Good girls

Isso não pode ser verdade. Não pode.


Thalia Grace repuxou mais uma vez a bainha de sua saia antes de se levantar rumo a saída. Sua melhor amiga, Annabeth, estava ao seu lado murmurando alguma coisa sobre a nova aluna, mas Thalia não se importava. Tudo o que ela queria fazer era caminhar ate uma caverna escura e se enfiar nela ate aquela situação constrangedora - não havia melhor palavra para descrever - passasse. Enquanto o Sr. D falava algo sobre a garota nova que se mudara no meio do semestre, Luke não parava de a encarar. É claro que Annabeth estava entre eles - e acredite se quiser: Annabeth Chase pode ser bem constrangedora quando quer. De qualquer modo, a loira pareceu perceber o clima tenso que se estendia ao seu redor e começou a empurrar Thalia gerando uma enxurrada de xingamentos por parte dos alunos. Quando o Sr.D finalmente acabou, Thalia se levantou enlaçando os braços no de Annabeth para que de qualquer maneira Luke não a incomodasse.

- Por que esta o evitando? - Annabeth finalmente perguntou assim que chegaram ao estreito corredor. - Mas que diabos aconteceu?

Thalia hesitou por um segundo.

O que aconteceu?

Nem ela sabia ao certo.

- Eu não posso falar com ele agora entende? - elas pararam em frente ao armário de Thalia. Annabeth se recostou no armário cinza de algum outro aluno enquanto tirava de sua bolsa o que parecia um Tablet.

- Realmente? Eu não entendo Thals! Você passou praticamente os últimos anos tentando fazer o Luke te notar como algo a mais e finalmente quando isso acontece, você quer cair fora? Qual é Thals!

- Desde quando se importa com meus relacionamentos? - Annabeth franziu a testa.- Por acaso sabe de alguma coisa que eu não sei?

- Não me importo - disse rapidamente.- e não sei de nada, eu juro.

Mas estava mentindo.

Ela sabia de algo sim. Mas não contaria para ninguém. Nunca.

Annabeth abriu a boca, mas a voz do diretor ecoou pelos microfones.

- Por favor dirija-se a minha sala a aluna...é... Anna...Annabeth Chase imediatamente.

- Cara você ta muito ferrada.

Annabeth revirou os olhos respirando fundo mais uma vez.

♞♞

A porta da diretoria havia sido pintada recentemente. Uma fina cascata de tinta branca cobria a porta. Annabeth estremeceu antes de entrar. Lá dentro o ar parecia estar completamente escasso. Se não fosse por um pequeno ventilador de teto o Sr.D provavelmente morreria ali dentro. O cheiro também não era muito agradável.

- Senhorita Annabel Chase que surpresa!

Annabeth observava a escultura antiga que enfeitava uma pequena mesa ao lado da porta.

- É interessante dizer isso já que foi o Sr. quem me solicitou.

Ela se virou para encará-lo, mas seus olhos foram de encontro a outros. Uma garota estava sentada em uma das poltronas. Era morena com um leve ar de superioridade. Reyna.

- Annabeth quero que conheça pessoalmente Reyna Avilla.

A loira exitou em apertar as mãos da morena. Seus dedos eram frios fazendo Annabeth se afastar. Reyna pareceu não perceber. Continuou com o mesmo ar de superioridade no rosto.

- É um prazer conhece-la Anna...

- Annabeth! E é um prazer também!

Reyna assentiu olhando para o Sr.D.

- Por que não se senta Annabeth?

- Na verdade não posso Sr.D tenho Álgebra e...

- Ah, não se preoucupa Annabeth! Creio que fará um programa bem mais divertido do que Álgebra.

- E isso seria?

- Bem, chequei seus horários e seu currículo, espetacular diga-se de passagem, bem continuando - ele olhou para a mesma escultura que Annabeth admirara minutos atrás. - Vi que suas notas são exemplares então gostaria que fizesse um pequeno serviço.

- E qual seria?

- Quero que se encaminhe de mostrar toda a escola para Reyna! - Annabeth abriu a boca para falar, mas foi interrompida. De novo. - É uma ótima oportunidade para que ela faça novos amigos Annabeth. E pelo que percebi você é uma ótima pessoa para isso...Além disso não irá fazer tudo sozinha. Arrumei uma acompanhante para você e Reyna! - Annabeth olhou para Reyna que mantinha a mesma expressão no rosto. - Srta. Atlas! Entre por favor!

A vida de Annabeth era uma merda.

♚♚

Silena Beauregard destrancou a porta de sua casa silenciosamente. Já se passavam das quatro da tarde e ela tinha certeza que a mãe não havia chegado. Mas a irmã sim. E se tinha uma coisa que Silena odiava mais do que estar explodindo de dor de cabeça, era estar explodindo de dor de cabeça enquanto ouvia Drew falar sobre esmaltes e biquínes. A garota subiu as escadas passo a passo e parou a poucos metros do quarto. A porta do quarto de Drew estava entreaberta revelando a silhueta da morena caminhar pelo ambiente de um lado para o outro. Silena se aproximou, espiando pela fresta a irmã morder as unhas impaciente. Um hábito comum quando se estar nervosa. Drew se sentou na poltrona verde que ficava em sua escrivaninha se virando para a janela. Seu quarto dava direto para a rua, o que ela adorava em dias de sol. Silena trocou o peso do pé para outro fazendo a porta se abrir. Drew se virou abruptamente.

- O que ta fazendo aqui? - Ela perguntou se levantando. Silena abriu a porta ainda mais para que pudesse entrar. - Não me diga que estava espiando.

- Que? Claro que não! Eu estava passando e vi a porta entreaberta.

- E então decidiu espiar.

Silena revirou os olhos se jogando na cama de casal da irmã. Ela adorava camas e não era nenhum tipo de fetiche estranho. Ou pelo menos achava que não.

- Por que esta nervosa?

- Não estou nervosa! - Drew se levantou caminhando ate o espaçoso closet. Algumas roupas estavam despenduradas.

- As unhas da sua mão direita estão todas ruídas, seus olhos estão vermelhos e você nem ta vestindo uma roupa! Isso é uma camisola?!

Drew entrou no banheiro apressada.

- Eu so preciso de alguns minutos. Amanhã é a festa de aniversário de Clarisse Lá Rue e eu como era de se esperar fui convidada!

Silena revirou os olhos.

- Clarisse não odeia você desde o sétimo ano?

- Odeia. Mais odeia mais ter uma festa onde ninguém apareça. Você vai não vai?

Silena exitou e por um segundo pensou em concordar. Mas ela ja tinha um compromisso.

- Não posso, tenho coisas mais importantes para fazer.

- Tipo o que? Correr pela floresta e ser acolhida por ursos? Ah, Silena! Pode por favor pegar uma toalha limpa?

- Claro - Silena caminhou ate o closet da irmã. A unica coisa na qual Drew se importava. As toalhas ficavam dentro de uma porta qualquer. Silena abriu deixando cair alguns papéis avulsos.

- O que você ta da fazendo? -Drew gritou de onde estava.

- Nada!

Havia desenhos de roupas e bolsas. "Então é isso que ela faz no tempo livre?" -Silena se perguntou. Uma folha avulsa chamou a atenção da morena. O desenho de um pequeno olho cortado ao meio chamou sua atenção. Ela olhou para o próprio pulso. Eram indênticas. O desenho estava um pouco desbotado na lateral,mas as letras ainda eram visíveis: I see everthing. Escrito em letras de forma logo abaixo do desenho. Silena suou frio.

- Mas que droga - ela sussurrou enquanto dobrava o papel. Ela pegou uma toalha qualquer a deixando na porta de Drew e depois desceu as escadas correndo.

A morena estacionou o carro em frente a mesma loja que visitara semanas atrás. O lugar cheirava a homens velhos e cigarros. Ela empurrou a pequena porta de vidro se embriagando com o cheiro estonteante de maconha barata.

- Você aqui? - Alguém pigarreou atrás dela. O mesmo homem que a expulsou da última vez estava lá. Olhando para ela. Encarando-a. Ele parecia ainda mais assustador.

- Preciso que me responda uma coisa. - Ela disse.

Ela olhou atenta para uma parede coberta de desenhos

- Eu não posso ajudá-la.

- Por favor! Precisa me dizer o que isso significa! - Ela levantou a manga da camisa que vestia. Por baixo, a tatuagem estava evidente mesmo coberta por uma camada de base. O homem pareceu vacilar por um momento antes de se virar para o balcão. - Olha eu não sei o que aconteceu naquela festa, mas estou disposta a descobrir! Eu posso pagar. Muito dinheiro.

O rosto do sujeito pareceu empalidecer por um instante. Ele se inclinou e sussurrou tão baixo que Silena quase não o escutou:

- Você não vai querer saber.

- Não é você quem decide. - A garota se afastou por um instante. - Só quero que me diga o que significa. É algum tipo de código?

- É mais que um simples código menina.

- Então o que é?

- Preciso do dinheiro.

Silena revirou os olhos retirando um pequeno envelope de sua bolsa azul. Ela o entregou ao homem.

- Esse desenho ele... ele foi pedido a alguns anos por outra garota. - Ele disse abrindo o envelope.

- E daí?

- Ela era muito nova. Acho que uns quartoze anos seria muito, mas ela pagou bem. Muito bem. Ela queria que eu tatuasse na nuca esse mesmo desenho então eu fiz isso.

- Não entendo.

- Então eu perguntei o significado da tatuagem. Todos tem um significado. E então ela me disse que queria ter uma marca em algum lugar pra poder se lembrar de não havia nenhuma coisa que ela não visse. - Ele parou por um instante. - E então ela começou a vir aqui algumas vezes na semana e logo nos... nos tornamos amigos. Ela me contava tudo o que acontecia na vida dela. Em como ela gostava de ser mimada pelas pessoas e de como gostava dos privilégios de ser uma "rainha".

- Ela quem?

- Então um dia, enquanto eu fechava aqui ela bateu na porta toda molhada e machucada. Estava chorando. E chorou por algumas horas sem me contar o que tinha acontecido. Depois ela foi embora. Demorou mais duas semanas até que ela viesse aqui. - Ele tossiu algumas vezes - E então ela veio em um dia me dizendo que precisava me dizer uma coisa que nunca contou para ninguém.

- O que ela te contou?

- Ela não contou. Na ultima vez que eu a vi ela estava atordoada demais...

- O que aconteceu?

- Não parecia ela, estava diferente. - ele murmurou olhando para os próprios pés. Como se fosse doloroso demais se lembrar. - Ela me disse que iria a uma festa e que talvez coisas ruins acontecessem. Eu pensei que ela estava blefando então no outro dia ela...

- Morreu.

⇦⇨⇦⇨

— E aqui é a sala de teatro - Annabeth disse pela vigésima vez. Não que ouvesse vinte salas de teatro na escola, mas ela não aguentava mais ter que apresentar tudo a Reyna. Ela não falava quase nada e quando falava era para perguntar se ainda tinha mais coisa para apresentar. Bem isso era apenas um dos problemas.

- Já acabou?

- Na verdade ainda falta as salas de informáticas...

- VOCÊS NÃO ACREDITAM O QUE EU ACHEI! - Isso era o outro problema,Annabeth pensou. Calypso. Ela não parava de falar um segundo sequer. Dez minutos atrás ela havia finalmente saído para comprar um café. - Conseguem acreditar que eles vendem café nesses copos personalizados? É tão vintage!

Annabeth revirou os olhos.

- Eles fazem isso desde que estavamos no oitavo ano...

- Serio? Eu nunca tinha percebido. - ela frisou os olhos olhando de Annabeth para Reyna.

- Ah, claro! Reyna por que não vem conhecer o pequeno pátio atrás da quadra de basquete?

— Na verdade Annie - Calypso bebericou seu café - Eu e Reyna vamos sair. - Annabeth revirou os olhos. Calypso havia armado algum tipo de seita malvada contra ela? Primeiro a liderança da classe, depois o -A destacado em sua prova e agora ela queria roubar sua unica chance de provar ao diretor que continuava a ser a mesma Annabeth comprometedora com todas as atividades que lhe eram passadas - mesmo que isso significasse andar com a irmã de uma defunta pelos corredores do colégio.

- Reyna se me der linçença - ela puxou Calypso pelos cotovelos. - Será que pode me explicar por que quer estragar isso?

- Qual é Annabeth - ela sorriu em deboche - Sr. D nos pediu para que fossemos legais com a novata! Ela acabou de perder a irmã! Seja um pouco mais sensível.

A loira revirou os olhos.

- Pra onde você vai levá-la?

- Eu pensei em ir em uma das minhas boates preferidas na rua principal ou talvez...

Annabeth pigarreou antes que ela terminasse.

- Qual é Annabeth? Olhe só pra ela! - As duas garotas se viraram para a morena escorada em uma das paredes. - Esta perdida!

- Tudo bem. Mas eu vou com vocês.

A vida de Annabeth havia se tornado de fato uma merda. E alguém acabara de dar a descarga.

A boate cheirava a velas aromáticas misturadas com algum tipo de frangância barata. Era escura e ficava entre um bar e o que parecia ser um cabaré - ao menos foi o que Calypso disse - havia algumas pessoas se beijando, mas nada demais. Havia um bar repleto de homens de terno. Algumas garotas dançavam sensualmente em um pole dance. Todas aquelas luzes a deixavam enjoada.

Deixavam Annabeth muito enjoada.

- Ei! - Calypso e Reyna não pareciam nem um pouco desconfortáveis. Aliás as duas estavam ate que um pouco animadas. A morena se sentou em uma poltrona púrpura. Annabeth se sentou na outra ao seu lado enquanto Calypso havia ido ate o bar pedir o que beber.

- Então... - ela tentou puxar assunto. - Como foi se mudar pra cá? - Reyna a encarou. Sem parar. Annabeth se repreendeu mentalmente pela pergunta. - Oh, me desculpa se...quero dizer eu não...

- Tudo bem. - a garota a pausou. Sua voz transmitia algum tipo de superioridade. Assim como o olhar. - Eu e minha mãe queríamos nos mudar para cá a algum tempo sabe? Hylla nos convenceu ser uma ótima cidade. - ela sorriu - Tirando os assassinatos - Reyna abaixou os olhos. - Então depois de tudo que aconteceu, eu e minha mãe nos mudamos pra cá. Sabe? Ficou mais fácil lidar com isso tudo aqui. Minha família sempre levou muito a sério a frase "encare seus problemas de frente".

- Eu sinto muito.

Calypso voltou com uma bandeja com algumas taças.

- Trouxe a bandeja inteira? - Reyna perguntou.

- Mas é claro! Vamos comemorar!

- Calypso. - Annabeth a repreendeu.

- Não tudo bem. - Reyna disse.

- Vamos beber isso tudo? Sério? Quem vai dirigir de volta pra casa?

- Annabeth aproveita um pouco a independência! - os olhos de Calypso tinham um brilho diferente. Como se ela realmente estivesse achando aquilo divertido.

- Não somos independentes. - uma música eletrônica começou a tocar.

- Ela sempre costuma estragar o clima? - Reyna perguntou por cima da música.

- Aham - Calypso disse franzindo a testa e virando uma taça de uma vez. Ela cambaleou e olhou para a morena a desafiando. Reyna bebericou a bebida algumas vezes antes de virar todo o líquido em sua garganta. - Sua vez loira!

- Eu não vou beber isso! - disse. Calypso deu de ombros pegando mais uma taça a bebendo um pouco mais devagar. Outra música começou.

- Querem dançar? - Calypso perguntou colocando a taça vasia na bandeja. Annabeth revirou os olhos. - Vem! - ela puxou Reyna pelos braços ate a pista de dança. Havia poucas pessoas ali. Ainda bem.

As luzes se apagaram algumas vezes. Alguns tons de roxo iluminaram o lugar. Depois uma música mais animada ainda começou a tocar fazendo as poucas pessoas sentadas se levantarem. Annabeth sentiu algo vibrar na bolsa pequena que carregava.

Era Atena.

Mas Annabeth não fez questão de atender. Ao invés disso pegou uma taça na bandeja e bebeu o mais rapido possivel. Depois caminhou ate onde Calypso e Reyna dançavam ao som de I'm an Albatraoz.

♛♛

Piper desligou o celular. Nuvens cobriam o céu escuro ameaçando uma tempestade. Eram 19:00. Assim como estava marcado. Algumas pessoas passaram pelo seu carro, mas não fizeram questão de parar. Ao seu lado, Silena Beauregard esfregava as mãos impaciente. Naquele dia, especialmente naquele dia ela estava mais calada que o normal - não que Piper achasse ruim considerando a situação. Quando chegou a exatamente dezesseis minutos atrás Silena vestia apenas um vestido curto verde e botas azuis. Piper ate comentou algo de como o clima mudava rapido, mas a conversa não foi adiante. As 19:04 um carro parou do outro lado da rua. Exatamente em frente ao que parecia ser o escritório de advocacia do Dr. Andrew. Uma mulher saiu de lá. O sobretudo vermelho contrastava de longe com a pele reluzente. Outro carro parou atrás do seu e de lá um homem que Piper conhecia muito bem saiu . Seu pai vestia uma camisa social preta e jeans escuros. Elas ficaram estáticas enquanto os dois adentravam no prédio. Piper abriu a porta.

- O que vai fazer? - Silena perguntou.

- Não acha que vou ficar aqui acha? Você não vem?

Silena manteve os lábios em uma linha reta ate concordar e descer do carro. Elas atravessaram as ruas apressadas. Lá dentro tudo parecia completamente novo. A mobília, o ambiente, tudo. Não havia nenhuma secretária no balcão o que fez Piper desconfiar que talvez ele - o Dr.- não estivesse em seu tempo de trabalho. Havia vozes do que parecia ser uma unica porta ao lado de uma mesa. Silena se apressou a andar ate a porta. Piper pode ouvir a voz de seu pai lá dentro. Parecia estar nervosa. Elas olharam uma para a outra antes de se apertarem com os ouvidos grudados na porta.

Um péssimo hábito. Mas viciante.

- Você quer ferrar com toda a minha vida? - Alguém disse lá dentro. Piper se encolheu. Nunca pensou ouvir seu pai tão nervoso.

- Eu só quero uma chance! - A mãe de Silena pigarreou.

Ouve um silêncio pertubardor. Tanto Silena quanto Piper não se mechiam. Elas não sabiam se eles estavam sussurrando muito baixo ou se tinham parado de conversar.

- Você não merece nenhuma chance! Ela é minha, e isto legalmente! Diga pra ela Andrew! Diga que Piper é minha filha!

- Ela também é minha filha!

O coração de Piper parou. Ela se desgrudou da porta atordoada.

- Piper... - Silena começou.

Mas já não adiantava. Piper girou a maçaneta entrando na porta como um foguete.

- DIGA QUE ISSO NÃO É VERDADE! - ela gritou. Seu pai se afastou da cadeira onde estava se pondo em pé.

- Piper? O que ta fazendo aqui? - Tristan perguntou.

- PAI POR FAVOR! - A garota implorou. Algumas lágrimas escorreram pela sua bochecha, mas ela as ignorou.

- Piper não é o que esta pensando.

- Então você teve uma filha com ela? É?

- Vamos pra casa e podemos conversar calmamente, filha.

Querem saber o que isso significa? - a mensagem estalava em seu cérebro.

Afrodite pegou sua bolsa.

- Pai por favor me diz a verdade.

- Mãe por favor me diz que isto não é o que esta parecendo. - Silena segurava os ombros de Piper tentando confortá-la.

- Sabe Sil? Se isso estivesse acontecendo a exatamente dezesseis anos antes eu fugiria desta situação! Mas não agora. Não hoje. Eu não posso continuar a fugir das minhas responsabilidades. E mesmo que isso signifique mudar drasticamente a minha vida... eu não quero ter que viver com isso na consciência. Não mais. - ela olhou para a filha e depois para Piper. - Sabe Piper? Você não tem uma irmã. Você tem mais duas. E Elas não são filha de...

- Para. - Tristan implorou. - O que vai fazer agora é tão cruel quanto o que fez antes.

- Então é verdade? - Piper se virou para o pai. Seus olhos encheram de mais lágrimas. Tristan nem ao menos a olhava. - OLHA PRA MIM! ME DIZ SE É VERDADE! E POR FAVOR PELO MENOS UMA VEZ PARA DE MENTIR PRA MIM! - Ela gritou.

Silena se encolheu afastando-se da amiga enquanto se escorava na porta. Seus dedos começaram a tremer freneticamente. Talvez estivesse em um ataque de pânico. Só podia ser brincadeira.

- Não quero viver com isso Tristan! - Afrodite implorou. - Ela mereçe saber a verdade. E sabe disso!

Piper cambaleou para trás. Os saltos pretos estalaram no chão.

- Qual é a verdade?

- Eu sou sua mãe, Piper Mclean.

- Não. Não. Não. - ela fechou os olhos com força. Ignorando tudo. - Pai? - Mas ele não a olhava. Isso denunciou tudo.

Isso foi o fim.

- Eu queria te contar...

- ISSO É MENTIRA! - Ela gritou. - Por toda a minha vida. - as lágrimas agora escorriam de seus olhos com mais intensidade - Você me disse que minha mãe havia me abandonado! Você me disse que ela não queria atrapalhar a carreira então sumiu no mundo! Você nunca ao menos me deu uma foto dela!

- Piper eu sinto muito... - Afrodite começou.

- CALA A BOCA!

Silena deslizou a porta caindo no chão estática.

- Por toda a minha vida você fez com que eu acreditasse que nunca conheceria minha mãe quando na verdade ela estava bem do meu lado! - Afrodite deixou algumas lágrimas escorrerem, enquanto Piper olhava para ela e Tristan. Chorando. - Bem na minha frente! Enquanto eu dormia na casa dela durante os finais de semana! Durante os feriados.

- Piper eu...

- Ela estava em todos os meus aniversários! Em todas as festa na casa de Silena nos encontravámos.

- Minha filha... - Tristan se aproximou tocando seu rosto - Eu não queria isso. Não queria que descobrisse assim.

- Serio? - ela soltou uma risada sarcástica. - E desde quando se importa realmente?

- O que?

- Qual é Tristan! - ela limpou as bochechas - Você nunca se importou em me perguntar como realmente foi o meu dia. Você só chegava em casa cansado. Morto de cansaço na verdade. E nunca tinha tempo pra mim. - Piper se afastou do pai. - Eu nunca entendi. Mas agora eu entendo. - ela se agachou ate onde Silena estava. Não soube de onde retirou forças, mas conseguiu a reerguer. As lágrimas ainda embaçavam sua visão e seus pensamentos estavam a mil por hora. Mas ela não poderia deixar a amiga ali. - Você deve realmente odiar Afrodite com todas as suas forças. Por que propagou todo o ódio por ela, em mim.