Good Morning Call 2

Só Tenho Olhos Pra Você


POV Garfield

Acordei resmungando porque tinha que ir à escola. Mais um dia de apresentação de colegas e professores. Eu detesto isso. Quem dera a Rachel pudesse estar lá comigo...

Os caras da minha turma só falam de festa e garotas. São como eu era no passado. Mas agora... Me sinto tão deslocado. Isso é tão estranho.

Cheguei na escola um pouco mais cedo. Não queria falar com ninguém, ver ninguém, nada. Só quero que esse ano passe voando para eu poder entrar na mesma universidade que a minha gatinha.

Bom, não que eu goste de estudar... É que... Quero estar no mesmo ambiente que ela.

Fui pro trabalho após a escola e até me animei um pouco. Conversei com Gilberto, um cara muito bacana que trabalha lá. Ele é homossexual e por conta disso, ele é vítima de chacota. Mas eu adoro ele, é um querido.

— Gar, o que você acha desse boy aqui? - Gilberto me mostra a foto de um garoto chinês, parecido com ator de dorama.

— Ééé... Sei lá. Eu não gosto de homens, você sabe.

— Eu achei um gatinho! Será que tem namorado? - Ele falava, animado.

Uma gota surgiu em mim. Dou muita risada com o Gil.

Pensei na Rae e em quando ela trabalhava aqui comigo. Pensei na época em que morávamos juntos. Suspirei, triste. Não era fácil apagar essas memórias. Apesar de ainda estarmos namorando, vai ser difícil para nos vermos agora.

— Pensando na sua namorada? - Gil me tirou dos pensamentos, me dando um susto.

— Sempre estou. Queria saber como ela está...

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POV Rachel

Depois que comi alguma coisa no café da manhã e fiz minhas higienes, Karen e eu fomos para a sala de aula. A aula de hoje é processos psicológicos básicos.

— Que empolgante estudar sobre a mente, não é? - Karen falava, toda empolgada.

Eu sorri.

— Sim, e acredita que no passado, eu podia até ler mentes?

Me calei na mesma hora. Todo mundo me achava feiticeira e fazia bullying comigo no passado, sem saber que eu realmente tinha "poderes". Mas agora estou ali, confessando tudo para uma menina que conheci há um dia.

Mas ela não parecia assustada e nem com cara de "nossa, você é estranha." Ela estava com a mesma cara que a Kory faz quando acha algo incrível.

— Nossa, que legal! Sabe, uma vez fiz um curso disso mas não deu muito certo! Eu acho que não posso ser paranormal afinal...

Eu suspirei, abafando o riso.

Ufa, ela não tinha descoberto. Mal sabe ela que eu nasci com tais poderes. Ultimamente, eles não estão me alertando nada, o que estou achando muito estranho. Será que enfim perdi essa maldição?

No intervalo, fiquei pensando em quem seria aquele tal de Vincent Garfield que eu encontrei mais cedo. Seria algum parente do Garfield? Não, não pode ser... Mas eles são meio parecidos e não só no nome... Estou ficando encanada de novo.

Bom, não custa perguntar, né?

— Karen, vou ligar pro Garfield. Me espera aqui? - Indaguei, puxando o celular do bolso.

— Claro! - Sorriu ela, comendo seu sanduíche de pasta de amendoim.

Saí do refeitório e lá fora, com muita algazarra, tentei falar com o "Hulk".

— Alô?

— Alô. - Provoquei. - Lembrou de mim?

— Como esquecer da minha gatinha? - Ele soltou uma risada. - Que saudades, minha linda.

— Também estou. - Confessei. - E aí? Como estão as coisas?

— Tudo na mesma. Tô no trabalho e depois vou pra casa. Tá tão sem graça sem você... - Ele fez uma pausa. - E como está a facul?

— Bem legal, bem legal mesmo. Já fiz uma amiga. E adivinha quem é minha colega de quarto.

— Quem?

— A Tara Markov! - Ele abafou um "o que???". - Sim, ela mesma. E escuta só, ela ronca feito porco com dor de barriga.

— Meu Deus! - Ele teve um ataque de riso e depois ouço alguém dar bronca nele. - Ah, desculpe, chefe.

— Desculpa ligar agora e te atrapalhar aí. É que ontem não liguei...

— Nem esquenta com isso. Tô muito feliz de ter ligado. Achei que a gente ia se distanciar mais... E eu... Fico inseguro com você longe de mim.

Abafei o riso. Era estranho o Logan ficar desse jeito.

— Pois não precisa ficar assim, entendeu? - Assegurei. - Ah, escuta. Você conhece alguém que se chama Vincent Garfield?

— Hmm... Não, por que?

— É que ele estuda aqui e se parece com você e esse negócio de ter Garfield no nome...

— Impressão sua, Rae. Vem cá, você não teve mais aquelas visões, né?

— Não mais. - Respondi, olhando pros lados.

— Isso é ótimo. - Respondeu ele, falando mais baixo de repente. - Linda, vou ter que desligar. O chefe tá me olhando feio. Depois, podemos nos falar de novo!

— Beleza, bom trabalho aí, Gar.

— Boas aulas, lindinha. Te amo.

— Eu também te amo. - Era constrangedor falar isso mesmo que fosse pelo celular. - Até.

Desliguei e nem me toquei que o sinal já tinha tocado e que fiquei o tempo inteiro falando com ele. Pobre Karen. Estava sozinha na mesa em que a deixei. Mas ela não parecia incomodada. Ficou feliz ao me ver.

— Deu tudo certo? - Indagou ela.

Fiz que sim com a cabeça.

— Ótimo!

— Desculpa a demora... Ele gosta de falar à beça. - Fiz uma careta, o que fez minha amiga rir.

— Não tem problema! Estava entretida com meu jogo de celular! Consegui passar para a fase 5 e eu baixei só faz 15 minutos! - Contava ela, toda empolgada.

Ela parece uma Kory 2.

Quando estávamos voltando para a sala, aquele tal do Vincent Garfield ficou me encarando por alguns minutos. Estava escorado na parede do corredor junto com mais dois caras.

Fiz que não vi e subi para meu andar.

— Rachel... - Murmurou Vincent.

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POV Garfield

Cheguei em casa, tirei os tênis e as meias, jogando-me na cama. Estava exausto, mas não era só fisicamente. Era psicologicamente também. Ouvir a voz da Rae me deu mais saudade dela. Eu acho... Que vou vê-la hoje a noite. Ninguém nunca vai saber que não sou aluno lá.

Perto das 18:30, fui de moto até a frente da faculdade, onde tinham muitos carros estacionados. Era uma universidade muito grande, quase que dá para se perder lá. De um lado, tinha o dormitório feminino e de outro, o masculino. Estava pensando onde estaria ela.

Peguei meu celular para ligar para ela. Mas assim que levantei o rosto para deixar de olhar a tela, vi Rachel conversando com outro cara. Um frio percorreu a minha espinha e eu sabia que não tinha nada a ver com o clima que estava esfriando.