Good Morning Call 2

Borboletas No Estômago? Já Senti Isso Antes!


POV Rachel

Minhas visões me avisaram que precisava ir ao hospital novamente. Senti um embrulho no estômago assim que passei por aquela porta da frente, lembrando do que havia acontecido no dia anterior. Estava rezando para que o Gar estivesse bem.

Qual não foi a minha surpresa ao vê-lo abraçado com MEUS pais. Não, você não leu errado. E eu acho que isso não é nenhum sonho. Minha mãe estava com o rosto vermelho e choroso e meu pai estava sério, porém solícito. E... Ao ouvir o que o Gar disse por último, eu não pude mais me calar e ficar atrás da porta. Abri a porta com cuidado e vi que todos olharam para mim, surpresos. Foi aí que eu, emocionada, porém sem demonstrar muito por fora, disse:

— Eu também te amo de diversas maneiras, Garfield.

Parado no mesmo lugar, sem dizer nada, vi lágrimas escorrerem do rosto dele.

— Filha! - Disseram meus pais em uníssono.

— Er... O que estão fazendo aqui? - Olhei pros dois, sem entender nada.

— Ah, filha... Viemos nos desculpar com o Garfield... - Mamãe me abraçou com força. - Nós erramos ao julgá-lo só por um lado da história. E olha que eu já sabia que era errado fazer isso.

— Mãe. - Me desvencilhei dela e a olhei nos olhos. - Nós todos somos humanos e erramos. Julgar faz parte.

— E-Eu sei, mas tadinho! - Continuou ela.

— Foi tudo esclarecido. Sua mãe está fazendo drama. - Trigger respondeu, rindo. - Aliás, minha filha... Como hoje é sábado, você pode voltar pra casa, não é?

— Sim, mas vim primeiro pra cá. Pressenti que precisava vir.

— Obrigado por vir, Rae... - Gar, meio fraco, coçou a nuca.

Subitamente, fiquei sem jeito. Fazia tempo que aquilo não acontecia comigo. Minha mãe e meu pai já estavam de saída, indicando que queriam nos deixar a sós. Mas não precisa disso. Não somos mais namorados, certo? Acho que é exatamente por isso que estão nos deixando a sós...

Assim que eles saíram e fecharam a porta, nenhum de nós conseguiu dizer nada. A gente se olhava, desviava o olhar e ria de nervoso. Que estranho. Isso nunca mais tinha acontecido com a gente. Será que é porque tudo aquilo aconteceu?

— Que sorte. Vai poder voltar pra casa. - Comentou ele, quebrando o silêncio constrangedor.

— É... - Eu tava feliz, mas... Sei lá o porquê suspirei naquela hora. - Mas sei lá.

— Eu queria poder sair... Mas preciso ficar em observação por mais um tempo. - Ele deu um sorriso triste, se é que conseguem me entender.

Pobre Garfield. Ele querendo sair e eu querendo ficar enclausurada. Parece que sou ingrata, né? Mas não é nada disso. Com tanta coisa que rolou nos últimos tempos, eu já podia ter surtado. Bom, eu surtei, tive aquela crise de choro, mas só. De resto, estou me virando bem. Tenho amigos incríveis e até a Tara está do meu lado. Não estão mais com TANTA raiva do Gar, bom, na verdade, eles nunca tiveram raiva dele. Sabiam que havia algo errado com ele. Eu também sabia.

— Você é forte. Vai se recuperar bem. - Foi tudo o que consegui dizer e acho que a voz saiu apática como antigamente.

Ele sorriu como de costume e parece que iluminou a nuvem escura que tinha ao meu redor. Era desse Gar que eu sentia falta. O de sorriso fácil, bobão, infantil e até fofo. Não do agressivo, controlador, ciumento e possessivo. Um ciuminho é bom, mas se for excessivo, torna-se doentio.

— Forte mesmo. Eu andei malhando. - Ele soltou uma gargalhada e com dificuldade, mostrou um de seus músculos.

— Nossa. - Ironizei. - Como ele tá fortão.

— Sente só a pressão. - Ele disse e eu, com apenas um dedo, apertei o braço dele. Estava rígido.

— Uau, o Logan tá bombado. - Arqueei uma sobrancelha e deixei um sorriso escapar.

— Falei.

Resolvi participar das brincadeiras dele.

— Quis malhar porque engordou, foi? Eu controlava sua comida e agora... - Provoquei.

— Nem engordei nada! - Ele surtou, de brincadeira, claro. - Até emagreci, porque sem você... - Sentou-se na cama e ficou quase do meu tamanho, sentada na cadeira ao seu lado.

Nossos olhares se encontraram e se conectaram. Os olhos de Garfield brilhavam e confesso que acho que os meus também. Meu coração estava batendo descompassado como antigamente. Sinto minhas mãos suarem e meu corpo fraquejar. Aquela sensação... Já senti antes.

Ao perceber isso, paramos de fazer aquilo, mas continuei provocando.

— Sem mim o que? Sem mim você não come direito?

— É... - Murmurou ele, juntando um dedo no outro, evitando olhar nos meus olhos.

Eu ri do quanto ele é bobo. Mas confesso que estava morta de saudades desse Garfield. Do Garfidiota. Não do garanhão, mas do bobão fofo.

POV Garfield

Cara, o que acabou de acontecer aqui? Primeiro chegaram o Sr. e a Sra. Roth, agora a própria Rae. E estamos nervosos ou é impressão minha? E eu ia dizer alguma coisa constrangedora? Meu Deus, o que está acontecendo? Mas confesso que a sensação não é ruim... Troca de olhares discretos, risadas nervosas, um embrulho do estômago e um suor nas mãos. Eu já tava fraco fisicamente e agora, parece que meu corpo virou geleia. Ainda mais depois que ela me olhou daquele jeito com aquele olhar misterioso e profundo, com seus olhos de jabuticaba e seus cílios compridos. Aquele perfume de lavanda é tão familiar. Se fecho os olhos, me remeto para a nossa casa... Essa sensação... Já senti antes. Faz tempo, mas me lembro como se fosse ontem...

Queria sentir isso pelo resto da vida. Quando ela sorriu, me lembrei como isso me fazia derreter. Apenas ela... me fazia sentir isso. E agora, no silêncio dessa sala, só escuto meu coração bater forte.

Esqueci como a voz dela me acalmava... Esqueci que o perfume de lavanda dela era especial para mim... Esqueci que o toque dela me arrepiava, mas me confortava também. Esqueci que ela era minha linda feiticeira, que sua mão era gelada e delicada. Esqueci que ela era minha gótica preferida. Esqueci como ela me deixava maluco, seja brigando comigo ou me fazendo carinho. Esqueci que seus lábios se encaixavam perfeitamente nos meus. Esqueci que seu abraço era meu porto seguro. Esqueci que isso era amor...

Por que estou lembrando dessas coisas agora? Por que me sinto um idiota? Por que não consigo parar de olhar pra ela? Por que o meu coração está batendo tão rápido? Por que os flashbacks do passado não param de passar na minha cabeça? Por que estou tão perto dela? Por que sinto a respiração dela perto da minha?

— Hãã... Garfield?

Eu acordei do transe e percebi que estava a apenas alguns centímetros da boca dela. Eu ia beijá-la? Eu me joguei pra trás num pulo rápido, mas acabei caindo da cama. Meu rosto estava pegando fogo e meu coração estava tão acelerado quanto um carro de Fórmula 1.

— M-Me desculpa, R-Rae! Não quis te desrespeitar de novo! Prometo que vou me comportar! N-Não sei o que deu em mim... - Eu tava arrependido e não só isso. Tava um poço de vergonha.

Mesmo corada, ela riu.

— Você é um bobão mesmo. Mas acho que vou aceitar suas desculpas.

Cara, esqueci como ela podia mexer comigo dessa forma. De um jeito bom. Eu quero que ela desperte só o que há de bom em mim e não o que há de ruim, como da outra vez...

— Vou indo. Se cuide e coma bastante espinafre, viu? - Provocou ela. - Eu volto outra hora.

— T-Tá bom! - Nem reclamei de ela me provocar. - S-Se cuide também e... Obrigado por vir!

Ela sorriu e fechou a porta.

Soltei um longo suspiro, pois agora podia respirar direito. Desde nossos olhares, não conseguia respirar direito. Toquei no meu rosto. Como eu pensava. Superquente. Caramba, Rachel Roth... Eu ainda amo você. Me apaixonei por você mais uma vez.

POV Rachel

Caramba, Garfield Logan! Olha o que fez comigo! Meu coração está descompassado e estou toda trêmula. Meu rosto está tão quente, que acho que tem uma chapa quente dentro de mim. Ainda que consegui me conter. Mas olha que ao seu lado, é difícil ficar séria. Sorte que tenho experiência em "esconder" emoções. Mas desde que conheci aquele cara, isso ficou mais difícil. Sabia que já tinha sentido essas coisas antes. Não é ruim, é bom. Mas agora não seria o momento. Tô realmente preocupada com isso. Como vou me concentrar agora? Ele mexe comigo de um jeito tão inexplicável... Afe, garota! Pára de ser melosa! Olha o que o garoto de cabelo verde fez com você... Fez você se apaixonar por ele mais uma vez... Achei que jamais seria capaz de amar alguém novamente... Bom, se fosse outra pessoa, não saberia dizer. Mas é a mesma pessoa que me apaixonei há um ano atrás.

Sou louca por ele. Não poderia esquecê-lo tão facilmente. Mas poxa, isso não podia acontecer nas férias da faculdade. Agora ficarei igual boba apaixonada, suspirando pelos cantos e desenhando coraçãozinho no caderno. Quer mais brega que isso?

Me odeio por isso, mas eu ainda amo essa criatura.