira e logo já estava na sala de parto, junto com Pepper.

—Pep, desculpa, eu tive um contratempo... –ela o olhou e falou.

—Tudo bem Tony, sua filha não tem paciência para esperar, claro, é uma Stark. –ela disse rindo para ele.

Optamos por fazer uma cesárea, para evitar o risco pra mim e para ela e ainda assim ela quis sair antes da hora. Quando a médica a retirou, e Tony a viu, ele ficou mudo.

—Ela é... você! – ele sorriu por trás da máscara cirúrgica. –Como eu imaginei! –a médica ia entregar para mim e eu disse para dar a ele. Tony a pegou primeiro. Primeiro encontro de olhares, mal sabia ele os fios de cabelos brancos que ela iria dar.

(...)

—Mãe? Papai não está aí do seu lado né?!—Theo disse sério.

—Não, ai, o que houve?

—Selene Sophia, de novo. A sorte dela que eu a protejo demais! –Pepper suspirou.

—Ela está bem?

—Está, mas foi naquela festa que te falei, bebeu demais, o cara da festa era meu conhecido me ligou e fui buscá-la.

—Onde ela está?

—Em casa, eu fiz uma cópia da chave para ela, já que ela sabe que papai vai brigar com ela. Bom, logo aparecerá nos programas de fofocas, você sabe. Deixo pra você a parte de acalmar a fera.—Theo riu e Pepper virou os olhos. —Estou indo para Nova York, aquela empresa que conversei aceitou o negócio, avise-o pra mim, ok?

—Está bem filho, boa viagem! –ele desligou a chamada de vídeo.

Pepper ficou sentada no sofá da sala, e disse para si:

—A cópia perfeita de mim é a cópia perfeita do Tony Stark que conheci.

De todos os seus filhos, a que deixava Tony fora de si, era Selene. Ela veio ao mundo como ele sempre quis, era a cópia perfeita de Pepper, em cada sarda, mas o seu gênio, era puro Tony Stark de tempos atrás. Ele nunca imaginaria que sua menina, seria capaz de fazer tais coisas. Bebia demais, namorava demais, não queria fazer nada, era o assunto da mídia e fora a única que entrou num traje de Tony sem autorização dele. Fez idêntico ao seu pai, graduou-se na primeira universidade com 15 anos. Com seus 21 ela já tinha 02 diplomas em tecnologia da ciência, engenharia de computação e estava cursando medicina. Interessava-se por tudo que seu pai havia feito, desde as armaduras até ser um Vingador. Era tão esperta que conseguiu acessar os códigos das armaduras de Tony e resolveu um belo dia passear com elas. Tony e Pepper só souberam quando viram na TV juntos a notícia “E o Homem de Ferro foi avistado em Nova York esta tarde.”, Tony só olhou para Pepper dizendo “Como? Se eu passei o dia aqui...Eu não acredito...Selene!”

—Pep, era o Theo? –Tony disse entrando pela sala.

—Era sim, ele foi pra Nova York, disse que deu certo lá com a empresa. –Tony sorriu.

—Esse garoto puxou a você Pepper... Ele é extremamente esperto em fazer negócios. –Pepper deu um sorriso amarelo. –O que foi?

—Será que eu nunca vou conseguir esconder as coisas de você?

—Não... Você nunca conseguiu e não vai ser agora nessa idade que você vai esconder. Fala o que é? –só pelo olhar dela, ele já se levantou, passando a mão nos cabelos. -O que ela fez agora? Deus do Céu... Estou realmente pagando meus pecados do passado? –Pepper só levantou a sobrancelha. Tony andava de um lado para o outro. Mesmo irritado ele ainda perguntou. –Ela está bem?

—Está Tony... Você tem que conversar com ela.

—Conversar o quê? Ela não me ouve...ela...me faz sentir como meu pai. E eu acabo me odiando por isso. –ele disse bravo e olhou para Pepper. –Você sabe que eu não sei lidar com adolescentes e no caso dela...

—Ela já não é mais uma adolescente Tony... –ele a olhou e fez sim com a cabeça, saindo em direção a sua oficina.

Pepper ficou no sofá, sabia que ele precisava de um tempo para digerir aquilo. A diferença de idade entre seu filho mais velho e a sua caçula era de 09 anos, Theo e Selene eram grudados, desde pequenos. Ele a protegia de tudo e todos. E era com ele e Pepper que ela sempre se abria. Não que Tony Stark não tentasse, mas como eram tão parecidos, os dois não chegavam a um acordo. Sentada ainda na sala, ela ligou para Selene que prontamente atendeu.

—Mãe, ele já sabe né?—disse com um pouco de tensão na voz. —Eu sei o que você vai dizer e sei que você tem razão. Mas a culpa foi dele, ele me tira do sério.—Pepper começou a rir do outro lado do telefone. —Por que está rindo?

—Porque vocês são absolutamente iguais. E se você sabe tudo isso, porque continua fazendo? É só pra afrontá-lo ou pra você provar o quanto uma idiota você fica na frente das câmeras? –Selene abaixou a cabeça, Pepper nunca foi de medir as palavras com Tony, e não seria diferente com seus filhos. –A sua sorte é que ele te ama demais.

—Eu também o amo. A Senhora vai dar um jeito né?!—Pepper sorriu ardilosamente.

—Não... Você fez a cagada, você vai consertar. Eu só ficarei por perto pra que vocês não se matem naquela oficina. Venha pra casa e acerte as coisas com o seu Pai. –Pepper desligou o celular dando seu sorriso arteiro.