Enquanto Isso, na Faculdade...

POV Rachel

Desabei na cama, me sentindo mal por ter dito aquilo pra ele. Queria falar com aquele cabeçudo, mas creio que agora não é uma boa hora. Já está tarde para falar com alguém. Bem, nem tão tarde. Mas a Tara e a Karen já estão dormindo. Então... Eu acho que o jeito é dormir também.

Levanto-me e vou até a janela. A lua está cheia, do jeito que eu gosto. Sem perceber, esboço um sorriso por contemplar tamanha beleza da natureza. A luz lunar refletia na faculdade, com todas aquelas luzes acesas. Não havia ninguém lá fora, exceto os seguranças.

Agora eu precisava ficar dentro do quarto, caso contrário, teria problemas.

Uma mensagem surge em meu celular que estava em cima da cama. Era do Gar.

Aconteceu algo?

Suspirei e me preparei para responder. Ele deve ter ficado preocupado.

Nada, apenas minhas colegas de quarto que já estão dormindo. Não posso sair do quarto e nem falar em voz alta. Já passa das 22:00, que é o toque de recolher. Amanhã nos falamos. Bjs, amo vc. ♥

Eu já tinha desligado o celular antes de tomar banho, porém, estava entediada e tinha ligado novamente. Mas agora já desliguei.

Deitei na cama, em cima das duas mãos e contemplei o teto no escuro. Quanta coisa aconteceu hoje... Parecia que fazia muito tempo que eu tinha saído de casa e visto minha mãe. Mas foi hoje de manhã. Estava ansiosa para contar pessoalmente o que estava achando da nova vida.

A Tara, apesar de patricinha, ronca pra caramba. Eu podia jurar que era o Gar, roncando e babando. Mas era ela. Cara, eu precisava filmar isso. Ri baixinho no escuro e a cada novo momento, tudo que eu pensava era: "Preciso contar isso pro Gar."

Logo, eu adormeci. Nem percebi que estava tão cansada, mas peguei no sono bem rápido, mesmo com os murmúrios da Karen e dos roncos da Tara. Tô torcendo para que não sejam sonâmbulas também.

No dia seguinte, acordei relativamente cedo. Olhei no relógio no criado-mudo que marcava 07:15. O sol brilhava lá fora e adentrava nosso quarto. Já ouvi barulhos lá fora com professores e alunos caminhando. Senti vontade de sair e me juntar a eles.

Fui ao banheiro fazer minhas higienes e principalmente, pentear os cabelos, que estavam todos espetados e embaraçados. Mesmo meu cabelo sendo curto, ele ainda é rebelde.

Meu estômago roncou alto quando vi alguns alunos lá fora comendo algum lanche. Percebi que comi há muitas horas atrás e agora estava faminta. Vesti uma camiseta preta escrito PEACE, com o sinal de paz no fundo, minha calça jeans preta e rasgada e minha bota baixa preta. Coloquei meu bracelete no braço esquerdo. Tinha sido um presente do Garfield e eu percebi que estava fitando a mesma tempo demais.

Passei meu costumeiro batom preto e até coloquei perfume. Brincos? Só aqueles que são bolinhas pretas. Eu estava oficialmente pronta. Ou quase. A aula só ia começar dali umas duas horas.

Nesse momento, Tara acordou, toda descabelada. É... Ela não é tão bonita se está sem maquiagem. Ela parecia um monstro do pântano com esse cabelo. Ou melhor! A loira do banheiro. Precisei abafar o riso nessa hora.

— Tá olhando o que, Rachel? - Ela perguntou, com a voz enjoada, porém sonolenta. - Nunca viu criatura mais linda que eu?

— Como você? É, acho que não mesmo. - Eu dei risada, mas estava sendo irônica.

Karen ainda estava aconchegada no edredom. Precisei acordá-la, senão ela iria se atrasar.

— Karen, Karen... Vamos, Abelhinha, acorda! - Eu tentei chamá-la pelo apelido que inventei pra ela ontem.

— Hummm... - Ela se espreguiçou e esfregou os olhos, abrindo-os lentamente. - Já vou, Rae-Rae.

Eu sorri com a ideia que ela tinha me arrumado um apelido também. Sei que fui reclusa no passado, mas parece que isso não me pertence mais.

Tara ficou quase duas horas no banheiro, enquanto a pobre Karen quase fazia suas necessidades ali mesmo, no chão do quarto.

— Ô, dondoca! Vai demorar mais quanto tempo? - Bati na porta, impaciente.

— Já vou, sua grossa! Não vê que tenho que ficar mais bela do que eu já sou?

— Sei... Você tá demorando é porque não se garante sem maquiagem!

Ela abriu a porta e olhou furiosa pra mim.

— Olha quem fala, feiticeira! - Apontou o dedo de unhas postiças pra mim. - Você é quem devia se olhar no espelho!

— Eu olhei. - Eu disse, tentando parecer séria. - E tava mais bonita que você.

Ela espumou de raiva.

Karen e eu rimos baixinho, enquanto ela fechou a porta e continuou lá dentro, praguejando.

— Quando ela acordou, parecia um monstro ramelento! - Eu sussurrei para a Abelhinha.

Karen colocou as mãos na barriga de tanto rir.

— Imagino! E o ronco parece um trator! - Complementou ela.

Eu podia ouvir Tara praguejar lá dentro coisas como "como fui ficar no mesmo quarto que essas duas?" ou "elas não sabem o que é beleza de verdade".

— Bom, eu vou indo ao refeitório. - Declarei, parando de rir. - Me encontre lá!

— Sim! Vou esperar a madame sair do banheiro! - Disse Karen, com as mãos na bexiga.

Eu ri baixinho e rumei para o refeitório.

Tinham muitas pessoas do lado de fora. Todo mundo resolveu acordar cedo. Bom, até agora, não fizeram trote e nem nada com os calouros. Bom mesmo, acho ridículo.

Estava tão distraída que nem vi que esbarrei em alguém.

— Ah, me desculpa. - Falei. - Não estava prestando atenção.

Era um rapaz mais alto e musculoso. Tinha os cabelos pretos num topete e olhos azuis. Parecia ser um pouco mais velho.

— Não liga não, tá tudo bem. - Ele disse, sorrindo.

O sorriso dele era bonito. Não pude deixar de sorrir também.

— Bom, já vou indo. E desculpa aí. - Eu ia saindo quando o garoto me interrompeu.

— Espera! Você é nova aqui?

— Sim, sou caloura de psicologia. - Respondi.

— Seja bem-vinda à Unijump (Universidade de Jump City)! - Ele apertou minha mão com um pouco de força, quase quebrando-a. - Estou no terceiro semestre de educação física!

— Er... Valeu, eu acho.

— E qual é seu nome? - Perguntou ele.

— Rachel... Rachel Roth. - Hesitei um pouco em falar. O que esse cara quer comigo?

— Nome lindo, como você. - Falou ele. Ah não, mais um Garfield barato. - Meu nome é Vincent Garfield.

Eu congelei.

— S-Seu sobrenome é... Garfield?

— É sim. Por que?

— Por nada. Bom, foi um prazer conhecê-lo, Gar... Digo, Vicent! Até logo. - E saí correndo.

Quem era aquele cara afinal? E esse negócio de ter Garfield no nome... Só me fazia ter mais saudades do meu Garfield.

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— Rachel Roth, hein? - Vincent a olhou com um sorrisinho nos lábios, muito interessado em saber mais sobre a nova caloura misteriosa.