Guardioes de Deus: a Batalha nos Ceus

Capítulo 10 - A Lua de Sangue, Segunda Noite. PV


Raphael os conduziuaté um grande câmara. Abriu a porta e se curvou.

-Grande Medar, eis os três celestinos.

Saiu logo em seguida.

Os três ficaram olhando para aquela figura de manto branco sentado meditando. A toga cobria todo os dois braços, mas pela posição eles deveriam estar cruzados. Fez um sinal para que se sentassem. Abriu os olhos.

-Muito bem, eu tenho na minha frenteos garotos problemas do Santuário.

Sua voz era calma e suave, mas havia nela um tom de reprovação. Bal ameaçou iniciar uma explicação, mas Medar levantou a mão em sinal de censura e continuou.

-Meus jovens! Parece quetoda confusão que acontece aqui tem vocês como personagens principais. Até o momento eu havia conseguido contornar a situação, mas acho que ela se tornou insustentável. Entendam que o povo da Cidade Superior tem muito receio das vossas presenças. Vocês tinham que aproveitar a chance que Set lhes deu. Ele tinha esperança de reatar a aliança que existia entre os povos através de você. Mas creio que isto não será mais possível.

-O que o senhor quer dizer? Perguntou Arão mesmo já sabendo a resposta.

-Que o conselho quer que vocês deixem a cidade.

-Não!!!Gritou Cassi.

-O senhor precisa nos ajudar. Não podemos ser expulsos.

Arão entendia o desespero de Cassi, a irmã já fora renegada para seu povoado. Na Cidade Superior Cassi tinha a chance de limpar o nome de sua família, mas a expulsão seria o fim para ela. Bal abraçou-a.

-Não fique assim.

-Meu jovem o que carrega nessa bolsa? Perguntou Medar com certa curiosidade.

-Bem... Bal ficou indeciso ao responder.

Cassi tomou a palavra e falou rapidamente sem ao menos respirar.

-São cristais que ele pegou na taberna antes de chegarmos a Cidade Superior.

-Entendo. Respondeu Medar. -Posso?

Perguntou Medar estendendo a mão para pegá-los.

Bal ainda estava indeciso. Ele adorava os cristais e a idéia de alguém os pegar que não fosse ele, o incomodava demais. Por fim entregou a bolsa para Medar. Este retirou um dos cristais de dentro da bolsa e o colocou sobre a luz.

-Vocês sabem o que ele contém? Perguntou Medar depois de observar por um tempo o cristal.

-Não conseguimos ver. Falou Bal com entusiasmo. -Mas podemos conseguir, sei que podemos... No templo dos Cavaleiros de Osíris tem um...

Bal calou-se,lembrou que o templo estava fechado, a entrada nele era proibida. Medar fez que não ouviu o comentário para não repreendê-lo.

-O que o senhor fará com a gente? Vai mesmo nos mandar embora? O senhor não pode intervir no conselho a nosso favor?

Cassi praticamente implorava a Medar.

Ele respirou fundo, olhou com pesar para os jovens e por fim falou.

-Meus jovens, vou reunir todo o conselho agora e ver se mais uma vez eu consigo interceder por vocês. Não sei se conseguirei, mas farei o possível.

-Obrigado senhor.

Cassi estava emocionada com as palavras de Medar.

-Voltem para seus aposentos, mais tarde os chamarei para lhes reportar a decisão do conselho. E por favor, evitem se meter em problemas nesse meio tempo. Sorriu. -Raphael os acompanhará.

-O senhor vai ficar com os cristais? Perguntou Bal.

-Se você não se importar.

Estendeu a bolsa vazia para Bal devolvendo-a.

-Claro que não, é que eu... Respondeu Bal pela metade.

-Gostaria apenas de dar uma olhada com mais calma neles. Talvez não seja nada jovem Balduíno. Mas se tiver alguma coisa prometo que você será o primeiro a saber.

-Claro, como o senhor achar melhor. Cassi mais uma vez tinha se intrometido na conversa epuxava Bal para fora.

-Mas... Resmungou Bal saindo. Medar chamou Raphael.

-Cuide para que cheguem bem até seus aposentos. Vou ver se consigo um milagre com o conselho.

O mensageiro virou-se e saiu. Arão e Bal ficaram no quarto o resto da tarde, Cassi em vez de ir para o seudecidiu ficar com os amigos.

-Isso aqui está precisando de uma pequena limpeza.

Ela foi mexendo nos objetos que estavam sobre a cômoda da cama de Bal.

-Ei! Não toque nisso. Reclamou o garoto.

Arão estava sentado olhando para o lado de fora da janela, a vista era muito bonita.

-Arão tudo bem? Perguntou Cassi.

-Sim, acho que sim. Respondeu, mas seu pensamento estava muito distante dali. -Não sei como eles conseguem.

-Quem consegue o quê? Cassi se aproximou da janela.

-Veja, são alguns membros do conselho. Disse Bal se aproximando.

-Estão sentados debaixo daquela árvore desde que chegamos e não mudaram de posição uma vez sequer. Comentou Arão.

-Olhe bem Arão, um dia teremos que fazer isso também. Cassi respirava mais devagar enquanto falava. -Ajuda a encontrar o equilíbrio e a paz interior.

-Sai da frente Cassi, isso é uma chatice.Proferiu Bal.

-Chatice? Já vi que você não entende nada. Também você não conseguiria ficar dois minutos com a boca fechada.

-Olha quem fala, a senhorita concentração.Zombou Bal.

-E você Arão por que está tão quieto?

-Estou pensando no que irá acontecer conosco.

-Não se preocupe Medar, vai nos ajudar. Eu sei que vai. Cassi tentava parecer confiante, mas sua voz denotava incerteza. Bal olhou outra vez pela janela.

-Será que já decidiram qual vai ser nosso futuro?

Uma batida na porta, Raphael entrou.

-Medar gostaria de vê-los.

-Aí está sua resposta. Disse Cassi.

Caminharam em silêncio acompanhando Raphael. Ele não disse uma palavra o caminho todo.

-Sentem-se, por favor.

O veredicto seria dado finalmente. Cassi tinha a sensação de estar com náuseas.

-Bem meus jovens, parece que mais uma vez vocês conseguiram. Reuni a todos no conselho e os convenci a dar mais uma chance para vocês.

Os três sorriram agradecidos. Um enorme peso parecia ter sido tirado dos ombros de Cassi.

-Agora me ouçam com muita atenção. Eu pensei muito em como Set teve a iniciativa de tentar a união dos povos. E como seu mais leal conselheiro, devo tentar realizar a vontade dele. Medar sorriu para os três. -Sejam bonzinhos, não foi fácil convencer a todos. O conselho é muito severo em questões que envolvem indisciplina. Espero que a partir deste momento vocêsentrem no eixo.

-Vamos entrar sim.Agradeceu Cassi.

-E quanto aos meus cristais?Perguntou Bal.

-Não consegui vê-los ainda. Fiquei o tempo todo ocupado com a reunião do conselho.

-Acho que os antigos donos estão tentando reaver os cristais.Disse Arão.

-Por que você pensa assim jovem Arão?

-Por que antes de virmos para cá, fomos perseguidos por quatro seres estranhos que estavam na taberna, quando...

-Ganhei os cristais. Apressou-se Bal em responder.

-Perseguidos? No Santuário?

Os três confirmaram fazendo um sinal de positivo com a cabeça.Medar passou a mão pelo queixo pensativo. Por fim falou.

-Mas isto é terrível. Como vocês sabem passamos por tempos difíceis. O povo está com medo. Notícias como essas que vocês me disseram causariam mais pânico. Não vamos criar nenhum alarde desnecessário. Manteremos isso entre nós. Eu tomarei as medidas necessárias para que um fato como este não se repita.

-Assim como o roubo dos Livros Sagrados?Bal fez a pergunta sem pensar.

A reação de Medar foi de espanto.

-Como vocês sabem disso? Vocês chegaram a ler algum dos cristais?

-Não, não.Apressou Bal a responder.

-É que um sujeito abordou-nos hoje na taberna Circense e nos contou sobre o desaparecimento dos quatro Livros Sagrados.

Cassi tentava se explicar para Medar para evitar maiores repreensões.

-Aproximem-se um pouco mais.Pediu Medar -Já vi que vocês estão muito bem informados. Vou lhes dizer o que está acontecendo. A profecia que vocês trouxeram da torre de BES.

Seu rostotomou uma feição mais sombria.

-Ela fala sobre os sinais do final dos tempos.

-O apocalipse você quer dizer. Interrompeu Arão.

-Isso mesmo. Infelizmente os sinais já começaram e a cada um deles que ocorre nosso mundo sofrecom uma catástrofe. Novos sentimentos estão aflorando nas pessoas. O firmamento está passando por mudanças como as profecias pregam. No final ele se tornará idêntico ao mundo dos Homens com todos os males que os afligem. Isso já se iniciou, raiva, ira, ódio, ganância, inveja e tantos outros...

Medar abaixou um pouco a cabeça e falou com pesar.

-Até a morte anda entre nós. Para agravar ainda mais a situação, os quatro Livros Sagrados que poderiam mudar a história do nosso destino sumiram. Dois ficavam sobre a guarda de Set e os outros dois com Osíris.

-O que contém os livros? Perguntou Arão.

-Pouco se sabe sobre eles, nem mesmo eu ouso mencioná-los. Estamos desesperados, sem os livros ficamos vulneráveis. Não sabemos se mesmo com os guardiões seremos capazes de resistir se os livros caírem em mãos erradas. Mesmo assim depositamos nossas últimas esperanças em vocês. Estamos vivendo o advento da Segunda Revelação, onde: O sol escurecerá e a lua não brilhará. Ele é marcado pela fase da Lua de Sangue, a lua da morte, são cinco noites em que a estrela mãe ficará com uma coloração avermelhada.

Medar se mexeu em sua cadeira incomodado com o assunto.

-Em cada manhã deste período o Sol se encontra com a Lua por um breve momento.Se nele, o astro pegar a coloração da lua, significa que houve a perda de uma vida. Se em cada noite houver uma morte no Santuário de entes que tenham nascido na Cidade Superior, ao final do sexto dia uma catástrofe se abaterá sobre nós. Entendem por que não queremos ninguém andando a noiteno Santuário.

-São sete os sinais da profecia.Comentou Cassi.

-Sim!São as Sete Revelações e no final delas... O Caos.

Os jovens estavam mudos.

-Não fiquem assim meus jovens. Eu não pretendia assustá-los.

-Claro que não, a notícia do fim do mundo não causaria medo em ninguém.

Cassi deu um cutucão em Bal pelo deboche queacabara de fazer.

-Olhem temos que nos preocupar mais é com o terceiro sinal e não mais com o segundo.

-Por quê? Questionou Arão.

-Porque o segundo irá passar e nenhuma catástrofe irá se realizar.

-Como o senhor pode ter tanta certeza?Questionou Cassi.

-É que na noite passada foi à segunda da fase da Lua de Sangue, onde tivemos aquele infeliz acontecimento. Medar olhou para Cassi.

Ela ainda se lembrava de estar segurando o corpo de Ingrid sem vida em suas mãos. Essa lembrança fez Cassi ter um leve estremecimento.

-Porém.Continuou ele. -Na primeira noite ninguém da Cidade Superior morreu, por isso devemos nos concentrar mais no terceiro sinal. Mas mesmo assim precisamos tomar cuidado, pois o período da Lua de Sangue, a lua da morte, por si só é muito perigoso. Nossa atual situação é muito delicada. Entenderam?

Os jovens acenaram que haviam compreendido.

\'\'Ele não sabe sobre a primeira noite, mas não há com o que se preocupar, não ira mudar nada...\'\'

Pensou Arão, estava em dúvida se devia ou não contar, não queria dar mais preocupações para Medar.

-Alguma coisa o preocupa jovem Arão?

-Não! Nada.Respondeu o garoto a Medar.

-Só peço a vocês para não comentarem isso a ninguém, não queremos que o pânico domine as pessoas. Posso confiar em vocês?

-Claro.Responderam os três ao mesmo tempo.

-Podem voltar a vossos aposentos. Espero que aproveitem essa nova chance que estão recebendo. Dêem o melhor de si.

-Nós daremos.Respondeu Cassi.

-Mais uma coisa. Cuidado com as pessoas que vocês encontrarem. Essa pessoa da taberna, vocêsnunca a viram antes?

-Não senhor.Respondeu Arão.

-Por quê?

-Não lhe ocorreu que ela poderia estar distraindo os para que fossem surpreendidos pelos seres que os perseguiram.

-É verdade. Disse Bal.

-Se o virem outra vez me avisem.

Medar invocou o nome do santo.

-Raphael! Acompanhe nossos jovens amigos até seus aposentos. Providencie para que eles não saiam de seus quartos. Já que eles tem por hábito dar passeios noturnos. Piscou para os três.