POV Rachel

Na manhã seguinte, estava chovendo. Esfriou um pouco durante a noite e precisei colocar meu pijama comprido. Está tão bom de ficar o dia todo na cama...

Liguei meu celular e vi que haviam 5 chamadas perdidas do Gar, logo às 7:00 da manhã. Estranhei e olhei para o relógio do aparelho. 07:45. Ué, o que será que houve tão cedo? Fiquei preocupada e rapidamente liguei para ele, me trancando no banheiro.

— Alô, Gar? Você me ligou cinco vezes... O que foi?

— Ah, nada... - Ele riu do outro lado. - Tava com saudades.

— Podia ter ligado mais tarde... né? - Estranhei aquilo. Estava ficando muito estranho essa "possessão".

— Ah, mas vai dizer que não gostou.

— Bom, er... Eu preciso ir agora, Gar. Depois nos falamos. - Comecei a me assustar com o comportamento dele.

— Tá bom... - Suspirou ele. - Até.

Desliguei o celular, sentindo um buraco nos meus pés. Senti a voz dele diferente do habitual. Cruzes, parecia um maníaco. Eu acho que preciso tomar mais cuidado.

— Rae-Rae! Bom dia! - Karen me esperava na porta do banheiro.

— Bom dia, Abelhinha! - Falei e me acalmei ao vê-la.

Tara acordou toda descabelada e reclamando que tinha que levantar cedo. Eu e Karen rimos baixinho.

—----

POV Garfield

Não sei o que deu em mim. Sinto um aperto no peito sabendo que a Rae está longe de mim. Imagino se os caras estão dando em cima dela. Isso me deixa transtornado de raiva. Ela é minha e ponto final.

Fui para a escola e ignorei todas as meninas que estavam dando em cima de mim, como sempre. Empurrei algumas que estavam muito perto e ouvia elas reclamando.

— Nossa, tá cheio de moral, hein?

— Ui, esse cara é todo cheio de si! Um exibido!

— Viu como ele se acha?

Eu ignorei esses comentários. Para mim, apenas uma pessoa importava. Rachel Roth. Ao pensar nesse nome, me deu uma vontade louca de vê-la e de beijá-la e fiquei surpreso por estar pensando nessas coisas. Parecia que eu estava fora de controle.

Mesmo no trabalho, meu pensamento era só Rachel Roth. Eu ligava várias vezes, mandava mensagens a cada minuto para saber como (e com quem) ela estava. Acho que ela está adorando como estou maduro e cuidando dela muito bem! Sou um ótimo namorado!

POV Rachel

Eu estou ODIANDO esse comportamento dele! Ele tá sendo um péssimo namorado. Sério! Quem liga de cinco em cinco minutos e fica mandando tantas mensagens assim? Eu tenho aula, não posso ficar colada no celular. Tô começando a achar que há algo de errado com ele. Não tenho bom pressentimento e este não costuma falhar. Sinto um frio percorrer a minha espinha que talvez Garfield esteja ficando obcecado, possessivo. Detesto me sentir presa e Garfield, ao invés de me dar liberdade, está me privando das coisas.

— Seu namorado de novo? - Karen suspirou, vendo que eu não sabia se atendia ou não a 20ª ligação do dia.

— É... Sabe, acho que ele ficou maluco.

— Eu acho que ele precisa de uma terapia. Sabemos disso, agora que estudamos psicologia, né? - Sorriu ela e eu retribuí, mesmo triste.

— É... Mas mesmo sem estudar isso, logo se nota. O Garfield não está normal. Estou ficando com medo.

— Você disse que ele era mais novo que você. Vai ver está agindo assim pra ver se você o enxerga como mais maduro.

— Estou enxergando como maníaco, isso sim! Isso para mim não é amor! Amor é liberdade. Quem ama, quer o bem do outro, a liberdade. - Eu dei uma pausa para suspirar, triste. - Nem que o bem do outro seja ficar longe de quem se ama, para seguir seus caminhos.

— Você está querendo dizer que... - Karen começou, surpresa.

— Sim. - Terminei o pensamento dela. - Vou ter que conversar sério com ele.

—----

POV Garfield

Em casa, meus pais estão me estranhando. Não acho que tenha algo de errado comigo, a não ser a saudade constante da minha amada. Bem, acho que isso é normal. Mas é como se eu quisesse ela só para mim e não quisesse dividir ela nem com os pais ou os professores. Eu quero ela ao meu lado sempre, sempre! Está me enlouquecendo. Quero beijá-la até o ar faltar e quem sabe, se formos mais longe...

NÃO! O que é isso? Estou possuído ou o que? Meus pensamentos não eram mais desse jeito! O que está acontecendo comigo?

Fito minhas próprias mãos, como se fosse uma espécie de monstro. Não estou mais me reconhecendo. Respiro ofegante, enquanto sinto meu coração troteando no peito. Estou fora de controle. Mas não quero ajuda. Preciso resolver eu mesmo. Já sou quase um adulto. Quero provar para todos, principalmente para a Rae e para mim mesmo.

POV Rachel

Já passava das 19:00 e eu iria jantar com Karen em algum lugar fora do campus, para dar uma espairecida. Ainda estava receosa de falar com o Garfield, mas sabia que precisávamos conversar. Ele estava fora de controle e eu detesto ser controlada.

Fomos à uma hamburgueria que vendia hambúrgueres a $10. Barato e delicioso! Pedi o de sempre, com suco de graviola. Já Karen pediu um tamanho júnior com suco de uva. Conversávamos sobre os mais diversos assuntos, sendo que os principais eram sobre a faculdade.

— A aula de hoje foi legal, né? - Disse.

— Ô! Eu tô amando nosso curso! - Dizia ela, feliz da vida.

Sei o que ela quer dizer. Esse curso é um sonho.

Meu celular começou a vibrar no meu bolso e meu corpo todo congelou no lugar. Acho que sei quem é.

— Alô?

— Alô. Com quem você está? - Garfield parecia alterado do outro lado.

— Gar, por que você...

— ME RESPONDE!

Me assustei com o tom de voz.

— Me respeita, garoto! Eu tô com a Karen, minha amiga e colega de quarto!

— Tem certeza que não é com um cara? Eu tô de olho, hein?

— Eu acho que você precisa ficar de olho em você mesmo! Olha pra você, cara! Não era assim antes!

— Eu vou até aí ver se essa tal Karen é mesmo uma garota.

— Claro que é, seu doido! Por acaso eu mentiria? - Fiquei perplexa pela falta de confiança na minha pessoa. - Karen, fala pra ele que você é menina.

— É verdade, Garfield! Sou a Karen Beecher, a amiga da Rachel.

— Hum... - Ele disse, parecendo em dúvida. - Bom, precisamos nos ver.

— Eu acho que agora não dá, Gar...

— AGORA! - Ele gritou, mas acho que se arrependeu em seguida. - Desculpe. Estarei na frente do campus daqui uns minutos. Até.

Eu fiquei tão assustada e perplexa que nem consegui responder, muito menos me mexer.

— O que aconteceu com o meu namorado? - Eu sentia a minha boca abrir, porém não ouvia o que eu mesma estava dizendo.

— Isso tem nome. Relacionamento abusivo.

Não queria acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo com a gente. Estava tudo tão perfeito, como que isso foi acontecer? O Gar deve ter pirado mesmo por ter ficado longe de mim, mas... Isso é ridículo! Me recuso a aceitar, mas detesto admitir que minha amiga tem razão.