Good girls

Querem saber o que isso significa?


Piper Mclean passou as mãos mais uma vez pela saia preta que vestia. La fora, o céu estava nublado ameaçando com algumas gotas de chuva. A cabeça de uma garota apareceu na porta.

– Temos que ir logo, Jason esta esperando. – Piper deu uma última checada no espelho em sua penteadeira antes de seguir Thalia. A punk vestia um de seus típicos vestidos pretos com um pequeno casaco por cima. Era como se ela sempre estivesse pronta para um enterro, e considerando o fato de se morar em San Francisco, era uma ideia ate que bem econômica.

A cabeça de Piper deu voltas assim que Jason deu a partida no carro. Ninguém falou nada durante todo o percurso ate o funeral. Ninguém tinha o que falar. Hylla estava morta. Essa era a verdade.

Assim que estacionou o carro, Piper pode perceber finalmente a gravidade da situação. Não era um adolescente, nem um estudante. Era uma agente do F.B. I que estava morta. Centenas de repórteres fotografavam o local. Havia alguns seguranças barrando a entrada de algumas pessoas. Piper envolveu seus braços nos de Jason enquanto caminhavam ate o local, os saltos baixos de Thalia faziam um pequeno eco que mesmo com todo aquele barulho, Piper conseguia ouvir nitidamente. Era como se seus ouvidos estivessem em alerta.

– Vamos nos sentar aqui – Jason disse puxando a namorada para uma das cadeiras vazias no fundo. Logo à frente, Piper podia ver o caixão branco rodeado de flores brancas e vermelhas.

Anjo e diabo?

– Da pra imaginar numa coisa dessas? – Thalia sussurrou olhando para alguma coisa a sua frente.

Nem Jason, nem muito menos Piper disse nada. Estavam atordoados demais. Confusos demais. A garota sentiu o toque gelado de Thalia em seu ombro desnudo a forçando a olhar para frente. Seus olhos se fixaram em três pessoas atravessando a multidão de repórteres. Um senhor de cabelos brancos andava calmamente ate o caixão, atrás dele uma mulher morena estava agarrada a uma garota. Ambas choravam.

– É a família dela – Thalia sussurrou novamente. As duas garotas observaram o senhor, a mulher e a garota se sentarem ao lado do caixão. A menina, que parecia ter a idade de Piper desviou os olhos olhando ao redor, seus olhos encontraram os de Piper, depois os de Thalia, e então se desviaram para Jason.

Uma garoa cobre todo o cemitério, e Piper se perguntou se chover em enterros é algum tipo de coincidência, é como se tudo precisasse estar cinza e mórbido como os sentimentos.

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Annabeth Chase abriu a porta da caminhonete preta de Malcolm quando eles pararam no edifício onde se localizava a maior escola de San Francisco.

– Me liga se quiser carona de volta – Malcolm disse.

– Pode deixar – a loira respondeu.

O edifício – pensou Annabeth – nunca estivera tão amontoado de alunos. Jogadores do time de basquete se reuniam em uma pequena roda em frente ao bebedouro, algumas líderes de torcida, entre elas a irmã de Silena, Drew, faziam pequenos passos de dança. Um grupo de estudantes estavam em frente a sala de Apolo, uma garota loira estava no centro sorrindo amigavelmente e distribuindo alguns panfletos. Quando Annabeth passou por ela, a loira sorriu estendendo um panfleto.

– Ah, obrigada – Annabeth sorriu – Eu acho.

Calypso Atlas sorriu.

– Sabe eu tenho muito que agradecer Annie, sem você eu nunca conseguiria o posto de representante da classe.

Um nó se formou na garganta de Annabeth. Então foi Calypso “a sortuda” por conseguir o papel que era seu há anos!

– Meus parabéns, Calypso. – ela disse friamente enquanto entrava na sala de Apolo. Calypso a seguiu se sentando a sua frente.

– Você não esta nem um pouco chateada? – Annabeth a olhou sem nenhuma expressão – Quero dizer, esse foi o seu titulo durante muito tempo!

Annabeth forçou um sorriso.

– Você ficaria chateada?

– Ah, com certeza ficaria ate por que...

– Pessoal! Espero que tenham se preparado bastante porque hoje finalmente entregarei os trabalhos sobre a Segunda Guerra Mundial e... Como posso dizer... Bem as notas não foram as melhores com certeza.

Algumas vaias irromperam pela sala, fazendo Annabeth se virar para trás. Silena e Thalia estavam sentadas uma ao lado da outra enquanto Piper murmurava algo com Jason.

– Bem, vamos lá – Apolo pegou uma pilha de papéis em cima da mesa – Alguns destes estavam muito bons é claro.

Annabeth manteve a postura ereta e fez o sempre costumava fazer quando não tinha certeza se havia ido bem em alguma coisa: a pior nota que poderia tirar, uma nota horrível, mas que ainda sim garantiria que ela conseguisse ir com A na nota final ( embora uma nota horrível para Annabeth fosse um A-, ou no máximo, um B+). Um A- ela pensou enquanto Apolo colocava o trabalho em sua mesa. Essa é a pior nota possível. E então ela virou o papel.

Um B-.

Annabeth não costumava ficar surpresa com suas notas, mas aquela realmente não era uma das quais ela se orgulharia. Ela procurou por questões em que Apolo poderia ter errado ao corrigir, mas sinceramente não sabia a resposta para as questões ao lado de um grande X vermelho.

Tudo bem, talvez não estivesse estudado o suficiente, quer dizer, ela havia faltado uma semana inteirinha e quando finalmente voltou para a escola, uma mulher foi encontrada morta.

– Quanto você tirou? – uma voz sussurrou.

Annabeth deu um pulo. Calypso havia se virado para trás em algum momento tentando olhar nota de Annabeth. Sua prova estava exibida em cima da mesa. No topo da folha estava um A+, grande e vermelho.

– Fui bem – Annabeth mentiu apertando o trabalho contra o peito. Calypso sorriu e se virou para frente.

– Que bom – ela sussurrou.

Apolo comentou algo sobre a reunião de pais que aconteceria mais tarde,mas Annabeth não conseguia ouvir. Estava pensando no terrível B-.

******

Piper se se sentou à mesa de sempre. Hoje especialmente hoje, o refeitório estava cheio, mas surpreendentemente estava em silencio. Era o que geralmente acontecia depois de uma tragédia. As pessoas passavam dias em silencio, comentando e sussurrando pelos cantos sobre o ocorrido, mas nunca faziam nada. Só comentavam. Seus pensamentos foram interrompidos quando uma bandeja se chocou contra a mesa. Annabeth se sentou ao seu lado, naquele dia ela usava uma saia preta com alguns detalhes em roxo. Piper suspirou olhando para Thalia sentada a sua frente comendo um sanduiche de queijo. Silena estava ao seu lado trocando mensagens.

– Tudo bem – Piper disse quebrando o silencio – Por que diabos estão caladas?

Thalia jogou o resto do sanduiche em sua bandeja e depois encarou Annabeth nos olhos.

– Por que faltou tantos dias?

Annabeth largou o copo de café que bebia.

– Eu...

Por favor, alunos e alunas da Half- Blood School! Aqui é o Sr. D. o diretor dessa grande escola! Desejo que após o intervalo, todos se dirijam ao auditório onde apresentarei uma nova aluna em especial.

Murmúrios e sussurros foram ouvidos por todo o refeitório. Annabeth bebeu mais um gole de seu café se levantando.

– Preciso falar com uma pessoa antes – ela disse se levantando – Depois conversamos.

– O que deu nela? – Silena suspirou guardando o celular.

– É melhor irmos ao auditório. – Thalia se levantou ignorando a pergunta de Silena.

Piper olhou para a amiga que andava calmamente ate a saída. Seu celular vibrou anunciando uma nova mensagem. Ela olhou para Silena sentada a sua frente. O celular dela também vibrou.

Uma gif de seu pai e a mãe de Silena saindo do que parecia um escritório de advocacia. Os dois lado a lado enquanto murmuravam alguma coisa.

Querem saber o que isso significa?

Piper olhou para Silena. Pela sua expressão ela também havia recebido a mensagem. Outro Bip. Piper abriu a mensagem:

Não sabem como? Aqui vai uma dica: escritório de advocacia do Dr. Andrew. 19:35. Amanha. Estejam lá.

Piper olhou para Silena aflita.

Elas estariam lá.

*****

Thalia se sentou sozinha em uma das arquibancadas do auditório colocando seus fones de ouvido. Os alunos ainda não haviam se espalhado corretamente pelo local então muitos se reuniam em uma só fileira enquanto outras ficavam vazias. Alguém se sentou ao seu lado, porem Thalia não fez questão de ver quem era. Só depois de alguns segundos, reconheceu o cheiro do perfume inconfundível de Luke. Thalia deslizou um pouco para a esquerda tentando se afastar do garoto.

– Não precisa fugir de mim – ele disse ao perceber que ela se afastava- Eu só queria perguntar se estava tudo bem, já que não nos falamos durante algumas... Semanas.

– Eu, hum... Estou bem e você? – Como ela havia soado ridícula!

– Por que você anda me ignorando? – ele perguntou indo direto ao ponto. Thalia começou a suar frio. A verdade era que nem ela mesma saberia responder aquela pergunta. Depois de perdoar Luke por ter transado com Rachel, a punk estava certa de que eles poderiam, talvez, ser ate amigos. Mas tudo foi por água a baixo quando Nico entrou na jogada. – E não adianta dizer que não.- ele continuou - Poxa, Thalia! Eu achei que você tivesse me perdoado!

Ele soltou um muxoxo de indignação e Thalia pode perceber que ele estava ansioso. Sua perna tremia assim como os ombros de Thalia. Será que ele estava tão nervoso quanto ela? Ela esperava que sim.

– Eu te perdoei Luke! – ela disse se virando pra ele – Mas não significa que vamos andar de mãos dadas por ai. Eu disse que te perdoei ok? Mas eu não esqueci.

– Você disse que queria recomeçar!

– Mas não desse jeito!

Alguns alunos se sentaram atrás deles. Thalia olhou para frente enxergando uma cabeça loira junto a um garoto caminhando em sua direção. Ela soltou o ar aliviada quando Annabeth se sentou ao seu lado esquerdo, Percy estava ao seu lado contando alguma piada sem graça.

– Oi Annie! – ela disse abraçando a amiga e forçando um sorriso- Quanto tempo! - a punk sussurrou para Annabeth um: “me tira dessa”.

– Oi pra você também priminha do meu coração – Percy resmungou.

– Thalia ainda podemos conversar? – Luke perguntou.

– Desculpe Luke, mas eu e Thalia não nos vemos há muitos dias então com licença. – Annabeth puxou Thalia para o outro lado a sentando entre Percy e ela. Luke bufou.

O Sr.D entrou segurando um microfone. Era impressão de Thalia ou ele estava mais gordo?

– Alunos e alunas – ele gritou – Bem acho que preciso falar um pouco mais alto! – algumas pessoas murmuraram um “sem noção”, mas nada que o impedisse de falar. – Como eu havia comunicado há alguns minutos, uma nova aluna se matriculou na Half. – ele apertou os olhos para o lado. – Então gostaria que recebessem Reyna Avilla com carinho!

Uma garota morena adentrou no auditório indo para o lado do diretor. Alguns alunos murmuraram um “gostosa”. O corpo de Thalia se arrepiou dos pés a cabeça.

– Essa garota ela... – Annabeth sussurrou.

– Tem o mesmo sobrenome da... – Percy completou.

– Hylla. Ela era sua irmã.

*** BONUS

[Reunião de pais]

Apolo se sentou em frente a Zeus e Hera. Os dois encaravam o professor sem expectativas.

– Bem, pode começar – Hera disse indiferente enquanto lixava as unhas.

– Bem vamos lá – ele pegou uma folha de papel com alguns nomes escritos – Jason, ótimo atleta, bastante esportivo e educado, os senhores já pensaram em coloca-lo para fazer algum tipo de competição?

Zeus apenas negou com a cabeça.

– Ele gosta muito de jogar basquete sabe?

– Bem considerando o fato, suas notas estão subindo adequadamente.

– Podemos pular para Thalia? – Hera perguntou o olhando nos olhos.

Apolo ficou ereto.

– Bem, Thalia. Gênio forte, não é? Apesar de ter progredido muito nos últimos meses. Acho que ela pode ter algum tipo de THD ou mesmo outra forma de se expressar ao conversar.

Tristan Mclean se sentou na poltrona da sala da Sra. Dodds, ela era uma mulher de mais ou menos 50 anos de idade e não parecia estar muito contente em estar ali.

– Piper. Excelente garota. Educada, uma das poucas que salvaria dessa turma.

– Ela é ótima!

– Uma doce menina. As notas sempre impecáveis na medida do possível.Tenho certeza que se sairá bem no ultimo ano.

Apolo endireitou a gravata. O Sr. e a Sra. Atlas estavam sentados a sua frente.

– Bem o que dizer sobre Calypso – ele começou pegando um pequeno papel dobrado.

Tétis, a mãe de Calypso bufou.

– Não disse? Lá vem! – ela jogou as madeixas loiras para o lado – O mesmo fuzuê de sempre.

– O que foi? Foram as notas dela? – O Sr. Atlas perguntou desconfortável -Problemas de concentração, brigas entre garotas?

– Não me diga que tem haver com meninos? – Tétis perguntou. Apolo abriu a boca para falar, mas a mulher o interrompeu se virando para o ex-marido- Eu te disse. Não era para manda-la escolher com quem viver. – ela se virou para Apolo – Como se fosse normal para uma adolescente.

– Só nos diga qual o problema – O Sr. Atlas disse bufando.

Apolo tomou a palavra.

– Problema? Não estava ciente de que havia um. Academicamente Calypso é uma das melhores alunas que já tive. As notas são sempre acima da média. – ele pareceu pensar por um segundo – Na verdade gostaria de testar o QI dela. E socialmente, ela demonstra qualidades de liderança. Uma verdadeira líder.

O treinador Hedge buscou algumas anotações em seu computador. Sally Jackson e Poseidon Jackson estavam na sua frente. Os dois murmuravam algo sobre Percy.

– Então – O treinador começou – Percy. Excelente garoto.

– Sério? - Sally perguntou.

– Nenhuma habilidade de concentração. Na verdade é muito esperto... Mas não tira vantagens de seu talento.

Apolo encarou os olhos de Atena Chase.

– Annabeth. Uma incrível doce menina, mas... Como posso dizer.

– Apenas diga. – Frederick disse.

– Ultimamente a mente de Annabeth tem estado em outro lugar menos em seu corpo.

– O que quer dizer?

– Acho que tem algo a ver com a situação em casa.

– Não entendi o quer dizer – Atena o encarou.

– Algo relacionado aos pais advogados talvez?

– Sabemos que é ruim para ela, mas é um mal necessário – Atena disse.

– Necessário ou não estou preparado para algum tipo de...

– Rebeldia? – Frederick perguntou – Bem agradecemos sua preocupação, mas temos um ótimo relacionamento com nossa filha.

– Bem aberto e honesto – Atena completou.

– Fico feliz ao saber disso, e espero que ela esteja se sentindo melhor – Apolo disse se referindo a semana em que Annabeth faltou por estar “doente”.