Good girls

Você tem que me contar o que sabe!


– Estava com sua mãe ontem a noite? - Piper Mclean perguntou para uma de suas melhores amigas, Silena Beauregard. As duas estavam sentadas no enorme refeitório. Silena franziu a testa.
– Por qual motivo? - Era uma mania antiga. As três aprenderam com Annabeth a nunca responder uma pergunta sem questionar o porquê. Era como se estivessem sendo interrogadas por um assassinato então todas as perguntas poderiam coloca-las no xilindró.
– Nada so queria saber - ela mentiu bebericando seu suco. Piper não conseguiu dormir uma hora sequer. Depois de receber a mensagem, que por sinal foi enviada por alguém que sabia de mais coisas que ela, a garota voltou para casa e esperou pelo pai. Ele chegou meia hora depois.
– Eu hem… - Silena deslizou pelo banco. As duas estavam praticamente sozinhas no refeitório já que quase todos os alunos assistiam a palestra do Sr.D sobre gentileza gerar gentileza.
Alguns calouros do time de natação conversavam e riam alto na mesa ao lado. Charles, irmão de Leo estava entre eles.

Piper olhou com descrença a salada que pairava a sua frente. Ao seu lado, Silena tagarelava alguma coisa que ela realmente não fazia a menor questão de saber o que era . Sua mente vagava na noite anterior e nas milhões de perguntas que não a deixaram dormir nem ao menos uma hora: Por que Tristan marcou justo aquele restaurante afastado para se encontrar com a mãe de sua melhor amiga? Bem, talvez fosse alguma reunião de negócios, mas por que eles não pareciam tão formais assim? E se não fosse a primeira vez em que eles se encontravam? Por que Tristan nunca mencionou Afrodite nas raras noites em que jantavam juntos? Por que Piper sempre se metia em enrascadas?

Certa de que não poderia ficar nem ao menos mais um segundo perto de Silena sem expor o que viu noite passada, a garota se levantou pegando sua bandeja.
– Aonde vai? - Silena perguntou.
– Acho que preciso de algumas lições do Sr. D sobre "gentileza".
Era a desculpa mais deslavada que ela já dera a alguém.
E Silena também sabia disso.

⇨⇨⇦⇦

Thalia abriu os olhos lentamente enquanto se acostumava com a luz que irradiava das janelas abertas. Alguém batia freneticamente na porta e pelos gritos já podia imaginar quem era.
– THALIA GRACE! - Hera gritava do lado de fora. - VOCÊ PRECISA SAIR DESSE QUARTO AGORA!

A punk se levantou calmamente enquanto ia ate o banheiro. Imediatamente se lembrou do porque de estar tão exausta. Um sorriso se formou em seus lábios. Na noite anterior ela e seu primo, Nico Di Ângelo aproveitaram bem os lençois daquela cama. É claro que não houve mais do que alguns amassos, beeem longos, mas ainda assim nada mais que isso. Bem que ela queria. Algumas manchas roxas estavam espalhadas pelo seu pescoço. Outras pela clavícula.

A água do chuveiro caiu em seus ombros. Hera continuava a bater na porta. Thalia continuava a pensar em Nico. E tudo estava exatamente ao contrario. Tudo estava exatamente do jeito que não era pra estar.
E ela sabia que pagaria o preço.
Primos não devem se beijar.
Nem se amassar.

– Seu pai esta muito desapontado com você - Hera disse. - Imagina se ele soubesse com quem estava no seu quarto. Thalia engoliu o pedaço de bolo que comia. Velha maldita!
– Eu não estava fazendo nada de mais! - se defendeu.
– Com certeza não. Por que Thalia Grace nunca faz nada de mais não é mesmo? Ainda bem que essa rebeldia toda vai acabar logo logo!-
O que ta querendo dizer?
– Apenas que a partir da semana que vem você frequentará uma terapeuta particular.
– O QUE? NUNCA! - ela gritou se levantando. - DE QUEM FOI ESSA IDEIA MALDITA?
Hera bebericou seu chá. Depois olhou para a garota furiosa a sua frente.
– Da mãe da sua amiguinha.

⇨⇨⇦⇦

" I wanna be a bottle blonde
I don’t know why but
I feel conned I wanna be an idle teen
I wish I hadn’t been so clean"

Annabeth tirou os fones de ouvido quando ouviu leves batidas na porta.
– Pode entrar! - ela gritou se sentando em frente a escrivaninha.
Malcolm se encostou no batente da porta. A mochila apoiada nos ombros.
– Já voltou da escola? - ela perguntou indiferente. O irmão deu alguns passos para a frente.
– Matei o ultimo horario.
– E como estava?
– Você sabe que a mamãe já te liberou para ir a escola.Ela engoliu em seco.
– Ainda não estou pronta. Eles ficaram em silêncio por alguns segundos.
– Conseguiu dormir? Você parece melhor.
– Sinceramente? Tenho inveja de quem esta em coma.
Ele riu. Uma risada que Annabeth sentia falta.
– Tem alguém lá fora querendo te ver.
– Quem? - ela perguntou completamente confusa.
– Acho melhor você descer.

– Loira, achei que você tivesse me abandonado!
Annabeth sentiu aquele cheiro irreconhecível antes mesmo de enchergar Percy em frente a casa dos Chase's.Ela sorriu.
– Vai me ignorar? É isso? Pois saiba que eu preparei uma tremenda surpresa pra você e eu so quero que você diga não porque ai eu nunca mais te incomodo enquanto você viver e vou poder dedicar meu mínimo tempo livre a meus amigos, que me deixaram por que disseram que eu estava completamente louco por você!
Annabeth soltou uma risada enquanto observava Percy tirar as mãos da jaqueta e caminhar ate ela.
– Posso falar?
– Claro.
– Não.
– O que? Não?!? - ele estava completamente ofegante- Eu estou a mais de uma semana sem falar com você porque eu simplismente achei que precisasse de um tempo depois de tudo que aconteceu e agora que eu cansei de esperar você me ignora...
– Por que quando você não gosta de um cara ele vive no seu pé? - ela perguntou séria.
– Ta de brincadeira! Vai logo com ele!
Malcolm apareceu no batente da porta. Annabeth bufou.
– Você não tem que se meter nisso! - gritou de volta sem ao menos o olhar. Um carro que ela conhecia muito bem virou a esquina. - Tudo bem Percy, vamos logo!
Annabeth puxou as mãos do garoto para dentro do carro estacionado.
– Sabe que horas volta? - Malcolm gritou.
– Eu não volto!
Percy ligou o motor e pisou no acelerador. O carro de Atena passou por eles. Annabeth encarou a mãe pela janela aberta. Seus olhos faíscavam de raiva.
– Ainda esta brava com seu irmão? - Percy perguntou. Annabeth permaneu em silêncio. A adrenalina pulsando nas veias.
– Acho que na verdade nunca sera como antes. O Malcolm não é o mesmo.
– Você tem que entender que as pessoas mudam. Elas crescem. Quero dizer você não é a Annabeth de quatro anos atrás, o Malcolm não é o Malcolm de três anos atras.
– Talvez. - ela arrancou um pedaço de linha desfiado de sua calça. - Mas você estagnou. - ela riu - Quero dizer. Seu cérebro não cresce desde os oito anos!
– Uau! Você é má!
Eles continuaram rindo durante alguns quilômetros.
– Por que faltou a escola todos esses dias? - O moreno perguntou.
– Acho que precisava de um tempo - ela disse cansada. Os olhos cinzas em um tom quase azul. De fora da janela algumas gotas de chuva caiam.
– Todos precisamos de um tempo.
– Eu não sei. Quero dizer so quero ficar em casa o dia todo! Tudo me irrita.
– Eu te irrito?
– Você principalmente - ela declarou, mas o sorriso em seus lábios afirmavam o contrario.

Percy dirigiu por mais alguns quilômetro ate parar em uma pequena trilha escondida na mata.
– Ta de brincadeira - Annabeth murmurou.
– O que foi? - ele disse descendo do carro.
– Achei que iríamos em um restaurante sei lá.
– Bem. Isso com certeza é muito melhor que um restaurante.

O pequeno riacho se estendia a frente deles. Mais bonito que todos os lugares que já viu, apenas por estar ao lado de Percy. Ele a fazia se sentir especial.
– Aquela tem forma de um bebê! - ela apontou para a nuvem branca acima deles. Os dois deitados lado a lado. Seus ombros roçando um no outro.
– Não! É um elefante filhote!
– Claro que não! - eles riram. Annabeth se virou para Percy percebendo que o garoto já a observava.
– Você é tão linda!
– Para com isso idiota! - ela riu mais ainda. Os olhos fixos nos dele.
– Eu to falando a verdade! Annabeth Chase é a garota mais linda que eu já vi! - Ele se levantou. - É ou não é?
– É claro que sou! -
E humilde também!
Annabeth sorriu. Mas um sorriso realmente verdadeiro. Daqueles que se da quando ganha recebe noticias de um amigo muito querido, ou quando sabe que foi bem uma prova na qual estudou como se sua vida dependesse daquilo.
– Senti sua falta - ela declarou.
– Nem me fala.
Percy a puxou pela cintura selando seus lábios com certo desespero. Annabeth sentiu como se uma droga que ela sentia muita falta tivesse sido devolvida depois de muito tempo. Era isso que Percy era pra ela.
Algo como um vício.
E era isso que ela não queria admitir.

⇨⇨⇦⇦

– Amanhã? É claro que sim! Quero dizer...de boa, de boa. Silêncio.
– As oito? Perfeito.
Silêncio.
– Nos vemos amanhã então. Ate. Beijos.
– O QUE ELE DISSE?!? - Drew gritou escancarando a porta.Silena gritou de alegria.
– ELE ME CHAMOU PRA SAIR! Amanhã!
– Eu sabia que ele tava na sua! Eu sabia! - Drew disse saindo do quarto.
Silena se deitou na dama abrindo seu computador. Em duas semanas ocorreria o desfile de fim de ano que a escola promoveria para arrecadar fundos e Silena COM CERTEZA iria desfilar esse ano. Por quatro anos seguidos! Com toda essa história pertubadora e bizarra de Psicopatas ela ao menos teve tempo para abrir seu e-mail.
Ela escutou o carro encostar na garagem. Afrodite desceu dele com sua bolsa Prada rosa e as botas cano alto brancas, o sobretudo vermelho em contraste com o cabelo.
Silena se deitou novamente na cama clicando na caixa de mensagens. Apenas um e-mail aguardava para ser aberto. Um arquivo para baixar de endereço: xxxxxxblxlsmfbe@hotmail.com.
Era so o que faltava. Ela clicou em abrir arquivo. Um pequeno gif de sua mãe saindo de uma cafeteria ao lado de um homem.
E ela conhecia muito bem esse homem.

– De onde conhece Tristan Mclean? - Silena perguntou a sua mãe enquanto mechia sua salada. Afrodite engoliu em seco, sua expressão ao mesmo tempo surpresa e um pouco assustada. O jantar era o unico momento dia em que ela a mãe e a irmã poderiam ficar realmente juntas.
– Bem, ele é o pai de sua melhor amiga não é?
– Mas porque você se encontrou com ele em uma cafeteria tão longe?
– Estava me seguindo? - A mãe perguntou quase gritando. Silena balançou a cabeça.
– Não! - ela negou. Seria certo dizer que recebeu uma mensagem anônima? De alguém que com certeza estava a espionando. Sua mãe estaria correndo perigo? - Um amigo a viu com Tristan. - ela mentiu.
Drew se levantou indo ate a cozinha.
– Eu estava perguntando algo como Piper esta lidando com isso tudo.-
E porque perguntaria isso? - ela insistiu.
– Para saber se vocês não estariam precisando de uma pessoa para ajudar entende? - Silena franziu a testa - Algo como uma terapeuta.
Então era isso. A mãe não aguentava mais os surtos de Silena e a mandaria para uma terapeuta. Uma clínica de reabilitação seria o Próximo passo?
– Não preciso de uma psicóloga! É pra isso que tenho amigas.
– Suas amigas também estarão lá. Já conversei com Tristan e Hera, e pretendo convencer Atena o mais rapido possível. Estou querendo te ajudar Silena!
A garota se levantou da mesa.
– Você esta querendo se ajudar! Já não basta tudo que eu to passando e agora isso? Nem morta entendeu?
Ela subiu as escadas enquanto pensava no que tinha acabado de dizer.
" Nem morta."
É, nem morta.

⇨⇨⇦⇦

Annabeth abriu a porta lentamente. Tudo estava escuro então provavelmente todos já estavam dormindo. Enquanto passava a tranca na porta ela se lembrou de quando Percy a beijou. Ela sentia tanta falta dele. Do cheiro de maresia que ele irradiava. Da segurança que ele passava.
A loira subiu as escadas lentamente em direção ao seu quarto. A porta da mãe estava entreaberta e ela reconheceu os saltos de Atena pra lá e pra cá. Provavelmente andando de um lado para outro.
Chegou um pouco mais perto para escutar o que ela dizia. A voz estava um pouco abafada como se não quisesse ser ouvida por ninguém.
– Você tem certeza de que sabe quem é?
Silêncio.
– Estamos lidando com algo muito Serio! Os Dare's querem justiça Hylla!
Silêncio prolongado.
– Tem que entender que isso não se trata apenas de justiça ou vingança. Eles perderam a filha! A unica filha.
Silêncio.
Annabeth chegou mais perto se encostando no batente da porta.
– Eu não quero saber! Tem que me dizer o que descobriu, agora!
Silêncio. Bastante silêncio.
– Amanhã ligarei para os Dare's. Amanhã tem que me dizer tudo que sabe se não...
A porta rangeu.
Annabeth correu para seu quarto fechando a porta logo em seguida. Milhares de perguntas se formavam em sua mente.Era mesmo com Hylla que sua mãe estava falando?
Annabeth não a via a dias.
E o que ela descobrira de tão importante?
Por que Atena parecia tão irritada?
Eram tantas perguntas que Annabeth adormeceu, mas não dormiu.

A loira leu a mensagem de texto enquanto colocava seu sobretudo cinza por cima da blusa azul. O céu estava nublado e algumas gotas de chuva caiam lá fora.

Já terminei. Venha quando quiser, mas venha. - Percy.

No dia anterior Percy a convencera de ir a escola, mesmo que ela ainda não estivesse preparada. Nos ultimos meses Annabeth vinha sofrendo com uma queda significativa em seu desempenho acadêmico e ela realmente não queria lidar com todos os olhares sobre ela. Era tão irritante como as pessoas ficavam a encarando!
Depois de calçar um coturno preto, a loira desceu as escadas e nem mesmo se despediu dos pais ou ate mesmo do irmão que tomavam café da manhã como a "família perfeita".
Percy estava encostado na porta de sua caminhonete com as mãos dentro do bolso da calça. Quando ele avistou Annabeth saindo um pequeno sorriso se formou em seus lábios.
– Jackson, quantos carros você tem? - Annabeth perguntou abrindo a porta do passageiro.
– Apenas mais que um - ele respondeu humilde como sempre.

– Por que toda essa gente esta aqui? - Percy perguntou estacionando.
Alguns reporteres cercavam o Sr.D e aparentemente alguns professores. A maioria dos alunos estavam do lado de fora. Annabeth avistou Piper encostada em uma árvore. Seus olhos tristes enquanto passava os dedos em alguns nós de seu cabelo. Leo Valdez estava ao seu lado, os olhos fixos em alguma coisa ao longe.
– Annie! - Piper gritou abraçando Annabeth - Onde você estava? Porque faltou tanto tempo?
Annabeth suspirou.
– Ei cara o que esta acontecendo aqui? - Percy perguntou olhando as pessoas ao redor.
– Vocês não ficaram sabendo? - Leo perguntou. Encontraram outro corpo.
O sangue de Annabeth gelou. " Outro corpo" essas duas palavras estavam fixas em sua mente a meses. Por que isso so acontecia quando ela saia de casa?
– Quem? - ela sussurrou. Sua voz não saia.
Leo olhou para Piper que assentiu. Depois sussurrou tão baixo que Annabeth mal pode ouvir se não estivesse tão perto:
– Hylla Ramirez.