Good Morning Call - BBRAE

Mais que Amigos, Friends!


POV Garfield

Mais um dia de escola. Tive que ir um pouco antes para a escola para não desconfiarem de mim e da Quel. Lá, preciso fingir que a desprezo e vice-versa. Ninguém nunca iria imaginar que eu, o popular Garfield Logan moro com a esquisita e calada Rachel Roth. Eu também duvidaria.

Eu estava com uma calça desfiada de leve, não totalmente rasgada, tênis desgastados (inclusive uma das minhas meias está furada), camiseta preta escrito "Surf" em azul, imitando uma onda. Passei também meu perfume arrebatador, aquele que as garotas adoram.

Rachel não me olhou nenhuma vez. Ainda bem. Não preciso dela. Já tenho muitas garotas a fim de mim. Sem contar que eu com certeza a rejeitaria.

POV Rachel

Como o Garfield é exibido! Ele nem disfarça o sorrisinho quando é convidado para um encontro, ouve declarações ou recebe presentinhos e bilhetinhos. Esse cara é o pior. E se acha demais.

Claro, eu ainda o desprezo, dentro e fora de casa, não suporto nem ouvir dizer o nome dele.

Mais uma vez, eu estava sozinha num canto, lendo um dos meus livros. Pelo menos, ninguém me incomodava, mas eu ouvia fofocas a meu respeito.

Uma das únicas que falava comigo e eu sentia que não tinha maldade era a Kory Anders. Sim, aquela ruiva linda de invejar. Ela não se acha nem um pouco. É super humilde, gente boa e boazinha. Agora sei porque o Dick Grayson é amarradão nela. Ele tem motivos. E ela também gosta dele. Mas nenhum deles admite.

— Oi! - Disse Kory, enquanto eu lia um capítulo emocionante.

— Oi, Kory. - Respondi, com minha voz um tanto rouca.

— Tá lendo o que?

— Crônicas do Passado por George Lewis.

— Nossa, parece super legal! - Aquela alegria dela parecia a de uma criança, mas eu até gostava.

Eu não sentia maldade tampouco falsidade nela. Queria amizade, mas não sei como pedir isso a alguém. Ficar sozinha nunca me incomodou, mas ter alguém como ela por perto não faria tanto mal assim. Seria até divertido.

Acho que ela não curte esse tipo de livro e nem sabe do que este se trata, mas... Eu gosto dela. Tem algo nela que eu gostaria de ter: Brilho no olhar.

Não que eu odeie a vida, mas eu sempre fui muito reclusa, afastada. Por isso, todos me chamam de estranha e me repudiam, mas eu não sou má na verdade. Ser chamada de demônio é muito ruim, mas eu já me acostumei. Eu sou tímida na verdade, deve ser por isso não consigo me aproximar muito de ninguém, tampouco confiar. Sei de histórias terríveis sobre confiança e traição. Eu queria ser mais como a Kory, sem medo de ser feliz.

— É sim. Muito legal. - Respondi, dando um pequeno sorriso tímido.

Ela abriu outro largo sorriso e parecia ter me iluminado.

— Por que está sempre sozinha? Não gosto de te ver só! Quer vir com meus amigos?

— Eu gosto de ficar na minha, mas confesso que sou um pouco tímida e nada boa em fazer amizades... - Confessei, sem medo do julgamento de Kory.

— Não seja por isso. - Respondeu Kory, estendendo-me a mão. - Eu serei sua amiga.

Olhei para a mão dela, cheia de dúvidas. Podia mesmo confiar nela? Como saber se não era armadilha? Mas sempre que eu olhava para o olhar dela, o sorriso dela, eu sabia que era verdadeiro. Kory esbanjava espontaneidade e sinceridade, bem como nunca queria magoar os sentimentos dos amigos.

— Você aceita mesmo ser amiga de alguém como eu? - Perguntei, como se eu fosse de outro planeta.

— Como assim? Acredito que todos mereçam ter amigos! E quanto mais melhor! Eu amo fazer amizades! Você não acha glorioso ter um amigo? - Ela sorria e olhava para mim, fantasiando sobre esse papo sobre amizades.

— Não sei dizer ao certo. - Forcei o riso. - Nunca tive um amigo verdadeiro.

Kory tapou a boca com as duas mãos. Eu me assustei um pouco.

— Não pode ser! - Ela disse. - Alguém tão legal como você não tem amigos? Eu serei sua melhor amiga então!

— Não precisa se forçar a falar comigo, Kory, você tem tantos outros amigos...

— Todos eles cabem no meu coração. Um amigo é um tesouro. Não faço isso por pena, eu realmente quero você como amiga, Rachel.

Aquilo me emocionou tanto que eu quase chorei. Sorte que não costumo chorar quando tem alguém perto de mim.

— Isso é algo muito bonito de sua parte, Kory. - Eu sorri de canto. - Aceito ser sua amiga, sim. Obrigada.

Ela bateu palminhas e apertou minha mão.

— Glorioso! - Disse ela e eu ri. - Quer conhecer meus amigos?

— Pode ser. - Dei de ombros, rindo da empolgação dela.

Ela me puxou pela mão e eu fechei meu livro. Eu teria muito tempo para lê-lo, mas não posso decepcionar a Kory agora.

"Ela é tão doce que parece um anjo..." - Pensei comigo mesma.

Chegando no refeitório, Kory cumprimentou algumas pessoas que eu já conhecia. Um deles era o atleta super alto Victor Stone. Ele jogava basquete e era muito engraçado.

O outro era a paixão secreta da Kory - Ou não tão secreta. Metade da escola sabe da paixão que ela tem por ele, e ele por ela. Ele é muito inteligente e é um ótimo líder da classe (pois é, essas pessoas estudam comigo, mas nunca conversei com elas).

Por fim, Kory me mostrou um garoto mais baixo até que Dick que eu tive que limpar os olhos para ver. Olhos verdes, cabelo verde, barba crescendo, sorrisinho, um quilo de perfume... Não me diz que a Kory, toda doce e meiga é amiga daquele cara!

— E este é o Garfield. - Sorriu Kory, apontando para aquele ser irritante.

Tentei não fazer careta.

— É um prazer. - Disse.

— O prazer é meu, "Quel".

— Já disse para não me chamar assim! - Espremi os olhos para aquele folgado.

Victor, Kory e Dick não entenderam nada.

— Ué, vocês já se conhecem? - Perguntou Dick.

— Parecem tão íntimos. - Comentou Victor, coçando o queixo.

— Ah, sim, já tive o "prazer". - Disse Garfield. Certeza que ele foi irônico.

— Parece que não se dão tão bem... - Disse Kory. - Mas isso deve mudar com o tempo! Vamos, amigos! Vamos aproveitar o intervalo!

Eu comi apenas uma maçã, não estava com a mínima fome. Os demais comeram no refeitório. É incrível como a Kory olha para o Dick. É diferente de olhar para mim, Garfield ou Victor. Ela muda complemente perto dele. Os olhos brilham, o sorriso surge e ela parece ficar boba perto dele. Ela gosta muito do Dick e ele tem sorte em tê-la por perto. Sei que ele sente o mesmo por ela, porém é tímido para admitir.

O Victor, pelo que eu já notei, deve gostar de uma menina chamada Jinx. Ela é do outro terceiro ano. Victor sempre conversa com ela, mas desconfio que há algo a mais. Bom, não é da minha conta.

Já o Garfield é um caso perdido. Bebe nas festas, fica muito louco, sai com garotas... Ele não parece do tipo que quer constituir uma família. Ele devia se apaixonar, só para aprender que as coisas não são só festa e a não ter um harém a disposição.

Ao fim da aula, eu estava mais animada, já que tinha outras pessoas para conversar. Gostei de todos. MENOS do Logan. Não dá mesmo pra gostar dele!

Troquei número de telefone com Kory e os garotos. Menos com o Logan. Não quero contato nenhum com aquele chato. Para minha infelicidade, ele mora comigo! Tá vendo minha sorte?

POV Garfield

A Quel deve estar ainda de saco cheio de mim. Eu também estou, mas ela devia ter disfarçado mais, né? Eu gosto de ser gentil com todas as garotas, mas com ela simplesmente parece impossível! Consigo falar normalmente com qualquer outra, menos com ela! Por que isso acontece?

Claro, a Kory é como uma irmã para mim e sei o quanto ela é apaixonada pelo Dick. Nunca poderia dar em cima dela. Nem mesmo poderia dar em cima da Jinx, que acho que o Vic está de olho. Não sou do tipo que rouba a garota do parça.

Eu estava indo para casa, quando avisto pessoas conhecidas na porta do meu prédio. Notei outras pessoas com eles.

— Mãe? Pai?

— Filho! Viemos te visitar! - Falou minha mãe, me abraçando.

POV Rachel

Cheguei em casa e já estou com um problema. Os pais do Logan vieram vê-lo e adivinha: Meus pais resolveram vir ao mesmo dia! O que faremos agora? Não tem como escapar...

— Pai? Mãe? Que surpresa. - Senti meu corpo todo trêmulo.

— Querida! Que saudades! - Falou minha mãe, me abraçando, seguido do meu pai.

— Viemos te visitar! - Falou meu pai, sorrindo.

Olhei para o Logan e engolimos em seco. Pelo olhar, dissemos: "Estamos muito encrencados".

Oh-oh. Como explicar isso agora?