POV Rachel

Enfim vou realizar meu sonho de estudar psicologia. Estou muito animada! A minha cara está como sempre, mas por dentro, não posso me conter. Faz um ano que morei com meu namorado Garfield, ainda que por engano. Não foi ruim, conseguimos crescer como pessoas, conquistar independência financeira e... Bom, nos apaixonamos e é isso aí.

Como ele é um ano mais novo, ainda está no terceirão. Eu não sei se gosto da ideia de ter um namorado mais novo que eu. Sei lá, garotas amadurecem mais cedo, então o certo seria ter um namorado mais velho. Mas... Eu gosto dele, gosto mesmo. E ele amadureceu bastante nesse um ano.

As aulas nos EUA começam em agosto, então amanhã será meu primeiro dia de aula na universidade. Estou tão nervosa que sinto que estou no looping de uma montanha-russa.

Recebo uma mensagem do Gar, dizendo "Boa sorte!", com um coração verde ao lado.

Não consigo abafar o sorriso bobo que se forma em meus lábios ao ler aquilo. Ele era um bobão, mas um bobão muito fofo, que se importa muito comigo. Acho que não tem problema ele ser um ano mais novo, não.

Mando um áudio pra ele:

— Obrigada, bobão. Boa sorte pra você também. Te amo.

Ao dizer a última frase, meu rosto ficou pegando fogo. Faz um ano e ainda não acostumei com isso. Que idiota que eu sou.

Bem, agora não nos vemos com muita frequência. Eu moro na minha casa e ele, na dele. Não moramos naquele apartamento desde que decidimos voltar cada um para sua casa. Sentimos a falta um do outro e agora com um na escola e a outra na faculdade, ficará mais difícil de nos vermos.

— Filha! - A voz da minha mãe me tira dos pensamentos. - Vem jantar!

— Já vou! - Respondo, lendo o que Gar tinha me mandado.

Era um áudio também:

— Também te amo, gatinha! - Ele solta uma risadinha. - Estou com muitas saudades. Espero que não esqueça de mim lá na facul.

Eu dei risada. Como o Logan podia ficar inseguro, sendo que quando eu o conheci parecia ser o "Senhor Seguro de Si"? Como as coisas mudam mesmo...

— Como se fosse fácil esquecer um cabeça de abacate como você. - Eu ri no meio do áudio. - Não vai acontecer. E você nem pense em olhar para outra menina, ou mato você.

Ele mandou em mensagem dessa vez:

kkkkkkk pode deixar, gatinha. (emoji piscando)

Sorri e coloquei o celular no meu criado-mudo, me dirigindo para a cozinha, onde minha mãe já estava impaciente com tanta demora.

— Seu namorado não te largava? - Ela riu, mostrando que não estava brava.

— Mãe! - Corei.

— Deixa ela, Angela. - Riu meu pai, me deixando mais calma. - Está ansiosa?

— Muito. Eu sempre quis fazer esse curso.

— Sua mãe e eu demos duro para pagar esse curso. Sei que vai se dar bem. - O papai sorriu e não pude deixar de retribuir.

— Irei dar meu melhor. - Sorri, comendo meus legumes.

Desde que comecei a namorar o Garfield, consigo mostrar melhor meus sentimentos, consigo sorrir mais e abraçar mais. Era estranho no começo, mas agora eu só sigo o que eu quero. Não tento reprimir nada. Não tive mais visão nenhuma.

POV Garfield

Cara! Minha gatinha vai para a faculdade e tô realmente preocupado se ela conhecer outra pessoa. Sei que não sou inseguro, mas é que amo a Rae e nunca mais vou encontrar alguém como ela. Nem sei o que eu faria se ela me largasse.

Me sinto um pouco solitário desde que paramos de morar juntos, mesmo podendo nos ver quase todos os dias, mandar mensagens e etc. Mas não é a mesma coisa que morar juntos. Quero juntar dinheiro e alugar outro lugar para nós.

Amanhã eu não vou ver meus amigos. Eles todos se formaram. Kory, Dick e Victor. Até a Tara. Estou um pouco triste.

Estou na cama lendo algum dos meus quadrinhos e aguardando mais alguma mensagem dela, mas nada. Acho que está jantando. E acho que estou sendo grudento pra caramba. Vou ter que parar com isso. Ela gosta de espaço. Sempre foi independente, não posso tirar isso dela.

Sinto um cheiro delicioso na cozinha e vou ver o que é. Pizza! Meus pais pediram pizza para comemorar o novo ano letivo. Mas que baita comemoração...

— Garfield, filho! - Mamãe me chamou. - Vem cá.

Vou até eles.

— Compramos pizza para comemorar que meu bebê vai para o terceirão! - Falava ela, mais animada que eu.

Na real, nem tô animado.

— Meu filhão! - Meu pai me deu um abraço que quase quebrou minha costela. - Sei que vai sentir falta da sua namoradinha, mas poderá vê-la nos fins de semana.

— Não sei, não... - Suspirei. - Eu acho que ela vai morar no campus.

Meus pais se olharam.

— Não fica assim, bebê. Come um pouquinho de pizza de portuguesa, você adora. - Minha mãe me ofereceu um pedaço, mas eu tinha um nó no estômago e na garganta.

— Valeu... Mas acho que perdi a fome. - Falei com a voz baixa, voltando ao meu quarto e me debruçando na cama.

— Rae... - Olhei para uma foto nossa no porta-retrato ao lado da cama. - Eu prometo que vou trabalhar muito e estudar muito. Vamos voltar a morar juntos.

Ela não trabalha mais no mesmo estabelecimento. Ela quer fazer estágio remunerado, mas não agora, claro. Estou sozinho trabalhando lá agora. Mas estou firme e forte, mantendo minha independência. Não sei se meus pais pagariam uma faculdade para mim e nem sei se quero ir para uma...

Não posso ficar dependente de uma garota. Preciso fazer alguma coisa, nem que eu tranque depois. Talvez eu esteja sendo impulsivo. Dizem que sou impulsivo e infantil demais. O que vocês queriam? Sou mais novo que ela. Um ano, mas sou. É comum ser mais imaturo. Mas eu não quero mais ser assim. Não sou um bebê, quero que me vejam como homem!

Preciso pensar no próximo passo: Fazer uma faculdade que dará uma boa vida para mim e minha Raezinha, mesmo que eu não curta muito estudar agora, no futuro, preciso gostar.